sexta-feira, 8 de julho de 2011

Filha, volta pra casa!


- Filha, volta comigo! Sinto tanto sua falta.
- Eu sei, mãe.
- Você era a alegria da minha casa.
- Eu? Só você notava.
- Todos provaram do que plantou, com sua doce alegria.
- Você não percebia que me faltava ar? Vezes fiquei sufocada, sem poder respirar.
- Mas, lhe mostrei coisas bonitas, a deixei livre quando possível. Não bastou? Hoje, a sigo em pensamento. Vejo que está solta no ar, tão longe. Alguém a esperava no aeroporto? Está tranqüilo aqui, em paz, seguro. O que você tem aí, o que foi buscar?
- Tudo esteve quase sempre tranqüilo, só faltava espaço. Eu queria alguém que gostasse de mim não só de você, tivesse cuidado comigo, alguém um bocadinho mais igual para dividir algumas coisas. Cresci, não sou mais menina. Você pode me compreender?
- Sim, querida. Eu também cresci. Sei que a gente discutia, por conta desta sua..alergia, insatisfação, mas hoje que a vida me parece tão curta, eu a compreendo muito mais. Fui prepotente, achei que era a mais forte. Desculpe se não lhe dei espaço, você devia ter sorrido,brincado mais.Você ainda é parte de mim, a melhor, e sinto falta de sermos nós.Volta!
- Não sei voltar. Se fingir que volto, você fica feliz de verdade?
- Bobagem! Era com você que tudo se fazia bonito. Sua ingenuidade...temo por você.
- Vou confessar, mãe, agora não sou mais ingênua, também tenho medo. Vou lhe dizer, nada volta a ser como antes, nada. A não ser nos quadros que pinta. E não é bobagem!
- Juntas, a gente era feliz. Um dia ainda vou buscá-la. Você é minha inspiração, meu entusiasmo. Sabe as plantas, tudo seco, nem ligo mais.Você, pelo menos está feliz?
- Mãe, não faz isto! Chantagem era coisa da vó e do pai, lembra? É inverno, por isto tá tudo seco por aí. Não provoca, que de repente volto e vou lhe buscar! E você, tá feliz?
- Você, sonhando outra vez. Imagine, o que iam pensar de nós? Envelheci. Se demorar, não me reconhecerá mais. Iam dizer - o que aquela velha pensa que ainda tem?
- E desde quando você ligava pra o que os outros, além dele, pensassem. O que você pode ter, uma vida inteira?  Qual o tamanho da nossa vida? E você inteira nela - não seria bom alguém ver você inteiramente?
- Ah, isto sim. E, quem vê você? Acredite, agora está tudo bem, tenho quem me cuide.
- Que bom! Deu tempo? Você ainda não me disse se está feliz.  
- A vida não é só sonho. Quando a gente envelhece, ganha sabedoria...Nem tudo que se deseja...Felicidade está nos pequenos momentos e em lembrar...Você e seus sonhos!
- É disto que ainda sou feita, é minha natureza. E você, encontra felicidade ao lembrar?
- O momento presente é o que importa, menina! Cria juízo pequena jóia de minha alma, parte que é minha, e volta para mim. Não sei o que você viu, que a levou daqui.
- Eu pressenti, depois, acredito que vi. Então desejei. E agora...
- E agora, como é o que encontrou?
- Ainda não sei. Tenho medo de não haver nada, talvez eu esteja só, para sempre. Já pensei voltar, mas quando olhei para trás, não vi minhas pegadas. Vai ver que voei! Eu, que tenho medo de alturas, não é engraçado? Eu, que só me sentia segura na nossa intimidade. Também sinto falta da sua paz, do seu aconchego.. Você ainda tem paz?
- Não sei viver sem sua confiança ingênua, ninguém percebe como me esforço, mas não sou a mesma, falta algo. É tão louco isto! Meu coração está com você. Por que deixei a vida nos separar? E você, é a mesma? A gente se encontra em pensamento outra vez?
- Não, não sou a mesma, falta você. E, nos pertencemos mãe, portanto, vamos nos encontrar em algum lugar, prometo. E aí, se ambas formos felizes...
- E aí, será para sempre?

  Foto: pode ter direitos autorais - Google images  
Texto: Vera Alvarenga

terça-feira, 5 de julho de 2011

A flor e a geada....

    Hoje estava tão frio lá dentro, que saí ao sol, fui ao jardim. Onde está o sol? E as flores, onde estão? É inverno, nem elas aguentam! Mas vejo uma ali. Me aproximo. Ela não é o que deveria ser. Serei eu a culpada, ou a natureza das coisas? A geada!
   Olho para ela e me distraio. Penso num rosto que não é o dela, e enquanto penso, eu a toco. Não tem cheiro. Quem?
   É a única do jardim? Parece que sim.
   Não. Não devo pensar que é a única, porque se for, talvez tudo se acabe, parece que não resiste ao frio, vejo em sua cor desbotada, que se apaga e sofre. Será que está morrendo? Pode ser que morra só sua intenção de ser a mais bela, e a planta continue e aprenda a ser mais resistente ao frio. Que pena, sem sua cor, perde parte de seu brilho.
   Melhor pensar que é uma flor, das muitas que virão. Esta flor me lembra amor. Às vezes nasce no lugar errado, na estação errada. Fui eu que plantei esta semente? Acho que sim. Fui descuidada, não li a bula. Apesar de que sementes não vem com bula, apesar de que esta se fez doente... Bem, mas eu podia ter lido as instruções. Por que instruções vem em letras tão miúdas que nunca leio? Talvez não devesse ter jogado estas sementes em terra tão fértil, a terra do meu jardim, sempre foi fértil para estas coisas! E agora? Ela morre de frio. Foi um sério erro. Talvez.Espere,se olhar bem, posso ver que mesmo sofrendo de frio, ela se vestiu de lindas cores. Não é igual a nenhuma outra. Não é apenas uma, como se fosse uma flor qualquer, não. Se tornou bela aos meus olhos. E se sou eu que a vejo, e só eu, então, é o que importa. Ou não?
   Olha só, que surpresa! ali estão mais botões. Da mesma planta, mas parecem cores diferentes. Não posso protegê-la do frio, porque está ao tempo, e é tarde para me arrepender. Só posso aquecê-la com meu olhar, esperar que não morra, que apesar do frio ela se tranforme e eu consiga captar com um clic, e guardar para sempre numa foto, toda beleza que ela tiver para me mostrar, mesmo depois que ela se vá,mesmo que não deixe sementes para que se possa perpetuar. O tempo logo me revelará ...

Texto e foto: Vera Alvarenga.

sábado, 2 de julho de 2011

Uma ponte para nós...

 Caminhamos nas margens
      de um mesmo rio.
 Em lados opostos estamos.
Quando de longe nos olhamos
      não nos sentimos sós.  
   Nos trechos do caminho
   onde a distância é menor,
 semelhanças nos aproximam,
quase por magia nos tocamos.
Haverá em algum tempo e lugar
      uma ponte para nós?

Poema:: Vera Alvarenga
Foto: Ponte de Sant´Angelo in Roma -
retirada do site planetware.com

