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sábado, 1 de novembro de 2014

Como uma onda...

Pela manhã veio-lhe um desejo,não maior do que ela nem tão inesperado mas tomou-a inteira.
Tomou-a como a onda que vem porque o mar já não cabe no que antes era limite.
E como a onda na maré cheia toma a praia e banha o corpo e molha a pele da mulher que deitada seca ao sol, assim foi com ela e o desejo.
Suspirou ao contato da água morna e salgada em seu corpo.

E como uma onda, o desejo veio. E igual aquela história do homem que tinha um sentimento ...
como uma onda, o desejo se foi.

Foto e Texto: Vera Alvarenga ( inspirado numa crônica de Rubem  Braga).

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Minha bailarina predileta!

 E tudo começou logo na entrada da casa de meus
netos, quando minha neta me perguntou:

- " Vó, sabe por que estou assim maquiada?
   Porque hoje sou uma japonesa!"

Logo depois fomos ver sua primeira apresentação
como bailarina....
Ah! lembrei quando eu era ainda menor que ela e meu sonho era ser bailarina. Contudo, naquele tempo não havia tantas boas academias de balé como hoje e nenhuma próximo à minha casa.

Minha mãe trabalhava no centro ao lado do Municipal. Se eu quisesse mesmo estudar balé, ela teria de me levar, antes do trabalho, mas...e depois?

Como eu faria para vir para casa a fim de frequentar a escola?

Então eu dançava sozinha, e imaginava, e rodava,
e rodava... sonhos de criança.

Quem diria que eu veria minha neta dançar?



E eu tive o prazer de assistir sua primeira apresentação!
E em um Teatro!

Maravilha! Ainda pude fotografar!

Foi mesmo um prazer e grande alegria.






Minha querida neta...você estava sim parecendo
uma japonesa....rsrs......

E estava linda!

Que delícia vê-la dançar!
Seu irmão estava ali do meu lado...você sabe, ele estava um pouco agitado, perguntando se a apresentação ia demorar muito...rsrs.....
mas quando você estava dançando, ele e todos nós, ficamos muito orgulhosos de você.

O que é isto? Uma aquarela de algum pintor famoso??? Na verdade, foi um projeto de Deus, viabilizado por Robson e Lika, cuja foto foi aquarelada por mim...rsrs.....

Beijo, minha querida criança... e que você tenha tempo e oportunidades para sonhar... desejar... construir os passos de sua dança em seu ritmo... e finalmente e alegremente realizar muitos de seus sonhos!
E que também possa ver, como eu, sonhos realizados pelos que você ama... é uma forma delicada de também encontrar momentos de felicidade e realização.

Fotos: Vera Alvarenga.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

"Vende-se" ou, Cada um vê o que quer...

Olhe esta foto e escreva um pequeno conto, dizia o desafio daquele blog.
E eu que estou habituada a imaginar... escrevi. Aliás, também estou acostumada a um fato incontestável - cada um vê o que quer naquilo que se desvenda a seus olhos...
Meu conto foi classificado em 1º lugar e ganharei uma caneca do blog "Olaria das Letras" que lançou o desafio. Clic na foto para ampliar e me diga por que o amigo de Naldo ficou tão aborrecido, afinal?...rsrs...
Então, lá vai:

"Vende-se"
Naldo vinha descendo a ladeira em direção ao ponto de ônibus e passou na frente daquele bar. Vinha cansado, mas depressa. Nem olhou para os lados. Queria chegar logo em casa. O carro estava na oficina, justo hoje que ele decidira andar pelo bairro à procura de...
- Oi Naldo, como vai cara?Você sumiu depois que ficou bem de vida. Quem é vivo aparece, né? Senta aí  pra gente botar o papo em dia! Soube que você terminou com a Miriam, verdade? Você era ligadão nela, não era?
-Sim, verdade, mas agora tô em outra. Nada de compromisso sério enquanto não realizar meu sonho, amigo. Olha, não posso ficar muito tempo. Tô cansado.
- Já sei, não quer falar no assunto. Compreendo. Então, vai voltar pro bairro?
- Não é isso. Já disse que quero outra coisa na minha vida agora.  Andei muito hoje procurando...hei, aquela ali me serve!
- Serve pra que? Pra teu sonho é? Desculpa amigo, mas não serve não!
- Como não? Me serve direitinho. É só dar um jeitinho nela.
- Já disse que não é pro teu bico!
- Ué, por que? Neste estado não pode ser muito cara.
- Escuta aqui, eu estou de olho nela faz tempo e...
- Então porque não comprou antes?
- Ela não está à venda não. É a mulher que eu amo, cara! Me respeita. A Miriam fez bem em te largar. Você não toma jeito mesmo, seu bundão! E sabe do que mais? Fui!

-  Mulher!?  que mulher??????

Conto: Vera Alvarenga
Link do Blog, para você participar

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Descascando laranjas...


 Ontem escrevi sobre laranjas, com nostalgia de quando eu as chupava na porta da minha cozinha, depois de adulta. Saudades também da Cora, minha cocker esperta, inteligente, alegre e companheira. E chupar laranjas me lembrava a infância e trazia boas sensações.
  Uma amiga minha, a Sissy, comentou sobre como se lembrou, ao ler o que escrevi, do seu pai descascando as laranjas para ela.
  Muitas vezes meu pai descascava-as para mim. E com aquele jeito seu, calmo, paciente, tirava primeiro as cascas, depois toda a parte branca e finalmente, cortava os gomos ao meio e retirava as sementes. Isto, como contei à minha amiga, era como um ritual dele, um ritual de relaxamento, de encontro com a paz. E era bom, tão bom que ficou em mim e quando tive tempo de repetí-lo, a sensação de paz acompanhou-me por aqueles momentos que durava aquele simples ato de descascar e chupar laranjas, olhando para o quintal.Parece que, naquela época, o relógio não andava tão rápido e havia até algum tempo para se conversar alguma coisa, enquanto se chupava laranja, ou melhor, enquanto a gente esperava aquele ritual terminar. Ainda que hoje eu as prefira chupar de tampinha quando estão bem doces e ninguém está por perto, chupar laranjas me leva a um momento de prazer e paz.
   E eu vi meu pai fazer isto muitas vezes. Com mexericas também... e tirava as "pelinhas", os fios,e oferecia à minha mãe e a mim. Pais geralmente fazem isto para as filhas. É uma forma de cuidar. Se fosse com os meninos talvez ele pegasse um canivete e dissesse:
- Vai lá, pega uma laranja que vou te ensinar a descascar.
  E não deixa de ser uma forma de cuidar, preparando aquele garoto que, mais tarde vai descascar laranjas para suas "meninas". De qualquer modo, era um momento de intimidade, porque a TV geralmente não estava ligada a todo volume, nem os jogos de computador e, assim, eram instantes para se ficar lado a lado. Com "filha mulher", como se dizia antigamente, é diferente. Os pais ensinam mas gostam de ser gentis. Aliás, mesmo não tendo filha, eu vi uma vez meu marido em um momento como este. Ele, que costuma dizer que não tem paciência para nada, estava lá, sentado no sofá da sala descascando mexirica e tirando os fios, para uma garotinha pequenina, amiga de meu filho mais novo. Eu ouvi quando ela pediu, toda meiguinha, para o "tio" tirar os fiozinhos...E aquilo se transformou em um momento de ternura, de cuidado.
  Acho que os homens antigos, de um modo geral, esforçavam-se ou gostam naturalmente de "cuidar" das garotinhas, não naquele sentido de atender no cuidado com a saúde, que disto eles se pelam de medo, mas no da gentileza. E as garotinhas e nós mulheres, sempre gostamos destas gentilezas, por que não? Aceitá-las faz parte do processo de criar vínculos, escrever história, proporcionar ao outro a experiência do saber que seu gesto foi bem recebido.
  Tomara que homens e mulheres continuem assim hoje, com a oportunidade de dar e sentir-se aceitos, de receber e sentir gratidão. Seja num simples descascar laranjas ou não. Porque sem dúvida, isto preencherá nossa história e memória de boas sensações. E nós, ficaremos mais mansos.

