quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

" O Mago e o inexplicavelmente real..."

Num campo de alfazemas, as mulheres colhiam as flores que mais tarde seriam transformadas em poções aromáticas ou de cura... Conversavam muito entre si.
Uma delas, mais quieta, trazia no olhar uma lágrima contida há algum tempo.
A observá-la, duas mulheres mais velhas conjecturavam:
- Você viu? está assim novamente. As vezes sorri, como se estivesse lembrando algo bom, e de repente, fica com  olhos brilhando como se fosse chorar...
- Estará doente ou apaixonada? ou será algo impróprio, uma dor talvez...
- Quando lhe perguntei o que tinha, me disse : - Ontem recebi um presente. Hoje tenho saudades e esta dor no peito!
- Só pude rir, não é mesmo?
- Ah, é frescura, então!
- Aconselhei-a a procurar Maestrus, o mago, ainda hoje, pois não é mais a mesma mulher, eficiente como era. Ele dará um jeito! Vai curá-la.
E assim, no fim do dia, lá estava ela, no alto da colina, junto ao Mago que acabara de meditar. Ele sabia que ela viria. Assim que se aproximou, ele já pegou em seu bolso o vidro e o estendeu para ela.
- Aqui está. É amargo, mas vai colar seu coração partido.Ninguém pode viver com o coração assim dividido!
- Não sei se é isto que preciso. Meu coração está num só lugar, que não pode estar. Meu corpo é que parece estar em outro. E me sinto culpada porque não sei resolver isto.
- Pois dá no mesmo. Bem, então você tem um tipo de fome que...hummm... tome este! E pegando no outro bolso um vidro menor, o mago lhe disse que em pouco tempo ela veria a realidade com mais clareza e não seria mais atormentada por sonhos e ilusões. Vai voltar a ser a pessoa eficiente que todos apreciavam.
- Mas, então este líquido que me dá é como "água com açucar"... já estou cansada disto. Por alguns dos últimos anos foi o que me deram. Isto não me cura, é placebo, efeito é passageiro..isto sim é uma ilusão, não tem consistência, não alimenta de verdade!
- Ahah! então mulher, está querendo me ensinar meu ofício? Eu não queria chegar a este extremo! mas aqui está! E, de seu peito tirou um minúsculo vidrinho. Abrindo a tampa, ordenou:
-Tome tudo de uma só vez. É de sabor adocicado no início, depois queimará você e tudo o mais por dentro através da garganta até o coração, mas em segundos vai curá-la de vez! Você verá a verdade do que é realmente possível. Então, deste exato momento em diante nunca mais terá falsas ilusões sobre qualquer desejo que te faça crer que realizado, saciaria sua fome! Nem sentirá culpa, pois isto destruirá a visão distorcida que tem sobre a vida e o amor! Decida-se, pois em um minuto, esta potente poção se transformará em fumaça e não poderei mais ajudá-la.Tome-a !
Ela olhou fixamente para o Mago e lhe disse:
- Não! O que isto destruiria é a coisa mais bonita que me aconteceu em muitos anos! É apenas um sonho, mas de algo que seria mais real, se pudesse realizar-se, do que você, bruxo velho!
Determinada virou as costas e se foi, pisando duro na terra, para provar-lhe o quanto era decidida. Contudo, alguns passos depois, deixou-se quase flutuar no ar! E aquele olhar meio distante, e o sorriso meio idiota, meio doce, voltou ao seu rosto.
E o Mago sorrindo, abriu imensas asas prateadas e como um anjo, voou para a imensidão dos céus:
- Por enquanto, está curada! Ainda aceita o presente de amor que lhe dei...

Texto: Vera Alvarenga
Foto:  imagens  do Google.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

" Como está o jogo, lá em casa?..."

