Mostrando postagens com marcador verdade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador verdade. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Quem mandou voltar a escrever?

  Ela teve medo de escrever. De voltar a escrever.   Fazia tempo que estava assim como numa mar calmo, sem ondas, sem marés nem tempestades. Entretanto ela sabia que lá no profundo do mar ou do lago, fosse o que fosse,  havia vida e luz. Todo mundo sabe.
  Ela teve medo de voltar a escrever, porque as palavras quando começavam a vir não conseguiam esconder a vida. Podiam disfarçar, brincar de esconder, não dizer tudo que havia pra se dizer, porque afinal, há coisas que não são mesmo para serem ditas. São como o suave e íntimo perfume de cada um. Não dá para descrever. São como o cheiro de certas coisas, como o abraço no qual a gente se deixa envolver.    Certas coisas são para serem compartilhadas naquele abraço que de terno, de repente passa a ser mais envolvente, e forte e vivo e audaz... e por fim passa a ser tudo e a única coisa... e como a única coisa de fato que pode nos dissolver... Assim pensava ela, enquanto sentia aquele medo de escrever.
  - Nossa! pensei que estivesse tudo acomodado, morto e enterrado!
   Porque escrever era sentir, era saber-se viva, era reviver emoções que surpreendentemente mexiam até com seu estômago, sem falar, em certos casos, com uma saudade funda. Porque escrever era conversar consigo mesma. E ela não mentia pra si.
   - Existe isto de saudade funda? ela pensou...
  Estava lá um sentimento ainda, que ela não sabia como,e nem queria mais ter de explicar, mas era saudade profunda...sim profunda. Era uma vontade de ter sido algo, qualquer coisa, melhor do que aquilo que nunca foi. E o que nunca foi, não poderia ter força! Contudo, era forte o que ela sentia quando cometia o deslize de sentir-se viva e deixar as palavras saírem alvoroçadas, como a vida mesmo o é. Mesmo que ela não escrevesse, a mente já as tinha escrito, plasmado no ar... Estavam lá, soltas no ar e agora, tinham peso.
   As águas daquele lago tranquilo se ondulavam neste momento, balançavam o barco atracado na beirada. Coloriam a cena com tons fortes.
   - Quem foi que jogou uma pedra aqui?
  Bem feito! Quem mandou ela voltar a escrever....
  

terça-feira, 16 de abril de 2013

Hoje ouvi o doce murmúrio de uma fonte...


Uma vez encontrei um tesouro. Não porque fosse ouro ou pedra preciosa de qualquer espécie, mas porque tinha, para mim, imenso valor. Porque surgira quando e onde jamais esperava, até porque eu nada mais esperava.
Eu o queria pra mim. E queria que quisesse me pertencer e me ter. Como o reflexo que, pelo que o reflete, vive. Como aqueles que pensam ser dois mas se sentem mais fortes porque são um. Ou vice e versa. Como o sonho que pensa que é dono do sonhador, e segue como se tivesse vida própria, porque o outro assim o permite, por amor.
Não era ouro, não era pedra, não tinha cor. Apenas eu o via e assim o sabia. Meu tesouro, o que era de valor, não tinha gosto, nem cheiro, nem forma que eu pudesse tocar, mas eu acreditava que saciaria minha sede, tão antiga como antigo era o meu mundo, por mais que eu tivesse sido feliz nele. Era como água cristalina e pura na qual eu queria mergulhar inteira, sem precisar me debater para não me afogar.
E vinha de uma fonte. Quando fui abraçá-la, sumiu. Nunca mais ouvi seu murmúrio, que para mim era como o barulhinho doce do riacho a correr lento sobre as pedras, nas sombras de um entardecer do verão que findava.
Foi tão surpreendente me dar conta desta visão nova para mim, que não queria perdê-la. Não podia!
Mas sumiu! Meu Deus, o que fiz eu?
Então, além das ventanias que há pouco acabara de enfrentar, e que nada mais eram do que o mal tempo já previsto embora não desejado, agora era o silêncio, a agonia do último sonho. Deparei-me com a culpa pela ousadia do sonho e por não ter sabido o que fazer com ele, e encarei o medo de envelhecer para sempre até lá de dentro dos ossos, até o fundo da minha alma, sem mais ser tocada pelo que parecia a fonte de onde nascia um arco-íris.
- Depois que se vive muito, é fatal envelhecer e desistir - assim me disseram.
Desisti. Pois desistir daquilo que não se pode ter é a coisa mais prudente e correta. E da desistência me veio a paz de quem volta a ser feliz, porque mais nada espera. Felizes os que não criam expectativas, já ensinou alguém a outros. Quem sabe por isto, para não criarem expectativas em relação às pessoas é que as pessoas tem tantos desejos então por possuírem coisas.....
Entretanto, tenho outra natureza, sou menos prudente do que me ensinaram...decidira guardar um segredo, apesar de tudo.
O meu segredo era apenas a imagem do que eu vi ou concebi um dia. Sem consistência ou verdade alguma, era mais verdadeiro do que tudo aquilo que podemos possuir, e ficamos anos lutando para não perder. E era meu. E estava em mim. O meu tesouro por si só era bom e sua presença me fazia bem, sem que eu pudesse interferir nisto, ou precisasse lutar para mantê-lo. Acho que ele é que me mantinha este tempo todo. E dele, que agora conscientemente estava em mim, me contentava em beber gotas. E por estar em mim, não será destruído enquanto eu não quiser, ou pelo menos enquanto conseguir me permitir ( sim, porque toda fonte que não se auto alimenta, um dia seca, pensei ).
  Eu brincava com ele, porque sabia que era apenas criação minha e não mais existia...Nem aquela que brinca existe.  Vive por trás de uma cara séria e compenetrada que envelhece agora, calmamente.
  Hoje, surpresa, ouvi um certo murmúrio e, ao duvidar, até senti alguns respingos em meu braço! Era verdade, estava lá! " Vi com estes olhinhos que a terra..."
   Surpreendentes são estas coisas que temos em nosso coração e, às vezes, agem como se tivessem vida própria! E como isto nos faz bem...Pra que fingir? se sei o que vejo e sinto, embora não explique.
  É como o personagem do livro que escrevemos e, de repente, nos surpreende com sua própria fala!
  Se eu pudesse, se fosse jovem, naquele momento meu coração teria saído pulando de alegria, feito uma cabrita, pela relva úmida! Ou, como mulher, na lua cheia, teria saído eu a dançar e rodar com os pés na areia e braços e cabelos ao vento! Mas tenho a dignidade dos que envelhecem com sabedoria...dos que querem ser felizes na paz, porque já sofreram.
  - ( Então, Psiu! quieta!). "Tudo é passageiro. Tudo é ilusão. O vento leva tudo". (Tudo o que é apenas exterior, eu retruco).
Nada é tão consistente como o que está no  coração( me lembrei), e isto sim, é de minha autoria, sabedoria de minhas entranhas. Seja no meu coração, ou no de quem quer que seja. Nada é tão verdadeiro quanto nossa própria mentira (ilusão) necessária, ou quanto nosso desejo insatisfeito e sedento que por algum tempo escondíamos de nós mesmos - Nada é tão verdadeiro quanto nosso sentimento. Não é preciso lutar com o que é verdadeiro. No amor se pode descansar.
  - Então, lembre-se...sim, tocar apenas o que realmente nos toca, o que é "real", pesar ação e reação na mesma balança, na mesma medida... se conseguir...parece ser uma boa norma para o bem viver a realidade deste mundo.

