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segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Enquanto ainda houver.....

  Não me diga que a vida não é feita só de sorrisos, nem de flores são todos os nossos caminhos.
  Eu já sei!

Bem por isto não consigo olhar somente para baixo, andar todo o tempo nas sombras, pisar apenas na lama, sem me sentir deprimida. Se ao meu lado houver uma possibilidade de perceber o belo que Deus colocou em meu caminho, vou dirigir meu olhar para ele, nem que eu tenha de tropeçar ou cair porque me distraí por momentos, e esqueci o buraco no caminho.

Se eu pisar torto, cair e me machucar, provavelmente vou reclamar da dor, ou quase chorar se estiver com muito medo, mas vou levantar, nem que seja um pouco, o meu olhar à procura de uma flor, ou de um córrego de água limpa. Se não os encontrar, pensarei em algo. Construirei em meu pensamento livre, um pequeno oásis e eu mesma colocarei esta imagem na ponta daquela vara seca na qual tropecei há pouco. E vou segurá-la apontando para frente, bem ali na frente do meu nariz. Darei um sorriso amarelo e disfarçado pra mim mesma, pois é claro, vou reconhecer a tal história da cenoura em frente do nariz do burro. E seguirei adiante.

Se não puder criar meu oásis para transformar-se na minha cenoura, vou buscar no passado, em meu coração, lembrar de você que fez parte da minha vida e que foi uma das partes boas, diga-se de passagem. E seguirei em frente.
Ah! também sei que futuro e passado nada resolvem, mas minha determinação de continuar é sempre presente.
E se nada me consolar porque, hoje em dia, confesso, estou meio sem sonhos, sem desejos nem fantasias, talvez minha cara caia de cara na lama, com os olhos protegidos pelas mãos e então, só então, talvez chore, pois reconhecerei mais uma vez o quanto minhas vontades e sonhos, minha força e determinação podem ser inúteis muitas vezes. Vou chorar porque tenho em mim uma compaixão da humanidade que temos e de qualquer desperdício da vida, que é tão efêmera, tão delicada, tão vulnerável... E minhas lágrimas limparão meu rosto no momento mesmo em que eu estiver pensando em Deus, porque crer nele, é sentir que sou amada, que tenho um apoio, que tenho dentro de mim uma centelha dele o que me fará acreditar que há esperança. A brisa que sentirei em meu rosto vai me refrescar e tirar o pó dos meus olhos, e me fará olhar na direção de uma pequenina flor, ou verei alguém a quem oferecer um gesto, mesmo em pensamento, de compaixão. Talvez, receba outro gesto de ternura de uma pessoa qualquer que, como eu, aprendeu que a vida não é feita apenas de caminhos floridos e por ser tão frágil, é uma benção que não pode ser desperdiçada se tivermos qualquer coisa boa, por pequenina que seja, com beleza suficiente para nos abrandar a alma e preencher nossos gestos.
veraalvarenga  

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Céu de Santo Amaro - Flávio Venturini e Caetano Veloso

O amor faz coisas incríveis!

O amor nos transforma, não naquilo que não somos, mas no melhor que podemos ser. Não nos torna perfeitos, mas capazes de viver momentos quase perfeitos. Nosso desejo quando amamos é ver o outro feliz, é participar de sua vida trazendo-lhe coisas boas, fazendo-o sorrir e experimentar a serenidade quando estamos juntos. Em se tratando de um amor entre duas pessoas que são companheiros de vida, o desejo é tornar-se íntimo o suficiente para não nos sentirmos mais sozinhos, mesmo quando não estivermos juntos. É mantermos em segredo esta intimidade que só a nos pertence e somente por nós pode ser compreendida mesmo que não usemos palavras para explicar este sentimento. É a percepção de que, por não sermos perfeitos e mesmo assim nos amarmos, a compaixão resultante deste amor, abençoa o outro e a nós mesmos e aperfeiçoamos um pouco nossa humanidade. Amar é confiar.
Sentimo-nos inspirados quando podemos viver um grande amor, e somos abençoados quando percebemos que poder amar e ser amado é o presente de mais valor nesta vida. Diante do amor, tudo , todo gesto que não for inspirado por ele, nos parece grosseiro!
Existe, claro, muitas formas de amar ou se dizer que se está amando. Acho, no entanto, que uma pergunta que podemos nos fazer, depois de viver algum tempo um relacionamento de "amor" é :
- Como sou agora ou me sinto, com este amor que ofereci e recebi neste tempo? Como ele/a se sente com o amor que eu lhe dei? No que cada um de nós se transformou com a vivência deste amor?
veraalvarenga

terça-feira, 12 de julho de 2016

Olhos de Mar (um conto antigo)