Foto: retirado Google imagens
texto: Vera Alvarenga

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O que você é, uma mulher ou um rato?

- O que você é... uma mulher ou um rato!?
- Um rato! Um rato e me deixe em paz!
   Há todo tipo de rato...e há todo tipo de mulher, mas certamente eu não seria, de verdade, um rato! Simplesmente porque odeio ratos, tenho horror a eles. Só gostava um pouco do Mickey e daquele outro magrinho que sabe cozinhar.
   - Ta certo, talvez seja covarde em alguns aspectos. Quando fiquei sozinha, por exemplo, quase não saia para encontrar companhia. Não ia em busca de alguém, embora fosse em busca do que acredito. Vai ver que eu queria tranqüilidade mesmo e gostava da minha companhia, e dos poucos amigos daquela época. Mas sim, faltava alguma coisa e aí está minha covardia – faltava o meu homem pra eu amar. A vida não teria a menor graça, sem isto – o amor.
   Engraçado lembrar que nunca fui de ir atrás de alguém. Afinal o que eu acreditava? que Deus enviaria a pessoa certa pra mim? Que o que é do homem o bicho não come? A respeito das pessoas, acho que eu pensava bem assim mesmo. Devo ter me enganado. Talvez, no tempo certo, a gente devesse procurar aquilo que mais nos convém, mais do que ser “encontrada”, “conquistada” e crer que no Universo tudo conspira sempre para nosso bem...rs....
   - Mas, em tudo o mais, eu ia em busca ou tentava agir de acordo com...   
   - huummm...mentira!
   - Ta bem, pelo menos, sou coerente, se quero ser feliz e ter uma vida tranqüila, insisto, faço tudo para cooperar com este objetivo e, se quero ser amada, amo! Mas reconheço, deixei a meio caminho muitas coisas que poderiam ter dado certo... cantar na TV, ser compositora, pintora, talvez algo de sucesso se tivesse no DNA o necessário para conquistar, desbravar, competir, brigar sozinha. 
   E será que era o sucesso que eu queria ou sou tão comodista que evitava ser o centro das atenções? Como saber se o talento me levaria longe? Talento sem briga e muito trabalho...não sei não...dizem que também tem a sorte da pessoa certa te descobrir no momento certo. É de tudo um pouco.
   Um amigo que me conhecia bem, me disse que eu era do tipo que ficava atrás das cenas, e me divertia cooperando... bem possível isto! Sempre tive mesmo uma ponta de certeza de que eu não estava renunciando a nada, de fato. Que em qualquer coisa que  fizesse haveria a possibilidade de me realizar e ser feliz no processo, dependendo do processo. Isto me dava uma tranqüilidade que eu gostava, uma discreta alegria espontânea, como quem conhecia uma liberdade maior do que aparentes limites. Não me importava de ficar atrás das cortinas... desde que, é claro, a alegria também fosse para lá. Na verdade, o melhor pode ocorrer nos bastidores, dependendo das pessoas que se encontram ali, na intimidade e fora das luzes, dispostas a comemorar a vida juntas.
   Então, acho que estou mesmo mais para gato. Um gato que aprecia solidão, mas gosta de se aconchegar com alguém especial. Sim, pensando bem, não sou um rato! QUE ALÍVIO! Sou comodista e mansa como um gato. Sou capaz de me apegar ao dono tanto quanto me apego ao que torna minha existência feliz – a minha casa. E, pra mim, lar é amor, é estar em casa. Onde estiver o amor, estará meu dono... do contrário, estarei em maus lençóis e me confundirei, e pensarei que sou a caça, e... me esconderei num buraquinho escuro, tremendo de medo, com meu rabinho fininho e feio,entre as pernas!
Texto: Vera Alvarenga
Foto retirada do Google, ass. por Fotosearch e vista no post de um site cuja historinha, muito legal, recomendo -  http://abrangelog.blogspot.com.br/2011/03/o-rato-e-o-gato.html

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Nos emails dele...

    Começo de ano. Caixa de correio cheia, emails que ele nem abria mais, há algum tempo. Era o momento certo para deletar tudo - Ano Novo, vida nova.
  E lá estava um e-mail dela. Há meses eles se corresponderam. Tinha sido importante numa fase em que a vida estava difícil com a perda que o abalara tão profundamente. Ela dissera que também sofrera uma perda. Ele lhe incentivara a continuar. Ela lhe emprestara suas asas, bem que ele  reconhecia. Mas vieram outras perdas. A vida, às vezes sabe ser ainda mais dura.Tudo mudara muito. Não tinha mais tempo para amizades virtuais. 
   Parou de escrever-lhe. Por que ela também não fazia o mesmo? O que a movia a escrever-lhe como se tudo continuasse como antes? Ela não sabia que o tempo leva tudo? Seria doida? Uma mulher como tantas outras com sede de afeto, que não sabia viver sua solidão e se apegara a ele como se fosse uma oportunidade de recomeçar sua vida, talvez. Mas e ele? Ela não se importava com o que ele queria?
  Antes, ela confessara, pensou que ele fora um presente de Deus em sua vida, com tantos sinais que de início não compreendera, mas que depois ficaram claros. Como ela podia pensar isto apenas por aquelas pequenas coincidências, e se até mesmo Deus parecia haver esquecido dele?   
   Depois, ela disse que não esperava mais nada dele mas desejava sua amizade. Não, ela não podia estar falando sério. Não podia ser tão crédula e ingênua sendo tão velha! Ou então estava confusa. Era uma artista, romantizava tudo, com uma criatividade absurda misturava ilusão à realidade. E ele, não era homem de confundir as coisas. Ele tinha desejos, mas não tinha planos. Ou pelo menos não, os que pudessem fazer juntos. Por ventura ela acreditava que Deus os havia aproximado porque sabia o que acontecia a ambos? Isto tinha sido uma explicação que respondia às incertezas dela, não as dele. Sem dúvida, era apenas uma mulher simplória demais, que colocou a vida nas mãos de Deus, talvez porque nunca o tivesse feito, de fato, antes. Uma vez ela contou-lhe que fez isto porque estava cansada de tentar fazer tudo dar certo, sozinha. Depois de tantas perdas, ele também estava cansado. Precisava seguir a vida e adaptar-se da melhor forma. E ela não estava nos planos dele.
   Mas quem sabe, para Deus, podia abrir uma exceção. Quem sabe pudesse colocar sua vida nas mãos dele, com a simplicidade de um homem que sabe que necessita fazer a sua parte, mas que uma ajuda divina seria bem vinda para aquele novo ano...
foto retirada do Google imagens. Texto: Vera Alvarenga.

domingo, 6 de janeiro de 2013

A fugaz felicidade.