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Labirintos

   Estou um pouco perdida, embora quase feliz.
   Não entendo os caminhos de Deus. Já quis conhecê-lo, lembrar o que era. Acho que então, perdi a memória junto com a intenção. Agora, me bastaria conseguir ler o que Ele escreveu, daquele seu jeito, por linhas tortas.
   São suas linhas ou meus caminhos que estão tortos? Não sei.
   Antes, tinha certezas, ainda que tudo fosse desafio constante. Se era assim a vida, assim era minha aventura. Não estavam limitadas, nem eu, nem a vida! Permanecia, porque queria permanecer. Era assim que era. Pensei não haver limites para o que podia carregar, pois em tudo acreditava,até em mim. Então, não precisava entender os caminhos. Hoje, mesmo que o quisesse, não conseguiria!
   Como fui parar naquele estranho lugar, em meio a quem falava uma língua mais estranha ainda?! Haveria um motivo. Consegui senha para esta Torre de Babel! Embora encantada com o novo, me pergunto com que inspiração  criei meu novo espaço. Lugar onde podia dizer quase tudo. Nele, tive tão surpreendentes encontros com alguns e comigo mesma. Incrível!
   Não terá sido em vão, certamente não. No entanto, há sinais que nem em mil anos compreenderei. Ou, quem sabe esteja a ponto de fazê-lo !  Não sei.Talvez meus cabelos ficassem totalmente brancos enquanto tentasse decifrá-los, e  seria tarde. E pra que, se até hoje ainda se decifra o que estava, do mundo, escondido? Quem sou para compreender as palavras que hoje não tem mais o sentido que tiveram? Que dirá, compreender as que me traduziriam os recados de Deus.Estaria Ele interessado em sinalizar-me algo? Não tenho mais certeza.
   Se Ele escreve por linhas tortas e me perco em seus caminhos, é porque esqueço de trazer comigo o cordão de Ariadne, vez que, por presunção, confio. E confiando me entrego, e me entregando esqueço que não é a solidão que procuro neste labirinto. Esta é fácil, já a possuo. Todos a conhecemos, uns mais, outros menos. Mais que procurar, quero o encontro com o sentimento que me preenche, e nele me aconchegar com alegria.
   Onde estará o fio que me indicará o caminho, senão no coração? No coração de quem, além do meu? Em que mãos estará a outra ponta?Aquela que estava comigo não sei onde a deixei. Em que mãos deixei enrolado o meu cordão? Preciso logo encontrá-las, estas mãos que me conduzirão e eu as conduzirei.
    Lá de onde está, Ele tem ampla visão, eu não! Demora. Me arrisco não reconhecer a ponta do cordão de minha vida. Me arrisco nunca mais encontrá-la, ou me perder, embora sempre estarei inteiramente comigo, se não trair o que acredito. Contudo, que vantagem temos neste tipo de solidão? Melhor crer no que se quer. Se houver uma vida, vale a espera. Mas, não vejo a outra ponta. Estou tranqüila, quase feliz,porque me esqueço. Terei desistido? Tenho medo de parar e não caminhar mais depois. Sempre se pode deixar o tempo ir escorrendo, feito água em jarro rachado...e água é vida! Não a queria desperdiçar, pois o tempo é mais precioso agora. Sempre posso ter a ilusão de que apenas estou descansando e de que não percebo que crio raízes neste labirinto, ou então,posso abrir furos em suas paredes e ver lá fora outros tantos iguais a este, de quem antes de mim, já se conformou em viver no interior de um queijo suiço.     
   Reconheço, é fato, estou um pouco perdida. Nunca fui boa para caminhar sozinha por labirintos mal sinalizados! E ainda não vejo nada mais do que linhas tortas e os sinais incoerentes que não compreendo. Preciso de uma lanterna. Quem me trará uma?
Texto: Vera Alvarenga    Foto: Google imagens -pode ter direitos autorais

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Deus, este inatingível...

   Só quando, ao invés de falar com Ele,posso viver o que Ele é, estando em mim como está, é que poderei crer n´Ele com fé inabalável, e me sentirei segura.
   Enquanto o coloco fora de mim, posso estar tão longe.. e é por isto que me esqueço e me sinto tão só; e é por isto que preciso implorar Seu olhar sobre mim, e me sentirei indigna deste. O que terei de fazer, para merecer seu amor?
   Se o coloco fora de mim,então, por certo não posso crer que está no que é pior do que eu. Onde estará? Como acreditar que me ama e que não estou só no mundo?
   Como vencer o medo desta nossa solidão, se não pudermos crer que a semelhança existe porque em algum ponto de nós, somos um só e igual a Ele? Será por causa desta solidão que, quando aquele homem olhou para mim com seu doce e inteiro olhar, eu quis entregar-me inteiramente ? O que estava fazendo ao olhar para ele com este desejo de união?
   Buscava eu encontrar, outra parte de Deus no homem, ou fazia do homem o meu deus?
   Talvez aquele incerto sentimento de nostalgia de não sei o que, seja o desejo de completar-me. Por isto creio no amor que conheço, como humana que sou. É limitado, mas é um bocado que posso experimentar de um amor maior. E ainda outros bocados maiores experimentei como mãe, ou quando admiro a natureza. O feio não admiro e não quero introjetar, porque já tenho em mim o que nem sempre parece belo. Como mulher, ao buscar o amor no homem, reflito também sobre Deus: - Se Ele, está fora de mim, não me pertence, mas parte Dele está comigo e nesta, me reconheço e é esta que quer religar-se. Por isto preciso possuí-lo e ao seu amor,colocá-lo em meu coração, e assim, me sinto completa quando nos unimos. Mas se quero o seu amor,ofereço e, em confiança também entrego o meu. Homem e Deus completam minha carne e meu espírito. O mais real, ainda é minha carne e o que é igual a mim. Quem sabe juntos, lado a lado, seria mais fácil encostar nosso dedo, por um instante de felicidade, no ombro de Deus e lhe dizer: - Obrigada, por tanto amor que sei sentir! Quem sabe aquele homem apontaria em minha direção, mas apenas para lembrar-me a parte de Deus que está em mim, e eu, faria o mesmo por ele. Seria a herança maior que deixaríamos, aos nossos iguais em humanidade - este amor. Isto não seria o bastante? Ou é ingenuo demais crer nisto?
   Há quem deseje um encontro marcado especialmente, pessoal, secreto, particular e exclusivo com Deus. Existem os que ficam adiando, ou os perdidos no deserto.E aqueles que são o próprio representante dele!
   Eu? Me contentaria em encontrá-lo em cada um dos seus sorrisos dirigidos a mim, e naqueles momentos em que eu pudesse sentir amor, e através dos nossos gestos e capacidade de amar, sentiríamos o amor Dele.

Foto retirada do Google Imagens (pode ter direitos autorais)
Texto: Vera Alvarenga

O que permanece...

   Podemos ficar alegres no verão,mais introspectivos e tristes no outono, encarar nossos medos no inverno, nos disponibilizar para o amor na primavera, porque temos em nós uma semelhante materialidade que se insere no ritmo e clima do ambiente.

   Nosso mundo se movimenta continuamente, o tempo passa e alterna complementares estações e, em cada fase de nossa vida, lidamos com nossas emoções que se apresentam com roupagens novas, mas as emoções já estão lá, dentro de nós, de nossa humanidade.
   As emoções pertencem a nós, não às estações do ano ou ao ambiente externo. Estes, seguramente, podem fazer aflorar, para que tomemos consciência e nos surpreendamos com o que já era nosso. E como controlar as emoções, o que sentimos? Não sei. Preciso lembrar de não tentar fazer mais do que manter tudo num equilíbrio viável. Não o equilíbrio de quando, num grave esforço, tento manter-me firme, durante e após as ventanias, mas o que permite me curvar feito bambu e levantar, quando possível.
   Não podemos controlar todo o conteúdo das nossas emoções. Nossa alma, guardiã deste conteúdo, tem uma característica própria, não se prende ao tempo externo. Por isto mesmo, pode nos parecer, às vezes, que ela teime em ser eternamente jovem ou inadequada, só para nos deixar encabulados, se a quisermos moldar ao que somos, por fora. Outros momentos, ela nos parecerá velha e indiferente, diante de um evento aparentemente espetacular e festivo.
   O tempo não marca o que somos e como estamos, da mesma forma.
   Quantas estações meu corpo já viveu, nestes sessenta anos! E minha alma, que eternidade terá? O que marcará a eternidade de minha alma? Para onde irá,quando este corpo, que sei de mim não estiver mais aqui?
  Como ouso querer aprisionar minha alma e seus conteúdos, como se tudo pudesse conformar-se com o que sou em carne? Como aprisionar o espírito diante do que tem valor e sobrevive ao tempo, como um gesto, um verdadeiro afeto? Minha memória carnal poderá um dia até esquecer o que não pode ser contabilizado, mas a marca que ficou impressa na alma, ali permanecerá, por um tempo que não saberia medir, talvez até que a alma pudesse dispor de mais camadas de si mesma. Mas isto, eu não entendo.
   O que sei é que, as estações vão e vem, mas minha alma tem um quê de caráter rebelde e independente e, acredito, mais permanente do que tudo o mais que posso imaginar. Por isto, sempre me surpreendo quando ela vem e me dá uma rasteira, e se ri de minha ilusão, só pra mostrar que não sou só o que penso ser.
 Foto e Texto: Vera Alvarenga


quinta-feira, 23 de junho de 2011

Colher o fruto,e gestar novamente...