Arrumava pastas, revia escritos antigos e resolveu relembrar um deles....
Olhos de Mar...
   Não estava preparada para este sentimento.Levantou-se,pegou a cadeira e saiu em direção à praia.Era perto.Olhou para um lado e outro.Meio da semana,ninguém a não ser aquele que de tão longe, não tinha sexo nem idade,apenas um ser distante qualquer.
   Respirou,deixou sair o ar que ficara preso no peito feito  um susto desde há pouco, quando aquele sentimento, de supetão,invadiu a alma. Como foi que, descuidada,permitiu que se instalasse assim feito dono,feito parte,feito álcool da bebida que se toma aos golinhos e, quando menos se espera,espalha-se,atordoa e por fim toma conta?
   Agora, lá estava ela, a olhar aquele imenso mar azul, tão imenso como a saudade que sentia dele. Ele,que tendo rosto não tinha voz,não tinha cheiro,nem pele para ser tocada,era apenas palavras.Ele que um dia lhe confessara que a seguia. Ah!A internet era um mundo novo que comunicava palavras que a emocionavam,com uma rapidez maior do que a que ela precisava para compreender a relatividade dos conceitos. Alguém a seguia atentamente em seu blog. E blog era um novo conceito para a garrafa com as mensagens que ela jogava ao mar, da ilha deserta em que estava. Surpreendente!
   Sentou-se.Fechou os olhos.Lembrou do espanto e da delicia de saber-se notada.Alguém lhe prestava atenção,quando menos esperava.De inicio,um pé atrás, ela recuava.Depois, como uma dança, o incentivo para continuar a escrever, um passo à frente e um pouco de vida pessoal compartilhada.Ele contou-lhe da morte prematura de um dos filhos. Ela,aflita,só podia imaginar quão grande seria esta dor.Queria abraçá-lo, apenas por solidariedade.
   Uma vez,o instinto e compaixão também a aproximaram do homem por quem se apaixonou, e que tornou-se seu marido. Entretanto anos após o casamento,parecia haver ali um poço sem fundo- ele permanecia crítico e exigente, como se disto precisasse para garantir a presença dela ao seu lado,com seu desejo irreal de compensá-lo.Ela pensara que poderia transbordar amor indefinidamente,já que não passara grandes carências na infância,como ele.E se a ela, aparentemente nada faltara e a vida tinha sido mãe benevolente,haveria certamente de ter, em si,uma generosidade inesgotável.Talvez o marido pensasse o mesmo,que a luz daquela alma crente e ingênua e talvez pretensiosa jamais se apagaria e a água daquela fonte generosa,jamais se esgotaria.Contudo,encontrava-se esgotada. Por anos tivera a sensação de que sua espontaneidade e o desejo de viver não eram adequados à mulher de um homem que fazia questão de mostrar-se herói em luta constante,mas deixava claro que a ela cabia compensá-lo por isto.Tão antiquada lhe parecia,agora,esta forma de viver a vida, mas foi assim que a viveu, por tanto tempo que pensou ser nobre a missão.Até que se viu perdida de si mesma,sem sua luz,no escuro e com sede.
   Desta vez, não foi a compaixão pelo homem que sofria, o que a aproximou dele, pois ela já sabia que não tinha a cura para as dores do mundo,mas a compaixão por ambos.E também a ternura por este outro que, mesmo ao ser tocado por grande sofrimento,sabia ser doce com ela e parecia querer vê-la confiante.Com isto,não estava habituada.
   E foi devido ao que sentira por ele que,naquele final de tarde,fugira do computador.Há dias não recebia notícia.Sem despedir-se, ele desaparecera.E ela sentiu uma saudade tão forte e inesperada que doía.Parecia não caber no peito, de tão grande que era.Não esperava por isto. Foi um susto,como ser golpeada de frente por gigantesca onda!
   As pessoas não avaliam o que realmente sentimos por elas,pensou.A amizade,surgida do quase nada,tornara-se rara como uma gaivota de asas douradas que viesse pousar na janela de um apartamento em meio a centenas de edifícios,numa cidade do interior.Simplesmente encontraram-se quando perdiam algo de si.Ele vinha como um raio de sol, forte mas que podia entrar na pele sem queimar.O masculino que lhe faltava em sua própria integridade.
   Cecília sabia que amizades virtuais traziam problemas para relacionamentos reais.Muitas vezes, no entanto, gritara antes a debilidade do seu e de si mesma, sem ser ouvida. Não que o amor houvesse acabado.Porque mesmo a um amor triste e moribundo ela se agarrava ainda que não visse no olhar dele o mesmo cuidado e portanto, muito da ternura e confiança nela haviam pouco a pouco esvanecido.
   Quem sabe ela devesse aceitar esta visão realista das coisas, permitir que o amor envelhecesse assim, naturalmente debilitado como ficam os velhos. Contudo, seu amor era sensível e não conseguia passar pela vida com a consciência adormecida. O hábito do marido direcionar a ela sua impaciência diante da vida que teimava frustá-lo, esfolava-lhe a pele. Em nome da paz e de um instinto meio insano de colocar-se no lugar do outro, quis crer que poderia perdoar a falta de gentileza, o comportamento agressivo, as traições, sem que a própria vida lhe cobrasse por isto. Mas tudo tem um preço. Ela precisava tornar-se insensível algumas vezes, engrossar a pele, para conseguir recomeçar a cada dia como se fosse um personagem de uma página pura, em branco. Ela tentou. E tentou, e assim, ambos pensaram que tudo estava controlado e bem. Finalmente, ela que pensara que o amor faria florescer sempre apenas o melhor no ser humano, decepcionou-se consigo mesma. Não tinha a nobreza de perdoar de novo, e de novo.Não era como a lua que existe e não questiona seus ciclos. Seu coração rebelde que se adaptava mas não se acomodava, quebrou-se em tantos pedaços que demorava recuperar a confiança nas pessoas ou no que quer que fosse. Sem lugar para repousar, como ave ferida que cai ao mar, debatia-se, antes de submergir.
   Foi neste momento, sem se dar conta, que o amigo que a incentivava a continuar a escrever enquanto o homem amado caçoava dos sonhos dela, o amigo que a chamava "minha querida" tornou-se, de repente,imprescindível. E ela sentiu, novamente, que era especial. O despertar de um estado de torpor, sentir-se viva pelo modo como era tratada,deixava mais claro o quanto se tornava insuportável o que há muito tempo já não era igual. Uma vez tinha lido que, diante do amor, tudo o que não o fosse pareceria grosseiro. O companheiro de tantos anos, o único homem que ela sabia amar era um bom homem, um lutador mas vivia isolado em seu próprio quarto de espelhos.
   Foi assim que um dia, Cecília surpreendeu-se feliz ao ler o recado daquele que lhe fazia sorrir quando chegava. Ingenuamente pensou que Deus ouvira suas preces e lhe trazia a esperança de ser amada, de sentir num olhar que a enxergava, que podia voltar a ser ela e habitar concretamente aquele corpo que era seu, mas por vezes parecia menos habitado por sua própria sensibilidade. Deus lhe trazia de volta o amor que ela pedira mas esquecera de nomear. E vinha pois, de um estranho!
   Distraída nestes pensamentos, assustou-se com leve movimento perto de si. Viu um cão vadio que, carente, procurava um dono. Desviou o olhar. O cão seguiu seu caminho.
   Voltou às lembranças de como, por empatia, se aproximaram. Ele, cuja tristeza se devia a perda de um filho. Ela, à perda de si mesma e da confiança que lhe dava sentido à vida. Ambos de luto.
   Um dia ele lhe agradeceu por existir. Como era possível alguém agradecer-lhe por simplesmente existir? Por ter sido inspiração para mudanças, incentivá-lo a assumir emoções, voltar a ser feliz. Em suas buscas para compreender as recentes emoções ela se desnudara. Sinceramente lhe dissera para amar as pessoas ao seu redor e ser feliz com elas antes que não houvesse mais tempo! Ele disse estar ferido. " Confie em suas asas e voe, meu amigo!", foi o que sugeriu. E ele voou.
   Ela não suspeitava que sentiria tanto sua falta! Naquela tarde, desejava voar com ele. Embora as rugas começassem a marcar seu rosto, era crédula. Apaixonou-se. E foi assim que, feito lua cheia,preencheu-se de uma luz que não era própria mas reflexo do próprio desejo de amar.
   E agora, tinha os olhos cheios de mar, e chorava.
   Que tolice! Como, nesta idade, podia apaixonar-se por quem não tinha um abraço real ? Aquele homem se tornara imprescindível para ela,embora tivesse sido ele a lhe afirmar certa manhã: -" Hoje consigo assegurar, com toda clareza e sensatez, que você é insubstituível para mim". Ela guardara aquele email como tesouro. Naquele dia, junto com ela, o mundo ficou sereno e em paz. E ela ousou sonhar! E desta vez não era um sonho de paz, de quem está cansada de manter o equilíbrio a despeito de um piso escorregadio. Depois do que ele lhe dissera, impossível não alimentar expectativas. E,discreta como era, esperou. Ele não suspeitaria que palavras marcam como tatuagem e pessoas sentem saudades? Ou palavras não teriam mais o mesmo sentido, naquele mundo virtual?
   Sentiu pena ao constatar que a saudade que sentia não era do marido. Era de amar. Sim, ela deixou-se levar pelo sonho, mas precisava perdoar-se. Sabia que teria evitado se pudesse e não tinha premeditado o sentimento. No inicio quis arrancar o sentimento como se fora erva daninha, negou-o, tinha compromisso com a felicidade e sabia sua responsabilidade nisto. Finalmente, porém, perdoou-se porque pensou que, se havia traição, era a de quem traíra sua confiança de diferentes maneiras, antes. ao deitar-se, com carinho e oculta tristeza, beijava o homem que amou por uma vida inteira. E quando faziam amor, ela se aconchegava em seus braços, desejando que a vida lhe trouxesse de volta a alegria de antes.
   Então, como poderia trair, mesmo em pensamento? Se ela então, não era perfeita, ninguém tinha de ser, nem seu companheiro. Era grande a tristeza que sentia quando mergulhava dentro de si e conhecia tais contradições.
   Caminhou em direção ao mar azul... a lua nascendo no horizonte, os olhos cheios d´água, descendo pelo rosto, o gosto salgando a boca...sentia-se parte do oceano.
   Não sabia se o mar estava em seu olhar ou se era ela que estava nele. Enquanto isto, a lua, cheia e linda, brilhava, indiferente e cheia de si.
   Um homem aproximou-se. Era aquele que antes era um ponto distante ao longe. Agora, passava por ela arrastando os pés descalços, num andar triste e solitário. Por quantas perdas e desamores haviam passado alguns homens, que não mais reconheciam nem viam o brilho daquela lua? Por  quem ela brilharia, então?
   O cachorro vadio da praia, aquele sem dono, aproximou-se dele. O homem parou. Olhou para o animal que sentou-se a sua frente e sustentava o olhar corajoso de quem busca resposta ao seu desejo de amar. Não estava mendigando amor, não, não era isto que queria. Ela compreendia o cão, como se estivesse nas entranhas dele. O homem ponderou. Não seria fácil tomar uma decisão daquelas, sair de sua conhecida e confortável solidão, comprometer-se em não abandonar quem iria lhe ser fiel, compartilhar de si com aquele que o olhava com esperança. Por fim, decidiu-se. Sorriu para o cão, passou-lhe a mão na cabeça, não com piedade mas como quem o aceita e, sem dizer palavra, continuou a caminhar, com uma alegria que antes lhe faltava. O acordo estava estabelecido. Homem e cão seguiram, lado a lado, confiantes, felizes em direção até o final da praia ou de suas vidas.
   No horizonte o mar estava sereno. A lua cheia, no seu esplendor, levantava-se do leito do amante, plena de si mesma.
   Cecília enxugou as lágrimas. Agora sabia. Fazia parte de tudo e de um desejo maior que em todos está... neste momento parecia tudo compreender, porque tudo era uma coisa só... seu desejo estava naquele homem e em seu cão... e no mar... e na feminilidade que se perpetuaria, para sempre, na lua!

