sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Humano Amor de Deus-para Cacau

Estou tentando há mais de 1 hora postar um lindo vídeo para Cacau, pra lembrá-la de que, apesar de tudo, ela não está sozinha e Deus a ama. Tomara que agora eu consiga!

sábado, 8 de janeiro de 2011

" Entre o desejo e o prazer..."

  O amor que oferecemos, se correspondido, permite que cada um possa desvendar-se, livres para experimentar o que podem ser e o que sentem, levando em consideração a 3ª pessoa formada pelo encontro = de nós.Isto proporciona alegria, segurança e tranquilidade e por isto, apesar da liberdade, faz com que um deseje estar mais tempo com o outro. Faz falta!
   Refletindo sôbre estas questões fundamentais da vida,li um texto que gostei tanto, que pela primeira vez, vou colocar partes aqui ( entre "aspas")...
    Ele diz que Deus nos criou livres para descobrirmos e vivenciarmos nossas potencialidades ( o bom e divino em nós) e que há pessoas que nos ajudam nesta descoberta, e através de seu amor,nos mostram outra realidade diferente às vezes, daquela que estava nos limitando. "É a forma como Deus nos ama através do outro que, nos promove!"
   Eu não havia pensado nisto! E concordo plenamente que, "quanto maior é o bem com que o outro me toca, maior também será o desejo que tenho de estar com ele", pois ele me faz sentir bem por  desvendar o mistério que sou, junto comigo. E isto não é egoísmo! (uma vez que o destino de cada ser humano é a realização do melhor que ele pode ser, sendo ele mesmo). Quando nos sentimos amados, nos transformamos para melhor, usamos nosso potencial e naturalmente podemos nos orgulhar do que sentimos pelo outro e oferecemos a ele. Junto com o outro nos sentimos mais fortes e melhor, mas não porque o outro tenha tentado destruir nossa individualidade, por egoísmo ou insegurança. Ambos fazemos concessões.
    Somos movidos por desejos e prazeres. Quando reconhecemos um amor que realmente nos faz  sentir bem e ter esperanças quanto ao que ainda temos para experimentar dos nossos sentimentos, queremos preservá-lo. É a força do desejo que manterá este amor(mesmo que não possamos compreender - é o melhor de nós,tentando se realizar).
    A busca apenas pelo próprio prazer nos cega em relação à dignidade do outro. O prazer, quando satisfeito, nos afasta porque queremos nos manter solitários, não sobra muito do encontro que realizamos! O desejo, ao contrário, pode nos levar a outros desejos focados na mesma pessoa, que vão se complementando num constante conquistar e se desvendar mutuamente.
    Se o relacionamento foi focado mais no prazer egoístico, o outro não aceita que não possamos satisfazê-lo em tudo, não aceita nossa imperfeição(carências!), e por isto critica exageradamente. Se eu gosto de você, sei que você precisa de mim, tanto quanto preciso de você, recebo e dou, e tudo se equilibra.Não transformei o outro num objeto do meu prazer!
     Já o desejo é uma motivação mais profunda, que aceita o real, o sacrifício e o desafio...só não pode aceitar o egoísmo, no qual uma pessoa não quer o encontro verdadeiro e se isola(não está a fim de dar de si)!
    Ao longo da historia o "desejo" foi associado ao "pecado". A Filosofia o associou à imperfeição pois "só deseja aquele que carece", portanto é imperfeito. O Budismo o aponta como obstáculo à realização humana.  
   O autor do texto retoma o contexto do desejo como algo que não se opõe nem à felicidade,nem à construção do outro como pessoa. Concordo com ele. Sinto que o desejo de estarmos com o outro nos salva, nos resgata, como a arte e o amor, e nos eleva para a realização. Assim, é ele que nos inspira, "nos mantém na estrada, mesmo quando nos deparamos com realidades adversas". O outro não transforma nossa vida num conto de fadas, mas traz alegria e tranquilidade para que possamos vivê-la da melhor maneira- e o desejamos ao nosso lado.
    " O que nos faz querer estar ao lado de alguém" é o desejo, "combustível da vida", que nos dá a sensação de estarmos cada vez mais vivos. Existem desejos temporários e há o que mantém o foco - " o outro mudou, foi transformado pela vida,mas continua sendo o foco do meu desejo".Sua permanência está ligada à preservação do mistério - " que não significa guardar segredos, mas manter a reverência que não permite a banalização"! O que foi focado no prazer não nasceu para ser definitivo; se durou longo tempo é porque um deles talvez se motivasse pelo desejo. O desejo é mais profundo,precisa de tempo para ser despertado e vivido,mas alimenta por mais tempo porque tem consistência, cria permanência porque acalma, e movimenta para novas buscas não porque estou descontente ( porque me devolve a confiança em mim),mas não desorienta.
    Claro que seria bom ter os dois juntos! O que foi focado só no prazer acaba, ou existe só para satisfazer este impulso rápido, enquanto uma das pessoas não se conscientiza disto - o relacionamento se transforma  em algo que possui em si uma "ausência", que não satisfaz. É como uma relação sexual que nunca encontra o climax, não se completa na paz. "O desejo nos faz respeitar a sacralidade do outro - é feito de vagarezas" - é assim como ter de caminhar muitos quilômetros, enfrentar uma viagem dura, mas por estarmos certos de que há um lugar que vale a pena chegar, onde o outro estará, onde nos encontraremos, o cansaço será vencido cada vez que nosso desejo for relembrado. É bom quando conseguimos criar e preservar este "lugar sagrado" onde nos encontramos com o outro, foco de nosso desejo, aquele que eu reverencio, por quem sinto mais desejo de estar vivo, para quem sinto desejo de voltar, de ser melhor e em quem posso repousar,sabendo que desta relação, ambos poderemos vivenciar e solidificar nossos melhores sentimentos.
    Quantas vezes me surpreendo a desejar estar com o outro ? Quanto é o bem que ele me traz e o meu desejo retribuir?