   ...Mesmo assim, não sou de negar o que sinto. Olhei pela janela. Eu já estava em paz, mas o dia, então, me pareceu por ora, mais azul e iluminado...  e tive de colocar aqui esta canção...estou nela...

Texto e foto: Vera Alvarenga
Canção : "Sonho de Ícaro" - Biafra

segunda-feira, 25 de março de 2013

Inconsistências.

- Tua visita me faz bem. Me sinto querida...

 - E porque pensas que ...
 - Vi tua luz acesa outro dia...
 - Você sabe que temos aqui nesta minha cidade por volta de seiscentos e quarenta e três mil habitantes? Se multiplicar isto por pelo menos três pessoas em cada residência poderíamos ter mais de um milhão de possibilidades. Poderia ser qualquer luz acesa em qualquer uma destas janelas. Acredite!
 - Mas era a sua, eu sei ( ou penso que sei), e fiquei feliz. Sempre fico. Nada de mais. Coisa simples assim como um sorriso que gruda ali no rosto por alguns momentos. Só isto, porque só isto é. E não te faz bem pelo menos saber que tua presença, apenas isto, faz bem a alguém?!!
 - Nunca é apenas isto.
 - Uma vez alguém ponderou se não seria melhor deixar os tristes entregues à sua tristeza, e os tolos às suas tolices. Sem envolvimentos, sem compromissos, nada pessoal mesmo para aqueles que convivem o dia a dia. Tantos vivem assim...
 - Já estás divagando. Não tem sentido. É ilusão que não se deve alimentar.
 - Sôbre ilusão, é claro, depois que, como num passe de mágica, alguém tira da cartola o coelho, então conta-se aos que se encantaram que tudo não passou de ilusão. E tudo é ilusão, já diziam desde sempre os pensadores, filósofos, religiosos, de muitas e diferentes formas. Será que existiu, de fato, o mágico ou éramos nós que precisávamos encantar nossas almas e, por isto, acreditamos e o aplaudimos? Quem nos fez levantar a cabeça e sorrir, então? Aquele que, com sua magia nos devolveu a fé por alguns momentos, ou nossa necessidade de sobrevivência? Ah, e o sentido? Talvez não seja apenas o sentido ou a falta dele, mas o que as coisas e pessoas representam para uns e outros. E do mais, você conhece o sentido? Sabe o significado da tua vida, do que sentes, das tuas perdas, daquilo que vês bem à frente do teu nariz? E os intelectuais que tantas palavras dizem e brincam com elas tantas vezes, e sabem da falta de nexo em tudo deste mundo pretensiosamente realista, conhecem o sentido ou ainda estão à procura dele?
 - Chega, assim não venho mais! Não estou dizendo que vim, apenas considerando que pensas que sou eu. A menos que compreendas a realidade das coisas eu... Sabe, poderia provar-te que estás enganada.
 - Já provou. Está bem. A razão aparentemente venceu e não quero ficar sem esta pequenina e frágil luz que me visita, mas não existe. E não me proves nada, nem com teu silêncio que já não me provou coisa alguma, nem com tuas palavras que mostravam a possibilidade de teus delicados sentimentos que a razão fez questão de classificar e agora, querem me ensinar como interpretar o que vi, li, ouvi. Ainda não sabes que para mim, o sentido está em sentir o mundo como o vejo em cada momento, não em saber dele as verdades inconsistentes e mutantes? Ah, sim! meu olhar é capaz de flexibilizar-se com o movimento da vida, mas grava na memória o sentimento do que quero preservar, quase intacto, deste mundo. Como uma foto, como um clic! Prefiro-o assim. Aliás, mais sorrisos eu quisera ver no meu rosto, e no teu, e no de tantos que envelhecem como nós sem conhecer o sentido de tantas coisas, mas preferindo vivê-las, mesmo assim...
  - Ah, mais uma última coisa... abraço-te, a ti que não mais existe, com tudo que já não sou.
Texto e foto: Vera Alvarenga




sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cartas ao Léo - O pé de feijão- Parte II