  No inverno passado eu estava gestando a mim mesma e,em segredo, um sonho. Com o passar do tempo, pensei que não poderia colher o fruto, mas colhi. São pequenos e esparsos os frutos da árvore da felicidade,mas são valiosos!
  Na aula de Tai Chi, nosso prof. Luiz Giusti estava nos falando do inverno, coisas das quais temos de cuidar, vamos nos conscientizar mais, bom aproveitar para dar atenção.... O elemento do inverno é :Água.
  Víscera: Bexiga( interessante,ligada também a eliminação de nossas águas) ; Órgão: Rins, ligado à emoção do MEDO. No inverno, o tempo nos convida a nos aconchegar, nos resguardar do frio, medo de nos congelar se nos expusermos demais. Ah, mas não é por isto que vamos nos afastar dos que amamos,ou precisam de nós, ou daqueles a quem pudermos oferecer solidariedade e incentivar a terem FÉ. Pois, só o Amor em doarmos de nós mesmos ao outro e a CONFIANÇA(Fé) nos salvam do medo que pode congelar nossa ação. Mas medo é algo para respeitarmos, pelo instinto nos avisa de cuidados que temos de ter para nos mantermos vivos e bem.
  No inverno, também devemos cuidar das partes do rosto,vulneráveis ao frio - nariz e orelhas. Imaginem que nos lugares onde inverno significa neve, sem proteção as orelhas podem quebrar-se! E,junto com isto, cuidar do que ouvimos, ou proteger nossos ouvidos do efeito de palavras gélidas...rs...também é bom.
   Pessoalmente, acredito que a persistência na ternura quase sempre pode derreter o gelo, pois aconchega os corpos, aquece as vontades, desperta o desejo de se viver em paz e tudo isto faz valorizar as bençãos que se tem e nos faz reconhecer como é bom viver o presente com gratidão! No inverno, sempre sou tomada pela gratidão! Gratidão pelas bençãos que tenho,quando outros estão ao relento. Como sou grata e como é bom se temos um amigo/a  especial que, se o frio nos alcançou numa outra estação, valorizou a ternura que temos e assim, nosso coração se manteve aquecido. Como foi bom que eu também tivesse podido aconchegar num abraço afetuoso, aquele que sentia o frio de perder algo valioso para si! Cúmplices pela generosidade, solidariedade, podemos escolher unir nossos corações solitários, nós, seres humanos frágeis que somos e precisamos de Fé..
   Como é bom, no meu caso em particular, poder ver que uma geleira que se formava derreteu-se, aconchegar-me de noite, abraçar e me sentir quentinha ao acordar e mais, sentir que um abraço afetuoso mesmo distante, vem somar e também aquece o coração e mantem minha ternura! Outras geleiras se formarão,mas conto com Deus e as pessoas certas para me ajudar a manter vivas as fontes de calor, inclusive em nosso coração.
   Obrigada, Deus, pelo fruto tão especial que colhi a partir da gestação do inverno anterior, pela minha saúde, pelos sonhos que evitaram que eu trancasse meu coração e me mantiveram na disposição de ver as oportunidades de estar tranquilamente em paz. Que bom que o medo não congelou meus sonhos!
   Um bom inverno para todos! e que cada um possa colher no futuro, um belo fruto.
   Beijos a todos os amigos.
   Foto e texto: Vera Alvarenga

terça-feira, 21 de junho de 2011

Algemas..abuso de poder.

Recebi hoje um email com a manchete: "No mundo inteiro, as ALGEMAS são usada de forma INDISCRIMINADA. Ou seja, não há discriminação de cor, classe social, credo, sexo, faixa etária, nacionalidade, profissão, etc."
E vieram as fotos de juíz,artistas,empresários ligados à políticos,até de "velhinhos", alguém vestido de homem aranha,coelho,adolescente. Alguns sorrindo, outros constrangidos.Depois se comparava isto com o Brasil e discursos feitos contra o uso de algemas, por caracterizar "abuso de poder" e transcrevo aqui um,como me chegou em email:
A prisão há de ser pública, mas não há de se constituir em espetáculo. Menos ainda, espetáculo difamante e degradante para o preso, seja ele quem for. Menos ainda, se haverá de admitir que a mostra das algemas, como símbolo público e emocional de humilhação de alguém, possa ser transformado em circo de horrores numa sociedade que quer sangue, porque cansada de ver sangrar. Não é com mais violência que se cura violência. Não é com mais degradação que se chegará a honorabilidade social.” 
   
  Vi dois extremos...o uso das algemas que em alguns casos parece tão corriqueiro que elas não servem mais para constranger. Para alguns, perderam o valor que um dia pretendeu-se dar a elas? Não sei.
   Já no Brasil, minha alma humanista adorou o que disseram em defesa da humanidade do ser humano,que com elas seria constrangido...MAS, claro, há que se fazer mais em defesa da humanidade de nós outros, também. Para mim, seria perfeito, digo, um exemplo digno e perfeito de Justiça ao mundo se NÓS  no Brasil, abolíssimos algemas, só a usássemos talvez em caso justificado de perigo oferecido pelo detido (algo a se avaliar pelo Direito,com seriedade de julgamento),MAS também não usássemos a impunidade para os privilegiados e políticos que estão no poder, e aos privilegiados fosse dada a mesma responsabilidade que se dá aos demais,não é? Não é a algema que está faltando aqui, penso eu.
E, mais uma coisa...concordo que algemas são, na maioria dos casos, inapropriadas, humilhantes, mas a impunidade não seria também  abuso de autoridade? e humilhante para nós? Penso que, talvez em mim, apesar de toda minha humanidade, lá no fundo, bem no fundo,eu bem gostaria de ver poderosos que se alimentam do dinheiro dos impostos, usam-no para interesses pessoais,desviam verbas que deveriam atender com dignidade o povo nos hospitais, promover a saúde e apoiar quem trabalha por ela,que deveria atender crianças e adultos na educação, enfim, eu bem gostaria de vê-los numa reportagem em manchete, serem levados algemados para serem julgados por seu ato. E isto não acontece em mim porque sou sanguinária, ou deseje o mal de outro ser humano assim humilhado com algemas, mas porque ali, o que estaria sendo injuriado seria o ato em si, e em benefício de uma esperança e dignidade que poderia ser o maior orgulho do povo brasileiro( ou de qualquer outro). Mas, como disse, o que valeria mesmo e contentaria minha alma pacífica, seria apenas que a IMPUNIDADE FOSSE ALGEMADA, de vez.
Foto :Google(pode ter direitos autorais)
Texto:Vera e trechos de texto enviado por email
   

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Hoje, estou me sentindo gente!!

    Hoje eu me senti gente!
Precisava de foto pra colocar aqui, procurei e cheguei à conclusão que tinha de ser eu mesma, como estou me sentindo - gente...e feliz!
Gente? E antes eu não era, por acaso?Fácil de compreender. Há muitos anos atrás,quando nossa vida deu uma guinada de muitos graus e fomos recomeçar em Florianópolis, após algum tempo, numa pindura danada e longe dos que a gente queria bem, descobri que não ia poder me aposentar. Por que? POR QUE?! Porque por alguns meses ficamos sem depositar o valor que me garantiria aposentadoria. Mais de dez anos de contribuições anteriores,por água abaixo?!! Nada a fazer então, pois que era mesmo impossível, naquelas alturas em que a crise nos alcançou feio.
   O tempo foi passando,as coisas melhorando financeiramente,mas comecei a sentir algumas limitações que a idade traz - dor nas mãos...Meu marido, reumatismo.Quase 4 anos sem contribuir,e eu,agoniada. Algumas amigas se aposentando,a mulher do ex sócio de meu marido também. Minha mãe sempre foi exemplo de mulher idosa que tinha sua independência, não era "pesada" para ninguém, nem mesmo quando ficou com cancer e foi morar seus últimos anos conosco. E eu,via seu exemplo e dizia a meu marido,imagine se ela tivesse de pedir aos filhos dinheiro para comprar um agrado para alguém(adorava dar presentes!),ou para uma revista, seus cremes,remédios. Céus, como seria terrível,mesmo sendo econômica e me habituando a colocar água no detergente por um tempo( rs....) precisar pedir dinheiro para cada coisa. Sei que meu marido me dissera anos atrás, que eu nem precisaria de aposentadoria,ele ganhava muito bem...mesmo assim, recolhíamos. Com a realidade batendo à porta,sabia que a velhice chegaria para mim também, e no futuro, pedir dinheiro para os filhos para remédios,mesmo sem contar com algum supérfluo...era demais de triste. Por isto fiquei arrasada quando percebi que tínhamos parado de contribuir. O tempo teimava em me deixar mais velha ano após ano e eu passei a não me sentir gente! Sim, eu havia trabalhado também minha vida toda,em casa,fora de casa por um tempo, na cerâmica, no restaurante, mas era uma zumbi, não era gente! Assim me sentia.
   Então acordei! briguei(um pouco), insisti, discuti, deixei de fazer uma viagem para fora do pais( era um sonho também), insistindo em colocar as coisas em ordem e meu marido finalmente concordou! Íamos fazer um sacrifício, na verdade, a meu pedido, colocar como prioritário, acertar os atrasados pouco a pouco para minha aposentadoria! E,quando meu marido decide, tenho de reconhecer, firme e disciplinado como é,as coisas acontecem( também, ele não precisa lutar com ninguém, eu coopero!..kkk...) e assim foi.
   O tempo passou mais depressa do que esperava e após 26 anos de contribuição, demos entrada no meu pedido de aposentadoria, por idade.Será bom para ambos! Não foi fácil economizar para aquela contribuição mensal e nem sei ainda qual vai ser o valor da dita cuja, mas...eu vou receber minha aposentadoria! O dinheiro que investimos para que o governo nos devolvesse. Sei que pode ser uma "merda" de valor pequeno diante dos que os políticos recebem, não dá pra viver só dela,não paga a uma mulher o benefício que ela trouxe à sua família, ao suporte que costuma dar até ao estado, ainda mais quando contribui com 3 filhos com carater para o mundo!hehehe... Mulheres são germinadoras, tudo o que aprendem, passam para os seus, sem o menor egoísmo - são multiplicadoras de bençãos.Todas deviam ter direito à aposentadoria. Não é muito,mas é o meu dinheiro após tanto trabalho e 26 anos de contribuição.Bem vindo é este que retorna, o fruto que vou colher! Ainda mais que este geralmente vem na hora exata de ficar no lugar de outro valor que já não entra mais, ou somar com a aposentadoria do marido ( e no caso do meu,é mais que justo, pois ele trabalhou desde menino, que a vida foi mais dura pra ele do que jamais foi para mim).
   Assim, é com alegria que digo: Meu Deus, hoje estou me sentindo gente! Obrigada,meu marido, por haver concordado comigo, obrigada meu filho que nos ajudou tanto nos últimos 4 anos, obrigada meu Deus por haver me colocado ao lado de homens que compreendem o valor do que é fundamental!
   Mulheres,lutem por sua aposentadoria! A idade chega para todas!