Texto e foto: Vera Alvarenga (Texto baseado no do Padre Fábio Melo)
Texto entre " aspas" : Padre Fábio Melo.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

" A arte é luz que resgata..."

Hoje,relembrando descobri,
que das vezes que senti medo
e achei que quase me perdi,
em todas eu reagia,
me debatia,reclamava,
me conhecia, me reencontrava,
e estancava naquele degrau,
apoiada por minha teimosia
providencial.
E ali ficava, criando algo belo
e esperava...
até a tempestade passar.
Foi a arte que me resgatou
quando eu não podia te amar!
Foi o trabalho honrado,
foi o sorriso tantas vezes dado
junto com os meus meninos!
Foi o modo de não prostituir
minhas crenças, de não me sabotar!
                                                            
Então, até quando me senti                    
vazia e sem sentido,
não foi porque tivesse me perdido!
Pois ainda me vejo aqui,
e em mim, em tudo me reconheço.
Ah, mas você me roubou algum tempo
que me pertencia,
e muitas vezes calou a alegria e o canto,
no instante que já quase brotavam,em mim.
Mas, o dom de poder criar,
era a luz que me resgatava,
me elevava a outro patamar,
só hoje compreendo.
Eu ainda estava ali,
só não sabia!
O que me apavorava era
a ausência de luz do amor
que naquele momento,não podia sentir
por quem não olhava pra mim.
Mesmo assim, eu ainda era eu.
Começo a perceber que não me perdi...
O tempo? inexoravelmente passou,
e foi o teu rosto, que em algum canto
do meu coração se perdeu....

Fotos e Poesia : Vera Alvarenga

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

"Tudo é como uma lenta bola de neve..."