Entre os que iam e vinham ocupados com suas próprias distrações, ela estava lá, uma pessoa livre e comum no meio de outras. Adorava isto.
  Estava ali, já há alguns momentos olhando os reflexos no lago. E sentia-se bem. Sabia que a felicidade era feita de momentos...
   Aquela mulher, como tantas, fizera sua escolha. Entre carreira e todas as possibilidades, escolhera amar. Cuidar dos seus e transformar o ambiente ao redor em algo mais bonito e tranqüilo, usando os recursos de que dispunha, era o que decidira fazer com sua vida e criatividade.  
   Aquela mulher, às vezes, esquecia-se de si e do tempo.
   Aqueles momentos em que se dissolvia e penetrava no que estivesse fazendo ou amando, e neles sentia-se parte de algo maior, davam-lhe indescritível sensação de tranqüila felicidade. Mais do que nunca agora, tinha certeza que a perfeição individual não era alcançável, embora fosse de certa forma compreensível o nobre desejo de chegarmos próximo a ela, quando fosse dado a isto o devido valor. Nem mais, nem menos.
   Perdoara-se definitivamente por todas aquelas vezes que, exausta, pensara em desistir ou que simplesmente não fosse agüentar, porque era fato que as fontes secam. Apesar disto, um gesto de amor ou uma boa noite de sono costumavam devolver-lhe a energia.
   A vida tinha lhe mostrado o quanto ela era limitada e como havia sido pretensiosa por ter- se acreditado capaz de fazer tudo dar certo, como se pudesse possuir a felicidade.   
   Apesar de sentir-se penalizada por isto, era o que tinha de ter feito. Hoje ela conhecia o significado da fugaz felicidade. Quando falava de paz, nem sempre a ouviam, porque seu jeito simplório e tranqüilo de argumentar era por demais lento, até ultrapassado, para a vida que segue livre, cabelos ao vento, nas patas de musculosos e elegantes cavalos de corrida.
   Aquela mulher não tinha se dado conta, mas aprendera como parar o tempo.
E, quando parava de correr, ela aprendia a ser feliz.

Foto e texto: Vera Alvarenga

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Um, dois, três, quatro...


- Humm.. Não fique preocupado, me disse ela. E quem disse que eu estava? E não estou. Um... dois...tres...quatro...
- Hei, o que está fazendo, contando desenhos pela calçada?
- Não estava preocupado até ela me vir com aquela conversa. Não sou homem de me preocupar e não sou ansioso! Sou de fazer acontecer. Um, dois, três, quatro...O que estou contando agora, os meus passos? Só me faltava esta!
- É, o tempo passa. As coisas não acontecem mais como a gente quer, não podemos  ter tudo sob controle. Para um homem como você, é difícil, mas claro, a gente se acostuma.
- É claro que é difícil, mas consigo. Só não me preocupar e tudo dá certo. Um, dois, três...quanto tempo demora este farol para abrir?
- O que é difícil mesmo, é lembrar de investir prevendo a aposentadoria - estranha esta história - não ter mais uma meta para alcançar, desafio pra encarar, tempo para cumprir. Chegar lá, fazer o que tem pra ser feito e vencer! Já era. Agora, tem que usar outra tática.
- Ah! esta sensação boa de possuir o controle, está me escapando como.. como a fumaça daquele cigarro ali. Será que o cara não sabe o quanto faz mal aquele maldito vício? Sexo, também é um tipo de vício, como trabalho e poder. Humm..Talvez... Êpa! Ô cara! não respeita o pedestre? O farol já estava fechando!
- Calma aí! A gente precisa de foco. Ou talvez nem tanto foco, mas calma, isto sim.
- Ela vai compreender. As prioridades agora são outras. É bobagem dela. Não penso em mim o tempo todo, não. Ainda amo aquela mulher. E bem que penso nela, nas... Ôpa, desculpe, senhora! Que merda esta chuva. Quantos quarteirões andei? Um, dois, três...
- Ela também vai ter de se acostumar...outras prioridades...vamos ter de aprender a conversar..era o que ela queria, não era? Sermos mais íntimos, esta bobagem toda...
- Como é que a gente se torna mais íntimo do que éramos? Pode me dizer? Olha aí, agora todo mundo vai começar a abrir o guarda chuva..um, dois..tres...
- Agora, ela disse que não tem mais hábito de conversar com você. O que você queria?
- O que eu queria? O que quero! É que ela continue a me abraçar daquele jeito, que me fazia sentir que eu era o homem dela, o amor, tudo!
- Acho que...
- Cala a boca! Vou ficar paranóico! Não quero me preocupar e você não me deixa pensar em outra coisa! Sempre fui homem de ação, não de preocupação! Pronto, só subir a escada e cheguei. Um, dois, três, quatro.

domingo, 18 de março de 2012

Um dia, talvez...

 É faca de dois gumes o que vejo
de ti, em tuas reticentes palavras.
Quando responderias, aos clamores
e convites, e significarias mais do que
este teu tom de evasivas promessas?
Quando deixarias de nos impedir e
não precisaríamos mais recuar?
O que se sabe que não deve vir a ser,
não seria melhor, de vez, deixar ficar?
Talvez. E eu, quando cansarei de repetir
tua frase, que introjetei no pensamento?
A mesma que me nega, agora, o que
não me negaria ele, talvez, um dia...
E se eu jamais novamente permitir
que esta infame dance em meus lábios,
ou se acomode nos meus pensamentos?
Mas, se assim for, onde ancoraremos
o nosso barco durante as tormentas,
ou no tempo do sono e torpor que
nos rouba, dos dias, bons momentos?
Onde nos alcançarias, doce esperança?
Descansar, onde, nossa humanidade?
Desta arma que é branca e mortal,
é urgente que eu encontre o cerne,
ponto exato, fiel da balança, afinal
única forma para transformá-la
em medida para meu alimento.
Está bem, eu a deixo lá, por enquanto,
quieta no seu canto, e ironicamente,
de ti me servirei, algum dia, talvez,
como âncora para não me perder,
apenas para não me matar de fome,
para jamais deixar esquecer da lua,
que reflete nua, no mar dentro de mim.
Tudo bem, então, fiquemos assim!


Foto retirada do Google imagens
Poema: Vera Alvarenga



sábado, 17 de março de 2012

Campos verdes...

Acordou de seu cochilo mal dormido, daquele sono satisfeito, de entrega e paz. Olhou para ele por alguns momentos.
Suas mãos foram em busca do exercício do sentir. Foi tateando e conhecendo novamente aquele que conhecia tão bem.
E ia envolvendo cada parte, descobrindo cada textura e reação. Caminhando pelo conhecido, sem medo de se aventurar, como quem sai a caminhar por terras que são suas, apenas para não perdê-las de vista, para saborear seus encantos e tomar posse, mais uma vez, do que é seu. Fechava os olhos, quando em vez, porque sabia cada som, cada canto, e dedilhava, tocava suavemente ou pressionava, conforme sua vontade. Se um dia ficasse cega, o reconheceria pelo tato. Se um dia esquecesse de tudo, seu corpo guardaria a memória do que é sentir. Agora não tinham fome e ela podia ir lentamente. Era uma brincadeira, sua hora de brincar e ela se deliciava, e sorria. Em troca, só exigia a entrega. Não pensava que devia exigir mais, embora, às vezes virasse o jogo ao contrário, e ficasse ali inerte fingindo dormir, próxima o suficiente para que ele desejasse acordá-la. Era um acordo deles, nunca posto em palavras, nem contestado, um acordo de paz num campo nem sempre fértil, nem sempre próspero, nem tão florido assim. Mas era o território dela. Olhava o campo coberto de verde e seus olhos sabiam que havia recantos a explorar. Sentiu o calor do sol na pele e a brisa no rosto. Montou a cavalo e saiu a galopar, e junto com o vento, inspirando os aromas do campo, já podia ver no fim do caminho, as flores silvestres que ia colher.
E naquele instante eles eram tudo, não careciam de nada mais.
Texto: Vera Alvarenga
Foto retirada do Google - não há referência ao fotógrafo.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A mulher, a loba e a benzedeira...