conto de Vera Alvarenga
proibido a reprodução sem que se coloque a autoria.
      

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

As luzes de Natal refletem em mim...

O Natal está chegando e com ele as luzinhas de Natal !

Adoro luzes de Natal. Estas pequenas luzinhas sempre me encantaram. Desde criança ficava hipnotizada por elas, como se estivesse no colo de nuvens, ao olhá-las...
Hoje, elas simbolizam, para mim, as pequenas alegrias, os pequenos milagres, pequenas gentilezas e gestos de amor que iluminam nossa alma! 






É um pequeno e doce milagre estar hoje morando próximo a tantas luzinhas de Natal.


Para a maioria das pessoas, isto pode parecer bobagem, mas para mim não é. Porque o mundo tem coisas muito ruins, a vida não é fácil e , para muitos, luzes são aquelas das bombas, do fogo, da guerra, da lenha queimada no fogão para esquentar o frio e que, muitas vezes, esquenta alimento insuficiente para matar a fome do corpo.





 Há anos atrás, eu desejava tanto ver de perto estas luzes quando, na TV, os jornalistas mostravam a cidade de São Paulo por exemplo, toda enfeitada...
De longe e do silêncio onde eu morava, abençoado mas sem as luzes alegres do Natal, eu as imaginava. Ou ficava a olhar as que eu mesma comprava quando era possível, e colocava na porta de casa.







Pois agora eu as tenho, bem perto, a poucos passos de onde moro...rs..... é incrível!!

..alguns desejos se realizam, não é? 






 Andando aqui por perto, posso vê-las.
 Para mim, é um destes pequenos milagres. Como um presente de Deus. Ás vezes eu penso que Ele não pode nos ouvir, ou não daria a mínima importância para desejos singelos ou tolos... Às vezes eu penso que estamos sós e por nossa conta...
Um dia eu pensei que Ele estava finalmente me trazendo um presente que eu mal ousara pedir! Pelo menos não tinha pedido daquela forma. Mas era o que eu desejava ardentemente!! E tudo parecia estar acontecendo como se o próprio Deus estivesse torcendo por mim, colocando as coisas nos devidos lugares, dando-me oportunidades. Depois percebi que estava enganada... aquele presente nunca chegou, de fato! E eu me senti mais tola do que nunca!
 MAS.... então estas luzinhas acenderam-se perto de mim e, invariavelmente elas me lembram dos pequenos milagres que recebemos, dos pequenos gestos de ternura ou gentileza, dos momentos de amor que podemos oferecer e receber e que alegram nossa alma... estas luzinhas me lembram de pequenas alegrias ou mesmo de raras lágrimas que trazem escondido nelas um pouco daquilo de melhor que somos capazes de sentir.. e entre ser ingênua e crer num Amor Maior ( um amor maior que eu, como diz aquela música) eu sou aquele tipo de pessoa que, se precisa escolher, fica sempre com a esperança...
 Então, minha alma se ilumina também com estas luzinhas.
 Seria capaz de ficar horas olhando para elas e me sentindo flutuar nas nuvens... ou mesmo sentindo alguma melancólica tristeza por perceber que os sonhos são mais bonitos que a realidade, que os desejos são mais belos que nossos gestos, que nosso sonho de amar é algo que nossa alma é mais capaz de fazer do que nós mesmos, pois para agir concretamente temos de conviver com os limites do corpo, da mente e do outro e, de tantos modos diferentes...
 De qualquer modo, sou como este carro da foto... estas luzinhas ou qualquer gesto de carinho ou amor compartilhado reflete em minha alma e, de certo modo me deixa mais bonita, mesmo que apenas em pensamento...mesmo que em segredo! O meu sonho maior sempre foi o de poder amar de um tal modo que, poderia servir de inspiração para os meus. Contudo, nossos desejos são, por vezes, maiores que nós. Ainda assim, as luzes nunca se apagam para mim.
 Sou apaixonada pelo Amor... e por estas luzinhas de Natal! Preciso delas para me sentir mais bonita.
Preciso de amor para brilhar. E sou grata porque, apesar de tantas "ameaças" deste mundo, tenho tantas pequenas luzinhas a iluminar as noites, tantas coisas boas para agradecer.

Texto/fotos:vera alvarenga

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O desejo que vai na alma...

 O amor é feito criança
que tímida se esconde
mesmo querendo brincar.
Adolescente desajeitado, tal e qual,
troca os pés pelas mãos
ao lidar com algo delicado
e do seu jeito querer se afirmar.
O amor é assim,
sei que nasceu comigo,
mas por vezes se esconde de mim
O amor teme envelhecer
se não conseguir se conter.
Vem seu bôbo,
larga a fantasia de super homem
e a armadura de soldado,
sai deste porão antigo
- a sua infância já vai longe!
Coloque-a neste baú de lembranças
eu também já fui criança,
e feliz, mas solitária.
então, vem brincar comigo.
Já trabalhamos duro
proveitosas manhãs e longas tardes,
arando e semeando, cada um, a sua terra.
Vem, antes que a noite venha para nós
apenas como eterno descanso.
Despojados de tudo
que não é mais relevante,
sigamos! Vem viver a vida!
Olhar para frente, nova paisagem.
Vem brincar de amar.

foto/texto:vera alvarenga


Hoje, fui procurar você... amor...