PARTE II _  de (A importância de nossos limites)...
      Seja por insegurança devido a uma infância difícil ou por não saber lidar com seus sentimentos, seja por medo de perder o amor do outro, ciúmes ou egoísmo em  diferentes graus, penso que aquele que sabe exercer poder sobre o outro, porque este depende dele emocional ou financeiramente, deveria ter consciência de sua responsabilidade. É preciso que seja honesto com seus sentimentos, pois se for pesado a ele esta dependência, deve deixar livre e dar condições a sua mulher, de recomeçar sua vida, enquanto é tempo. Deste modo seria livre, não manteria a situação de dependência, nem cobraria direitos sobre sua parceira.  Quem ama e quer o outro a seu lado, deveria querer contribuir para vê-lo também feliz!
     Falamos de um mundo mais justo! Desde que não precisemos pensar e ouvir os que se sentem prejudicados, e possamos fazer de conta que são sempre aqueles que gostam de se vitimizar  a si mesmos! Isto é tão falso e perigoso, quanto seria aquele vizinho conhecido que, vendo na rua a adolescente sozinha (poderia ser a filha de quem me lê!), a chama para pedir-lhe ajuda  com a intenção de abusar dela, e sabe que a sociedade poderá culpá-la por ter se deixado vitimizar! Ele pode achar que a ingenuidade está aí para que se tire vantagem dela. 
     Quando olhamos para uma mulher que na maturidade olha com olhos mais experientes seu passado para compreender o presente, e vê com indignação,que foi abusada em sua ingenuidade(seja pelo marido ou por seu superior hierárquico no trabalho), tendemos a não crer nisto. Com certeza, ela mesma se espantará, ao olhar-se ao espelho, contudo, devemos lembrar que isto se deu quando ela era mais jovem, e foi crescendo lenta como uma bola de neve que apenas rola pelo vento e que foi crescendo enquanto ela se sentia diminuir. Talvez ela não tivesse tempo para parar e analisar sua vida,em meio a tarefas das quais dependiam outras pessoas e crianças. Talvez, nem na maturidade ela saiba o que fazer para se proteger da excessiva confiança ou ainda pense que a vida deva ser vivida com coragem e peito aberto. 
     É claro que há diferentes graus deste abuso, e homens que não são assim maus, apenas vem de lar e infância instáveis, o que lhes acarretou este olhar desconfiado e um tanto agressivo para com o mundo. Nós todos estamos constantemente aprendendo a nos conhecer e a superar limites possíveis. O problema é quando o homem se habitua com uma resposta para a vida e continua a usá-la com sua parceira,mesmo quando não se faz  necessário porque esta mulher confia e se entrega ao que acredita ser o amor, e quando criança não teve  necessidade de criar para si mesma, as couraças que ele teve de criar para sobreviver. Nunca representou um perigo,nem é páreo para ele!
      Após o período em que o casal batalhou junto e venceu as dificuldades, se  ela  continuar sobrecarregada com tarefas a que se dispôs para enfrentar a crise e não puder contar com pequenos prazeres e apoio que o outro tem, ou com sua companhia para juntos buscarem estes prazeres, isto minará sua capacidade de reação, sua energia, enquanto ao mesmo tempo, o outro se recupera sozinho e se fortalece. Isto se agrava quando a mulher não se relaciona com outros adultos porque trabalha em casa, por exemplo. Então, sente-se cada vez mais desvalorizada. Continuará a