 Cartas ao Léo...  ( Parte II)
 Vivian olhou para o que escrevera. Foi um desabafo. Talvez isto bastasse. Foi até a cozinha e fez um chá de maçã e canela.Tudo o que tinha escrito era como se tivesse podido falar, sem pudor, sem culpa, de seus sentimentos.  Entretanto, ainda estava inquieta. Tomou alguns goles da bebida que gostava de tomar nas noites frias de inverno, quando colocava um pouco de vinho tinto, um "quê" a mais, para torná-la especial. Era algo que fazia para agradar a si mesma ou para comemorar.
   Esta noite porém, não havia motivo para comemoração e não estava frio. Ela voltou ao computador e escreveu mais...
   
   Somos duas pessoas diferentes,temos nossas histórias e nos encontramos no momento em que ambas tentávamos nos recobrar da dor de uma perda. Ambas,estávamos em luto. Desde o início, nossa amizade nos libertou de algum modo, curou nossas asas quebradas. Tìmidamente voltamos a crer, cada uma de nós, que poderíamos voar de novo. Um laço nos uniu a partir daí. O que nos ligava não eram correntes, mas um tipo de querer bem, próprio dos que já sofreram o bastante, seja por que motivo for. Próprio dos que reconhecem que desejam finalmente, receber cuidados.
     Com nossa amizade, plantamos uma mágica semente – algo tão verdadeiro como um pé de feijão começou a nascer dela -crescia vigoroso e belo, porque ia de encontro ao céu. O sentimento podia parecer um tanto estranho, só para este mundo no qual tentamos viver, mas com o qual sabemos que jamais vamos nos conformar. Contudo, você se assustou? Eu sim. Assustamo-nos quase sempre com o que é  inesperado, mesmo que seja doce e possa curar. Seria possível haver um sentimento tão agradável e manso,  desinteressado e real, que não nasceu da atração física, mas de uma amizade?
     O que estaria por vir? Que bênção ou que gigante desceria dos céus naquele pé de feijão? Em que tipo de gigantes nós poderíamos nos transformar, se nos encontrássemos “cara a cara” com um sentimento nobre e belo que dependesse apenas de nós para frutificar?    
     Seu silêncio, entrecortado por uma e outra frase das quais já não sei se compreendo o significado, me fez refletir sobre a vida, e o que nela encontramos de bom. O que escrevo aqui, já não é mais só para você. É como nossas conversas de antes – nos faz refletir.
      O único pecado que me lembro ter cometido, além do medo, foi o de desejar a permanência. E se há crime, há punição.  Desta forma, parece que ouvi: “ cortem o pé de feijão!” Sempre que há um pecador, podemos gritar com ele, sem culpa, ou nos calar, oferecendo apenas nosso silêncio.
     Posso me afastar, não cultivo mais a planta pela qual também sou responsável, não a alimento, nem dou de beber... prefiro morrer de fome, do que do medo de saciar-me com o que é bom e então, um dia, mais cedo ou mais tarde, precisar enfrentar a falta. ( mas eu não penso assim,você sabe).
     Para que provar do alimento que nos iria nutrir, se já nos habituamos com a aparência de saciedade?  Se o que nos sustentou até hoje, ainda não nos matou, acabamos pensando que mesmo que já não nos faça tão bem, melhor não provar o sabor de vida, pois isto seria como se estivéssemos a negar a importância do que nos nutriu até agora. Porque temos a necessidade de destruir o antigo para justificar a procura do novo? Não teremos o direito de alimentar nossa alma da felicidade que nos sustente, sem precisar nos explicar tanto e dar motivos? Temos até medo de somar e viver o presente, permitindo ao futuro e a Deus as resoluções do que ainda virá.
     Me lembrei do Gaiarsa agora - talvez seja melhor permitir que morra aquilo que antes nos fez falta, antes que isto nos mate de prazer! (pois eu queria morrer de prazer).
     Mas eu compreendo. Também tenho medo de perder aquilo pelo qual sinto amor, seja ele de que tipo for. E o prazer se faz de coisas simples, tão simples às vezes, como saber que se pode contar ,ao chegar cansado, com o cheirinho do verdadeiro feijão feito em casa, temperado com alho fresco de verdade! O simples não foi valorizado, hoje já não cozinho mais.(mas ainda sinto cheiros) rs......
     Temos tantas responsabilidades e dores, e sustos e medos, e tantas pessoas para cuidar, todos nós, que não sabemos mais cuidar de nós mesmos. A loucura espreita e nos ameaça, se nos rendemos ao apelo de nos agradar com um presente que recebemos após tanto desejarmos!
     Temos tanta responsabilidade por consertar todos os erros que cometemos, sejam grandes ou pequeninos, que nos sentimos sempre em dívida com um passado e permitimos que o presente ( em ambos os sentidos) vá embora, como se nada fosse, mesmo que seja uma semente do mágico e raro pé de feijão!
     Temos tantas responsabilidades, que nos queremos perfeitos e nos esforçamos para compreender o outro ( isto falo por mim). Então, quando a raiva e o despeito passam, porque o querer bem é maior, tentamos deixar  ir, nos convencendo de que é melhor, no futuro, não confiar. A fome pode ser para uns, apenas o medo de se comprometer ou de ter de contar com o outro. Esta não é minha fome. Minha fome não é a das certezas – minha fome é a da coragem de viver coerentemente com o sentimento verdadeiro e com as palavras que escrevo e refletem isto. Eu precisava escrever o que sinto (você sabe).
     Assim amiga, eu a deixo ir, porque sei que nada nos pertence a não ser o que está em nós, ou o que nos é oferecido. Em meu coração, você será eterna ( ou não). Dizem que nada é real se não podemos ver fora de nós, refletido, iluminado... mesmo o amor não seria real se só um o tivesse dentro do peito. Isto, dizem,  seria ilusão. Você sabe que não creio em tudo que dizem!! rs............
      Meu pé de feijão está lá, sem frutos, sem gigantes, sem promessas, sem raios de sol a iluminá-lo, mas ainda está lá e ainda é meu, até que seque. Será velho e seco, mas é verdadeiro, não permito que neguem esta verdade. A lembrança de algo bom que existiu e conservo em mim, não cobra nada do outro, existirá enquanto eu puder permitir que exista, enquanto eu não precisar matá-lo, como ainda é real para um pai, a lembrança do filho que já morreu, ou para uma mulher a lembrança do amor que viveu com um homem. Temos apenas de aprender a não sofrer tanto com a saudade do que poderia ter sido. Não vou mais lhe enviar este, que começou com a pretensão de ser apenas um email e cresceu como minha fome – a mesma fome que sinto ao pressentir o tempero com alho da comida caseira. Sinto água na boca quando penso no que minha alma acredita. Tudo o que disse aqui, são apenas "as minhas coisas" e pelo menos de palavras claras e verdadeiras, matei minha fome. Não quero criticar, só falar de mim e apenas choraminguei minha saudade e espanto diante das impermanências, mas sei que a aventura da vida é mesmo esta incoerência... 
     Perdoe-me se fiz este desabafo, se escrevi tanto para dizer talvez pouco, mas acho que é porque a incoerência entre o que você me diz e o seu silêncio me deixaram agoniada, acredito em você e fico sem saber como lidar com isto. Nada lhe diria se você não fosse importante para mim. No futuro, enviarei minhas cartas aquele meu amigo, você sabe...enviarei minhas cartas ao Léo (ou léu, conforme o caso, e se eu não tiver uma recaída)...ou farei um diário...rs.......... 