 Há muitos anos atrás numa pequena e calma vila, onde morava gente simples, comum, havia uma boa mulher, que antes fora também comum como todo mundo, até o dia em que bebeu a água da fonte proibida e ficou doente.
Ninguém ao certo sabia porque era proibido, às mulheres da vila, beberem daquela fonte, mas assim era. Como as mulheres eram ingênuas, em sua simplicidade obedeciam sem discutir. Aliás, há muito tempo que, só  homens fortes e corajosos ou animais sedentos se serviam da água que, conforme se dizia, tinha gosto amargo, estranho. Não faria bem para mulheres, com sua frágil constituição. Embora pouco comentado sabia-se também que a água, que escorria um tanto escura da fonte por estar à sombra das árvores, ao ser tocada por uma mulher, resplandecia como se fosse banhada pela luz do sol, pura e cristalina. Talvez este mistério fosse o sinal de que era algo sedutor porém perigoso, que devia ser evitado.
No passado, naquela vila, as que tinham ousado experimentar da água sofreram males para os quais os médicos da época não conheciam a cura. Algumas enlouqueciam ou eram tratadas como se tivessem perdido o juízo.De qualquer modo, perdiam algo precioso para si. Isto justificava portanto, a proibição feita para proteger as mulheres e explicava a pacífica atitude de obediência a ela.
Um dia porém, aquela mulher que há anos morava na casinha toda florida e enfeitada, aquela ingênua e boa mulher comum mas nem tanto assim, aquela que de vez em quando, distraída dançava e cantava em seu jardim não se dando conta de alguns olhares curiosos de quem por ali passasse, um dia ela, não só tomou da água mas escorregou e caiu na poça em frente à fonte, e nela se molhou inteira. Deste modo, ao voltar para casa, de início envergonhada, pensou que deveria esconder sua insensatez, mas não conseguia, mesmo porque a água que molhara sua roupa atraía os olhares, e ela se sentiu nua. Ao caminhar em direção à sua casa ouviu cochichos, mas não se importava porque sentia dores nos olhos, via o mundo de forma diferente e não sabia ainda o que mais viria como consequência de sua ousadia. Apenas tinha a certeza de que, pela primeira vez era urgente que cuidasse de si.
O pior estava mesmo por vir! Ela, que era tão comum e ingênua, às noites ficava completamente exausta, como se notasse pela primeira vez que suas forças finalmente estavam exauridas. O que antes lhe dava prazer, agora a lembrava de sua fragilidade e ela já não sabia se isto era bom ou ruim. E, durante algumas noites de lua cheia ela chorou, e seu choro podia ser ouvido por toda a vila, como se fosse o uivo de uma velha loba ferida. Ela não se envergonhou por isto, nem por sua voz. Contudo, durante o dia, algumas pessoas a aconselharam a aquietar-se, para o bem de todos ou por diferentes motivos. De início ela usou da artimanha de amordaçar a si própria, com um lenço de seda, nas noites de luar. Foi então que de seus olhos vermelhos começaram a saír faíscas e ela foi obrigada a olhar-se no espelho a cada vez que pingava colírio. E viu sua culpa, sua ingenuidade, sua vergonha e sua força. Sozinha,chorou de tristeza, de dor, de raiva e de amor até calar-se.  E, quando não havia mais lágrima pra chorar, e todos os pássaros fugiram de seu jardim, foi então que ela recebeu a visita de uma velha benzedeira.
  - Benze meus olhos, para que eu veja como antes...pediu.
  E a velha lhe disse que tudo ia passar mas que ela estava se transformando, e como não se pode ter um dia igual ao outro após uma grande tempestade que derrubou árvores, fez estragos e abriu clareiras, assim também ela teria de recomeçar a cada dia, vendo a luz e a sombra, chorando e sorrindo, buscando dentro de si a luz do amor e dançando em seu jardim quer fosse sozinha ou acompanhada por quem tivesse a coragem de compreender a dor de suas perdas e o valor de suas conquistas. Ao se despedir, a velha não lhe deu o abraço que ela desejava receber, mas um conselho:
  - Acima de tudo, por mais que lhe seja difícil compreender sem culpa, acredite que jamais serás a mesma, terás de aprender a defender-se como defendias as tuas crias e a voltar a crer em seus instintos, mas isto não é um castigo, é uma benção...
   Texto: Vera Alvarenga
   foto: Google images.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Na minha casa mora um anjo...

 Na minha casa mora um anjo
que se contenta com amar.
Já pensei em desfazer-me dela,
você a quer levar?
Gosta de carinho, de conversar
ou se aconchegar em silêncio
nos braços daquele que ama e
unicamente a ele dedicar seus dons.
Não mora ali sòzinha.
No sótão, é sua vizinha
uma mulher já idosa,
uma bruxa, com certeza,
mas do bem, pois cheira a rosa.
Tem certa sabedoria,
porém falta-lhe delicadeza
quando briga com a jovem
que, fiel, ainda crê
que a vida, apesar de tudo,
traz alegria e prazer
a quem quiser dar amor e receber.
Quando a bruxa percebe
que o anjo está feliz
e flutuando mal toca o solo,
para ela torce o nariz,
puxa-lhe as pernas,
quer fincar-lhe os pés no chão,
manda tocar tão alto as trombetas,
que assusta tudo o que voa
e faz o que era bom sumir!
Então, diz sem nenhum rodeio:
- Tu  te contentas com pouco,
isto é notório e sabido,
és tola, vais ferir teu coração.
Se confias ainda numa ilusão
deves estar enfeitiçada!
E o anjo aflito responde :
- "Perdão, estou apaixonada!
e não se engana minha intuição,
a meus olhos, o que vejo,
vem do que viu o meu coração.
Minhas asas trago machucadas,
verdade, já me fizeram sofrer,
porém minha natureza não muda,
temo, mas ainda desejo crer."
  Na minha casa também
  tem uma leoa no quintal.
  Briga por tudo e todos que ama
  e se enfurece contra o mal.
  Na minha casa tem uma mulher terna
  que  às vezes chora, comete erros,
  ainda ama e quer. Esta mulher sabe que
  agora, só a um homem deu o poder,
  deste feitiço de amor, se quiser, desfazer,
  e então,este grão de esperança não irá mais cultivar...

Fotos retiradas do imagens do Google
Versos: Vera Alvarenga
Vídeos: Ingenuidade - Tones Label
             Não precisa - Paula Fernandes
             Amado - Vanessa da Mata


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sapatos vermelhos na vitrine