 Hoje, fui procurar você....
Comecei a procura convidando-o para um cafezinho. Lá, para onde ele tinha de ir, havia também um capuccino delicioso! Eu sabia. Iríamos juntos, caminhando, então. É que eu estava tranquila, leve, sentindo aquela serenidade que abranda o coração e que nos ocorre quando acabamos de nos encontrar com familiares que amamos e nos receberam bem. Gestos amorosos são geralmente assim, dão frutos... e nos deixam com vontade de dividir sua doçura. Sempre penso que, ao dividirmos certas coisas boas, acabamos por multiplicá-las. Pelo menos as tornamos mais duradouras.
   Ultrapassei as pequenas pedras que muito desajeitadamente apareciam no caminho, com a mão firme em busca da dele e um sorriso no rosto.
   De fato, resisti por algum tempo. Me aproximei de duas outras coisas gostosas que me lembravam também do prazer, como era de prazer a sensação que fazia eco em mim. Eu queria comemorar a paz. Quanto mais eu sorria, mais surgiam empecilhos. É que, na vida, nem sempre os gestos encontram resposta igual. Para isto é preciso que no momento haja certa disponibilidade harmoniosa.
   O sorriso acabou por perder o brilho. Tornou-se um tanto forçado, na tentativa de compartilhar a alegria por tantas pequenas coisas que pareciam não estar presentes ali. Pergunto-me como, de vez em quando acontece, de morrer pelo caminho algo que surgiu como promessa tão promissora. Talvez a gente cometa um erro com esta mania de inventar alegria onde não exista, ou de tanto a desejar acredite que ela um dia passe a existir.
   Acabei por não resistir à teimosia de uma pedra maior que grosseiramente mostrou-me que a ocasião era mais um daqueles momentos em que eu devia desfazer minha expectativa. Ela era apenas minha ilusão.
  Quando, publicamente, ele me chamou de louca porque eu quis comprar um panetone recheado de delícias de chocolate, algo que não é meu hábito consumir, desisti. Sim, me faria engordar!  Sim, concordo que o preço era mais alto do que o bolo que ele está habituado a comprar a cada semana. E não! não era mesmo para ser habitual. Foi um deslize, uma gulodice, apenas uma coisa sem importância a não ser, por ser semelhante à sensação que eu trazia por dentro.
  Ando de fato a pensar que ao ficarmos velhos, parece que acabamos por deixar tantas gostosuras de lado que, se não cuidarmos de inventar outros momentos de prazer, vamos amargar sem nenhuma doçura. A rotina de envelhecer sem alegria causa dor, de um modo ou de outro. E não gosto de sentir dor. Por isto, meu espírito inventa....E eu sei que envelhecemos a cada dia, desde o tempo em que éramos mais jovens! Por isto invento alegrias desde há muito tempo.
  A tal grosseria sei que nenhuma outra mulher haveria de resistir. Pelo menos se tivesse brios, diria minha avó! Deixei-o seguir sozinho para a loja ao lado onde ele tinha de ir desde o inicio. Então, despedi-me, voltei. Sem mais pensar em nada. No entanto, ao lado, junto e misturada com a frustração, havia ainda aquela boa sensação.
   Ah! as coisas do amor sempre tiveram mais eco em mim!
   Ao chegar pensei ainda em tomar aquele cafezinho com prazer. Tenho este jeito imbecil, infantil ou tresloucado de insistir em não deixar a peteca cair. Então, coloquei ali na varanda um prato com uma fatia do bolo dele, pãezinhos de queijo para mim e, bem, desisti de comer naquela hora o panetone. Quem sabe escondido, em outro momento. Ali na mesa o doce ia me lembrar do momento desagradável quando ouvi por duas vezes, junto com as outras pessoas na fila do caixa, aquela grosseria. Eu sempre tive um jeito especial e criativo de fazer as coisas voltarem a ficar bem. Deste modo, logo que ele chegou,tomamos o nosso capuccino na varanda, olhando para o jardim, naquele final de tarde gostoso que vinha depois de um dia de muita chuva e 24 horas sem luz, devido aos estragos que os troncos de árvores fizeram por causa da ventania.
  A Natureza fica brava às vezes! Eu também! mas hoje, não fiquei.
  Eu estava serena, ainda. Só faltava um pouco de alegria. Daquela alegria quando duas pessoas olham para a mesma direção e percebem o quanto tem ainda para agradecer.
  O café e os pãezinhos de queijo, contudo, estavam deliciosos!
  Em pouco tempo cada um de nós foi fazer o que precisava, na nossa rotina do dia a dia.
  Eu? Senti de repente uma saudade...Reli bilhetes, alguns comentários...
  Fui procurar nas palavras... no sonho... fui procurar a voz me chamar - minha querida.
  Fui procurar você, amor... mas hoje, não encontrei!
  Temo que jamais o encontre de novo, como antes...
     

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A música......

 
 Ela caminhava lentamente pelo longo corredor e se perguntava porque, ás vezes, era tão difícil deixar a luz entrar e ver as coisas como realmente estavam, sem que seus olhos se ferissem com a claridade e preferissem continuar à meia luz . O tempo havia passado tanto para ela quanto para tudo o mais naquela casa. E de novo, naquele dia, sentia que a vida fora escrita com movimentos, tons e compassos nem sempre harmoniosos, mas que ela procurou acompanhar.
  Sentia-se desanimada. Por mais uma vez sua segurança estar sendo abalada por movimentos concebidos no passado, inspirados por impulso num ritmo desordenado, muitas vezes, diferente do dela. A vida, entretanto, era assim. E ela dançava conforme a música! Contudo, por vezes, sentia-se exaurida de toda a sua força. Como agora. Era assim que se sentia. E andava por aquele corredor que parecia não levar a lugar nenhum. Andava. Simplesmente andava, movida pelo movimento destituído de razão esquecido de si mesmo, como pela inércia que instiga o ir para a frente até encontrar uma barreira.
  Nossa! como ela desejaria poder parar, com um objetivo em mente e um significado no coração a inspirar o próximo passo daquela dança da sua vida! Abrir os olhos realmente e abrir uma nova porta, sem medo de entrar, de olhar e de ser olhada, apesar do tempo que passou.
 ........... E ele estaria lá, sentado na cadeira preferida, com uma gatinha no colo, absorto, ouvindo música e lembrando do cheiro das parreiras. Talvez tomasse vinho. Haveria uma cadeira ao lado da dele, só para ela. Ela teria companhia para ouvir música. Se emocionariam juntos. Talvez...
   Ela tinha vindo pelo corredor a ouvir música. A música a emocionava. Curava-a de muitas coisas. Fazia seu espírito flutuar para um lugar distante daquela incerteza, daquela falta de tranquilidade, daquela ausência de paz e da alegre mansidão que acompanha os que, verdadeiramente, não estão sozinhos quando lhes chega o período do início da velhice.
  Então ela se aproximou dele. Deixou-se envolver pela música que ele ouvia. Tocou delicadamente seu ombro. Seria bem vinda?
  Ele surpreendeu-se mas a recebeu como se a estivesse esperando. Pegou sua mão e a puxou para perto de si. Ela sentiu uma sensação boa tomar conta do corpo todo. Acarinhou o rosto dele, tirou-lhe os óculos e delicadamente beijou-lhe a testa, depois as faces. Ele procurou seus lábios. Beijaram-se num beijo que só não foi mais longo, porque ela não pode conter o riso. Na verdade, foi um sorriso.
  Então, riram juntos. Eles desejavam poder sorrir! Ah! Finalmente ela podia descansar nele. E ele, receber o carinho dela. Eles, embora de nada tivessem esquecido, estavam imaculados, como uma pauta em branco. Este beijo e a música a curavam de tudo, até do tempo e da idade. Ele, poderia aceitar a idéia de curar-se de antigas dores. Ela podia ser feliz, sem receio de que sua felicidade por pequenas coisas fossem incomodá-lo. Havia só aquela nova canção, agora! Para os dois.
  Pediu desculpas por não ter conseguido conter o sorriso. Ele já sabia porém, que ela ria com este jeito bobo, quando adorava o beijo. Ela era assim. Ria quando o beijo era bom demais. E este era, sem dúvida!
   Aqueles livros na estante, o pássaro dourado na janela, a gatinha e tudo o mais testemunhavam um encontro tardio, mas de um verdadeiro e prazeroso amor a ser vivido a partir daquele instante. Não importavam as razões, as motivações, apenas a certeza de que estavam decididos a viver, da vida, os momentos que lhes restavam, numa dança harmoniosa, de quem sabe acompanhar, com passos firmes, o ritmo da música que escolheram ouvir.

foto/texto; vera alvarenga  

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Quando não sentirei mais este amor me tocar?