foto e texto: Vera Alvarenga 

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Um homem, uma mulher e suas poesias

 Vou contar-lhes a história deste livro.
Como foi bom abrir a caixa entregue pelo correio e ver ali nosso livro publicado! Ainda mais que eu ia receber amigas para comemorar aniversários, e ele chega exatamente um dia antes!!
 Meus amigos sabem que gosto de escrever. Poesias,letras e músicas escrevo desde menina! Cantei em programa de TV, (o Circo do Geraldo Rodrigues) algumas composições minhas e a música "Com açucar,com afeto" do Chico! Dali, convidada para cantar algumas semanas no programa da Xenia. Depois,no rádio!! Um futuro promissor talvez, neste meio artístico...hehehe, mas tudo parou por aí. Com 13 anos,não pude atender convites, não tinha um adulto que me acompanhasse.Naquele tempo,tudo era difícil para uma menina sem conhecidos no meio,sem desejos de carreira ou independência! rs.....
   Em mudanças de residência, perdi, me desfiz de cadernos de poesias. Depois de casada parei de escrever por um tempo. Mais tarde,quando os meninos iam pra cama e esperava o marido voltar à noite, voltei a compor, por necessidade, exigência das emoções e sensibilidades...hehehe..
  Ainda com filhos pequenos,publiquei 4 livros de contos infantis e parei novamente. Tenho o sonho de publicar mais livros. Mas,não costumo seguir focada em um objetivo que lute por alcançar de qualquer maneira. Ter foco é bom, nos protege de certa forma,como com um escudo de força. Contudo, a vida para mim, é algo surpreendente, apaixonante, cheia de movimentos. Tenho a tendência a esperar pacientemente por alcançar um sonho, quando por escolhas, preciso me adaptar e desviar-me nas curvas do caminho, mesmo que tenha de enfrentar as emoções que ser flexível assim,pode trazer...rs...
  Há dois anos atrás, voltei a escrever, fiz meu blog, emoções precisando transformar-se em palavras. Meu marido,o Cesar, não compreendia como eu podia perder tempo com estas coisas..rs.. Há pessoas que precisam ter a chance de vivenciar as coisas para compreendê-las. Eu o convidei para participar de um concurso de poesias comigo. Como na época em que o convidei a experimentar fazer esculturas, ele experimentou escrever, e gostou! Deixou aflorar mais uma vez sua sensibilidade e logo, sendo o homem de ação que é, disse: - "Vou publicar meu livro!"
  Confesso que fiquei feliz,pois "ganhei" um marido mais tranquilo..rs... e ao mesmo tempo espantada!
 - Como publicar?com que dinheiro,se tudo parecia ter de caminhar tão econômicamente sempre!? pensei eu.
Talvez com um pouco de inveja da capacidade que ele tem de concretizar o que quer fazer, decidi aprender com ele e então, publicamos juntos! Dividimos gastos, espaço,somamos tempo, juntamos algumas de nossas poesias e marcamos um encontro nas páginas deste livro.
   Não escolhemos publicar nossas semelhanças,( certamente as temos depois de 39 anos de casados..rs..), ao contrário, marcamos este encontro neste poetar entre nossas individualidades e apesar de tudo que nos diferencia.
   Convido vocês,meus amigos, para participar deste encontro! Puxe uma cadeira.Sente-se conosco. Deixe o tempo passar...vamos apenas poetar!
 
  Meu email: mulhernaidademadura@gmail.com
  Estou muito feliz com mais este pequeno sonho realizado.
  Meu carinho a todos.
 
  

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Meu aniversário e um encontro especial!

Ocupei-me nesta semana planejando algo que me deixou muito feliz. Lembram-se que algumas vezes convidei os amigos virtuais do coração para virem até a praça aqui em Sorocaba, para nos conhecer, mostrar a vocês este projeto Cultural que acontece aqui aos domingos, para conversarmos e depois tomarmos um cafezinho lá em casa?
Pois há alguns dias,Valéria Mello de Buritizeiro, me disse que viria me abraçar no meu aniversário..."de qualquer maneira" ! Estávamos guardando este abraço, há tempo!
Então convidei para uma pequena reunião mais íntima, alguns amigos/as especiais. Os que puderam vir, inclusive um casal de São Paulo, cuja amizade de 42 anos já virou parentesco, vieram. Semana passada convidei os amigos do dihitt também, para nos encontrarmos no domingo na praça,  almoçarmos juntos, enfim, os que não puderam vir,sabemos que foi por motivo importante.
Na minha pequena festinha e neste final de semana, desde 6ª f. à noite, eu e o Cesar estivemos recepcionando 4 amigas que se tornaram mais íntimas agora : Valéria kit mell, Maria Marçal, vovó Lili e Carla Castro Maia ( uma amiga que há muito queria conhecer). Nas vésperas, pedi a meu marido que recebesse bem meus amigos virtuais, algo que,vocês sabem, nem sempre combina com o humor dos maridos...mas Cesar foi ótimo, e para gostar destas amigas não é preciso se esforçar,ainda mais para ele que é falante e adorou ficar no meio das "meninas!" hehehe....
   Este final de semana foi especial e me fez feliz! Fomos buscar Valeria já na 5ª à noite na Rodoviária, na 6ª f.,um encontro em casa com todas, depois um jantar delicioso numa ótima Pizzaria daqui; as "meninas" passeando no shopping enquanto arrumávamos a festinha para a noite do sábado. Na hora do bolo, eram 2! Lilian trouxe um também. Ah, pena que não tirei fotos da mesa de frios e dos patês maravilhosos que fiz!
 A fantástica Banda de Mairinque com 70 componentes tocando para nós no Domingo..rs....! Depois, mais uma refeição juntos, no Restaurante Bar do Alemão, e sobremesa lá em casa. Muito shopp, cervejinha, cafezinho e conversa animada entre nós todos, durante estes dias e noites. Meu filho,norinha e netos e o casal de compadres estavam no sábado. Outros 2 filhos e alguns amigos que não puderam vir por motivos alheios à sua vontade, estavam conosco em pensamento. Alegria e carinho foi o que pudemos trocar entre nós.Isto não faltou nem por um instante. Sidney mandou-me 2 DVDs com muitas músicas..adorei. Aliás, recebi presentes lindos de todos e um,que Maria mandou fazer, muito interessante que depois vou mostrar em foto.
Tudo foi maravilhoso! Ah, meninas, foi uma delícia este nosso encontro!
Quero lhes agradecer!
Gostei de todas. Cada uma com algo que me agrada particularmente, me completa,me faz refletir ou me ensina. Todas ofereceram sua amizade e levaram meu carinho e o convite para virem ao meu quintal tomarmos um chá, ou um cafezinho na copa, ou uma cervejinha no terraço lá fora, ou pelo email,enfim, quando quiserem, serão sempre bem vindas ao meu coração,esteja eu na casa onde estiver.
Valéria, se adaptou na primeira noite até quase em baixo da mesa do meu escritório!! hehehe...
Até Maria sentiu frio no inverno que chegou em Sorocaba! Contudo,apesar do inverno,nos sentiremos no quentinho de nossos corações,pois é assim, de hoje em diante.
Nos aproximamos por algumas semelhanças...Nossos defeitos? Alguns, se somarmos o de todas! hahaha... quem não os tem? Graças a Deus não somos perfeitas ou nada teríamos a aprender, e seríamos metidas, teríamos perdido a nossa humildade e capacidade de gratidão, que é o que nos faz mais humanas. Nosso encontro foi perfeito!! É O QUE ACREDITO DE VERDADE!! 
 