     E então, cansada, Vivian desligou o computador. Fecharam-se as cortinas, apagaram-se as luzes e ela foi dormir...
Texto: Vera Alvarenga
Foto retirado do Google.  

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Cartas ao Léo - Desabafo- Parte I

 Cartas ao Léo...  ( Parte I)
     Vivian começou a escrever o que seria um email, mas tornou-se uma carta e depois, mais que isto, um desabafo, como se ela pudesse lhe dizer tudo o que sentiu nos últimos meses, como se estivessem frente a frente, e ela pudesse ser ouvida...
     Lembra o que a gente sentia, coisa rara que por ser rara não se desperdiça?
Que incentivava, abrandava a alma quando necessário,tudo porque a gente parecia se compreender de fato,nem sei como, nem por que? Simplesmente acontecia, lembra? Sem premeditação. Não era o tempo que importava, mas o prazer de descobrir que nossa presença na vida uma da outra, nos fazia bem e que, por alguma razão que não explico, ouvíamos uma da outra, o que estávamos talvez, sedentas de ouvir.
     Algumas vezes você me escreveu: - “Mais uma vez me diz palavras que eu precisava ouvir.”
     Engraçado isto, porque não me julgava capaz de lhe dizer algo que fosse suficientemente novo para você. Percebo agora - o que lhe dizia, nem sempre era tudo o que gostaria de poder dizer contudo, o que me motivava era respeito e querer bem.
     Falar com você, também trazia descobertas sobre mim, minhas possibilidades e, por isto, me fortalecia. Sentia meu coração transbordar gratidão e, para retribuir, queria lhe dar o melhor de mim, mas não sabia como – eu a incentivava a desejar sentir a vida novamente, pois me afligia ver como você estava entregue à sua tristeza, como eu estava entregue à minha. Sentir a vida novamente era algo que eu mesma começava a experimentar, depois de começar a reconhecer você - queria isto também para você . Então lhe disse: - aproveite a vida. E você se foi!
     Mesmo com poucas palavras, nos falávamos de coração a coração, entretanto o meu, não ouviu sua despedida . Quando nos acostumamos com a amizade e presença de outra pessoa na nossa vida, esperamos, ainda que este rápido momento do encontro, com alegria, porque fica fazendo parte, e é preciso que nosso coração seja preparado para a despedida, ou tudo parecerá o golpe inexoravelmente frio daquela senhora, que quando vem, não avisa, apenas golpeia e mata! Eu já perdi um amigo querido assim, levado por ela. Não queria perder outra pessoa. Quem ou o que, teria arrancado de mim, sua presença?
     Depois de um tempo, senti raiva de você ou do que quer que houvesse nos aproximado – até com Deus, tive uma grande discussão! Ele tentou me dizer que há pessoas que passam em nossa vida para que deste encontro, ambas saiam melhores. Eu não queria ser uma pessoa melhor. Finalmente não queria mais ser perfeita. Apenas queria ser eu mesma, e ainda assim, encontrar significado! Deparar-me com alguém que pudesse me aceitar, ao mesmo tempo que eu a ela, era um sinal dos deuses, um banquete no Olimpo!
     Já fiquei com meus olhos aqui marejados, muitas vezes se quer saber, por me perguntar, onde estaria agora, tudo isto que parecíamos sentir, dentro deste silêncio que eu não compreendia. Fiz um jogo cruel comigo mesma. Respondia perguntas que não pude fazer a ninguém. Me perguntei onde eu havia errado, o que estaria acontecendo a você, julguei que eu mesma estivesse sendo egoísta, me anestesiei, desejei sair sozinha, de dentro da tristeza...Compreendi duas coisas:
   - Uma, é que não há como sair dela! Quando alguém parte, sempre deixará o outro triste, porque o que tem valor, não pode ser substituído, é único e deixa saudades. Me nego viver como se fizesse de conta que os sentimentos não existam, e por isto, pago o preço.
   - A outra, é que por anos tive esta mesma atitude – não esperava ter direito a nada especial, e não queria demonstrar o quanto, às vezes, alguém podia me magoar, pois pensava que não era certo cobrar atenção de quem quer que fosse, ou minha amizade pareceria ter sido apenas uma moeda para trocar algo, que eu também precisava. E isto não era justo, pois sei que era responsavelmente sincera, e que nós todos, seres humanos, desejamos ser reconhecidos e amados, seja fraternalmente ou de outras formas. Se é uma troca, é justa!
     Bem sei daquela história de que, se nos decepcionamos com alguém, é porque esperamos o que esta pessoa não podia nos dar, mas crer nisto também é uma forma de acomodar-se.    
     Se  não tivesse me dito que nossa amizade era importante, que assim como eu por seus próprios motivos você também sofrera, que eu a ajudava a ver a vida de outra maneira, que eu era insubstituível, não teria me sentido especial, não teria me apegado a você, não teria desejado lhe dar meu melhor reconhecimento, porque ouvir isto fez uma enorme diferença em minha vida e, para mim, tudo tornou-se especial. Não teria acreditado que, com minha forma simples de ser, poderia levar um pouco de luz e alegria para você e não teria percebido o quanto você iluminou meus dias!
     Eu continuaria na sombra da descoberta recente que havia feito, de como alguns movimentos meus tinham se revelado vãos e impotentes, frente a uma muralha em um trecho do meu caminho, que eu não tinha conseguido transpor.  E você, teria continuado com suas próprias sombras, até encontrar por si mesma, uma luz.
     Se você estivesse aqui agora, estaria me estranhando, eu sei, porque estou me estranhando também, e muito, mas é assim. Tenho que finalmente admitir que senti raiva, despeito, tristeza, impotência, diante de um silêncio que eu não sabia o que significava e não combinava com nossa confessada amizade. 