Você!
Você nunca sente saudades?
Nunca sentiu saudades de algo que vislumbrou, e era tudo o que jamais antes pensou que lhe faria tanta falta?
Nunca olhou naquele lago e de repente viu refletido nele tantas coisas que agora, pareciam  sem sentido, diante do que estava a um passo de o tocar?
 Aquilo que você jamais pensou precisar, pois que tudo você acreditava ter e amar, e nada mais queria de sua vida, porque você era uma pessoa doce e simples e pouco era o que precisava para viver...aquilo que você experimentou sentir tão intensamente, mesmo sem compreender como antes estivera escondido. Aquela ausência do que podia ser, nunca o assombrou?
 Não sei que coisa em mim me faz pensar assim! Que tudo o que parece intocável, na verdade está a um palmo de nosso alcance uma vez que tenhamos consciência de onde está. Bastaria estender os braços e o tocar...tomar para si ao mesmo tempo em que todo milagre estaria, finalmente em se dar, inteira e simplesmente, ao verdadeiro amor maior, pelo qual, todos nós ansiamos....
   Ah! que pena...mas não é tão simples assim....

foto/texto:vera alvarenga

terça-feira, 13 de outubro de 2015

As vezes te levo,em pensamento, para sentar ali comigo e não pensar em nada sério...


 Houve um tempo em que o mundo estava repleto de coisas para fazer para as pessoas que eu amava ou dependiam de mim de alguma forma. Depois, mesmo quando havia apenas eu e só mais uma pessoa, meu mundo ainda era povoado por idéias, projetos, trabalho a realizar, caminhos por percorrer, desafios para vencer. Meu mundo. Engraçado dizer isto, uma vez que era meu coração que estava preenchido, tanto de planos como de crenças.E o coração, como tudo o mais, tem seu ritmo, com movimentos que se complementam e se nutrem.
  Todo mundo conhece aquele enfeite que costumamos comprar nas lojas de suvenirs - uma bola de vidro com uma casinha dentro e flocos de neve. A gente vira, balança, e então, ao colocar aquele bibelô no lugar, a neve cai. Um dia, alguém de fora do meu mundo veio e, não sei como fez, mas o caso é que meu mundo que então já me parecia vazio de tantas idéias que antes o povoaram, ficou, de repente, de pernas para o ar. Eu olhava para ele e as coisas não eram como antes. E me sentia insegura como uma criança. A criança que não morre jamais e está dentro de nós, tinha parado de sorrir. Me senti muito mais velha.
   Quase todo mundo deve saber como é sentir o vazio dentro de si quando a parte criança que somos, cheia de fé e milhões de idéias, não pode mais crer no que vê ao redor. Ou quando envelhecemos tanto que ficamos cansados.
   Foi quando eu o vi e percebi que a luz podia vir de fora daquela bola de vidro.
   Um noite, quando estava assustada e triste, desnorteada mesmo, eu o levei comigo para a cama. Ele estava comigo em pensamento, antes que eu conseguisse pegar no sono. Então, não me senti só. Assim, repeti este truque outras vezes, e a magia se fazia. Eu sorria novamente. Porque depois das batalhas normais da vida, obrigações cumpridas, desafios encarados, tanto trabalho realizado e algum prazer, quando os cabelos teimam em ficar prateados, a gente pensa que é chegada a hora de fazer algo "gostoso", de finalmente usar nosso tempo para criarmos mais momentos de prazer. E quando falta-nos a alegria e o prazer de certas coisas simples que deveriam estar a um palmo de serem alcançadas, é preciso sermos criativos. Do contrário, por que iríamos desejar viver por mais tempo? O significado estaria em parte perdido! É fundamental envelhecermos com um pouco de alegria e o prazer que possa vir de nossa própria vida pessoal, não apenas pela realização dos que amamos. E não que isto não nos seja importante! Seria, contudo, uma sorte, uma benção, alcançarmos algum prazer próprio, colheita de nosso quintal! A felicidade nos permite conhecer e sentir o tempo a um ritmo novo. O ser humano vai geralmente em direção do sentir-se bem, confortável ou feliz.Mais que isto, alguns de nós queremos poder AMAR, nos doar, oferecer de nós ao outro, o melhor. E, ser amado faz com que o que temos de potencial venha para a flor da terra, e se desenvolva e dê frutos, como acontece com o pé de fruta em terra ricamente adubada. O ser humano tem uma mente criativa e a capacidade de reagir em busca de alguma felicidade. Alguns mais que outros. Tudo para evitar sentir-se como algo inerte, embolorando com o tempo, enquanto este mesmo tempo o desfaz. Pelo menos tenta reagir para minimizar o que lhe causa mal. Então ele inventa, cria, imagina...
   Imaginava-me deitada em seu ombro,ou em sua barriga macia, sentindo sua respiração e com bom humor conversávamos. Ah! como é fundamental o bom humor com a vida! Ríamos, embora fosse possível chorar, se assim quiséssemos, pois que confiaríamos plenamente em nós, como os amigos verdadeiros podem confiar um no outro. Fazíamos planos. Imaginei que tudo seria apenas uma questão de tempo porque as coisas se encaixam e tomam naturalmente seu lugar,como acontece com os flocos de neve daquela bibelô de vidro, mesmo depois de o balançarem. Imaginei tudo.
   Um dia percebi que a imaginação tem asas imensas e voa por alturas que não podemos alcançar.
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   Olho para meu mundo. Continuo a (tenho capacidade ainda para) ver os raios de sol por entre os últimos flocos de neve. Embora envelheça dia após dia, acho que sempre os verei brilhar ou refletir até nas gotas de orvalho ou chuva! É meu jeito. Às vezes, no entanto, sou como aquela adolescente solitária, que raramente encontra um lugar onde, em companhia de um semelhante,sinta-se realmente em casa. Mas como ela, consigo ficar bem no meu próprio canto. Nem sempre coloco as mãos na massa ou a cara na terra. Por vezes, observo a certa distância o mundo em que vivo, e penso que isto me satisfaz. Outras vezes me aborreço, mergulho inteira no sentir, reajo e fico brava, e me sinto forte e corajosa embora não veja nisto nenhuma vantagem. Gosto dos meus momentos de estar só, o que é diferente da solidão que me toca por mais vezes do que gostaria.
   Então, quando isto me incomoda, fecho os olhos e me permito levar-te comigo pra cama, ou para uma mesinha na calçada onde bebemos alguma coisa e rimos um pouco. Sempre imagino encontrarmos alguma graça no mundo ou em viver nele, pois somente conviver com o reclamar ou criticar me asfixia. Ah! é claro que o mundo não é um mar de rosa e tanta coisa está errada! Com certeza, contudo, há ainda muitas coisas simples e boas que podem nos comover. E seria maravilhoso poder compartilhá-las com alguém que quisesse estar ao nosso lado e se dispusesse também a reconhecer estes pequenos milagres ou perceber que pode ser parte ativa na criação deles.
   Respiro fundo. Nesta cena que imagino posso respirar todo o ar puro que cabe em meu peito lentamente, e relaxar ao exalá-lo. Sem pressa, fazemos planos sobre coisas sem importância ou sentimos pena daqueles que não conseguem perceber o quanto da vida desperdiçam com seu desejo de tudo controlar. Nós dois já sabemos que não podemos controlar as coisas do mundo, mas podemos tentar decidir, sempre que possível, o que vamos fazer do tempo que nos resta....  

terça-feira, 22 de setembro de 2015

A distância...

