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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Alguns sonhos são assim...

Alguns sonhos a gente sonha sozinho.
Como o abraço que braços estendidos não conseguiram alcançar, como o grito no deserto que não teve eco, como linhas paralelas que nunca puderam se encontrar.
Às vezes são sonhos tão bons que a gente deixa ali, ou são eles que ficam colados no peito, como o reflexo no lago... uma imagem mais bonita de nós mesmos que um dia quisemos resgatar.
   Porque então, teria sido possível um recomeço de uma vida onde liberdade seria poder amar e ser o que se quer ser, sem motivo para desconfiar. Como poder dançar sobre o fogo sem se queimar, quando aquele que nos ateia fogo é o que também renasce de cinzas.
 
No início dói como ferida que demora cicatrizar. Com um certo heroísmo despretensioso, não nos deixamos anestesiar.

Depois de um tempo a gente deixa vir à tona, como lembrança nostálgica de uma bonita visão numa manhã azul de verão...

Foto e texto: Vera Alvarenga

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Reflexos.

Por um breve instante ela teve uma visão do todo. E era belo o que viu. Viu o que eles eram - um só, naquela imagem ! Mesmo apesar das contradições, formavam um ser único em suas semelhanças e nelas se tocavam. Ele, estava em cima, concreto, com peso e embora cansado, vivo. Ela, em baixo, e apesar disto, mais etérea, leve, embora também cansada, viva. Ele, mais denso e firme. Ela, transparente a ponto de mostrar que sua sensibilidade podia faze-la tremer. Nos dois, a mesma determinação. Na brandura da alma, a mesma canção. No coração o mesmo desejo. Quando ela olhava para ele, via o céu, portanto, ele era um ser alado, e nele, ela reconhecia o que era divino. Quando ele olhava para ela... o que veria? Talvez mergulhasse nas profundezas da alma, em busca também do que poderia ser divino. Será mesmo que ele a via?

Ou iludia-se com a imagem e pensava tratar-se de si mesmo ?
Alguns disseram a ela que se tratava de um tipo de ilusão,como ocorre na paixão, apenas um reflexo. Ela não se importou. Ela sabia o que era para saber.
Mas um dia, tempo e natureza interferiram. E romperam o que em promessa, era uma doce visão que poderia ser talvez eternizada pelo pintor, pelos poetas ou por uma contadora de histórias. Separaram-se os que antes se tocavam e ao fazerem, pareciam um só. Um dia, a ventania trouxe folhas, galhos e o barro do barranco, e estas coisas turvaram a água, e o vento, e a chuva fina continuaram por dias fazendo ondas no lago. E não parou mais de chover. Então ela viu que não eram um. E ele viu que não era aquela imagem. O que era inteiro aos olhos dela, se dividiu. Os que olhassem naquela direção, jamais saberiam da imagem que ela viu, embora ela a guardasse em sua memória e no coração. Nenhuma fotógrafa jamais poderia mostrar ao mundo o quanto eram belos, juntos. Ao olhar para o céu, ela sempre se lembraria de tê-lo visto lá, portanto lembraria de suas asas. Como era etérea em seu pensamento, e livre, e leve, enquanto quisesse, levaria consigo a beleza daquela imagem e o seu simbolismo.
E ele, do que se lembraria ele?
Texto e foto do Cisne: Vera Alvarenga
Foto Castelo del Angelo- Itália retirada de um email recebido sem nomear o fotógrafo.


    

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

- "Reflexões sôbre um olhar ao espelho"...