Por falar em verdade, já sabem agora, como sou :- Se me perguntarem de um amigo/a ficarei algo reticente, pois sei que não posso descrevê-lo tão bem como o/a  próprio/a  o faria, mas a meu respeito? sabem que serei sincera ( se achar que não as magoarei, rs....) e de mim mesma, serei verdadeira sempre!
Vocês, cuidem com o que me falam até em suas brincadeiras, pois sou "meio desligada", aceito e acredito em tudo!! hahahaha....Se for segredo, esqueço! Valéria que o diga! kkkk.......Brincamos muito,nós duas- que assim a vida fica leve e alegre! Temos um jeito meio parecido de sentir emoções com certa intensidade.
Vovó Lili, que de vovó não tem nada, animada,disposta como todas as outras, ajudou-me imensamente com as meninas, como "motorista"; Carla que tanto de semelhanças percebi que tem com meu modo de pensar e em sua procura por uma "nova consciência", tem até o cabelo igual, podíamos ser irmãs..hehe!... e Maria, que também se assemelha a mim em algumas coisas do comportamento... E as diferenças de experiências de vida entre nós todas? sabemos aceitar e enriqueceram o encontro. Foi muito bom nosso encontro!
 
Àqueles que não puderam vir (recebi emails de 2 casais se desculpando, um deles chegou de viagem ontem!!!), o convite permanece para nos encontrarmos num domingo qualquer... 
AGORA,MENINAS, VOU TRABALHAR, organizar minha vida de mulher SEX (sex...agenária..rs..) Assim que tiver feito um pequeno vídeo com fotos do nosso encontro vou postar e enviar pra vocês!!
 
Beijos e obrigada a cada uma por este encontro. Cada uma, é especial pra mim.
Boa semana!
foto e texto: Vera Alvarenga 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Asas de andorinha!

Deixou os outros entretidos numa conversa destinada a se estender e da qual não queria participar. Voltou sozinha ao local por onde haviam passado há instantes.
Ia tirar as últimas fotos.Com esta desculpa, afastou-se de mais uma provável discussão.
Discutir democraticamente, faz parte do pensar. Contudo, há ocasiões em que isto é um sacrilégio, quando situações,como este passeio, são criadas exatamente para que se possa sentir momentos de paz.  Por que as pessoas precisavam resolver suas diferenças de opinião, justamente quando tudo estava bem, e em meio a uma paisagem linda como aquela? Por que não relaxar? Talvez seja porque a vida não pode esperar e, cada um tem suas prioridades. Por isto ela respeitou, mas se afastou.
À sua frente, o mar estava azul, lindo, brilhando à luz do sol de um final de tarde.  
 Tirou fotos. Tinha medo de altura. Aproximou-se do barranco, mas guardou uma distância segura. Ùltimamente, desejava sentir-se em segurança. Segurança era o que aquele local devia representar no passado, afinal era um "Forte". Ela, porém, não queria a segurança das armas. Hoje, ela queria voar.
   Atrás de si, sabia que estavam suas coisas já conhecidas, alguém mais forte do que ela, pessoas que amava,o mundo ao qual ela pertencera até então.
   Olhou para o horizonte distante. Sentiu o vento no rosto. Ah, se tivesse asas!
   Voaria, e alguns dos seus iam finalmente admirá-la por ousar conquistar novos horizontes? Antes lhe bastavam aqueles que seu olhar alcançava! O que haveria para lá daquelas montanhas, para lá de onde seu olhar podia alcançar? Sentia-se em paz como quem já cumprira sua missão.Todos que amava tinham sua própria vida, encaminhados, cada um por sua própria conta,cumprindo seus destinos. Ela bem que poderia voar dali, com sua máquina fotográfica, antes que o cansaço a vencesse.
   Ora, quem não gostaria ? Voar, e voar. Alguns prefeririam voos solos, outros, conquistar alturas, outros ainda sentiriam o prazer em vencer os desafios dos ventos,das distâncias. Ela não. Ela queria apenas se encontrar, em si, mas também, no outro.Aves não fazem voos sem planejamento, sem intenção, sem direção. Ela também não.
   Quem estaria lá, do outro lado daquelas montanhas no horizonte distante? Sim, era distante, distante por demais. E ela ainda seria a mesma, buscando o mesmo. E, com certeza, não era a liberdade para atravessar sozinha aquela imensidão azul! Não eram as conquistas de liberdade para altos vôos solitários que lhe dariam prazer ou significado. Suas asas não teriam forças! Não, certamente, não. Sem o vento para ajudar, sem pontos de apoio em meio ao caminho, sem outras asas a bater a seu lado, ou um olhar à frente a lhe inspirar? Isto seria aventura para aves solitárias, águias talvez, que quisessem voar apenas a grandes alturas. Ela gostava de voar e depois sentir o imenso prazer de planar, como as gaivotas, para experimentar a imensidão e sentir o vento,mas o ninho tinha de ser confortável, seguro e próximo. Não temia a solidão dos momentos de intimidade consigo, mas como as andorinhas, queria saber-se acompanhada por outra ave semelhante a ela, que experimentasse o prazer de uma especial companhia durante os vôos .
   Se tivesse asas, talvez hoje ela se arriscasse... e cometesse um crime contra sua natureza de andorinha.
   Ah, por isto Deus não lhe dera as asas de uma águia!
fotos e texto : Vera Alvarenga

sábado, 7 de maio de 2011

Dia das Mães, não é só comércio!

Tem gente que não gosta de datas como esta comemorativas...Eu gosto!
Concordo que o comércio às vezes abusa um pouco,mas faz o que lhe é próprio fazer! E ainda oferece algumas promoções, o que nos traz uma vantagem : se pudermos e realmente precisarmos, podemos comprar algo que nos falta, em melhor preço!
Ou pensar em dar à mãe ( ou sogra..rs.... algo que a gente sabe muitas vezes que ela gosta mas não pode comprar, ou algo que precise).
  Então, o comércio é algo bom quando a gente não se escraviza a ele.
Agora e nós, como filhos, fazemos o que nos é próprio fazer?
Fico pensando que muita gente fala de boca cheia contra este Dia de Comemoração Especial às Mães, dizendo que "mãe é todo dia!" Sim, como mães sabemos, mãe é todo dia...mas há tantas mães que aguardam ansiosas este dia para receber um carinho ou visita rara do filho/a, ou uma alegria a mais.
Então, por minha parte eu já deixei desta lenga-lenga e não critico mais o comércio, e gosto muito da data, como já disse. Nada cobro nem nunca cobrei de meus filhos a não ser, bom humor e disponibilidade para fazermos deste dia ou de aniversários, por exemplo, um motivo a mais para sorrisos, abraços e carinhos ( com presentes ou não! e mesmo quando não podemos estar juntos). Não há cobrança nem da presença física, mas o carinho é muito bem vindo e este Dia é mais uma motivação para isto. Gosto de tudo que possa inspirar-nos a demonstrar nosso carinho, porque há uma troca, recebemos e também damos e todos ficam com os corações alegres.
  Mas uma lembrança, honestamente hoje penso que é bem vinda, seja uma flor, um bilhete, um cartão, um perfume, um livro, uma blusa que não compraríamos mas que nos deixará mais bonita...um simples telefonema, ou um email com um beijo!  Não é o material que vale, claro! A "lembrança" será recebida como uma demonstração de carinho por mim, algo a mais. E adoro demonstrações de carinho - é esta a nossa parte, que podemos fazer enquanto nossas mães ( e os queridos) estiverem vivos - demonstrar nosso carinho!
   FELIZ DIA das MÃES, para todas as mamães e para todos os filhos!
   E Feliz Dia também para os PAIS que valorizam a mãe perante seus filhos,ou aqueles PAIS que, na ausência das mães, tentam encaminhar seus filhos com amor e um pouco mais da atenção que ela daria, para compensar filhos desta perda!
   Meu beijo carinhoso a todos.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Testemunha de um encontro íntimo...