 É impossível ler o texto de Rubem Alves e não parar um segundo para  responder a uma pergunta que aparece imediatamente a nos sondar, incomodar ou não...
  "- hum......Que tipo de jogo eu e meu/minha companheiro/a estamos jogando, afinal?"
Como está sendo o jogo principal de nosso relacionamento ? algo como o frescobol, que jogamos como amigos, na praia ao por do sol, para juntos ver passar o tempo de uma das melhores formas que se há de passar, com alegria e desejo de compartilhar bons momentos?
Ou será como o jogo de tenis, em que um interrompe quando o outro quer brilhar, um humilha e dá "cortadas" enquanto o outro se retrai ou se cala, um quer competir e ganhar sempre enquanto o outro quer apenas se divertir... Rubem Alves acertou em cheio quando fez esta alusão ao jogo... adorei o texto que recebi por email ( Tenis e Frescobol).
Passamos anos querendo jogar frescobol com alguém que gostaria de estar competindo pela medalha no tenis? E, um dia, quando enfim percebemos isto, olhamos para nós e percebemos que não nos tornamos o melhor que podíamos ser, como simples jogadoras do jogo da vida como costumo dizer, porque humilhadas, muitas vezes nos calamos, mas acabamos por perder a confiança e o brilho no olhar de total admiração pelo amor de nossa vida...um tipo de amor, um tanto minguado pelo jogo pode continuar, mas a alegria no olhar estará lá ?! Como competir, se seu intuito não é vencer? Como se defender, se cada jogada pode parecer ao outro um sinal de ataque?  Requer muito gasto de energia, um jogo jogado desta forma!
 Ou pode acontecer ainda o pior, se nos deixarmos amargar e nos tornamos parceiros secos, a revidar as cortadas. O inevitável é que, quem é sempre interrompido no seu prazer de viver compartilhando suas alegrias e sonhos, acaba ficando magoado, ou ainda com raiva. É um jogo fatal, quando jogado no relacionamento a dois! Na maior parte das vezes, em nossos relacionamentos jogamos ora frescobol, ora tenis. É preciso atenção e esforço mútuo para permanecer com as regras sem vencedor único do frescobol, firmes em nossa disposição e determinação de compartilhar o grande jogo da vida, pelo prazer de viver... não de competir ou de tudo transformar em contenda.
   Deixo aqui um pequeno trecho do que Rubem Alves escreveu, para servir de reflexão, afinal, ainda pode ser tempo de "mudar o jogo"! Ou de procurar outro parceiro, dependendo das circunstâncias e do que se queira respeitar dos próprios limites e da vida.

"Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.
Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim..."

E então...como está o jogo lá em casa? ? ? 
A única certeza que a maturidade me trouxe a este respeito é de que é preciso além da consciência para escolher as regras do jogo, TER CORAGEM, para não se render a um jogo que não se quer jogar! Precisamos coragem e condições para enxergar se nosso companheiro/a  escolheu espontaneamente jogar como adversário/a ou como  parceiro/a, pois é importante definir isto, a fim de que se a gente decidir gastar energia querendo mudar um pouco o "espírito" do jogo, ou "combinar" as regras, isto possa ser realmente aceito por ambos, com comprometimento espontâneo. Ou alguém sairá lesado.... 

Texto : Vera Alvarenga, baseado no maravilhoso texto de Rubem Alves(Tenis e Frescobol)
Foto retirada do Google ( foto de Rubem Alves)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

"Desejo..sinal de nossa humanidade..."