   
Existe uma distância das coisas, entre nós e as pessoas também. Podemos estar há anos ao lado de alguém e, de repente, só de repente notar que os olhos dele não buscam mais o nosso olhar. Que a busca foi substituída pela indiferença dos que sabiam que sempre esteve à mão, o que queriam encontrar.
    Pode ser que há algum tempo soubéssemos do que acabamos de descobrir mas não queríamos nunca desvendar. E mesmo ainda acontece que não levantamos todos os véus, porque o ser humano tem mania de insistir, que o que cismamos ou quase vemos não é mais do que bobagens, enganos, uma ilusão fruto de sinais mal interpretados. O ser humano tem mania de dizer que ama, sem amar. Quem sabe até inventamos esta intuição que temos! Quem sabe nada vemos! Pode ser, não sei. E por isto, o tempo passa.
   Talvez esta intuição sentida como sinal de que as coisas não vão bem, seja a cada vez, oportunidade de renovar gestos, olhar, sentimentos. Contudo, há os que jamais se darão conta, a não ser quando tiverem causado um mal que nem suspeitavam, quando tiverem plantado uma tristeza que marcará para sempre o olhar do outro, quando estiverem catando as cinzas frias do amor que antes, ardia.
   Quem mudaria uma vida inteira por um simples sinal? Que louca seria aquela que jogaria fora tantas lembranças, tanta história, tantos momentos de viver bem, por pequenos sinais, ainda que a certa altura da vida se repitam mais constantemente? Bem na altura da vida em que as pessoas precisariam ficar mais próximas, em que o prazer de viver e compartilhar as amenidades e insignificâncias seria finalmente possível?! E talvez fosse chegado o tempo de se alcançar a tal felicidade, a dos pequenos momentos, das pequeninas e deliciosas coisas que estariam bem ao alcance da nossa mão, de tão próximos.
   Talvez uma louca que fosse amada, que conhecesse também de repente, um amor cheio de olhares, imperfeito mas refletido de fato e simplesmente em gestos e palavras amenas, pudesse mudar um pouco o mundo. Duas pessoas que decidem viver o seu amor, um pelo outro, é assim que se vive um amor, seriam como uma pedrinha ao tocar o lago inerte e espelhado. E só assim ela poderia saber que felicidade não era aquele pouco encontrado até então, ao longo do caminho. Que não se tratava apenas de um ideal inatingível. Quem disse que não podemos nos decidir a nos comprometer com o amor? Quem disse que amar é impossível???!!
   Acontece que há, muitas vezes, uma distancia que nos separa de tocar a face de um sonho, aquela infinita distância que sozinhas não podemos percorrer, e que cria um abismo intransponível, um desejo insaciável, um oceano de silêncio que ensurdece e adormece os sentidos. Muitas vezes é impossível construirmos uma ponte.Talvez por isto, fiquemos meio cegos ao envelhecer ou busquemos tantos de nós, nos amigos ou na esquina, a alegria que perdemos em algum canto da casa.
   Quem ama e é amado não é perfeito e nem precisa, porque jamais deixa de ver toda a beleza que seu olhar encontra. Quem ama nem por isto tem a vida mais facilitada, mas ri mais vezes e ainda se encanta, apesar de tudo.
   Para consolo de muitos, o amor que sentimos, aquele que experimentamos dentro do nosso mais íntimo ser, esta capacidade de amarmos verdadeiramente, este sentimento que nos pertence, está estreitamente ligado a nós. Este amor nos faz nostálgicos, é verdade, como se lembrássemos de que já foi possível. Nos faz tristes também, por certo. Bastaria, algumas vezes, um outro sinal. Um sinal que diminuísse as distâncias, um gesto de carinho e verdadeira amizade, para que este sentimento se transformasse em alegria e transbordasse, o que muitas vezes nos bastaria, nos daria forças para atravessar as distâncias e suportar as tempestades quando estamos solitários em alto mar....
    

domingo, 20 de setembro de 2015

Asas partidas!


         
            Se Deus não queria que voássemos
                   por que então me deu asas?
               Pois eu as tenho, tenho sim!
                         E a prova é que
de tanto voar em busca daquele raio de sol e
do tesouro lá no final do arco-iris de meu sonho,
há pouco tempo tive, para surpresa minha,
o diagnóstico que explicava toda a minha dor,
          e tudo o que tirava o meu sono:
       - Ruptura parcial nos dois ombros -
que, em linguagem mais simples é o mesmo que me dizer :
- Voaste tão incansavelmente contra o vento, e sempre tão alto,
                     que suas asas partiram-se!
      Então foi a fisioterapia e algumas agulhadinhas que
    milagrosamente me permitiram recuperar movimentos,
               dormir de novo e quase sem dor
         ( será que anestesiaram minha mente?)
      Agora também meu desejo adormece,
mas continuo a fortalecer-me, conselho mesmo do tal doutor...
E fico por vezes cismando, se o melhor de todos os remédios
não seria, para cada um de nós, poder de novo voar,
            até encontrar, um pouco mais de amor.....

foto e poema: vera alvarenga

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Saudade Renato Teixeira(poesia de Mário Palmério)


- Hoje to triste, cara.
- É o vinho, Moraes. Você não tá comendo nada. Pega aí o provolone.
- Não é não. É que me bateu uma saudade danada, sabe, daquele sentimento que quando a gente tem, faz todo sentido, faz a gente...
- Ou daquela mulher?
- É. Dá no mesmo. Você sabe, a gente se sentir vivo novamente, pulsante, como dizia o Silva. Aliás, aquele, entendeu-se lá com aquela amiga dele, bem mais nova. Bonita até.
- Mas a tua, não era nova, né?
- É. Tem a minha idade. Portanto não é velha! Madura eu diria. E me fazia sentir o maior e o melhor dos homens... Sabia o que queria.
- Ela estava apaixonada, não é? Sem dúvida, meu amigo, isto é bom. Eu, por mim, desconfio um pouco dessas que agradam tanto...
- Não é isso. Você tá enganado. Para ela, eu era melhor do que aquele com quem convivia. Sei lá, um relacionamento daqueles que a gente não entende porque duram tanto! Não é por nada, mas acho que ela cometeu aquele erro que é fatal para a efêmera felicidade. Comparação. De repente, como ela mesma disse várias vezes, ficou perdida lá naquele quintal dela. Sabe o que ela me disse? Que diante do amor..o que não é amor, de repente, parece grosseiro. Parecia ter uma sede de pular aquele muro, de conhecer o mundo. Pular, não! Voar comigo, como ela dizia. Até emociona, viu? Aquela ingenuidade com a qual me falava do que sentia, lembrar o jeito como ela me via, como alguém que...
- Ah! e quem ia pagar este voo para um novo mundo?
- Você não acredita em ninguém? Ela era diferente, confia em mim. Era sincera. Acho que me superestimava até! Como pessoa, porque não sabia o que tenho. Hã... Ela queria poder conversar, aprender, ouvir, enfim, queria alguém um pouco mais parecido com ela, sabe como é. Tinha uma solidão tamanha que... Bom, confesso que seria melhor se tivesse também uns anos a menos.
- E por que você não foi atrás dela? Por que, aliás, não vai atrás dela?
- Águas passadas meu caro. E não quero problemas, alguém me endeusando, mimando, somos de mundos diferentes.
- Talvez de nível diferente, eu diria. Mas eu me lembro que você me disse que ela tinha uma simplicidade que o encantava. Tinha ou não tinha? Não era nenhuma ignorante ou coisa que o valha?!
- Não, claro que não! Mas, começar tudo de novo? Sei lá. E ela certamente não pensa mais em mim. O meu silêncio foi bem eloquente. Foi só uma lembrança...
- Poxa Moraes. Então tá resolvido. Esquece. Toma mais vinho e come provolone que a saudade passa. Eu te falei. Isso é fome, amigo. E falta de..
- Você me subestima. Me dá a garrafa. E vamos mudar de assunto, que não quero problema na minha vida. Passa o provolone também...

