quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Reflexos.

Por um breve instante ela teve uma visão do todo. E era belo o que viu. Viu o que eles eram - um só, naquela imagem ! Mesmo apesar das contradições, formavam um ser único em suas semelhanças e nelas se tocavam. Ele, estava em cima, concreto, com peso e embora cansado, vivo. Ela, em baixo, e apesar disto, mais etérea, leve, embora também cansada, viva. Ele, mais denso e firme. Ela, transparente a ponto de mostrar que sua sensibilidade podia faze-la tremer. Nos dois, a mesma determinação. Na brandura da alma, a mesma canção. No coração o mesmo desejo. Quando ela olhava para ele, via o céu, portanto, ele era um ser alado, e nele, ela reconhecia o que era divino. Quando ele olhava para ela... o que veria? Talvez mergulhasse nas profundezas da alma, em busca também do que poderia ser divino. Será mesmo que ele a via?

Ou iludia-se com a imagem e pensava tratar-se de si mesmo ?
Alguns disseram a ela que se tratava de um tipo de ilusão,como ocorre na paixão, apenas um reflexo. Ela não se importou. Ela sabia o que era para saber.
Mas um dia, tempo e natureza interferiram. E romperam o que em promessa, era uma doce visão que poderia ser talvez eternizada pelo pintor, pelos poetas ou por uma contadora de histórias. Separaram-se os que antes se tocavam e ao fazerem, pareciam um só. Um dia, a ventania trouxe folhas, galhos e o barro do barranco, e estas coisas turvaram a água, e o vento, e a chuva fina continuaram por dias fazendo ondas no lago. E não parou mais de chover. Então ela viu que não eram um. E ele viu que não era aquela imagem. O que era inteiro aos olhos dela, se dividiu. Os que olhassem naquela direção, jamais saberiam da imagem que ela viu, embora ela a guardasse em sua memória e no coração. Nenhuma fotógrafa jamais poderia mostrar ao mundo o quanto eram belos, juntos. Ao olhar para o céu, ela sempre se lembraria de tê-lo visto lá, portanto lembraria de suas asas. Como era etérea em seu pensamento, e livre, e leve, enquanto quisesse, levaria consigo a beleza daquela imagem e o seu simbolismo.
E ele, do que se lembraria ele?
Texto e foto do Cisne: Vera Alvarenga
Foto Castelo del Angelo- Itália retirada de um email recebido sem nomear o fotógrafo.


    

4 comentários:

  1. Oi Amiga! Saudades de vir até aqui...
    ainda me pergunto, onde fica a imagem que tivemos um dia? vale à pena guardá-la? n seria mais inteligente desfazer dela para sempre? o q houve de fato? o q era projeção? o q só existiu dentro de nós? o q aconteceu?
    bjos

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    1. Oi Marcela! Saudades também.
      Verdade, estas são perguntas que fazemos. Para mim, uma das respostas será sempre a mesma: Se você imaginou algo bom, bonito, importante, é porque havia isto lá,naquele momento, de qualquer modo, nem que tenha sido em seu coração...rs....e o mundo também é aquilo que a gente crê, não só o que acontece. Neste mundo em que tudo pode ser apenas aparência, nunca vamos saber com exatidão como as coisas acontecem. Vale acreditarmos que, o que sentíamos era (pelo menos em parte), verdadeiro.
      Beijos.
      Vera.

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  2. Vera, eu adoro cisnes. Uma vez passeando de ferry boat num lago alemão, eu vi D. Cisne com seus filhotinhos. Foi apaixonante! Parece que no palácio da Rainha da Inglaterra tem centenas! Eu ia correr atras deles e a segurança atras de mim! kkkkkk

    BEIJOS

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    1. Ahahaha... e voce sabe onde eu estaria? Correndo atrás de vocês e tirando fotos..clic..clic... kkk.....
      Beijos e boa noite!

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