Quando me sinto mergulhada assim
tão profundamente,nesta imensa preguiça,
que finalmente me vence e que
de tão grande deve ter
algum especial significado,
mas que passa ao longe
de minha evasiva compreensão,
penso que deve ser o fruto desta união
tão íntima, de mim com meu cansaço,
o lamento de um caráter apaixonado,
cujo coração fiel perdeu o rumo -
preciso buscar encontrá-lo. Isto dói!
Por isto, hoje, quero ficar quieta aqui
no silêncio de mudas palavras,
na ausência dos meus desejos,
que machucaram, doeram...
Então,que vida surpreendente esta,
quase nunca a compreendo!
Pois quando deste modo me encolho,
e só eu sei que tristeza me consume,
parece que me transformo em alguém "ideal" !?
O que um homem vê nesta mulher
além de um momento de rendição?
Perceberá na quietude, a sua tristeza?
Ou verá apenas mistério e encantamento?
Não notará que nos seus olhos
apagou-se o brilho, a alegria da festa?
Quando nada mais se quer, é nisto que
reside a atração? Que bobagem é esta!
Que entenda como quiser,
hoje sou eu que não quero pensar!
Me sinto tão dentro de mim,
que nada mais me interessa,
nem ingênuos sonhos me confortam.
E se for egoísmo, sinto muito
mas fico hoje assim, são momentos
nem sempre fáceis de encontros comigo.
Ausente o som que me despertaria,
é  prudente dar-me uma trégua,
abrir um livro, única testemunha
de meu encontro íntimo,
e pelas palavras de outra história,
contada por outra mulher,
emocionar-me, surpreender-me,
reconhecer-me, e me deixar encantar...
Poema: Vera Alvarenga
Foto: retirada do Google images.








sábado, 23 de abril de 2011

Outono...Páscoa - morrer ou renascer!

  O outono tem suas belezas, mas é triste. É como um belo por de sol em que a gente sente nostalgia do que de melhor já passou.
   Como é diferente quando vemos uma outra ave voar e sentimos que podemos ir com ela, por termos uma mesma intenção - nosso melhor destino, aquilo para o que fomos criados! São novos dias que a promessa nos traz  e ao lado do/a companheiro/a desta aventura, não estamos mais sós.
    No outono, quando já o inverno nos é anunciado, não raro algumas aves, apesar de suas tentativas de mantê-los, deixarão para trás ninhos inconsistentes que já se esfacelavam. A nostalgia do que não foi, poderá trazer o desprendimento e a liberdade da reconstrução.
     Quando voarmos, então, nos agarraremos a este novo sonho com fé em nós mesmos e no que virá! Mesmo apesar do medo do desconhecido.
     Deverá ser sempre o amor a nos elevar aos céus, em busca de novos horizontes por acreditarmos que assim estaremos realizando o melhor de nós mesmos, que viemos realizar. Só isto nos trará a tranquilidade de confiar em nós e no outro que nos acompanhar, e no nosso próprio discernimento ao escolher as prioridades. Esteja sozinha ou com companhia, o voo da ave experiente é mais lento, cuidadoso, e como um entardecer de outono, não leva ao brilho excessivo do sol de verão no dia seguinte. Após o outono, é o inverno que chega e a ave  acompanhada por sua escolhida, fará seu ninho preocupada em resguardarem-se, para se conhecerem, em silêncio unirem seus corações e planos de voo para a próxima estação, se ela vier. Na intimidade em que serão obrigadas a viver neste período, solidificarão confiança, planos e sonhos, acumularão energia, se farão fortes e construirão juntos, o futuro, certas de não desperdiçarem a oportunidade de um novo renascer como Fênix, das brasas e cinzas do outono.
     Por isto, o outono,apesar de triste, traz um convite - a oportunidade de se construir nova vida a ser gerada em segredo, nas entranhas do inverno. E mesmo que o verão não chegue nas formas deste mundo, para estas aves que assim se unirem em intimidade verdadeira pelo amor, este amor as preservará e nele, viverão.... E serão eternos, pois só o amor sobrevive a tudo o mais... e diante do amor, tudo o mais se torna grosseiro.
Beijos a todos e Feliz Páscoa!
Foto e texto: Vera Alvarenga
     

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cartas ao Léo - O pé de feijão- Parte II

 Cartas ao Léo...  ( Parte II)
 Vivian olhou para o que escrevera. Foi um desabafo. Talvez isto bastasse. Foi até a cozinha e fez um chá de maçã e canela.Tudo o que tinha escrito era como se tivesse podido falar, sem pudor, sem culpa, de seus sentimentos.  Entretanto, ainda estava inquieta. Tomou alguns goles da bebida que gostava de tomar nas noites frias de inverno, quando colocava um pouco de vinho tinto, um "quê" a mais, para torná-la especial. Era algo que fazia para agradar a si mesma ou para comemorar.
   Esta noite porém, não havia motivo para comemoração e não estava frio. Ela voltou ao computador e escreveu mais...
   
   Somos duas pessoas diferentes,temos nossas histórias e nos encontramos no momento em que ambas tentávamos nos recobrar da dor de uma perda. Ambas,estávamos em luto. Desde o início, nossa amizade nos libertou de algum modo, curou nossas asas quebradas. Tìmidamente voltamos a crer, cada uma de nós, que poderíamos voar de novo. Um laço nos uniu a partir daí. O que nos ligava não eram correntes, mas um tipo de querer bem, próprio dos que já sofreram o bastante, seja por que motivo for. Próprio dos que reconhecem que desejam finalmente, receber cuidados.
     Com nossa amizade, plantamos uma mágica semente – algo tão verdadeiro como um pé de feijão começou a nascer dela -crescia vigoroso e belo, porque ia de encontro ao céu. O sentimento podia parecer um tanto estranho, só para este mundo no qual tentamos viver, mas com o qual sabemos que jamais vamos nos conformar. Contudo, você se assustou? Eu sim. Assustamo-nos quase sempre com o que é  inesperado, mesmo que seja doce e possa curar. Seria possível haver um sentimento tão agradável e manso,  desinteressado e real, que não nasceu da atração física, mas de uma amizade?
     O que estaria por vir? Que bênção ou que gigante desceria dos céus naquele pé de feijão? Em que tipo de gigantes nós poderíamos nos transformar, se nos encontrássemos “cara a cara” com um sentimento nobre e belo que dependesse apenas de nós para frutificar?    
     Seu silêncio, entrecortado por uma e outra frase das quais já não sei se compreendo o significado, me fez refletir sobre a vida, e o que nela encontramos de bom. O que escrevo aqui, já não é mais só para você. É como nossas conversas de antes – nos faz refletir.
      O único pecado que me lembro ter cometido, além do medo, foi o de desejar a permanência. E se há crime, há punição.  Desta forma, parece que ouvi: “ cortem o pé de feijão!” Sempre que há um pecador, podemos gritar com ele, sem culpa, ou nos calar, oferecendo apenas nosso silêncio.
     Posso me afastar, não cultivo mais a planta pela qual também sou responsável, não a alimento, nem dou de beber... prefiro morrer de fome, do que do medo de saciar-me com o que é bom e então, um dia, mais cedo ou mais tarde, precisar enfrentar a falta. ( mas eu não penso assim,você sabe).
     Para que provar do alimento que nos iria nutrir, se já nos habituamos com a aparência de saciedade?  Se o que nos sustentou até hoje, ainda não nos matou, acabamos pensando que mesmo que já não nos faça tão bem, melhor não provar o sabor de vida, pois isto seria como se estivéssemos a negar a importância do que nos nutriu até agora. Porque temos a necessidade de destruir o antigo para justificar a procura do novo? Não teremos o direito de alimentar nossa alma da felicidade que nos sustente, sem precisar nos explicar tanto e dar motivos? Temos até medo de somar e viver o presente, permitindo ao futuro e a Deus as resoluções do que ainda virá.
     Me lembrei do Gaiarsa agora - talvez seja melhor permitir que morra aquilo que antes nos fez falta, antes que isto nos mate de prazer! (pois eu queria morrer de prazer).
     Mas eu compreendo. Também tenho medo de perder aquilo pelo qual sinto amor, seja ele de que tipo for. E o prazer se faz de coisas simples, tão simples às vezes, como saber que se pode contar ,ao chegar cansado, com o cheirinho do verdadeiro feijão feito em casa, temperado com alho fresco de verdade! O simples não foi valorizado, hoje já não cozinho mais.(mas ainda sinto cheiros) rs......
     Temos tantas responsabilidades e dores, e sustos e medos, e tantas pessoas para cuidar, todos nós, que não sabemos mais cuidar de nós mesmos. A loucura espreita e nos ameaça, se nos rendemos ao apelo de nos agradar com um presente que recebemos após tanto desejarmos!
     Temos tanta responsabilidade por consertar todos os erros que cometemos, sejam grandes ou pequeninos, que nos sentimos sempre em dívida com um passado e permitimos que o presente ( em ambos os sentidos) vá embora, como se nada fosse, mesmo que seja uma semente do mágico e raro pé de feijão!
     Temos tantas responsabilidades, que nos queremos perfeitos e nos esforçamos para compreender o outro ( isto falo por mim). Então, quando a raiva e o despeito passam, porque o querer bem é maior, tentamos deixar  ir, nos convencendo de que é melhor, no futuro, não confiar. A fome pode ser para uns, apenas o medo de se comprometer ou de ter de contar com o outro. Esta não é minha fome. Minha fome não é a das certezas – minha fome é a da coragem de viver coerentemente com o sentimento verdadeiro e com as palavras que escrevo e refletem isto. Eu precisava escrever o que sinto (você sabe).
     Assim amiga, eu a deixo ir, porque sei que nada nos pertence a não ser o que está em nós, ou o que nos é oferecido. Em meu coração, você será eterna ( ou não). Dizem que nada é real se não podemos ver fora de nós, refletido, iluminado... mesmo o amor não seria real se só um o tivesse dentro do peito. Isto, dizem,  seria ilusão. Você sabe que não creio em tudo que dizem!! rs............
      Meu pé de feijão está lá, sem frutos, sem gigantes, sem promessas, sem raios de sol a iluminá-lo, mas ainda está lá e ainda é meu, até que seque. Será velho e seco, mas é verdadeiro, não permito que neguem esta verdade. A lembrança de algo bom que existiu e conservo em mim, não cobra nada do outro, existirá enquanto eu puder permitir que exista, enquanto eu não precisar matá-lo, como ainda é real para um pai, a lembrança do filho que já morreu, ou para uma mulher a lembrança do amor que viveu com um homem. Temos apenas de aprender a não sofrer tanto com a saudade do que poderia ter sido. Não vou mais lhe enviar este, que começou com a pretensão de ser apenas um email e cresceu como minha fome – a mesma fome que sinto ao pressentir o tempero com alho da comida caseira. Sinto água na boca quando penso no que minha alma acredita. Tudo o que disse aqui, são apenas "as minhas coisas" e pelo menos de palavras claras e verdadeiras, matei minha fome. Não quero criticar, só falar de mim e apenas choraminguei minha saudade e espanto diante das impermanências, mas sei que a aventura da vida é mesmo esta incoerência... 
     Perdoe-me se fiz este desabafo, se escrevi tanto para dizer talvez pouco, mas acho que é porque a incoerência entre o que você me diz e o seu silêncio me deixaram agoniada, acredito em você e fico sem saber como lidar com isto. Nada lhe diria se você não fosse importante para mim. No futuro, enviarei minhas cartas aquele meu amigo, você sabe...enviarei minhas cartas ao Léo (ou léu, conforme o caso, e se eu não tiver uma recaída)...ou farei um diário...rs.......... 