     O pior, sentia-me culpada por estes sentimentos e pensava que talvez, você estivesse deprimida demais para se comunicar. Então, mesmo entre o consolo desta explicação que eu mesma me dava, preferia pensar que você estava bem e que apenas tinha ido embora....assim, simplesmente, sem mais, nem menos. Esta minha nobre tentativa me fez perceber como todos nós somos carentes, e o que se passou comigo aconteceu ou acontecerá com você fatalmente um dia, pois no palco da vida as personagens mudam, trocamos papéis, mas somos todos humanos. Todos sentiremos falta de quem queremos bem, seja porque nos trouxe luz, seja porque lhe emprestamos um pouco da nossa, seja porque juntos, funcionávamos como um amplificador  do que tínhamos de bom. O ser humano é muito solitário, mas também solidário.
     Sei que sentir-me vulnerável e culpada é algo que aprendi em minha vida, uma fraqueza minha. Sou capaz também de aceitar as suas. Queria tanto que você rompesse este silêncio, me dissesse que não agiu assim porque nada represento, ou que me viesse dizer qualquer coisa, mesmo que fosse, adeus! 
     Embora eu preferisse que não, acho que aprenderia a lidar com um adeus, mas não sei lidar com este silêncio sem despedida. É morte, para mim, e eu temo a morte.
     O ser humano é medroso. Posso compreender isto, já que compreendo meu próprio medo. 
     Há um alarme dentro do ser humano, eu acho, que desperta quando pressente o perigo da entrega a algo maior e finalmente verdadeiro, um amor, uma amizade, um real querer bem – um ato não ensaiado onde os sentimentos são ingênuos e intensos, onde ele não precisa ler o roteiro porque a cena está além da tragédia comum e igual, onde o mais importante não seja o preço do ingresso.
      O ser humano, diante do improviso, nesta cena que cobra de si uma performance genuína, sente um medo sincero de dissolver-se no próprio ato de fé em sua própria interpretação. Eu, que sou tão medrosa, também tive medo, mas não fugi. Eu também não estava habituada com a possibilidade de viver uma amizade assim sincera, fruto de ingênua confiança, mas não a deixei num silêncio vazio, sabendo do carinho que existia entre nós.
     O ser humano teme falar, ou teme sentir? Teme experimentar o que depois sentirá falta? O ser humano, teme os sentimentos contraditórios ou inesperados, que estavam fora do script, como teme à morte!
     Então, ele age como se nada ali houvesse, finge que ninguém lhe deu a “deixa” e por conseqüência, finge não fazer parte da trama. Aquele alarme toca dentro dele, tão alto, que o entontece, fica desorientado, perde o rumo, confunde o caminho, os personagens, o verdadeiro com a imagem, e acaba desistindo, como se não merecesse a felicidade de ver-se numa atuação em meio a sentimentos verdadeiros! 
     Não importa se, esperando por ele,  há papéis  mais importantes em outros palcos! Ele só pode estar em um de cada vez, e para cada circunstância é chamado a ser o si mesmo, sob o ator de cada cena, mesmo que interprete vários personagens em peças diferentes.  No nosso palco, nosso ato foi interrompido, embora as cortinas estejam suspensas porque nenhum de nós as fechou.  
     Sim, talvez seja menos perigoso não arriscar, não esperar nada do outro, nem gostar muito dele, fazer de conta que somos bonzinhos e não sonhamos a menos que nos permitam, aqueles que já nos acostumaram a eles, como se fôssemos marionetes, sob o jugo de alguém que está por trás da cena.  Penso nesta contemporânea visão de vida, que nos quer convencer que não temos o direito a esperar  retribuição, ou participação, ou feedback – isto que nada mais seria do que atitudes naturais e coerentes com o que se diz e sente – isto que hoje, as pessoas querem transformar em um pecado imperdoável.
     É tão mais fácil assim! Como você ousa me cobrar, por que esperar algo de mim, se diz ser minha amiga? 
    Ora, como se nós pudéssemos ser felizes sem esperar que seja verdade, aquilo que estamos vendo em nossa frente! Já nos faziam sofrer desta loucura, quando éramos crianças e nos diziam que estávamos enganados quando percebíamos algo diferente do que as palavras ditas, ou quando nos confundíamos com as incoerências.... 
     Hoje há uma cumplicidade às avessas : para nos fazer crer que estivemos acreditando anos e anos, ou meses, no que não passava de ilusão apenas nossa, da qual o outro não tem participação. Será que a grande ilusão, não seria ainda a de querermos fazer de conta que não somos co-autores?
     Ah, mas se você comete este pecado de iludir-se, de me dizer que acreditou em tudo,nas aparências, nos sinais, então,como é pecado, eu posso castigá-la. Finalmente posso fugir do sentir, do que nos assusta a todos e, ao invés de lhe dar a mão e nos apoiarmos nesta descoberta ou aceitação, do que podemos ou não fazer com a verdade dos nossos sentimentos, eu posso castigá-la por crer em mim. Finalmente eu posso desistir daquilo que eu mesmo comecei a vislumbrar como algo bom. Porque foi você, que ingênuamente ou não ( melhor até que eu não acredite em sua ingenuidade!), cometeu o pecado de colocar tudo por terra, criando uma ilusão.
     Então, você me perguntaria...O que eu queria, afinal? Prendê-la a mim? Não, eu amo sentir a liberdade de permanecer por convicção e de sentir prazer no que acredito que seja bom realizar.
      Fazer de você, responsável por meus sentimentos? Não ! eu queria apenas, que você tivesse se despedido de mim, que não saísse de cena como se eu não existisse ali, pois que esta, você sabe, é minha única  ferida antiga. Fazendo de conta que nossa amizade existe apenas quando você acende as luzes do palco, você me magoou. Acho que era esta a lição que eu tinha de aprender - aceitar o quanto alguma coisa ou alguém pode me magoar. Agora já sei. Só assim, a gente sabe o que fazer depois.
     Eu só queria que você mesma acreditasse no que me diz, e escolhesse ser responsável por cuidar, junto comigo, do que me trouxe em suas mãos, quando veio a me seguir, por um caminho e nos encontramos. Lembra? Você tinha nas mãos uma mágica semente, mas era algo tão verdadeiro, como um imenso e real pé de feijão. 