  Cada um de nós, em criança, desenvolveu seu caráter e respostas à vida, de acordo com o ambiente e circunstâncias;a forma como absorvemos nossas experiências, depende do que temos como características específicas e mais essenciais.
     Não fui criança mimada, mas era feliz. Tenho como forte característica a sensibilidade e talvez tenha aprendido, por diferentes motivos que, ter uma pessoa para amar (o meu homem/companheiro) e merecer o seu amor, era o que dava significado à minha existência. Filhas de pais separados, podem aprender com o exemplo da mãe, diferentes valores, dependendo de sua sensibilidade. Para uma, talvez fique clara a idéia de que, para ser feliz e sobreviver, a mulher precisa ser independente e de certa forma, desapegada. Para outra, que viu a infelicidade e amargura permeando tudo o que a mãe tentava fazer, embora com seu nobre esforço de afirmar-se como independente e auto suficiente, talvez somado às características específicas da qual falei, a independência não conseguiu convencer como característica a trazer felicidade. Aprendi, não com palavras ou com o esforço, mas com o que vi, que sem amor, nada importa.
     Não me importa mais, a esta altura, julgar ou saber todos os por quês, para que eu possa me transformar em uma nova pessoa; mesmo sem isto, tenho me transformado(como minha escultura Fênix), e às vezes, apesar de minha veia dramática achar que morro, me reencontro no dia seguinte, ainda ali.
     Eu tentava fazer desta frase, a minha crença particular:
- “Não importa o que pensem, sei o que sou( como sou forte e resistente) e nada abala minha capacidade de amar a vida e as pessoas às quais sou ligada.”
     Eu e minha irmã,diferentes em tantas coisas, percebemos recentemente,que temos algo em comum : ambas estamos cansadas de tanto produzir! Como se não tivéssemos valia, se não produzirmos algo de valor ( ela, em suas atividades fora de casa,eu, no meu trabalho em casa,e na casa, no computador ou nas artes), mas não só neste campo, e sim, também no que dizia respeito às pessoas ou familiares – estávamos sempre tentando agradar outros, e nos sobrecarregando,muitas vezes, dificilmente pedindo ajuda para nós mesmas.Moramos em cidades distantes, cada uma com sua vida, ambas “mulheres de fibra!” ( como dizia nossa avó, e que nos foi dada como exemplo), e como tantas, acostumadas a “se virar por si”. Ela, menos sozinha que eu, porque trabalha “fora”,fez amigos e os conserva, além de que, recebeu mais elogios por ter escolhido uma profissão, ao invés, de como eu, ter abandonado a sua. Contudo, como muitas pessoas, na nossa faixa de idade, nos sentimos cansadas e sem saber como diminuir a produção por algum tempo, sem nos sentirmos desvalorizadas. Até financeiramente, isto é impossível, mas é no campo pessoal que “pega mais”.
     Voltando a falar de mim, “fazer por merecer” um amor, achar que a gente tem sempre que se superar, ser o melhor, é um desafio interessante, mas, se for constante, consome muita energia, embora nos faça feliz por algum tempo ( e aos que estão ao nosso redor,claro, pois tem o melhor que a gente pode e fica feliz em dar).
     Mas, um belo dia você descobre que está totalmente sem energia, principalmente se não conseguiu se recarregar porque seu/sua  companheiro/a  de vida, esqueceu por um bom tempo, de retribuir ( o que proporcionaria certo equilíbrio).
     Então, acostumada que estava a “fazer por merecer”, mas cansada e sem forças para esta ação, você olha para si mesma e se desespera pensando:
     - “Meu Deus, não sou nada!” Mas, o que a gente sente, de verdade, é : “ Não mereço amor!”
     E a gente se encolhe, e por medo se afasta de quem talvez ainda pudesse nos amar, porque esta crença parece maior do que tudo, e a gente está perdida, porque não encontra mais dentro de si, aquilo tudo que nos apoiava....Acredito que isto pode acontecer com homens também.
     Quando a gente se olha assim, não vê nenhuma imagem refletida no espelho, porque a gente se perdeu de si mesma/o! 
     É preciso urgentemente parar! Não podemos arrastar este sentimento, que nos leva à depressão! É imprescindível nos dar um tempo para reencontrar nossa imagem.... para podermos resgatá-la, olhando-a com amor.
texto: Vera Alvarenga
foto: Espelho Mosaico de Vera Alvarenga
     

domingo, 17 de janeiro de 2010

- " No Espelho..."


Ela se olhou ao espelho...
um dia como outro qualquer,mas ela se sentia um pouco cansada!                                                          Trinta anos, agora. Já não era uma menina !
Seus 3 filhos brincavam lá fora.Tantas coisas tinha ainda, para fazer !
Ela se olhou mais uma vez e disse para si mesma :

                 
" Ao te ver assim, no espelho, tão diferente do que sou,
fico perplexa e até desejo desferir-te um golpe mortal,
cuja dor seja tamanha, que possa arrancar-te, de vez, de minhas entranhas.

Menina tola, doce inocente, que teima em viver em mim!
Seria, penso, mais decente, livrar-te desta agonia lenta,
já que tentas sobreviver e não percebes que o tempo te mata aos poucos.

E como os loucos, neste momento
 em que a morte está em meu poder,
sinto divididos o coração e a mente,
que de repente,ficam entre nós duas
 - se sou a mulher, deste lado do espelho,
vejo e ainda amo a menina que fui um dia.
Novamente desisto e me acovardo,
poupo-te a vida, querida, não te livro do fardo,
e talvez por amor, perpetuo em mim, tua agonia." 

autora :Vera Alvarenga.
imagem: foto meu espelho em mosaico

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