( o ser humano é criativo em momentos de crise, ou de saudade. Fazemos de tudo para viver bem, até inventamos histórias...rsrs....) texto: vera alvarenga






domingo, 16 de agosto de 2015

Quer sentar-se comigo? Vamos jogar conversa fora....

As vezes dá uma vontade doida de pegar um café, uma cerveja, um vinho, uma limonada, seja lá o que for, e sentar ali com alguém e ter uma conversa amigável, não é? Cada um lendo um livro e de repente, pensando sobre algo, jogar conversa fora, como se diz. Se há uma coisa que dá saudade,  é de "ter uma conversa mansa". Li agora um texto sobre isto do Rubem Alves e me lembrei das pessoas com quem eu tive alguns destes raros momentos. Ô coisa boa!
  De tão bom eu sempre sonho acordada com isto! De tão raro e bom eu ainda tento "reproduzir" momentos assim, com outras pessoas quando há oportunidade.
  Olhar para alguém e compartilhar idéias, conseguir rir das diferenças de opinião, sem esperar por discussão ou, pior, "castigo."
Pode ser até que, por tão diferente, a idéia desconcerte, cause um choque ou pareça insana. Ou simplesmente canse, depois de algum tempo de conversa, a cabeça de um dos interlocutores que acabe por bem encerrar numa boa a discussão (amigável) do assunto. Claro que depois de um ter ouvido o outro, de se fazerem as ponderações e divagações cabíveis.
   Mesmo que não cheguemos a um acordo, além de tudo o mais, haverá a oportunidade de estreitarmos laços: - Você é meu amigo apesar de pensarmos de modo diferente, às vezes. Que bom! quando estou com você, posso sentir-me feliz por ser eu mesmo, e posso mudar, revendo as coisas nas quais acredito. No mínimo podemos rir juntos.
   È certo que, mesmo que tentemos justificar e com entusiasmo convencer o outro de que nossa idéia é de fato boa, não quer dizer que vamos lhe impor nossa verdade e menosprezar a dele. E não estamos falando de diálogos intermináveis com crianças ou adolescentes,nem de quando uma decisão se faz urgente e é necessário dizer: - É assim, e ponto final!
  Estou falando de conversa amigável e não importa se é com um filho adulto, uma pessoa velha como nós, um amigo ( quando ficamos mais velhos, como dá saudades dos raros amigos com os quais estas conversas eram possíveis). Lembro-me que meu pai, algumas poucas vezes, mas que ficaram gravadas na minha memória, quando tinha tempo, conversava comigo assim : - " E se tal coisa fosse diferente e...."
   Com meus filhos então, naturalmente me acostumei a ouvir ( mesmo que depois tivesse de dar ordens). Isto era trabalhoso e as vezes cansativo, mas conversávamos. Pelo menos eu tentava ouvir. Eu, de fato, queria ouvir! Talvez porque desde menina detestava algo que me "persegue", me incomoda desde então - quando alguém "nos castiga de algum modo" por ousarmos pensar diferentemente. Não falo de disciplina não! Isto não me incomodou nunca. Falo de atitudes de distanciamento ou daquelas frases do tipo:
- Não responda! Não se explique! Não me conteste! Se você faz tantas perguntas, se põe o que digo em dúvida é porque não aceita que o que eu digo é a verdade!
   Eu tenho certeza que, se você convive a vida toda com pessoas que lhe repetem e repetem isto, dependendo de seu jeito de ser, você aprende a esconder o que pensa, ou a não pensar, ou então, encolhe as idéias. No meu caso, acho que encolhi as minhas. Quando a gente fica mais velha então, e intolerante a discussões com os donos de uma verdade, e com preguiça de levar tudo tão à sério, acaba por ser seletiva sobre o que vai valer a pena conversar. Pudera! Devia ter ido para a faculdade de Filosofia, não de História. Isto foi um vacilo meu! Depois talvez eu nem tivesse tido tanta atração pela Psicologia, afinal, ao invés de desejar entender as emoções, estaria procurando entender o mundo e suas idéias!
  Ainda bem que nas minhas artes e em casa pude colocar em prática a ânsia de criatividade, mesmo que fosse num modo diferente de passar fraldas ou numa receita de esmalte para cerâmica. Bem, se encolhi minhas idéias não sei, só sei que agora não tenho paciência para levar tudo à sério ou para entrar em discussões sem fim, mas continuo a ter certeza de que o mundo é muito maior do que o que se pode afirmar, e mais interessante nas diferenças.
  Agora bateu-me no peito uma saudade danada das pessoas que me demonstraram seu amor me permitindo ter dúvidas ou pensar diferente, e conversaram comigo amigavelmente sobre as possibilidades...
  Todas as pessoas deveriam poder envelhecer com seus pares, tendo 2 cadeiras num jardim qualquer e algum tempo para sentarem lado a lado, bebericando fosse o que fosse, observando finalmente a vida... só pra ficarem próximos, mesmo quietos,  e talvez de mãos dadas apesar de suas diferenças, ou para conversarem amigável e mansamente sobre a vida, seus problemas e suas delícias....
   você tem alguém assim? convide-o/a! E vão lá para aquelas cadeiras...não esqueçam de levar banquetas para apoiar os pés, afinal, nesta fase da vida, algum conforto é fundamental!

foto e texto:Vera Alvarenga

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Dora.