esforçar-se por longo tempo, para continuar a vencer obstáculos e o próprio descontentamento, por não ter mais a companhia do outro, que se distancia, por ter se colocado num patamar “superior” ou à parte. Talvez um dia não mais acredite em seu próprio valor. É como uma bola de neve...Sua fragilidade aumenta, o que a faz retrair-se e mais tarde, quando tiver oportunidade, talvez sinta-se despreparada e tenha real medo de enfrentar o mundo por não se sentir capacitada para isto e, por ser responsável pelo bem dos filhos, quando os tiver ainda dependentes dela.
     Fatalmente a mulher sentirá que aquelas suas características essenciais antes desejadas na relação, agora marcam mais e mais sua vulnerabilidade. Muitas vezes não percebe que sentir-se  desencorajada, se deve não a uma fraqueza sua, mas a não ter tido as mesmas chances de recuperação e valorização que o outro teve e, muitas vezes, por não ter outros relacionamentos importantes. Acaba culpando-se e tenta agradar mais para recuperar seu lugar ao lado do outro. Luta pelo amor e igualdade que acredita, e não para acomodar-se na situação de dependente! Seu erro é acreditar que o erro... é apenas dela!
     Acaba se esquecendo do que gostava, ou quem sabe nem tenha tido tempo de descobrir, se casou-se muito jovem e esteve anos ocupada a dedicar seu tempo a causa comum - família! Sua auto-estima sofre porque não consegue elevar-se aos padrões que lhe são exigidos pelo outro ou por si mesma, não tem apoio para respeitar seus limites, e para complicar, sente grande culpa por não compreender como não consegue mais ser feliz ao lado daquele, a quem tanto e sempre amou.
     Quando recupera forças e consciência, através de algo externo que lhe faz ver sua situação real, ou a faz acreditar que mereceria mais do que recebe em nome do amor, reage, exige o direito à igualdade, pede o reconhecimento do outro. Se o outro a reconhece, aproveita a chance para juntos reconstruírem... os dois crescem e o relacionamento frutifica.
     Se, ao contrário, o outro não quer abandonar sua posição individualista, com desrespeito irá culpá-la por estar “cobrando receber por tudo que ela deveria ter dado por amor e desinteressadamente!”  Talvez ela tenha dado amor desinteressadamente, e se adaptado a realidade a cada passo da vida, de peito aberto com sinceridade e movida pela fé, até o dia em que o tempo lhe branqueou os cabelos e ela finalmente olhou para si e para o passado, e deixou-se vencer pelo cansaço. A grande decepção não se dá por “coisas” que tenha perdido, mas porque a atitude que ela perdoara e era para ser provisória ,tornou-se permanente. O que é permanente, sequestra a esperança! À decepção se junta o reconhecimento dos próprios limites...não é mais culpa dele, é ela mesma que não quer mais isto para si! Contudo, tudo aconteceu tão lentamente como uma bola de neve que vai rolando apenas pelo vento e gelando aos poucos. Nem sempre o momento de romper, e as condições se apresentam ao mesmo tempo! Ela pode desistir de parte de si, neste ponto, e nunca mais recuperará a si mesma. Antes ela primeiro se rebelou, depois tentou perdoar para então decepcionar-se consigo mesma pois viu que não era capaz de fazê-lo total e sinceramente, a menos que conseguisse se afastar do que a magoa, a menos que conseguisse ser feliz novamente... e então..... passa a sonhar!