Ela, vinha com passos felizes e seguros, movida pela certeza de que teriam tanto a se dizer e tamanho prazer com o encontro, que tudo correria naturalmente, tudo seria bom. Contudo, ao perceber certa palpitação no peito, diminuiu o ritmo e andava agora devagar. Olhava para os carros estacionados, ouvia o barulho daquela cidade fervilhante e constantemente barulhenta, e percebeu que os sons iam ficando distantes, como se já não fizessem parte do mundo que pisava. Ao invés do barulho de carros, pessoas, sirenes, ouvia cada vez mais alto, o som do  coração.
Ele, já havia chegado ao local do encontro. Não pediu café, embora tivesse vontade. Pediu água, pois conhecia do que se alimentava o comércio.Era homem atento e pensara ser gentil, deixando que ela decidisse o que gostaria de tomar, antes de impor-lhe a escolha. E se ela tivesse vontade de pedir vinho, ou suco? Naquela hora da tarde e, pelo que conhecia dela, tudo seria possível contanto que ele não fizesse a escolha primeiro. No final, ela pediria para ele escolher. Como oferecer-lhe vinho se estivesse tomando café? Ao ver o café, faria pedido igual só para acompanhá-lo, mesmo que estivesse pensando no vinho . Ele sabia como ela era. E tudo estaria então resumido num cafezinho. E ele não queria resumir fosse o que fosse, do que estava para acontecer.
Esperar, não era algo que fizesse com tranqüilidade. Não sabia preencher os espaços vazios com facilidade como faziam as mulheres que tinham sempre um leque de opções a seu alcance, além de uma mente sonhadora. Ele, não. Era homem que se habituara à objetividade. A vida o instigara a ser mais realizador do que dado a devaneios. Não tinha paciência ultimamente, nem para esperar que algumas pessoas chegassem ao fim do que começavam a dizer-lhe, talvez porque já adivinhasse o final, uma vez que conhecia a mesmice de tudo que lhe rodeava há anos. Com o tempo, sabia que ela também chegaria a ser tão conhecida e talvez tão previsível como tudo o mais. Rotina era uma coisa boa, algo confortável com o que podia lidar. Sair dela também seria bom, se representasse agregar algum valor a sua vida e desde que, o que conquistara para si, não fosse perdido. Ele preferia colecionar seus valores do que sonhos. Logo saberia e também deixaria claro, de uma vez por todas, o objetivo daquele encontro e ao que poderia levar.
Ela cometeu um erro. Prestou atenção ao seu coração e, ao fazê-lo, perdeu o ritmo do caminhar. O som parecia o retumbar de algo vivo que lhe saltaria pela boca, se ela a abrisse. Parou frente à vitrine. Engoliu em seco. Fingiu olhar os sapatos e tentou recuperar o controle. Respirou fundo. Pelo vidro pôde ver sua silhueta, salpicada por sapatos vermelhos, que pareciam pendurados nela,como os passos que ela poderia dar. Sentiu medo. Tal insegurança não era porque não se gostasse. Valia mais do que todos aqueles sapatos juntos, mas não estava acostumada com encontros. E há muito tempo não se expunha assim, como numa vitrine, para ser avaliada. Sentia medo que o próprio medo se tornasse tão grande, que a fizesse desistir.  
Desistir do que? De nada! Ela não queria nada a não ser apenas os passos que pudesse dar. Com companhia de outros passos,seria melhor. -"Só por hoje", lembrou e sorriu. Era uma frase usada pelos que querem aprender a caminhar felizes, um dia de cada vez. Que tudo fosse verdadeiro, fosse como fosse, e não machucasse demais. Mas que ela não fizesse papel de tola. A vendedora aproximou-se gentil. Que coisa! por que não lhe era permitido um tempo para ficar ali, só pensando na vida? Por que tudo se resumia apenas na compulsão de vender e comprar? Tenho algo que lhe interessa, e você, tem o valor equivalente para me dar? Me dê logo ou siga em frente! Era assim a vida. A vitrine era bonita,como ela se sentia por dentro, os sapatos eram lindos,como aquilo que ela sonhara um dia ter.
Voltou a caminhar. O coração sossegara um pouco, mas estava apreensiva. Segurança e  alegria foram-se. Quem sabe se, ao virar a esquina apenas para espiar, desse logo de cara com um largo sorriso dele na boca e no olhar, e seu medo pudesse então, desaparecer para sempre. Quem sabe seria melhor rodar nos calcanhares e sair depressa dali. Tinha apenas mais três passos para se decidir.
Crônica: Vera Alvarenga
Foto da vitrine de Crisscalçados.                                           

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Homenagem a você mãe,mulher aquariana...

  Hoje,quero falar de uma mulher que conheci. Uma mulher aquariana.
  Nasceu no interior de São Paulo, há tanto tempo, (1923) no tempo em que as meninas, geralmente, quando queriam estudar depois do ginásio, faziam o curso "Normal", para serem professoras.
  Isto já era lá por 1940!! Tudo bem, mas ela não queria ser professora,não! E começou a fazer seus planos.
  Queria ir para São Paulo. Queria ser secretária... e logo que pode ir morar com uma irmã já casada, foi o que ela fez - foi para a cidade grande e moderna,que se parecia com o jeito dela,  prestou concurso, fez curso de datilografia e se tornou uma das mais rápidas secretárias que o serviço público já teve. Como ela contava e os amigos dela também, datilografafa ...humm...não sei quantas palavras por minuto!!( não me lembro, desculpe, mãe. Estou aqui a falar da "senhora" e não me lembro de detalhes! rs.....) Mas ela não precisava que alguém falasse por ela. Não mandava recado, era franca, não tinha esta coisa de falsa modéstia, tinha muitos amigos e amigas que a queriam bem, era respeitada no ambiente de trabalho. Bem, eu me lembro que era vaidosa. Se vestia bem, embora simplesmente. Sempre de salto alto e batom vermelho, lá ia todos os dias, andando 7 quadras a pé até a Av. Santo Amaro, onde tomava o ônibus até o centro. Morávamos em Moema, na época. Enquanto esteve apaixonada era também uma mulher apaixonada pela vida e era social. Quando se aposentou, os colegas lhe deram um anel de brilhante - era muito querida.
   Quase na mesma época que se aposentou,separou-se do homem que amava. Sofreu muito, mas levou a vida ativamente pois mantinha amizade com amigas leais que se encontravam para jogar baralho e conversar por telefone. Dizia que a gente tem de cultivar amizades.
   Era uma mulher independente, orgulhosa, com seu próprio salário, sempre querendo repartir despesas, ou pagar as suas,nunca tendo sido um fardo financeiro para qualquer um dos 4 filhos, mesmo quando nos últimos 2 anos de vida foi morar com uma das filhas ( eu!),por estar com câncer. Bem, o que mais me lembro que me fazia orgulhar-me dela, eram duas coisas: seu caráter honesto e seu desejo de viver! Namorou algumas vezes e apaixonou-se sériamente aos 72 anos! rs..........me confidenciou na ocasião:
  - Filha, estou me sentindo tola, como uma adolescente! Eu adorei vê-la assim feliz e a incentivei, claro!
  Bem, era minha mãe, uma mulher corajosa, trabalhadeira, moderna, honesta, forte, independente, que valorizava suas amizades, sendo leal com elas, e que, para o seu tempo, estava um pouco à frente... Hoje seria seu aniversário se estivesse viva. Aprendi muito em meu convívio com ela, principalmente nos últimos 2 anos de sua doença, enquanto esteve em casa e já lhe apareciam os primeiros sinais de alzheimer. Eu a amei e quando ela morreu, eu estava ao seu lado, junto com minha irmã. Ela não suportava depender de alguém. Após sua morte, senti que estava comigo mais do que antes, como amiga então, e que poderia compreender melhor o que me motivou a cuidar dela do modo como fiz (ela não sabia de sua doença,pensava que tinha apenas a diabete).
   Assim, hoje me deu vontade de tomar um cafezinho com ela, como fazíamos, mas depois, me lembrei que estamos melhor assim, sem limites que nos impeçam de compreender uma a outra. Beijos, mãe. Meus respeitos.
  Imagino como ela seria rápida aqui no teclado deste computador!!kkk.......

Foto retirado do blog: imotion.com.br e google
Texto: Vera Alvarenga
 

sábado, 1 de janeiro de 2011

" Seremos tão tolos assim?"

Até onde podemos ir por amor? Quais nossos limites?