 Dora era uma mulher de sorte. Por muitas razões sabia disto. Era também uma sobrevivente. Alguém que agarrara a vida e tudo que de bom pudesse optar por viver. Inventava, mesmo do seu jeito tímido, muitas pequenas alegrias. Encontrara, em seu modo de ser mais solitário, embaixo de cada pedra, um grão de areia dourado, uma argila macia com a qual podia esculpir alguma coisa, uma formiga esquisita que lhe despertava a curiosidade, e nas paredes por acaso intransponíveis, um musgo que subia até um buraco qualquer e assim, lhe mostrava o que havia do outro lado. Por causa do musgo ela sabia que o mundo não era pequeno e que o seu umbigo não era o centro dele.
Não ficava feliz nas compras, ou nos shoppings a menos que fosse para comprar um presente ou para ver pessoas, mas sim, nos lugares calmos onde pudesse apreciar natureza, jardins, pessoas tendo suas vidas, tomando café, conversando, bebericando, rindo.
Dora envelheceu, como todo mundo. Agora sua vida era bem mais calma. Aposentados, ela e o marido viviam vida simples mas com necessidades atendidas e pequenos prazeres, como o vinho de todas as noites. Durante o dia, o marido ocupava-se com andar pelo condomínio em busca do que estivesse errado para poder pensar em soluções - era seu modo de cooperar com o grupo social do qual fazia parte. Era também seu modo de construir com sua crítica algo melhor, como ele mesmo dizia. E como encontrava muitas coisas erradas, mantinha-se ocupadíssimo. Por vezes divertia-se a criticar, provocar as pessoas, fazê-las compreender o quanto tudo estava errado! Dora por sua vez, cuidava de suas próprias coisas, escrevia, organizava a casa - desde sempre pensara que ela, a casa, era uma extensão de seus donos e deveria ser um lugar agradável de se viver.
Durante o dia então, cada um fazia suas próprias coisas e ficava no seu mundinho, mas ela, entrava no mundo dele, levava cafezinho ao marido ou o ajudava com o computador sempre que ele precisava de sua ajuda.
Nesta noite Dora estava sozinha e ele demorava-se a pegar assinaturas para certas providências. Em frente ao computador, levantou-se e começou uma dança tímida, ao som de Ray Conniff. Ah! quem resistiria a isto? Que bom ter passado para o computador este CD de músicas, que delícia deixar o corpo lembrar de como era bom dançar.
Dançar é bom, aliás, em qualquer idade, o corpo se alegra, pensou. E ela não podia desperdiçar pequenas alegrias. Amanhã, quem sabe onde estaria? Poderia não poder nem mais dançar. O marido chegou. Cumprimentaram-se rapidamente. Ela o chamou:
- Vem, vem dançar um pouquinho comigo...olha só o que encontrei...
- Não dá, não tenho mais idade pra isto.
- Ué, se sou eu que tenho dor no corpo e estou dançando! Faz bem, só um pouquinho, vem! lembra destas músicas? Mas já falava sozinha. Ele respondeu lá da sala que precisava ver as notícias que não vira mais cedo.
- Mas você fica o dia todo procurando o que consertar lá em baixo e não tem um tempinho pra dançar comigo? Reclamou da maçaneta do banheiro que estava quebrada há dias e de como ele criticava tudo que estivesse por fazer lá no condomínio. Ao que ele respondeu que ela só estava querendo ser chata. Ficou azeda. Teve vontade de sacudi-lo, mas não adiantaria. Ele era assim mesmo, pensou. A vida nos escapa, não temos mais prazeres comuns e ele não percebe.
Foi à cozinha, pegou seu copo de vinho, delicioso por sinal, e voltou para o quarto. E dançou sozinha mais algumas músicas. Sozinha não! Dançou com um sonho, uma lembrança, um desejo. E mais uma vez perguntou-se porque se achava assim uma mulher de tanta sorte!
 Por que Deus fizera mulheres precisando de homens para se sentirem completas e vice versa? Pensou que só quem já sentiu amor, só quem já amou de corpo e alma podia sentir tanta saudades assim deste sentimento, desta sensação de completude. Só quem já pode alguma vez e por amor, sentir-se tão corajosa e forte diante de qualquer dificuldade, quem já foi apaixonada pela vida, podia sentir tão grande desejo de o experimentar novamente. Porque para ela, a vida sem as pequenas alegrias do amor, não valia nada. Amar era o que a fizera sempre sentir-se livre. Quando você ama, nada a aprisiona, pensou.
E assim, para continuar a conviver bem com aquele que se tornara tão apegado às suas próprias vaidades, que se tornara grosseiro e intolerante com todos, aquele que desde há muito tempo parecia ir buscar longe o que lhe valeria o esforço da conquista e no futuro a motivação de sua atenção, ela fez como ele. Tornou-se igual a ele. Traiu o presente. Traiu o marido e foi buscar longe, no pensamento, algo que valia a pena. Lembrou de alguém que, apesar da dor de ter sofrido grande perda, maior do que as que seu marido sofrera na infância, tinha sabido ser gentil com ela e, num dado momento, até a incentivara. Como esquecer? Alguém que, apesar de sua perda não estivera centrado só em si mesmo, por certo serviria de inspiração para outros. Contudo, ao terminar a dança e o vinho  lembrou-se : o sonho servia para a inspirar ou apenas para a consolar por momentos. A vida se faz de momentos vividos mais do que de sonhos. Pegou um livro para ler e acalmar os ânimos. Amanhã, pela manhã, seria mais uma vez, um bom dia para recomeçar.... recomeçar a viver sem se deixar amargar. Buscar o sentimento, o momento de sentir amor, para sentir-se liberta, para sentir o quanto a vida vale a pena... apesar dos sonhos frustrados.
foto e texto: vera alvarenga

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Porque amo Jardins como o da Quinta da Regaleira - Sintra


Como já contei aqui, nossos irmãos portugueses tem um Jardim e um cantinho lá em Sintra que é realmente muito lindo! No Brasil a gente tem lugares lindíssimos também, principalmente contando com as belezas naturais, contudo a Quinta da Regaleira, o Palácio da Regaleira, e seu Jardim principalmente, me encantaram.

 Este Jardim é realmente lindo!
A gente anda por ele em caminhos e não vê o que está ao longe ou ao lado porque as plantas e flores escondem aqueles cantinhos que, de repente, numa curva do caminho, nos surpreendem!
É mágico este lugar!

 Um privilégio para os portugueses de hoje, que possam explorar turísticamente este lugar que um dia foi residência de alguém, que quis fazer do jardim um local realmente de encantamento.

Um privilégio para nós quando podemos ir lá visitar e nos encantar... e depois compartilhar com amigos, parentes, ou apenas relembrar com alegria, dos momentos deliciosos nos quais pudemos andar por ali, visitar este local lindo!

 Eu bem queria morar ali perto....
Seria muito bom se pudesse ir mais vezes para descansar o olhar e a mente, andando por aquele jardim.

Coisas assim,( os que me conhecem sabem que gosto demais), natureza, flores, água e seus reflexos, ainda mais quando tem as mãos dos homens que só interferem para colocar maior beleza, fazem com que eu sinta a presença de Deus!

 Porque Deus é amor e o homem, quando ama a natureza, reconhece nela a beleza e só interfere como parte desta mesma natureza e para beneficiá-la( e também a si mesmo) ao se integrar a ela, neste momento, o homem está sendo abençoado com um Dom, com uma Graça.

Nós nos emocionamos diante da beleza que há na natureza em sua grandiosidade ou até mesmo num detalhe mínimo....





 Os Jardins não são daquela beleza que os oceanos, as florestas, e tudo que é grandioso da natureza possui.
Os Jardins, para mim, são como momentos delicados em que dois se encontram para fazer amor, com delicadeza, com tempo para sentir e cultivar cada etapa que levará, com gestos gentis, ao prazer maior.... Os Jardins nos lembram destes momentos em que não temos medo diante da grandiosidade do outro, não nos sentimos pequenos, mas fazendo parte de algo belo...

 Os Jardins me emocionam, como um gesto gentil!

O divino que há no ser humano e o belo que há nos Jardins, são o resultado do Amor do Homem pela Natureza... do reconhecimento do homem e de sua admiração diante do belo...

Os Jardins me fazem lembrar do jardineiro como um homem nu, diante da beleza de sua amada,
despida para ele....



Quando é uma mulher que toca e cuida das plantas e dos jardins, me faz lembrar que neste momento ela se sente integrada à Natureza, como a mãe que cuida dos filhos, ou a mulher que da à luz e coloca no mundo o fruto/flor que veio da semente de seu amado.
 Quando nós, homens ou mulheres podemos tocar a Natureza e cuidar dela, e transformá-la em parte, e recuperá-la, e perpetuar suas espécies, nós estamos num momento de amor, de harmonia, e nos recarregamos de luz...

Nosso coração fica gentil, o toque firme mas delicado... e a gente reverencia o Criador.

Nós, então ficamos em paz.....



 Jardins assim, nos lembram de que somos capazes de viver em harmonia com o que já existe, com o que estava lá antes de nós...

Devia haver mais jardineiros/as no mundo... e o mundo teria mais paz......


Por me sentir assim é que eu amo e admiro
os Belos Jardins!

E diante de algumas coisas delicadas da Natureza, e do belo que há ali, eu me sinto em paz.... sinto uma presença amorosa ao meu lado.

As pessoas deviam ter mais contato com jardins assim... desde crianças.... poder visitá-los muito mais vezes, para crescerem com este sentimento de paz, tranquilidade e respeito, além da reverência...








foto/texto: vera alvarenga

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