       Neste ponto, esta mulher sabe que, ao contrário do que muitos falam, não é a “mulherzinha dona de casa” que se acomoda no papel cômodo de “boazinha”.Definitivamente nunca foi a que vivia num mundo encantado a sonhar com um príncipe! Não! Vivia dentro da  realidade, não tinha oportunidade de sair dela , ou de “enfeitar-se” (como as que trabalham fora) , mas encarava a realidade com heroísmo,bom humor e dignidade..
      Neste momento, esta mulher sabe de todas as suas falhas, e vê novas qualidades. Olha com carinho para a jovem mulher que foi um dia e sente pena . Perdoa-se e perdoa o outro, mas não totalmente, pois já sabe que não é perfeita. Reage. Deseja mais. Sabe que, se falar disto para alguém, algumas pessoas podem pensar que ela gosta de se fazer de vítima, porque está sentindo pena de si! Então ela vê sua ternura e compaixão como duas características que, sendo suas, terão que ser direcionadas para outra pessoa, usadas de outra forma, ou voltarão a ser consideradas, como uma fraqueza. E ela não quer suportar isto novamente, mas está cansada e nada busca a não ser a tranqüilidade. Quer viver em paz, sem precisar amputar-se do que é. No fundo de sua alma ainda sonhava ser feliz.
     E neste momento, quando já desiste e parece afundar na tristeza de chegar a este ponto do arco-íris sem o seu tesouro, exatamente quando a realidade de sua vida foi tanta que a fez cair, quando ela pensa que não voltará a viver em seu coração a verdade do sentimento que preenchia sua vida, quando ela se rendeu ao tempo que já tem tantos dias que não pode mais contar, quando ela finalmente desiste até de si mesma.... alguém pode aparecer em sua vida.... alquém que a trate como ela nem sonhava, que veja nela as possibilidades, alguém que precisa dela e a toca de diferentes modos... então, esta mulher pode apaixonar-se  com tanta sinceridade quanto era sincero o seu desejo de sentir amor novamente e poder confiar em alguém!  E, finalmente, como para não decepcionar o que agora parece uma profecia.... ela sorri e reconhece:
     - "Agora sim, talvez seja absurdamente verdadeiro! Finalmente, pela primeira vez, estou a sonhar com um príncipe, que só pode ser encantado....e que mesmo em sonho, me parece tão real. E sinto falta dele."
     Mais uma vez ela sorri.... e imagina estar ao lado dele,e só assim o sol derrete a neve... e ao lado dele testemunha seu sorriso quando a outros ele provoca para ver-lhes a reação, mas para ela não esconde o que sente... e se olham cúmplices, compreendendo o que é prioridade, afastando de si os gestos e palavras fáceis e vazias apenas para seduzir vaidades...e ambos tranquilamente seguem para reconstruir suas vidas, dívidas pagas, missão cumprida, perdões pedidos e concedidos... de mãos dadas seguiriam em busca de ver o que mais ninguém vê, em qualquer canto do Brasil ou do mundo, no quarto, no sofá comendo arroz doce, na praça bebendo cerveja alemã, sorririam benevolentes, de toda a realidade desta vida onde as pessoas ficam anos e anos se debatendo, porque ainda não aprenderam a reconhecer que é o amor aquilo de que mais precisam... não aprenderam a se amar e se comprometer com o amor verdadeiro, enquanto a vida lhes pertence e é possível construí-la a cada dia que ainda nos cabe viver.
     Mas, isto é apenas um sonho, que ela acalenta... só para não desistir ! 
      Foto e texto: Vera Alvarenga