A importância dos nossos limites!" (Parte I)
  Pensando sobre a dificuldade de impor limites, li um texto importante que me fez refletir e colocou alguma luz para que entendesse melhor, a respeito de como somos levados por circunstâncias financeiras, pelo amor e até por nossos idealismos espiritualistas, a deixar o que somos de lado, por muito tempo. E a compreender o papel dos sonhos e apaixonamentos em nossa vida, como algo que, por vezes nos salva do esquecimento total do que ainda somos.
      Quando sabemos o que somos, e o que não somos,conhecemos nossos limites.Isto completa o que nos descreve, o que gostamos, o que nos faz bem, o que permite que sejamos felizes e nos sintamos seguros, as coisas e pessoas das quais queremos nos aproximar. Todas estas coisas fazem parte de um conjunto de “significados” que delimitam nosso espaço de segurança. Eu, sei facilmente o que “não sou” e não gosto, mas tinha dificuldade para ver os limites que tenho, como algo que teria de aceitar, pois fazem parte de mim, e que eu só deveria transpor no meu ritmo e quando estivesse pronta, sem atropelar a mim mesma.
     Se, por exemplo, sei que sou sensível e criativa, será mais fácil desenvolver e explorar minhas possibilidades,usando estas características nos artesanatos, música, fotografia, para escrever poesias, embelezar ambientes, criar filhos e educá-los, e no convívio com as pessoas. Certamente poderei influenciar positivamente na vida dos que me rodeiam, enquanto puder viver com os limites do que sou.Não me fará bem tomar muito sol e expor-me a muito barulho, brigas, permanentes discussões, agressividade. Se, além disto sou compassiva,  e dependendo do grau, talvez não seja indicado trabalhar em hospitais, com pessoas doentes ou pelas quais eu possa sentir compaixão, pois ao invés de ajudá-las a lidar com seus problemas apenas, talvez  me sobrecarregue se não souber preservar meus próprios limites. Experimentar e depois respeitar meus limites será sempre algo fundamental para o bem estar.
     Minhas características essenciais podem ser incentivadas, ou não, fazem parte das minhas digitais, me acompanharão para onde for, mas se forem negadas por outro, a quem eu respeito mais do que a mim mesma, seja pelo motivo que for, fico impossibilitada de desenvolver minhas potencialidades e sinto falta disto. Sentimos falta de viver podendo vivenciar os valores e crenças que temos. Se isto ocorrer por muito tempo, posso até esquecer parte do que sou! Pode ser por um período longo, mas será suportável se, meu companheiro de vida estiver, em nome do mesmo objetivo comum, tentando como eu, suportar algumas e vencer outras dificuldades que a vida apresenta. Por amor e somado a um caráter menos belicoso, podemos suportar qualquer dificuldade, desde que tenhamos fé e acreditemos não estar sozinhos nesta luta comum para enfrentar a vida e superar alguns limites ( não todos, porque estaríamos negando o que somos e nos convencendo de que seríamos melhores se fôssemos uma outra pessoa,com características diferentes do que as que são nossas. Se sou uma boa melancia, não preciso ser abóbora! E tomara que meu companheiro veja a coisa assim!).
    Quando casamos, somos duas individualidades a desejar caminhar “juntas”, lado a lado, enfrentando o que vier pela frente, com apoio mútuo. Contudo, terminadas as dificuldades, vencidas as batalhas por ambos, aquele que se caracterizava por ser o mais dominador na relação, deveria ter o bom senso de dividir com o outro o prazer que esta liberdade de ação pode trazer. Muitas vezes porém, ocorre o contrário ou ainda pior, quando este, pouco a pouco, sutilmente, foi deixando de proporcionar ao outro as oportunidades, que para si aproveita,ou negando-as, contando muitas vezes, exatamente com a sensibilidade e docilidade do que tinha estas características inicialmente.Quando, por egoísmo ou prepotência, deixa de dividir com o outro os direitos e passa a decidir tudo sem levar o primeiro em consideração, manipulando-o, negando-lhe o direito a igualdade, está manipulando a situação para preservar sua superioridade sobre o outro, de alguma forma. Aí estará surgindo uma vítima, e uma relação de dependência que não mais se justifica.
     Somos sempre nós que devemos impor os limites do respeito, como se repete modernamente? Toda culpa recai sobre a pessoa que é abusada, de alguma forma?(seja o “homem”, ou a “mulher” em se tratando de um casal). Mesmo alguns homens de ação podem ser “usados” ou “manipulados” . Seremos tão tolos assim que gostamos de nos tornar vítimas? Ou vamos nos enredando nesta triste condição aos poucos, levados por alguma característica natural nossa, e que o outro conhece, e usa para ter controle?
     Quando alguém grita ou protesta em voz tímida sua decepção quando teme ter percebido que foi manipulado, creio que é perigoso esta mania de apenas dizer:
     -" Acorda! Deixa de se fazer de vítima!”
     Claro que há variações em que estas coisas acontecem, e cabe a cada um no relacionamento, medir a proporção de sua parcela de responsabilidade.
     Penso que estaremos sendo um pouco algozes também, se colocarmos todos os que tiveram parte de sua chance de desenvolvimento impedida pela vida ou pelo outro, no mesmo balaio,rotulando todos igualmente de masoquistas, covardes, provocadores ou ignorantes, sem compreender o processo envolvido nesta questão. É o que fazem contra o povo quando vota em alguém em quem depositou sua total confiança e que depois se mostrou um governante que abusa do poder e tira do povo sua dignidade! E dizem:
    - " O povo tem o que merece!"
     Não podemos tirar dos ombros dos que abusam do seu poder ou negam ao outro viverem sua potencialidade e suas crenças, o quinhão de responsabilidade por sua atitude. Assim como a vítima vive com a consequência de sua ingenuidade, o outro precisa também compreender que um dia a "casa cai" e a moleza pode acabar! 

Foto e texto: Vera Alvarenga

sábado, 27 de novembro de 2010

" É meu tempo de poesias..."

É meu tempo de poesias...
Não porque me envaideça
de saber em rimas o que dizer
ou por chamar a mim, poetisa!
É só porque eu vivo dias,
em que, se não escrevo,
sinto que me falta o ar!
Preciso a compreensão das palavras,
da luz, antes que anoiteça,
da esperança que não agoniza
enquanto a verdade transpirar.
   As palavras não me aquecem
   como um abraço o faria,
   as rimas não dão a sentença
   que só a justa Justiça daria,
   mas aliviam meu peito e a alma,
   e traduzem os sentimentos
   que brotam do meu coração;
   ajudam a assimilar  desafios
   que me sacodem em momentos,
   quando me assombra a indignação
   do que não consigo compreender.

Foto e Texto: Vera Alvarenga

domingo, 14 de novembro de 2010

Às mães de meninas de quase 10 anos!