final na parte II- quando Vivian fala do pé de feijão e de Léo.     

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

" Se sou importante pra você,deixe seu coração falar comigo!..."

Que as palavras não sejam grades, a nos aprisionar. Que possamos olhar ao redor e ver as outras alternativas para livres voar, acompanhados bem de perto pela pessoa que escolhemos,e também nos escolhe para desfrutar da visão do mundo! Duas pessoas que se gostam muito,sempre descobrem um lindo modo de amar.
Um amigo virtual em seu post contava sentir-se incompetente, para definir em palavras, a mulher. Mesmo assim, nos dirigiu carinhosas palavras.
Realmente nós, mulheres, gostamos que "palavras" venham nos contar dos sentimentos que o nosso amado tem por nós. É fato. Contudo, não é algo que deva preocupar ou limitar. Eu, como mulher, venho lhe dizer:
   ... se você pensa que está complicado encontrar modos de me compreender e dizer isto em palavras, não se preocupe. Na verdade, não quero definições...rs.... Basta que deixe seu coração falar e mostrar-se, pois só então poderei saber o que sente de verdade. Eu disse deixar o coração falar, e não a mente, pois o coração não mentirá! Pergunte ao seu coração!
   Às vezes, posso estar cansada de tentar adivinhar/interpretar seus sentimentos e sinais,com medo de fazê-lo erradamente; então tentarei me afastar e você me conta que faço falta. Nós, mulheres, pedimos a vocês que nos dêem o presente de um gesto e uma palavra coerente com ele, que demonstre com todas as letras,seu carinho por nós e que diga que você nos quer em sua vida!
    Sim, eu quero isto, porque esta atitude me alimenta, me diz que posso continuar te querendo carinhar, é como cuidar bem de um vaso, colocar vitaminas... nos faz "florir", pisar em nuvens, nos torna mais doces e macias. Bastam poucas palavras...mas atenção! Coloque junto o mesmo significado no olhar, no sorriso quando chego até você com meu jeito simples querendo contar algo que talvez traga mais luz ao seu dia,nas atitudes em frente aos amigos comuns, e então, garanto, ninguém notará que o homem não sabe descrever em palavras, o que somos!! Aliás, alguns escritores até o fazem, e muito bem! Você não precisa ser meu escritor predileto, mas o meu amor...aquele que ilumina o meu dia e que me deixa iluminar o seu! 
    E se eu não for até você, venha me buscar, talvez eu esteja precisando de sua mão firme a me dar um impulso, talvez eu tenha medo de não ser correspondida. Se você for o homem que quero espontâneamente amar, nenhuma definição de mim mesma seria melhor do que algumas poucas palavras, acompanhadas de um gesto ou sorriso no olhar, como:
    -"Minha querida, como gosto de estar com você! Vem comigo...(me escuta, quero te contar uma coisa"...) Estarei com você sempre, se puder acreditar que a coerência existe. E tudo na vida de ambos poderia receber um significado maior, como uma plantinha que cresce protegida e recebendo luz do sol!
    - "Você sabe que eu te amo? ( te gosto muito, te adoro")..qualquer destes sinônimos,acompanhados do gesto real de buscar nossa presença ou recebê-la com disponibilidade verdadeira, bastaria. 
Qualquer palavra amorosa que demonstre, junto com o olhar ou gesto, que sou importante para você de um modo especial, único,é o que importa! Poucas palavras e gestos claros, que não deixem dúvidas! Isto você homem, que é por natureza objetivo, sabe fazer quando quer! Deixe claro, como se fosse numa reunião de negócios, em que sua empresa e futuro estivessem em jogo, como você está empenhado em fazer dar certo isto, que entre nós existe e é tão fundamental! Simples assim! ( ou você acha que viver a alegria de termos um coração a nos aconchegar, não é importante?) Fazer parte de seus sonhos..ouvindo-o dizer: -"quando puder, nós vamos.." Quando você quiser dizer palavras, pergunte-se o significado de "nós" ou da frase  "quero você na minha vida, ao meu lado,tanto quanto quero estar também na sua". Ou ainda: -"se eu a quero comigo, sei que não sou mais "apenas eu e meus interesses somente"... e pronto, tudo o mais virá, naturalmente!