Fim de ano - fiz meu balanço geral!
Nunca penso que a vida tenha de ser "suportada"!
Tem de ser vivida com alegria e responsabilidade e, nos momentos difíceis, com coragem e disposição.
Disposição é determinação interna,que nos ajuda a nos manter dentro do padrão que a gente acha que é verdadeiro e bom, sem esquecer de ser justo.
Espiritualmente falando,seria ideal se não nos apegássemos nem aos momentos de alegria junto a quem a gente ama, nem aos que foram ruins.Seria ideal nos mantermos em atitude de desligada neutralidade, aceitação e de fé, para evitarmos agir indo em busca, ou "forçando" ou ainda "criando ilusões" sôbre aquilo que gostaríamos de receber "espontâneamente". É o que se chama manter a "independência interna"!
   Com certeza, este foi um ano muito difícil na minha vida;está finalizando ainda mais complicado, pois no momento em que percebo a necessidade de mantermos independência financeira, a fim de mantermos nossos padrões do que é bom, ao mesmo tempo, os meios para esta segurança estão ameaçados! As pessoas que nada sabem, repetem frases feitas, como se nosso corpo também não tivesse necessidade de comer e dormir em segurança, pelo menos ao lado de quem a gente conhece,como se não tivéssemos direito ao medo, como se os psicologismos fossem todos aplicáveis igualmente em todas as situações, como se fraqueza fosse a daqueles que ousaram acreditar e se manter em paz, e não ,daqueles que não conseguem aceitar sem raiva que o mundo não lhes obedeça.  Foi um período em que escrevi muito sôbre mim, olhei para mim mesma como se fosse hábito meu! (quem me conhece sabe que não!). Foi um tempo de aprendizado dolorido sôbre minhas próprias limitações, sôbre o que eu consigo "suportar" ainda tentando manter equilíbrio e boas qualidades. Além disto, percebi o quanto todo meu esforço para evoluir espiritualmente, pareceu quase nulo, quando me deparei com o desejo de ser abraçada, num relacionamento verdadeiro, onde o outro realmente se importasse comigo.
   Este desejo quase incontrolável de que Deus, tendo ouvido minhas orações, me enviasse a oportunidade de amor, de um recomeçar de forma mais madura com a pessoa que esperasse o mesmo da vida,caminhando com gratidão, alegria e responsabilidade, tanto quanto eu... este desejo de fazer as coisas de maneira correta... me fez ver que ainda estou longe de um desenvolvimento espiritual a ponto de amar apenas incondicionalmente ( a não ser filhos e netos), ou apenas confiar. É porque desejamos compartilhar, que nos decepcionamos ou criamos ilusões! Não porque queremos demais, mas porque temos pouco! A ilusão talvez esteja também em pensar que podemos ficar sozinhos, pois no meu modo de sentir a vida, se eu devesse ficar só, teria vindo com os dois sexos e, em sentimentos seria completa em mim mesma!
   Pois termino o ano, com a clareza de sentimentos de que seria muito mais fácil e produtivo,até para o desenvolvimento espiritual, se pudéssemos enfrentar todo e qualquer desafio material, tendo a chance de olhar para os olhos do companheiro e ver que, apesar das diferenças, o mesmo carinho ( desejo de cuidar) se refletiria, como num espelho,mostrando a similaridade de disposição para o querer bem . Sou um ser humano comum, uma mulher que desejaria receber carinho e cuidados tão espontâneos,como os que sou capaz de dar, quando digo que amo. Quero ser respeitada como aprendi a respeitar.
  Que possamos todos, começar um ano renovados em energia, e ainda com muita fé no amor, que embora humano, é o que podemos ter, uma vez que não somos ainda apenas espirituais...e que esta experiência não seja apenas de aprendizado, mas de alegria e realizações até porque devemos ter o devido respeito ao ser espiritual e divino que trazemos dentro do humano que somos! E, se creio que Deus nos criou, não foi por certo para nos ver infeliz, mas para vivermos felizes ao lado do nosso companheiro que descobriremos ( ou não), que está ao nosso lado porque deseja desenvolver e exercitar o melhor que há em si.

Texto e foto; Vera. Alvarenga

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

"Que Deus me ajude a clarear o olhar da Justiça!"

Incrível como algumas fases se repetem em nossa vida! No ano passado, em novembro estava refletindo sôbre a Justiça, e escrevi no blog sôbre isto.Para quem quiser refletir junto, aqui vai o link : http://mulhernaidademadura.blogspot.com/2009/11/acordei-com-justica-ao-meu-lado.html