Book: mãe e filhaphoto © 2010 Luís Guilherme Fernandes Pereira | more info (via: Wylio)
Outro dia assisti encantada um programa na Globo News Saúde, que falava sôbre a primeira menstruação e tratamentos hormonais feitos hoje pelos ginecologistas, com o objetivo de diminuir os efeitos negativos de uma menstruação precoce.
Gente, maravilha, hoje a medicina está tão mais adiantada que o médico e a mãe podem juntos, saber por exames, se a menina por volta dos 10 anos ou até menos, já está para ter a primeira menstruação! Assim, poderão decidir se é o momento para evitar que esta primeira menstruação aconteça, visando proporcionar à adolescente, ainda tão criança, um pouco mais de tempo para que seu corpo se prepare, inclusive no que diz respeito a ossos e crescimento. Neste programa foi mostrado que uma garota com 1m.50cm de altura, estando para menstruar aos 10 anos, submeteu-se a um tratamento e acompanhamento médico e também apoio emocional da mãe, e, depois de um ano, quase aos 12 anos, já havia crescido 12 cm. a mais e se dizia sentir-se mais preparada para a menstruação. Parece estranho isto, como se a gente quisesse "deter" a "natureza", mas não é não!! Afinal, muitas garotas amadurecem muito mais rápido devido à problemas emocionais ou à responsabilidades, e outros fatores, mas poderiam ter mais apoio emocional para que a transição fosse feita num ritmo mais ameno e sem prejuízo ao seu desenvolvimento e até crescimento.
" No meu tempo" as mães não conversavam sôbre estas coisas conosco( sôbre muitas outras também!), até o dia que assustadas, percebíamos que estávamos sangrando!! E então, nos era dito que tínhamos nos tornado uma mulher ou uma "mocinha" e só.Bem, eu aceitei numa boa e não tive problemas para aceitar a menstruação como algo natural,mas com muitas meninas isto não acontece e elas passam a detestar a menstruação e/ou sofrem de cólicas terríveis, etc...
Não culpo minha mãe, porque naquele tempo os médicos sabiam muito menos a respeito das mulheres e não havia discussão destes assuntos nas revistas e internet. Eu, por exemplo, aos 10 anos já era mesmo uma "mocinha" em muitos sentidos, inclusive fisicamente e, não passei dos meus 1m e 50 cm de altura!!
Ah, então foi por isto que permaneci com esta altura, hein?! Todos achavam lindinho, eu era a "mignon"...mas posso garantir que preferia ter 12 cm a mais na altura, o que me teria evitado muitos problemas, inclusive talvez, a dor que sinto na articulação dos quadris, de vez em quando.
Hoje, a história é outra e a medicina está aí para esclarecer, além das orientadoras (psicólogas,etc.) que podem "ajudar" as mães a caminhar de mãos dadas com suas filhas, para que estas não se sintam tão só e perdidas no meio de tanta informação que pode ou não ser verdadeira.
E aí, mães e papais de meninas de 10 anos! Já conversaram com elas a respeito da primeira menstruação e do que elas precisam saber por vocês, de preferência? Já as levaram desde os 8 ou 9 anos a um ginecologista de confiança? E atenção, sempre estejam presentes na consulta, ao lado delas, o tempo todo! O tempo e a natureza não esperam!

Texto : Vera Alvarenga baseado em programa do Globo News Saúde.
Foto: Luis Guilherme F. Pereira - Flickr - retirada do Wylio.com

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

" ..então serei a mais corajosa das mulheres"!

Comentei algo no post de uma amiga (Jackie), que falava sôbre a importância de reagirmos e não nos fazermos de vítimas de nós mesmas.Quis trazer este comentário aqui.
Quando eu disse que aprendi muito este ano, não quis dizer que aprendi a dar a volta por cima e me transformei numa mulher mais forte!..kkk......ainda não, embora esteja muito melhor, ainda estou inconformada comigo mesma! Eu vejo todo mundo dizer aqui que se julgava vítima,agora descobriu que não é por aí,reagiu,ficou forte, aprendeu.. Comigo foi o contrário, fui na contramão !- A vida inteira fui forte,nada era suficientemente pesado, tudo podia vencer, eu tinha tudo!! ( mesmo quando por pouco tempo, só coloquei na mesa arroz e vagem, ou um peixe espada comprado com a moeda que encontramos na praia).Eu nunca fui vítima, porque achava que vivia a vida como uma aventura, com todas as consequências intrínsecas! Eu era apaixonada! e apaixonada pela vida!
Eu tinha tudo(mesmo quando lutava pelo amor) enquanto tinha fé e amor no MEU coração! Eu amo meu amado com todo o meu sentimento, com toda a nossa história, com todo o meu carinho,não preciso perdoá-lo, POIS SOU GRATA A ELE, POR TANTAS COISAS, mas preciso reencontrar minha paixão( esta palavra não exprime bem o que eu gostaria de dizer, porque "paixão" é conceito desvalorizado e estou falando de FÉ pela vida, algo que nos sustenta interiormente)!
Quando, aos quase 59 anos, não encontrei mais no MEU coração aquilo que me sustentava, me fazia renascer no meu próprio jardim, então me assustei e comecei a me ver como vítima, de mim, do outro, do meu próprio modo de levar a vida. Mais ainda quando me apaixonei por um sonho! O chão me faltou, tudo começou a me parecer sem sentido, e eu me vi como sou - tola, fraca, tão acostumada ao amor que eu sentia, que não sei ser , sem ele. Cheguei a desejar voar para outro jardim, achando que esta era a atitude a tomar. E não adianta tapar o sol com a peneira.Foi isto que ocorreu quando me cansei de "amar e respeitar" o outro mais do que ele me amava! Então, decidi que era tempo de amar a mim mesma! Outra ilusão...serve para colocar os pingos nos "is" e distrair o tempo, mas não "sustenta" (não a mim!) 
O que aprendi foi isto, a gente é vítima, quando não sente amor pelo outro como antes! Uau!! Será que é mais importante então, amar do que ser amada??? Que surpresa!!Claro que eu quero ser amada sem tanto egoísmo, com atitudes coerentes com as palavras, pois se deixei de amar como antes, porque não o era! Mas, juro, preciso REAVIVAR A PAIXÃO, encontrar em mim a alegria de poder entregar o amor em total confiança, e portanto, amar com "paixão", a ponto do amor poder sustentar-se a si mesmo, talvez! Que contradição!  A vida é tão boa pra mim, quero partilhar isto!   
     Então, ainda me emociono quando penso que me apaixonei por um sonho( e o que será esta vida, senão uma ilusão?), mas não vou me entregar... estou aprendendo, não a encontrar a lutadora que sempre fui, NÃO! mas a reencontrar dentro de mim mesma o amor, aquele sentimento de amor especial (ilusão ou não), que me sustentava interiormente, e que eu oferecia ao outro, pois minha natureza se acostumou a isto, a ser feliz, e sou mimada a este respeito, quero sentir-me de fato feliz como eu era, eu me fazia feliz porque acredito na felicidade! É a minha verdade! Quando eu não precisar mais apenas sonhar, e reencontrar esta minha essencia que me capacitava para amar do modo que eu amava, totalmente confiante e entregue, eu nem precisarei buscar a mulher lutadora dentro de mim, porque novamente estarei em paz, e terei a alegria serena que me fazia ser a mais corajosa das mulheres, embora saiba que não precisarei mais lutar!
Texto e foto : Vera Alvarenga

sábado, 19 de junho de 2010

- " Minha Caixa de Pandora carrega uma maldição?"