    Homens e mulheres, caminhando de mãos dadas, e se cuidando, e se carinhando mutuamente, de verdade, sem pudores, sem deixar para amanhã ( pode ser tarde, pode ser triste), curando suas feridas, acalentando seus sonhos, mesmo que tenham de esperar para realizar alguns deles, mas sabendo estar juntos, aí está o segredo para plantar e manter florescendo para sempre, o amor verdadeiro, o que trará alegria ao coração de ambos, o resto ? São palavras, palavras apenas... até que um dia você decida transformá-las em algo mais do que isto!


Fotos e texto: Vera Alvarenga
Texto do amigo virtual ao que me referi está em : http://www.dihitt.com.br/usuario/belcrei2010                                                                                          http://www.dihitt.com.br/usuario/belcrei2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

" O Mago e o inexplicavelmente real..."

Num campo de alfazemas, as mulheres colhiam as flores que mais tarde seriam transformadas em poções aromáticas ou de cura... Conversavam muito entre si.
Uma delas, mais quieta, trazia no olhar uma lágrima contida há algum tempo.
A observá-la, duas mulheres mais velhas conjecturavam:
- Você viu? está assim novamente. As vezes sorri, como se estivesse lembrando algo bom, e de repente, fica com  olhos brilhando como se fosse chorar...
- Estará doente ou apaixonada? ou será algo impróprio, uma dor talvez...
- Quando lhe perguntei o que tinha, me disse : - Ontem recebi um presente. Hoje tenho saudades e esta dor no peito!
- Só pude rir, não é mesmo?
- Ah, é frescura, então!
- Aconselhei-a a procurar Maestrus, o mago, ainda hoje, pois não é mais a mesma mulher, eficiente como era. Ele dará um jeito! Vai curá-la.
E assim, no fim do dia, lá estava ela, no alto da colina, junto ao Mago que acabara de meditar. Ele sabia que ela viria. Assim que se aproximou, ele já pegou em seu bolso o vidro e o estendeu para ela.
- Aqui está. É amargo, mas vai colar seu coração partido.Ninguém pode viver com o coração assim dividido!
- Não sei se é isto que preciso. Meu coração está num só lugar, que não pode estar. Meu corpo é que parece estar em outro. E me sinto culpada porque não sei resolver isto.
- Pois dá no mesmo. Bem, então você tem um tipo de fome que...hummm... tome este! E pegando no outro bolso um vidro menor, o mago lhe disse que em pouco tempo ela veria a realidade com mais clareza e não seria mais atormentada por sonhos e ilusões. Vai voltar a ser a pessoa eficiente que todos apreciavam.
- Mas, então este líquido que me dá é como "água com açucar"... já estou cansada disto. Por alguns dos últimos anos foi o que me deram. Isto não me cura, é placebo, efeito é passageiro..isto sim é uma ilusão, não tem consistência, não alimenta de verdade!
- Ahah! então mulher, está querendo me ensinar meu ofício? Eu não queria chegar a este extremo! mas aqui está! E, de seu peito tirou um minúsculo vidrinho. Abrindo a tampa, ordenou:
-Tome tudo de uma só vez. É de sabor adocicado no início, depois queimará você e tudo o mais por dentro através da garganta até o coração, mas em segundos vai curá-la de vez! Você verá a verdade do que é realmente possível. Então, deste exato momento em diante nunca mais terá falsas ilusões sobre qualquer desejo que te faça crer que realizado, saciaria sua fome! Nem sentirá culpa, pois isto destruirá a visão distorcida que tem sobre a vida e o amor! Decida-se, pois em um minuto, esta potente poção se transformará em fumaça e não poderei mais ajudá-la.Tome-a !
Ela olhou fixamente para o Mago e lhe disse:
- Não! O que isto destruiria é a coisa mais bonita que me aconteceu em muitos anos! É apenas um sonho, mas de algo que seria mais real, se pudesse realizar-se, do que você, bruxo velho!
Determinada virou as costas e se foi, pisando duro na terra, para provar-lhe o quanto era decidida. Contudo, alguns passos depois, deixou-se quase flutuar no ar! E aquele olhar meio distante, e o sorriso meio idiota, meio doce, voltou ao seu rosto.
E o Mago sorrindo, abriu imensas asas prateadas e como um anjo, voou para a imensidão dos céus:
- Por enquanto, está curada! Ainda aceita o presente de amor que lhe dei...