  Quero pedir aos meus amigos que me conhecem, que por 1 minuto façam uma oração por mim, pois nestas próximas semanas um processo estará sendo decidido e ameaça  penhorar minha casa.
   JUSTIÇA!  Devo confessar que ao refletir sôbre este conceito antigamente, eu o idealizava como algo incorruptível, e dos poderes, achava que era o mais importante, pois a Justiça nos defenderia de tudo que não fosse ela e garantiria nossa segurança diante dos que são oportunistas e aproveitam de sua demora por resolver os processos, para tirar vantagem própria, distorcendo a verdade que ficou camuflada pelas teias do tempo. Ultimamente sinto medo, pois os que tem seu trabalho dedicado a servir à Justiça, também podem ser corrompidos em seu nobre trabalho de representá-la - temos visto isto na TV - advogados espertos se habituam a defender os que querem "tirar proveito" dos que não tem muito dinheiro para contratar o serviço daqueles que saberão lidar com o que há de mais baixo no ser humano... e alguns juizes decidem como se não tivessem tido o trabalho de ler o processo todo, não tem tempo de chamar as pessoas e ouví-las, olhando em seus olhos e confrontando suas respostas com suas próprias contradições e mentiras.
   E, neste caso, um processo que chegou a ganhar a atenção devida em 2 instâncias, e tinha tudo para se resolver rapidamente( após 12 anos!), em última instância pode reverter a ponto de colocar quem estava cobrando uma dívida( nós), como o que deve pagá-la!! E tudo aconteceu porque nesta ocasião, nos desligamos do processo por estarmos enfrentando um período em que o artesanato e nossas viagens para vendê-lo foram afetadas pela doença do meu marido por um ano(reumatismo) e depois culminou numa cirurgia do coração ( 5 pontes), e pelo falecimento de minha mãe, após 2 anos de tratamento de um câncer e morando conosco. Neste período, não tivemos dinheiro para um excelente advogado, e nem muita disposição para pensarmos que era preciso mais do que os olhos da própria Justiça, sôbre o processo.Além diato, nunca nos habituamos a contar com o que não fosse nosso próprio trabalho para ganhar nossa vida com decência.  Mesmo ganhando por 2 vezes, quisemos fazer acordos, pois só queríamos o que era nosso, e não, enriquecer ilìcitamente. Eles prometeram que fariam acordo na frente do juiz, mas depois sumiram!(neste dia eu fiquei fora da sala de audiência). Tínhamos testemunhas, se não me falha a memória, que nem precisaram falar porque eles disseram que fariam acordos.
   Mas, isto não foi suficiente. Quem nos devia , foi conhecer nossa casa em Florianópolis, anos depois, e certamente encantou-se com a energia que havia nela e a localização privilegiada a 50 mts. da praia; conseguiram distorcer a verdade,com uma falsa alegação  de má fé (!!) que parece ter sido a única coisa a receber o olhar de quem nesta ocasião, pegou nosso processo em mãos com o poder de dar a última palavra.
    Após tudo isto, foi que finalmente entrei em depressão, minhas forças pareciam estar sendo sugadas pela terra e eu precisava do amor do filho, norinha e netinho que nos queriam junto deles. Foi quando viemos para o interior de São Paulo, provisoriamente, para tratamento de saúde e para dar e receber amor, ficando mais perto dos filhos. Nossa casa lá não poderia ser vendida, como precisamos para vivermos com dignidade e independência financeira, contudo, a mantemos lá como fonte de renda para nosso sustento, uma vez que a alugamos na temporada.E recebemos muito amor dos meninos( além do presente de convênios médicos).
    Foi neste tempo que estas pessoas mesquinhas e mentirosas aproveitaram para  "tirar vantagem", e pedir a penhora de nossa casa, para o pagamento da dívida que nunca tivemos,que é tudo o que temos após 40 anos de lutas e trabalho honesto, e tudo porque nem havíamos entendido que havia sido pedida a penhora! Não contestamos!! Não respondemos, a não ser, oferecendo terrenos em Paraty, que ela não aceitou. Tínhamos entendido que o juiz havia aceitado os terrenos!!
   Não, ele decidiu pela penhora e só soubemos disto na audiência (parece de conciliação) desta semana, em São Paulo! Foi um murro no estômago!
   Vocês não podem avaliar o que é ver uma pessoa ao seu lado numa audiência, querendo tomar o que foi seu lar e o que te garantiria dignidade e segurança na velhice, como se estivesse a falar de um pirulito, mas com olhos gananciosos e apoiando-se numa única mentira e...infelizmente, no julgamento da última instância(ocasião em que a justiça deveria estar realmente com a venda nos olhos!).
   Houve porém um milagre, que mesmo que tudo saia errado para nós, eu preciso contar aqui no meu blog, que é pra mim como um diário, onde escrevo sôbre o que me emociona! Eu tinha sido aconselhada a não abrir a boca, para não dizer besteiras e não complicar as coisas, pois sabemos que em presença da Lei, tudo que dissermos pode ser usado contra nós! quando não entendemos de leis e somos espontâneos!! Assim, eu me sentia como se houvesse ali uma rainha pronta a me cortar e fazer rolar minha cabeça! E que a juiza seria apenas sua executora. Contudo, a mulher que antes nos devia e me ameaçava agora, pediu a palavra e falou seus absurdos! A juiza disse que teria todo o tempo para nos ouvir! Ela certamente não queria cometer uma injustiça. Para mim, este foi o milagre! E agradeço a Deus, porque eu criei coragem e, desobedecendo ordens, pedi para ser ouvida também. Fiz o relato dos fatos. Não foi fácil falar, pois eu tremia muito diante da ameaça injusta e sem fundamento que é apenas causada pela poeira dos quase 15 anos desta espera e por nossa ingenuidade. Nos surpreendemos com a penhora. Meu filho e marido falaram também. E a mulher se traiu a si mesma, entrando em desesperada contradição por 3 vezes.