Ontem, pela madrugada, lá fiquei eu novamente, macambúzia. Pronto, reconheço, não consigo aceitar a morte!...de nada,talvez... nem da flor que murcha e cai,porque já penso na que vai brotar amanhã... nem das pessoas que eu tanto amava, pois imagino que seu espírito está agora, ainda mais próximo a mim.
  Apesar de admirar as mulheres fortes que conheci, que tem a coragem de romper com aquele ou aquilo que não lhes dá o que merecem receber, apesar de ter no sangue os genes de uma delas, eu, não consigo romper com nada, ou quase nada. Mesmo que concorde que seria o mais correto, em alguns casos.
  Sabem aquela história que sempre repeti para amigos? - " O vazio assusta, mas é necessário deixar esvaziar o copo, para poder enchê-lo novamente e saborear um vinho melhor!" Eu realmente acredito nisto e, queria que alguém dissesse o mesmo para mim, quando eu precisasse ouvir. Só que, não consigo ver o meu copo vazio! O meu, está sempre meio cheio, ou pelo menos guarda lá um "bouquê"...até que eu possa sentir o aroma do próximo vinho.
   Não consigo perceber quando o jogo terminou...talvez porque queira me iludir, que o jogo nunca termine? Ou porque sou covarde demais para enfrentar o resultado?  Nem deixo de querer saber "como você está", mesmo que você há tempo, não pergunte mais de mim, a menos que eu ache que posso estar incomodando(porque então, me afastarei). E já não sei se isto é uma característica minha, ou uma fraqueza. Pensei esta madrugada sôbre estas coisas, fiquei triste, e logo, ao acordar,  só cheguei à conclusão que, embora não me orgulhe disto, sou assim. Se você quiser que eu me afaste mesmo de você, tem que deixar isto muito claro, tem que me magoar de fato, de tal modo que, no dia seguinte, eu não pense que aquele seu aceno de agora, quer dizer que fui eu que não soube compreendê-lo. Serei assim, porque meus olhos passaram muito tempo vendo uma contradição? Gestos que não pareciam demonstrar amor, de alguém que me dizia que me amava, e era eu que estava enganada ao ver o que via? Crianças podem ser assim manipuladas, ou convencidas. Até quando eu fui criança? Ou será que apenas vi no outro, toda a insensatez e insegurança que o fez não saber amar? Claro que, por vezes sinto tanta raiva que, apesar de ser naturalmente terna, gostaria de agredí-lo com toda a força de meus tapas, porque me sinto pressionada e agredida, por esta estranha estupidez que é o desperdiçar a vida, deixando-a passar ali ao lado, fria e vazia de significado maior. E então, onde estará minha ternura?  
   Porque tudo pode ser interpretado de duas maneiras, alguns diriam que sou positiva, tenho fé, que estou certa em pensar que só para a morte não há jeito (talvez por isto eu a tema, de verdade). Os pessimistas diriam que eu...bem, melhor nem saber!
   Serei de fato uma pessoa terna, que acima de tudo vê o amor porque o tem em si e na sua história de vida, ou serei uma vítima de minha tola incapacidade de ver a realidade da vida, como ela é? Com que critério podemos julgar as pessoas e como elas reagem diante do que mais querem, para sua vida?
   Acho que, esta tal  "Caixa de Pandora" que carrego comigo desde a maturidade,como disse ao criar este meu blog, traz dentro de si algo perigoso, como diz a lenda. A ESPERANÇA, será um presente nobre deixado para a humanidade de cada um, ou será minha maldição?

texto: Vera Alvarenga
Foto : Vera Alvarenga

sexta-feira, 18 de junho de 2010

- " Afinal, quem ganhou esta competição? "

Eu estava na praça, sentada ao lado da banca de livros e de outras pessoas que assistiam o mesmo show...
Um casal chegou e sentou-se nas cadeiras próximas. Logo notei que o homem resmungava alguma coisa a respeito da altura do som,depois, que ela tentava iniciar uma conversação e ele dizia que queria ler seu jornal.Dali a pouco, a mulher se levantou e perguntou:
- "Vou então até ali, ver os livros e caminhar um pouco, quer vir?"
O homem educadamente lhe disse para ir sozinha. Ela pediu licença e foi. Era uma mulher de meia idade, sem nenhum atrativo especial, mas parecia tranquila. Ficou bem próxima a mim, já que minha cadeira estava na ponta daquela fileira. Eu a acompanhei com o olhar e pensei: -" Este deve ser o marido e ela deve gostar de ler e ouvir música. Casal legal!" Ele, parecia tranquilo, ali, lendo seu jornal.
  A mulher, mal começou a folhear os livros, foi interrompida por outro frequentador daquele local agradável, onde passo algumas horas, nas minhas manhãs de domingo. O homem começou a conversar animadamente com a senhora, que mais ouvia do que falava. Ele era bonitão, mudava de assunto a todo o instante, porque na certa tinha muita experiência e o que contar e, quando ela parecia se interessar por um deles, ou fazia um breve comentário, ele já se animava para contar muito mais de si. Para outras pessoas que estivessem mais distante, poderia dar a impressão de que a conversa estava mesmo muito animada, mas a mim, que estava ali ao lado...posso dizer que, não tinha o mesmo interesse para os dois. De repente, a mulher interrompeu o homem e lhe perguntou : _ " De que signo você é?"  ele respondeu algo que não pude ouvir bem e ela disse: - " Ah, o mesmo do meu marido". E continuaram aquela conversa na qual um parecia estar habituado a ser ouvido e o outro, a ouvir... E eu, cá com meus botões, pensei: - " Que engraçado, ambos do mesmo signo. Será que esta mulher atrai o mesmo tipo de pessoa, ou terá outro significado?" Ri, comigo mesma, desta mania de querer compreender as coisas que acho curiosas, desta vida! Então, me interessei mais por acompanhar o que lá se passava. A mulher, de vez em quando, pegava outro livro na tentativa, talvez de escolher algum para levar. Para falar a verdade, comecei até a torcer para que a conversa pudesse ser agradável também para ela, pois o homem que viera consigo, o marido, parecia não ter muita disposição para conversar, e era um pouco resmungão...Parece que, finalmente minha torcida deu certo e vi nascer um interesse dela, pelo assunto!
  O tempo passou. O marido, então, terminou de ler seu jornal e olhou displicentemente para o lado. Ao ver sua mulher naquela "conversa animada", levantou-se de um pulo!
  - " Ai,ai... vejamos o que acontece!", pensei eu.
  Todo simpático, aproximou-se, colocou a mão gentilmente nos ombros daquela para  quem, até a pouco, nem levantara um olhar, e brincou simpaticamente, com o outro:
  - "Bom Dia! então é o senhor que está roubando minha mulher, por este tempo todo!" Gente, mentira! eu sabia que ele só tinha dado pela falta dela, quando terminou seu jornal! E que não lhe dera atenção nas poucas tentativas que ela fizera para falar sôbre a música, as pessoas ou sôbre a praça.
  O outro homem, não se deu por vencido e lhe respondeu que estava tendo uma agradável conversa com aquela que já podia considerar uma amiga e continuou:
 _ " Estávamos falando sôbre...." e o marido logo o interrompeu, dando uma opinião diferente, no assunto. O estranho, comentou rindo, que já sabia que eram do mesmo signo e que, naturalmente não iriam concordar em dar razão um para o outro. E ambos riram. Assim, os dois começaram uma conversa realmente animada, daquelas em que ambos tem o que dizer, daquelas que se tem entre iguais! A mulher, olhava para um, e para outro, ali, a competir para ver quem seria o vencedor. De repente, colocou o livro na banca, balançou a cabeça e virou-se para ir embora. O marido foi interrompido por aquele que, pelo menos demonstrou estar um pouco mais atento à presença dela. E este perguntou:
  - " Já vai embora? Sem ao menos levar um livro? Desculpe se a atrapalhei!"
  E ela, educadamente respondeu :
  - " Claro que não! Gostei de conhecê-lo, mas prefiro voltar outro dia e escolher, com mais calma."
  E eu me perguntei... "Afinal, quem ganhou esta competição maluca?" Os homens se afastaram, sorrindo e arrastando as esporas, feito galinhos de briga, depois de um empate. E ela, parecia menos alegre do que chegou, mas um pouquinho mais sábia, embora ainda tivesse as mãos vazias...

texto : Vera Alvarenga
foto : internet, modificada por Vera Alvarenga

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