     E então, cansada, Vivian desligou o computador. Fecharam-se as cortinas, apagaram-se as luzes e ela foi dormir...
Texto: Vera Alvarenga
Foto retirado do Google.  

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Cartas ao Léo - Desabafo- Parte I

 Cartas ao Léo...  ( Parte I)
     Vivian começou a escrever o que seria um email, mas tornou-se uma carta e depois, mais que isto, um desabafo, como se ela pudesse lhe dizer tudo o que sentiu nos últimos meses, como se estivessem frente a frente, e ela pudesse ser ouvida...
     Lembra o que a gente sentia, coisa rara que por ser rara não se desperdiça?
Que incentivava, abrandava a alma quando necessário,tudo porque a gente parecia se compreender de fato,nem sei como, nem por que? Simplesmente acontecia, lembra? Sem premeditação. Não era o tempo que importava, mas o prazer de descobrir que nossa presença na vida uma da outra, nos fazia bem e que, por alguma razão que não explico, ouvíamos uma da outra, o que estávamos talvez, sedentas de ouvir.
     Algumas vezes você me escreveu: - “Mais uma vez me diz palavras que eu precisava ouvir.”
     Engraçado isto, porque não me julgava capaz de lhe dizer algo que fosse suficientemente novo para você. Percebo agora - o que lhe dizia, nem sempre era tudo o que gostaria de poder dizer contudo, o que me motivava era respeito e querer bem.
     Falar com você, também trazia descobertas sobre mim, minhas possibilidades e, por isto, me fortalecia. Sentia meu coração transbordar gratidão e, para retribuir, queria lhe dar o melhor de mim, mas não sabia como – eu a incentivava a desejar sentir a vida novamente, pois me afligia ver como você estava entregue à sua tristeza, como eu estava entregue à minha. Sentir a vida novamente era algo que eu mesma começava a experimentar, depois de começar a reconhecer você - queria isto também para você . Então lhe disse: - aproveite a vida. E você se foi!
     Mesmo com poucas palavras, nos falávamos de coração a coração, entretanto o meu, não ouviu sua despedida . Quando nos acostumamos com a amizade e presença de outra pessoa na nossa vida, esperamos, ainda que este rápido momento do encontro, com alegria, porque fica fazendo parte, e é preciso que nosso coração seja preparado para a despedida, ou tudo parecerá o golpe inexoravelmente frio daquela senhora, que quando vem, não avisa, apenas golpeia e mata! Eu já perdi um amigo querido assim, levado por ela. Não queria perder outra pessoa. Quem ou o que, teria arrancado de mim, sua presença?
     Depois de um tempo, senti raiva de você ou do que quer que houvesse nos aproximado – até com Deus, tive uma grande discussão! Ele tentou me dizer que há pessoas que passam em nossa vida para que deste encontro, ambas saiam melhores. Eu não queria ser uma pessoa melhor. Finalmente não queria mais ser perfeita. Apenas queria ser eu mesma, e ainda assim, encontrar significado! Deparar-me com alguém que pudesse me aceitar, ao mesmo tempo que eu a ela, era um sinal dos deuses, um banquete no Olimpo!
     Já fiquei com meus olhos aqui marejados, muitas vezes se quer saber, por me perguntar, onde estaria agora, tudo isto que parecíamos sentir, dentro deste silêncio que eu não compreendia. Fiz um jogo cruel comigo mesma. Respondia perguntas que não pude fazer a ninguém. Me perguntei onde eu havia errado, o que estaria acontecendo a você, julguei que eu mesma estivesse sendo egoísta, me anestesiei, desejei sair sozinha, de dentro da tristeza...Compreendi duas coisas:
   - Uma, é que não há como sair dela! Quando alguém parte, sempre deixará o outro triste, porque o que tem valor, não pode ser substituído, é único e deixa saudades. Me nego viver como se fizesse de conta que os sentimentos não existam, e por isto, pago o preço.
   - A outra, é que por anos tive esta mesma atitude – não esperava ter direito a nada especial, e não queria demonstrar o quanto, às vezes, alguém podia me magoar, pois pensava que não era certo cobrar atenção de quem quer que fosse, ou minha amizade pareceria ter sido apenas uma moeda para trocar algo, que eu também precisava. E isto não era justo, pois sei que era responsavelmente sincera, e que nós todos, seres humanos, desejamos ser reconhecidos e amados, seja fraternalmente ou de outras formas. Se é uma troca, é justa!
     Bem sei daquela história de que, se nos decepcionamos com alguém, é porque esperamos o que esta pessoa não podia nos dar, mas crer nisto também é uma forma de acomodar-se.    
     Se  não tivesse me dito que nossa amizade era importante, que assim como eu por seus próprios motivos você também sofrera, que eu a ajudava a ver a vida de outra maneira, que eu era insubstituível, não teria me sentido especial, não teria me apegado a você, não teria desejado lhe dar meu melhor reconhecimento, porque ouvir isto fez uma enorme diferença em minha vida e, para mim, tudo tornou-se especial. Não teria acreditado que, com minha forma simples de ser, poderia levar um pouco de luz e alegria para você e não teria percebido o quanto você iluminou meus dias!
     Eu continuaria na sombra da descoberta recente que havia feito, de como alguns movimentos meus tinham se revelado vãos e impotentes, frente a uma muralha em um trecho do meu caminho, que eu não tinha conseguido transpor.  E você, teria continuado com suas próprias sombras, até encontrar por si mesma, uma luz.
     Se você estivesse aqui agora, estaria me estranhando, eu sei, porque estou me estranhando também, e muito, mas é assim. Tenho que finalmente admitir que senti raiva, despeito, tristeza, impotência, diante de um silêncio que eu não sabia o que significava e não combinava com nossa confessada amizade. 
     O pior, sentia-me culpada por estes sentimentos e pensava que talvez, você estivesse deprimida demais para se comunicar. Então, mesmo entre o consolo desta explicação que eu mesma me dava, preferia pensar que você estava bem e que apenas tinha ido embora....assim, simplesmente, sem mais, nem menos. Esta minha nobre tentativa me fez perceber como todos nós somos carentes, e o que se passou comigo aconteceu ou acontecerá com você fatalmente um dia, pois no palco da vida as personagens mudam, trocamos papéis, mas somos todos humanos. Todos sentiremos falta de quem queremos bem, seja porque nos trouxe luz, seja porque lhe emprestamos um pouco da nossa, seja porque juntos, funcionávamos como um amplificador  do que tínhamos de bom. O ser humano é muito solitário, mas também solidário.
     Sei que sentir-me vulnerável e culpada é algo que aprendi em minha vida, uma fraqueza minha. Sou capaz também de aceitar as suas. Queria tanto que você rompesse este silêncio, me dissesse que não agiu assim porque nada represento, ou que me viesse dizer qualquer coisa, mesmo que fosse, adeus! 
     Embora eu preferisse que não, acho que aprenderia a lidar com um adeus, mas não sei lidar com este silêncio sem despedida. É morte, para mim, e eu temo a morte.
     O ser humano é medroso. Posso compreender isto, já que compreendo meu próprio medo. 
     Há um alarme dentro do ser humano, eu acho, que desperta quando pressente o perigo da entrega a algo maior e finalmente verdadeiro, um amor, uma amizade, um real querer bem – um ato não ensaiado onde os sentimentos são ingênuos e intensos, onde ele não precisa ler o roteiro porque a cena está além da tragédia comum e igual, onde o mais importante não seja o preço do ingresso.
      O ser humano, diante do improviso, nesta cena que cobra de si uma performance genuína, sente um medo sincero de dissolver-se no próprio ato de fé em sua própria interpretação. Eu, que sou tão medrosa, também tive medo, mas não fugi. Eu também não estava habituada com a possibilidade de viver uma amizade assim sincera, fruto de ingênua confiança, mas não a deixei num silêncio vazio, sabendo do carinho que existia entre nós.
     O ser humano teme falar, ou teme sentir? Teme experimentar o que depois sentirá falta? O ser humano, teme os sentimentos contraditórios ou inesperados, que estavam fora do script, como teme à morte!
     Então, ele age como se nada ali houvesse, finge que ninguém lhe deu a “deixa” e por conseqüência, finge não fazer parte da trama. Aquele alarme toca dentro dele, tão alto, que o entontece, fica desorientado, perde o rumo, confunde o caminho, os personagens, o verdadeiro com a imagem, e acaba desistindo, como se não merecesse a felicidade de ver-se numa atuação em meio a sentimentos verdadeiros! 
     Não importa se, esperando por ele,  há papéis  mais importantes em outros palcos! Ele só pode estar em um de cada vez, e para cada circunstância é chamado a ser o si mesmo, sob o ator de cada cena, mesmo que interprete vários personagens em peças diferentes.  No nosso palco, nosso ato foi interrompido, embora as cortinas estejam suspensas porque nenhum de nós as fechou.  
     Sim, talvez seja menos perigoso não arriscar, não esperar nada do outro, nem gostar muito dele, fazer de conta que somos bonzinhos e não sonhamos a menos que nos permitam, aqueles que já nos acostumaram a eles, como se fôssemos marionetes, sob o jugo de alguém que está por trás da cena.  Penso nesta contemporânea visão de vida, que nos quer convencer que não temos o direito a esperar  retribuição, ou participação, ou feedback – isto que nada mais seria do que atitudes naturais e coerentes com o que se diz e sente – isto que hoje, as pessoas querem transformar em um pecado imperdoável.
     É tão mais fácil assim! Como você ousa me cobrar, por que esperar algo de mim, se diz ser minha amiga? 
    Ora, como se nós pudéssemos ser felizes sem esperar que seja verdade, aquilo que estamos vendo em nossa frente! Já nos faziam sofrer desta loucura, quando éramos crianças e nos diziam que estávamos enganados quando percebíamos algo diferente do que as palavras ditas, ou quando nos confundíamos com as incoerências.... 
     Hoje há uma cumplicidade às avessas : para nos fazer crer que estivemos acreditando anos e anos, ou meses, no que não passava de ilusão apenas nossa, da qual o outro não tem participação. Será que a grande ilusão, não seria ainda a de querermos fazer de conta que não somos co-autores?
     Ah, mas se você comete este pecado de iludir-se, de me dizer que acreditou em tudo,nas aparências, nos sinais, então,como é pecado, eu posso castigá-la. Finalmente posso fugir do sentir, do que nos assusta a todos e, ao invés de lhe dar a mão e nos apoiarmos nesta descoberta ou aceitação, do que podemos ou não fazer com a verdade dos nossos sentimentos, eu posso castigá-la por crer em mim. Finalmente eu posso desistir daquilo que eu mesmo comecei a vislumbrar como algo bom. Porque foi você, que ingênuamente ou não ( melhor até que eu não acredite em sua ingenuidade!), cometeu o pecado de colocar tudo por terra, criando uma ilusão.
     Então, você me perguntaria...O que eu queria, afinal? Prendê-la a mim? Não, eu amo sentir a liberdade de permanecer por convicção e de sentir prazer no que acredito que seja bom realizar.
      Fazer de você, responsável por meus sentimentos? Não ! eu queria apenas, que você tivesse se despedido de mim, que não saísse de cena como se eu não existisse ali, pois que esta, você sabe, é minha única  ferida antiga. Fazendo de conta que nossa amizade existe apenas quando você acende as luzes do palco, você me magoou. Acho que era esta a lição que eu tinha de aprender - aceitar o quanto alguma coisa ou alguém pode me magoar. Agora já sei. Só assim, a gente sabe o que fazer depois.
     Eu só queria que você mesma acreditasse no que me diz, e escolhesse ser responsável por cuidar, junto comigo, do que me trouxe em suas mãos, quando veio a me seguir, por um caminho e nos encontramos. Lembra? Você tinha nas mãos uma mágica semente, mas era algo tão verdadeiro, como um imenso e real pé de feijão. 