sábado, 1 de janeiro de 2011

" Seremos tão tolos assim?"

Até onde podemos ir por amor? Quais nossos limites?

A importância dos nossos limites!" (Parte I)
  Pensando sobre a dificuldade de impor limites, li um texto importante que me fez refletir e colocou alguma luz para que entendesse melhor, a respeito de como somos levados por circunstâncias financeiras, pelo amor e até por nossos idealismos espiritualistas, a deixar o que somos de lado, por muito tempo. E a compreender o papel dos sonhos e apaixonamentos em nossa vida, como algo que, por vezes nos salva do esquecimento total do que ainda somos.
      Quando sabemos o que somos, e o que não somos,conhecemos nossos limites.Isto completa o que nos descreve, o que gostamos, o que nos faz bem, o que permite que sejamos felizes e nos sintamos seguros, as coisas e pessoas das quais queremos nos aproximar. Todas estas coisas fazem parte de um conjunto de “significados” que delimitam nosso espaço de segurança. Eu, sei facilmente o que “não sou” e não gosto, mas tinha dificuldade para ver os limites que tenho, como algo que teria de aceitar, pois fazem parte de mim, e que eu só deveria transpor no meu ritmo e quando estivesse pronta, sem atropelar a mim mesma.
     Se, por exemplo, sei que sou sensível e criativa, será mais fácil desenvolver e explorar minhas possibilidades,usando estas características nos artesanatos, música, fotografia, para escrever poesias, embelezar ambientes, criar filhos e educá-los, e no convívio com as pessoas. Certamente poderei influenciar positivamente na vida dos que me rodeiam, enquanto puder viver com os limites do que sou.Não me fará bem tomar muito sol e expor-me a muito barulho, brigas, permanentes discussões, agressividade. Se, além disto sou compassiva,  e dependendo do grau, talvez não seja indicado trabalhar em hospitais, com pessoas doentes ou pelas quais eu possa sentir compaixão, pois ao invés de ajudá-las a lidar com seus problemas apenas, talvez  me sobrecarregue se não souber preservar meus próprios limites. Experimentar e depois respeitar meus limites será sempre algo fundamental para o bem estar.
     Minhas características essenciais podem ser incentivadas, ou não, fazem parte das minhas digitais, me acompanharão para onde for, mas se forem negadas por outro, a quem eu respeito mais do que a mim mesma, seja pelo motivo que for, fico impossibilitada de desenvolver minhas potencialidades e sinto falta disto. Sentimos falta de viver podendo vivenciar os valores e crenças que temos. Se isto ocorrer por muito tempo, posso até esquecer parte do que sou! Pode ser por um período longo, mas será suportável se, meu companheiro de vida estiver, em nome do mesmo objetivo comum, tentando como eu, suportar algumas e vencer outras dificuldades que a vida apresenta. Por amor e somado a um caráter menos belicoso, podemos suportar qualquer dificuldade, desde que tenhamos fé e acreditemos não estar sozinhos nesta luta comum para enfrentar a vida e superar alguns limites ( não todos, porque estaríamos negando o que somos e nos convencendo de que seríamos melhores se fôssemos uma outra pessoa,com características diferentes do que as que são nossas. Se sou uma boa melancia, não preciso ser abóbora! E tomara que meu companheiro veja a coisa assim!).
    Quando casamos, somos duas individualidades a desejar caminhar “juntas”, lado a lado, enfrentando o que vier pela frente, com apoio mútuo. Contudo, terminadas as dificuldades, vencidas as batalhas por ambos, aquele que se caracterizava por ser o mais dominador na relação, deveria ter o bom senso de dividir com o outro o prazer que esta liberdade de ação pode trazer. Muitas vezes porém, ocorre o contrário ou ainda pior, quando este, pouco a pouco, sutilmente, foi deixando de proporcionar ao outro as oportunidades, que para si aproveita,ou negando-as, contando muitas vezes, exatamente com a sensibilidade e docilidade do que tinha estas características inicialmente.Quando, por egoísmo ou prepotência, deixa de dividir com o outro os direitos e passa a decidir tudo sem levar o primeiro em consideração, manipulando-o, negando-lhe o direito a igualdade, está manipulando a situação para preservar sua superioridade sobre o outro, de alguma forma. Aí estará surgindo uma vítima, e uma relação de dependência que não mais se justifica.
     Somos sempre nós que devemos impor os limites do respeito, como se repete modernamente? Toda culpa recai sobre a pessoa que é abusada, de alguma forma?(seja o “homem”, ou a “mulher” em se tratando de um casal). Mesmo alguns homens de ação podem ser “usados” ou “manipulados” . Seremos tão tolos assim que gostamos de nos tornar vítimas? Ou vamos nos enredando nesta triste condição aos poucos, levados por alguma característica natural nossa, e que o outro conhece, e usa para ter controle?
     Quando alguém grita ou protesta em voz tímida sua decepção quando teme ter percebido que foi manipulado, creio que é perigoso esta mania de apenas dizer:
     -" Acorda! Deixa de se fazer de vítima!”
     Claro que há variações em que estas coisas acontecem, e cabe a cada um no relacionamento, medir a proporção de sua parcela de responsabilidade.
     Penso que estaremos sendo um pouco algozes também, se colocarmos todos os que tiveram parte de sua chance de desenvolvimento impedida pela vida ou pelo outro, no mesmo balaio,rotulando todos igualmente de masoquistas, covardes, provocadores ou ignorantes, sem compreender o processo envolvido nesta questão. É o que fazem contra o povo quando vota em alguém em quem depositou sua total confiança e que depois se mostrou um governante que abusa do poder e tira do povo sua dignidade! E dizem:
    - " O povo tem o que merece!"
     Não podemos tirar dos ombros dos que abusam do seu poder ou negam ao outro viverem sua potencialidade e suas crenças, o quinhão de responsabilidade por sua atitude. Assim como a vítima vive com a consequência de sua ingenuidade, o outro precisa também compreender que um dia a "casa cai" e a moleza pode acabar! 

Foto e texto: Vera Alvarenga

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

"Quando o silêncio é de ouro!..."