   Por meu marido querer cobrar uma dívida de 10 mil reais, estamos agora sendo ameaçados com uma cobrança de 270 mil!! Este é o risco que estou correndo por estes dias. A decisão vai ser tomada em menos de um mes. E tudo porque não ficamos com uma cópia de um pequenino documento que meu marido entregou ao advogado dela em confiança, porque não tínhamos advogado e meu marido é daqueles homens antigos que acreditam que negócios se fazem na palavra! Ele é um homem honesto.
    Eu tenho rezado e peço que meus amigos rezem uma só vez, comigo, para que Deus ilumine a mente desta juíza e dê sossego ao coração da mulher que quer fazer tanto mal com uma mentira e nem se apercebe disto!
Que ela encontre uma outra forma de "tirar vantagem".

   Texto Vera Alvarenga
  Foto: Catedral da Sé - Vera Alvarenga

sábado, 27 de novembro de 2010

" É meu tempo de poesias..."

É meu tempo de poesias...
Não porque me envaideça
de saber em rimas o que dizer
ou por chamar a mim, poetisa!
É só porque eu vivo dias,
em que, se não escrevo,
sinto que me falta o ar!
Preciso a compreensão das palavras,
da luz, antes que anoiteça,
da esperança que não agoniza
enquanto a verdade transpirar.
   As palavras não me aquecem
   como um abraço o faria,
   as rimas não dão a sentença
   que só a justa Justiça daria,
   mas aliviam meu peito e a alma,
   e traduzem os sentimentos
   que brotam do meu coração;
   ajudam a assimilar  desafios
   que me sacodem em momentos,
   quando me assombra a indignação
   do que não consigo compreender.

Foto e Texto: Vera Alvarenga

sábado, 20 de novembro de 2010

"Quanto tempo ainda tenho?..."

Quanto tempo ainda tenho
pra brincar?
e pra te ver franzir o cenho
quando trago do que sou e tenho,
os gestos que te fariam sorrir,
se tua face não trancasse
o sorriso que queria vir?
  Quantos dias eu podia
ainda tentar?
sem que o tempo me envelhecesse
sem que eu mesma me perdesse
no inglório afã de te resgatar
se na redoma te isolavas de novo
e a cada vez, após me amar?


Quanto tempo ainda tenho
de esperar ?
Pergunta a mulher, que sonha em mim,
cumprir seu destino, feliz enfim
de entregar-se a sorrir e amar,
por ser amada, não só na palavra
mas nos gestos e no olhar!
     Quanto tempo será... que ainda tenho?....
      para o que não depende de mim... pra viver a vida que não se vive só.
    