final na parte II- quando Vivian fala do pé de feijão e de Léo.     

sábado, 9 de abril de 2011

Sêlo Stylish Blogger Award e Indicados

Selo Stylish Blogger Award 

      Me senti muito honrada e surpresa com a indicação do meu               blog pelo amigo Paulo do http://http://cidadaoaracatuba.blogspot.com/ para este selo, e com os elogios que ele fez.  Muito Obrigada Paulo! Um grande abraço a você!

  Conheci o Paulo numa conversa engraçada, lá no blog da Atena, num post que ela fez sobre simplicidade ( a vida é simples, o ser humano é que a complica) e que acabou ficando uma conversa engraçada de chifre na cabeça de vaca e...foi Paulo que nos disse que : Vaca tem chifres, sim! rs....
Fui lá, no blog dele que indico também a vocês, e encontrei algumas frases bárbaras, inclusive esta:"A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez. Friedrich Nietzsche"  (adorei porque é isto que acontece comigo! kkk....) Eu e Paulo fomos vizinhos, já que morei em Buritama e Birigui, ao lado de Araçatuba! mas não nos conhecemos lá.
Vamos ao selo então: As instruções são : 
1- Ao receber o selo, deve-se repassar para quinze outros blogs;                                                           2- Indicar o blog de quem indicou.                                                                                                              3- Comunicar os quinze escolhidos                                                                                                            4- Incluir em seu post SETE coisas sobre você.
Sete coisas sobre mim:
1. Sou tímida
2. Não gosto de falar ao telefone
3. Adoro conversar pessoalmente com amigos( com quem sempre aprendo)
4. Necessito escrever
5. Sei guardar segredos
6. Sou carinhosa
7. Aprendi a respeitar meu ritmo, portanto, gosto de tranquilidade mesmo que para isto tenha   de ficar sozinha. (neste caso, solidão não me assusta)

   Blogs para os quais indico o Selo, com muito prazer:
  1. Atena- http://expandiraconsciencia.blogspot.com
  2. Valéria - http://kitmell.blogspot.com/
  3. Emília - http://www.dihitt.com.br/Mikasmi1 
  4. Alba - http://copacafesp.blogspot.com
  5. Malu- http://tudoepossivel-infinitoparticular.blogspot.com/
  6. Edgard- http://edgardshigenaga.blogspot.com/
  7. Fátima - http://belani-rcontosecomentarios.blogspot.com/
  8. Joana -  http://artesdafadinha.blogspot.com/
  9. Edison - http://edisongil.blogspot.com/
  10. Carlos - http://apatotadopitaco.blogspot.com/ 
  11. Apaixonados - http://clavedelua.blogspot.com/
  12. Eloisa - http://www.dihitt.com.br/EloisaFasulo
  13. Amélia - http://ameliafarah-outrosolhos.blogspot.com/
  14. José Sidney - http://semtantofoco.blogspot.com/
  15. Ana Reis - http://www.arevolucaodamente.com/ 
Pessoal, amigos, sei que postar com estes links demora ( para mim, que não sei fazer, demorou 2 horas!!) então gostaria que fizessem no seu ritmo, quando tiverem tempo.

Confiram a lista. Todos os nomes estão com os links, portanto cliquem, visitem e conheçam.

ABRAÇO GRANDE E ÓTIMO FINAL DE SEMANA!! 
VERA.

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