Incrível como o silêncio é imprescindível! Não aquele de horas e horas de solidão, ou aquele em que não temos o que contar alegremente para o outro, mas o silêncio do "encontro" !
   Quando por 30' vamos meditar, ou fazer um Reiki,ou tirar aquele famoso cochilo que os homens tanto gostam, para o "encontro" com nossa tranquilidade interior e ficar mais centrados... Avisamos às pessoas:
" Vou meditar um pouquinho" e é o suficiente.
   Quando estamos escrevendo ou num processo criativo, precisamos do relativo silêncio para encontrar as idéias e palavras adequadas. Perdemos a inspiração se somos interrompidos pelo som alto da TV a repetir seguidamente e em tom sensacionalista, as notícias de crimes,mortes,acidentes.
  Quando estamos lendo, é o relativo silêncio que possibilitará a compreensão e o "encontro" com o autor, ou com a gente mesmo se queremos refletir. E quando principalmente trabalhamos em casa,precisamos algumas vezes do relativo e piedoso silêncio, quando por exemplo, em meio a tantas contas e números, precisamos ir ao "encontro" de um erro, uma diferença. E se alguém nos interrompe, neste momento, faz muita diferença a forma como a pessoa consegue ( ou não ) aceitar nosso pedido de ter uns minutos de paciência, para que possamos finalizar nosso trabalho de horas, de modo eficiente. Se a pessoa que nos interrompe, sente que precisa ter suas necessidades atendidas sempre prontamente e não tem paciência para esperar, exercendo pressão com outros barulhos, ou com insistência, nos sentimos agredidos. E se este comportamento se repete, quando a gente encontra um desafio inesperado pela frente no trabalho, e está com o tempo justo para terminar, por vezes acorre algo muito desagradável. A gente já fica tenso, quando a pessoa se aproxima, a mente fica bloqueada e sentimos desconforto com a presença da pessoa que assim nos pressiona, mesmo que quiséssemos evitar este sentimento. E, se a pessoa não se dá conta disto, é bem possível que, com o tempo nos sintamos violentados, de certa maneira. Este "desencontro" é uma pena e poderia ser evitado!
   Quando a gente trabalha em casa, é claro que se sabe que é necessária a Tolerância de ambos! Nada é tão importante assim, que não possa ser interrompido, para recebermos com um sorriso o outro, que vem nos dizer que está com fome, ou pedir uma ajuda no computador. Ninguém deve fazer o outro,escravo de seus caprichos, seja o interrompendo desrespeitosamente, seja esquecendo-se dele! Sabemos que, aquele que estiver num "momento criativo", por exemplo, facilmente se esquecerá do tempo, da fome e do outro! Mas, é sempre o bom senso e, na minha opinião a amizade e o respeito que sinalizará os limites. O que interrompe deve vir manso e o que é interrompido, deveria estar disponível a ouví-lo, pois com amizade e respeito, o carinho virá junto com estas atitudes. Então, além de termos prazer com a presença do outro, teremos um "encontro" verdadeiro entre duas individualidades.
   Hoje eu estava no meu quintal à tardinha, lendo e percebi como estes momentos de silêncio tem me feito bem! Não ser interrompida abrupta e insistentemente é muito bom...nos permite uma atitude mais ponderada e tranquila. O contrário me deixa nervosa.
   Bem, e como eu, que gosto do silêncio posso estar a escrever tantas palavras?? hehehe..... é que escrever ocupa muito espaço, mas em compensação, deixo ao outro a liberdade para ler em tom manso, no volume que quiser, no seu ritmo e no momento mais oportuno. rs......................
  Não sei se é o "silencio que é de ouro" ou o mais importante é o respeito, amizade, tolerância e bom senso.
Acho que uma mistura de tudo seria o ideal, não acham?


Fotos e texto: Vera Alvarenga

domingo, 26 de dezembro de 2010

"Meu presente chegará atrasado...."