Foto e Poesia: Vera Alvarenga

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Amor, paixão e amizade....

 Estive pensando... Às vezes, a gente esquece o que é ( ou fica triste quando ninguém nota o que podemos ser).
   O amor é algo sóbrio, construído aos poucos com a convivência, requer tempo, transpõe abismos, para no final ir nos ensinando a nos "dissolver" no outro, nos doar sem esperar retribuição, enfim, é algo difícil de se conseguir, se pensarmos no amor com seu significado maior. E, se o amor dissolve a gente... talvez, quando a gente morrer, o espírito, que é o divino em nós,um dia perderá sua individualidade para se dissolver no todo. Este é o amor espiritualizado. Outro tipo de amor, que a gente consegue viver com o/a companheiro/a, precisa de alimento para manter-se - amar faz a gente querer o bem para o outro e isto nos faz bem,mas a gente deseja ver o outro perto, quer também ser tocada por ele.
   E o apaixonar-se? Por que seria de menor importância? A gente se apaixona por quem nos faz bem, nos faz sentir especial. É intenso.
Quando alguém vê o que temos de bom, faz a gente se sentir especial, como na verdade a gente pensava que era. Se a gente se apaixona então, deve ser algo egoístico porque estamos a olhar, através do outro, para nós mesmos? Estamos só readquirindo a fé no melhor que há em nós? Não, porque também vemos o melhor do outro, é uma comunicação de coração a coração, ao qual o corpo responde e traz bem estar. Mas isto é maravilhoso, porque é a fé que pode nos mover nas melhores direções! E, às vezes, é este olhar posto em nós, o que nos salva! É reconhecer o divino que há em cada um.
   Muito semelhante a quando temos fé nos preceitos de uma religião, ou em Cristo que olhará para nós e nos salvará - é poder crer que temos em nós uma centelha divina, que nos faz sentir em estado de graça. Acreditarmos que não estamos sós, que Ele nos vê é, guardadas as proporções, algo semelhante a termos nosso apaixonamento correspondido. 

  A amizade,é uma das coisas mais fabulosas, embora frágil, não é? Frágil porque amanhã pode já não estar lá, não nos pertence e nem conhece sua força.Fabulosa, porque um amigo oferece a nós e nos trata com o melhor que crê ter em si. E crendo em nós, também nos devolve a fé. E quando há confiança e convivência necessária, crendo que é recíproca a amizade, se sentirá livre para eventualmente nos mostrar até alguma fraqueza, porque amigo oferece apoio e seria natural não temer pedi-lo. Então, crer que temos um amigo verdadeiro, nos fará viver um ideal do sentimento que pode nos elevar até onde nossa fé recuperada possa alcançar, e ao mesmo tempo, pode nos trazer de volta à terra, aos limites, sem que precisemos atolar na negatividade da crítica! 
  Se o amor é divino... apaixonar-se é fundamental ! ...mas como é chama, não pode arder eternamente! ora, então seria bom que aprendêssemos( todos os casais), a nos reapaixonar, reacender a chama! (quando possível)
   E a amizade, sem sombra de dúvidas agora percebo, seria o melhor sentimento a ser trazido para o relacionamento e preservado entre um casal, porque este sentimento permite o divino e o real, permite aceitar o outro como ele é mesmo que nos mostre suas falhas, nos traz um bem estar que se traduz em um sorriso que não conseguimos impedir que brote espontâneo no rosto, e ainda pode conter momentos de amor e paixão. A amizade acolhe mais docemente o que o outro é...ou será que é a bondade, que faz isto? Já não sei!! Kkk..................
    Conheço uma jovem mulher que me disse outro dia, que chegou a se questionar quando percebeu que todos viam a ela e ao marido, como grandes amigos,mais até do que marido e mulher. Pois, penso que felizes os casais que tem na amizade seu maior ponto de apoio! Tomara que tenham consciência da benção que tem nas mãos! 

Texto e foto : Vera Alvarenga

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