Texto: Vera Alvarenga
Foto:  imagens  do Google.

sábado, 27 de novembro de 2010

" É meu tempo de poesias..."

É meu tempo de poesias...
Não porque me envaideça
de saber em rimas o que dizer
ou por chamar a mim, poetisa!
É só porque eu vivo dias,
em que, se não escrevo,
sinto que me falta o ar!
Preciso a compreensão das palavras,
da luz, antes que anoiteça,
da esperança que não agoniza
enquanto a verdade transpirar.
   As palavras não me aquecem
   como um abraço o faria,
   as rimas não dão a sentença
   que só a justa Justiça daria,
   mas aliviam meu peito e a alma,
   e traduzem os sentimentos
   que brotam do meu coração;
   ajudam a assimilar  desafios
   que me sacodem em momentos,
   quando me assombra a indignação
   do que não consigo compreender.

Foto e Texto: Vera Alvarenga

sábado, 19 de junho de 2010

- " Minha Caixa de Pandora carrega uma maldição?"

Ontem, pela madrugada, lá fiquei eu novamente, macambúzia. Pronto, reconheço, não consigo aceitar a morte!...de nada,talvez... nem da flor que murcha e cai,porque já penso na que vai brotar amanhã... nem das pessoas que eu tanto amava, pois imagino que seu espírito está agora, ainda mais próximo a mim.
  Apesar de admirar as mulheres fortes que conheci, que tem a coragem de romper com aquele ou aquilo que não lhes dá o que merecem receber, apesar de ter no sangue os genes de uma delas, eu, não consigo romper com nada, ou quase nada. Mesmo que concorde que seria o mais correto, em alguns casos.
  Sabem aquela história que sempre repeti para amigos? - " O vazio assusta, mas é necessário deixar esvaziar o copo, para poder enchê-lo novamente e saborear um vinho melhor!" Eu realmente acredito nisto e, queria que alguém dissesse o mesmo para mim, quando eu precisasse ouvir. Só que, não consigo ver o meu copo vazio! O meu, está sempre meio cheio, ou pelo menos guarda lá um "bouquê"...até que eu possa sentir o aroma do próximo vinho.
   Não consigo perceber quando o jogo terminou...talvez porque queira me iludir, que o jogo nunca termine? Ou porque sou covarde demais para enfrentar o resultado?  Nem deixo de querer saber "como você está", mesmo que você há tempo, não pergunte mais de mim, a menos que eu ache que posso estar incomodando(porque então, me afastarei). E já não sei se isto é uma característica minha, ou uma fraqueza. Pensei esta madrugada sôbre estas coisas, fiquei triste, e logo, ao acordar,  só cheguei à conclusão que, embora não me orgulhe disto, sou assim. Se você quiser que eu me afaste mesmo de você, tem que deixar isto muito claro, tem que me magoar de fato, de tal modo que, no dia seguinte, eu não pense que aquele seu aceno de agora, quer dizer que fui eu que não soube compreendê-lo. Serei assim, porque meus olhos passaram muito tempo vendo uma contradição? Gestos que não pareciam demonstrar amor, de alguém que me dizia que me amava, e era eu que estava enganada ao ver o que via? Crianças podem ser assim manipuladas, ou convencidas. Até quando eu fui criança? Ou será que apenas vi no outro, toda a insensatez e insegurança que o fez não saber amar? Claro que, por vezes sinto tanta raiva que, apesar de ser naturalmente terna, gostaria de agredí-lo com toda a força de meus tapas, porque me sinto pressionada e agredida, por esta estranha estupidez que é o desperdiçar a vida, deixando-a passar ali ao lado, fria e vazia de significado maior. E então, onde estará minha ternura?  
   Porque tudo pode ser interpretado de duas maneiras, alguns diriam que sou positiva, tenho fé, que estou certa em pensar que só para a morte não há jeito (talvez por isto eu a tema, de verdade). Os pessimistas diriam que eu...bem, melhor nem saber!
   Serei de fato uma pessoa terna, que acima de tudo vê o amor porque o tem em si e na sua história de vida, ou serei uma vítima de minha tola incapacidade de ver a realidade da vida, como ela é? Com que critério podemos julgar as pessoas e como elas reagem diante do que mais querem, para sua vida?
   Acho que, esta tal  "Caixa de Pandora" que carrego comigo desde a maturidade,como disse ao criar este meu blog, traz dentro de si algo perigoso, como diz a lenda. A ESPERANÇA, será um presente nobre deixado para a humanidade de cada um, ou será minha maldição?

texto: Vera Alvarenga
Foto : Vera Alvarenga

Clic para compartilhar com...

Compartilhe, mas mantenha minha autoria, não modifique,não uso comercial

 
BlogBlogs.Com.Br
diHITT - Notícias