Final de ano. Por segundos, deixei rodar o filme do balanço anual,  e as cenas passaram rapidamente, como acontece quando faço retrospectos do passado.Observei apenas as sensações do saldo que ficou.
Sentimentos muito fortes e opostos estiveram presentes neste ano, mas isto não me surpreende. Aceito e sinto a vida com seus movimentos. A tentativa de adaptação ou de convivência com opostos que nem sempre se complementam da forma como gostaríamos, o sonhar com o que não temos, o tentar alcançar este sonho transformando-o em realidade palpável - é a nossa forma de participar desta dança, em que o destino está sendo construído conforme nossas crenças e modo de reagir, mesmo diante do imprevisto.
E neste movimento,este ano deparei-me com lições bem difíceis, alguma aprendi, outras não. Encarei uma mudança de cidade e residência. Diante disto, revi, me orgulhei de minha coragem e disposição para enfrentar o novo, com atitudes criativas e de fé. Dei de cara com as consequências por decidir considerar meus limites diante da realidade que estava inaceitável, tudo porque ainda me debato na luta por manter coerência entre palavras, gestos e sentimentos. Cometi pecado semelhante ao daquele que, tendo consciência do que está acontecendo e um vislumbre do que poderia ser, resolve "contestar" o que há anos está estabelecido.
     Sonhei, desejei e acreditei que seria possível transformar meu sonho gentil e amoroso, numa realização. A partir daí, o equilíbrio se perdeu, veio a culpa e a raiva, e seu peso depende geralmente de como conseguimos nos conformar com o que tínhamos, ou ainda do quanto cobramos de nós mesmas a perfeição de viver conforme a verdade. Sentir raiva foi ruim,mas me ensinou sôbre mim mesma!
   A despeito da minha crença de que ninguém é perfeito e tudo vale para manter a família unida, e ainda apesar de eu saber por experiência, que prefiro manter uma dança a dois para o ritmo da vida,tomei a decisão de uma nova caminhada sozinha a partir dali! Susto e loucura total, diante das circunstâncias precárias! Mas isto não ocorreu. Então, vivi como tantos, aquele momento em que afastamos qualquer ilusão para nos adaptar com sinceridade e nos esforçar para que tudo dê certo! Devo reconhecer que falhei desta vez, porque meu coração não estava mais lá, como antes.
   Quase sucumbi, em meio a uma imensa tristeza que parecia que ia me engolir, porque me assustava sobremaneira, como em poucas vezes na vida, não estar sendo coerente com minha capacidade de sentir amor.Neste mesmo instante uma incoerência maior! Quando tudo parecia morte, fui resgatada surpreendentemente pela vida - um desejo mil vezes mais poderoso do que tudo o mais, a descoberta da esperança de uma nova chance de viver o amor com mais responsabilidade, alegria,cumplicidade e respeito - apaixonei-me por esta idéia - o apaixonamento e o amor são o único poder superior à morte! E se eu estava meio morta, minha outra metade era desejo de amor e vida! Isto foi a coisa mais bela e forte que senti nos últimos anos, e já desisti da culpa ou de compreender racionalmente tudo o que motivou este encantamento. Apenas, agora convivo com isto.
   No último mes, estou vivendo a espera da sentença que decidirá sôbre tudo o que consegui manter de patrimônio material de uma vida de quase 39 anos! O próximo ano, me deixa ansiosa, mas não me assusta mais do que este que passou. Neste momento sinto que ainda sonho e abraçarei a oportunidade que tiver de ser feliz, pois o mal que já estiver estabelecido permanecerá independente de minha ação, mas o bem que puder ser construído por duas pessoas que decidem fazer isto com comprometimento, será abençoado. Será meu, isto aprendi, apenas o que for a mim oferecido, ou o que eu puder colher da árvore que plantei no quintal do meu coração. E o coração é livre,só pertence a seu dono.
   Então, neste último olhar que dou para o ano que termina, não posso dizer que estou feliz porque espero ainda a conclusão de 2 assuntos- o da minha casa, e o do meu amor. Contudo estou feliz por ter vivido intensamente e com intenção de ser fiel ao que acredito que pode me fazer levantar com dignidade, qualquer que seja o resultado. Se eu perder minha casa, ainda terei meu amor...se este não puder jamais se concretizar como o presente que pedi a Deus, ainda terei a capacidade de amar dentro do peito, a pulsar e que fluirá em pequenos gestos, durante o resto da minha vida.
  Agradeço ao meu marido, companheiro de 40 anos, pelo desejo de fazer dar certo, pois reconheço que também enfrentou com nobreza as últimas mudanças em si mesmo e em mim. Abraço, em pensamento as pessoas que me ofereceram pequenos gestos de amor,àquelas pessoas que me ensinaram algo e aquela que escolheu confiar em mim e compartilhar alguns sentimentos que estavam guardados em seu coração, que algumas vezes me disse que sou importante e faço parte de sua vida(sempre que esta pessoa precisar,estarei ao seu lado e torcendo por ela). Isto me proporcionou momentos de ternura, pelos quais serei grata, e que me fazem sorrir confiante de que ... no próximo ano, tudo será melhor e que, "se Deus permitir", terei algo belo para receber de presente...de Papai Noel ( ou do Papai do Céu).

Texto e foto: Vera Alvarenga

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