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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Ponderações de uma tartaruga...


 -Nunca mais venho aqui!
- Pronto, lá vem a mais emocional de nós...
- Por que não poderemos mais vir?
- Porque não consigo apenas vir, e sair como se tudo estivesse bem, sem nada deixar, mesmo nada tendo encontrado...
- E o que você queria deixar?
- Um abraço, carinho...
- E o que queria encontrar?
- O mesmo!
- E nada encontra?
- Nada...nem a presença... bem, às vezes sim, às vezes não...Bem podia ser só o abraço, então...
- Mas tens uma presença, aquela que sempre esteve lá ( quando queria estar - não ouso te dizer que não quero botar lenha na fogueira!)
- Eu sei. Agora sempre está lá. Nunca a desprezo a despeito de tarde ter percebido o quanto esteve ausente.
- E afinal, o que tu terias para dar, se mais vezes tivesse o que encontrar?
- Bem queria que pudesse ser tudo... tudo do melhor que eu pudesse...e o mesmo receber!
- Ah! Vejo que há sinceridade nesta tua conversa hoje!
- Mas observei que pontes são construídas com certa lentidão, pois há nelas um grande espaço que fica pendurado no ar, sem mesmo ter onde se apoiar, não é mesmo? A própria ponte, imagino eu, acima de tudo, precisa confiar e ter motivação. Ou simplesmente decide não chegar ao outro lado.
- Então se sabes disto, aprende a nada esperar e apenas vem a cada vez que tiveres vontade...ou saudade..Paciência...afinal, pensa bem! você que quer esconder de si mesma os sentimentos e os coloca em historietas, imagina então! Imagina que para alguns de nós, atravessar uma ponte é o mesmo que para... para... olha só aquele bichinho ali! Tá vendo?
- Sim. Uma lesma carregando um caracol em suas costas... e daí?
- E aquele outro ao lado dela?
- Taturana pendurada em vésperas de sua transformação.... e daí?
- Pois é. Alguns de nós estamos assim, numa situação ou noutra... ou ainda em tantas mais. Você mesma está dentro de seu casco e não quer mais sair!

- Não quero mais sair, verdade...Mas parte de mim envelhece, o tempo passa, parte de mim permanece e sofro de uma irremediável saudades, ao passo que fico feliz quando...
- Eu sei.
- A espera foi longa. Já não tenho mais tanto tempo quanto os elefantes.Afinal, na verdade tenho pouco do tanto que ousei desejar ter...A ousadia nos faz descobrir um mundo que por vezes permanece intocável, apenas paralelo.  Eu era antes tão mais paciente e cordata, não é mesmo?
- Apenas lembra que nossa vida não é feita somente dos teus momentos de diáfana felicidade, mas de todos os teus movimentos, mesmo que lentos, e acima de tudo, de tua insistência em crer na própria vida e no que há de bom nela, então...
- Tá. Voltamos amanhã. Quem sabe sairemos daqui com um sorriso na cara! e aquela tola alegria no coração. Vamos então, ouvir música e cuidar do que é nosso.
- Você não se emenda... é tanto terra quanto ar... e ainda me queima neste teu fogo que tua água não consegue totalmente apagar.
- Agora é você, velha rabugenta?! Pára de reclamar e vem... rs...

( como dizer tudo que se sente sem se reportar às fábulas? Como chutar o pau da barraca, se é ela que protege da chuva? e se minha natureza amorosa me faz amar cada palmo deste chão em que construí minha história? Terá sido a paciência e a confiança no outro uma benção ou uma prisão? minha convicção de que minha natureza sensível e amorosa permaneceria a mesma em qualquer tempo e lugar, e de que seria ela a motivação de minha vida, é ao mesmo tempo minha esperança e o que me aprisiona. E minha prisão será agora este desejo que pela primeira vez não pude realizar, porque os anos de uma tartaruga fazem-na ver mais nitidamente algumas coisas? Ou isto será apenas o que me tira da rede em que antes me balançava confortavelmente?! Ah! Por vezes o grito quase sai! Temo que para sempre estarei assim, deste modo, a conviver com meu inconformado desassossego! em busca do amor eterno que ousávamos crer que conhecíamos, sonho que muitos ousamos ter, como naquela música....como, após pensar em tudo que se sente, seria possível viver se não pudéssemos deixar nossa alma voar por alguns segundos, tocar de leve o amor novamente, para então voltar ao solo com a alma mais mansa, a fim de poder ainda dar deste amor?
Como enfrentar com coragem e força aqueles que não compreendem a natureza de uma tartaruga e a história que marcou o que vai em seu coração?) .

Foto e Texto: Vera Alvarenga

sábado, 19 de outubro de 2013

Doando livros...e enfrentando a tentação...

 Hoje, antes do almoço estávamos dando umas voltas de carro nas ruazinhas do bairro à procura de um serralheiro e eu estava entediada. Queria voltar logo pra casa, para curtir meu escritório. Então, eis que vejo uma Biblioteca Volante do SESC, estacionada em frente a Casa de Cultura Cora Coralina.
- Olha só! Pára, pára! Vamos ver!
- Vamos doar uns livros aí?
- Claro, vamos. E fomos. E levamos 3 livros que andam agora em nosso carro para doarmos sempre que houver chance. Meu marido perguntou como faríamos para doar, e a resposta me trouxe um problema. Era coisa simples, disse o funcionário gentil, só deixar os três livros ali sobre a mesa redonda logo na entrada, para que as pessoas pudessem levar para casa o que lhes interessasse.Aproximei-me, como mosca sobre um pingo de mel...
  Eu estava com os livros. Difícil demais para mim, apenas deixar os três livros ali.
- Não acredito, olha só, um livro de José Mauro de Vasconcelos! Esse não li! E olha aqui que interessante este de Reinaldo Pimenta - a Casa de mãe Joana.
- Vera. Viemos aqui para doar! Falou meu marido, sério.
Ele tinha razão. Comecei a me afastar da mesa como criança que a mãe ensina a dizer -não, obrigada - quando lhe oferecem uma bandeja de doces na casa de alguém que ainda é estranho. Ao meu lado, um pouco mais à frente, sentou-se no chão, indiferente, uma gata preta. E o funcionário às minhas costas, chamava-a para comer, enquanto ela, indiferente parecia alheia, cega e surda.
Eu a chamei. Ela me olhou com lindos olhos verdes e mostrei a ela, apontando, o seu provável dono que já balançava a vasilha com a ração da bichana. Falei com ela incentivando-a a olhar pra ele - que oferecia algo tentador. Sou boazinha, sempre incentivo outros a aproveitar o que a vida lhes oferece. Ela parece que acordou então, e não resistindo à tentação, foi correndo em direção a ele.
Eu pensei - meu marido diz isto porque não gosta de ler e ao mesmo tempo ouvi o funcionário que dizia:
- Pode pegar! E eu e a gata pegamos.
Ah! como ela, também não resisti à tentação. Corri para a mesa. O marido já saía pela porta mas eu ainda tive tempo de pegar também um de Crônicas! Tentação demais! Tudo acabou sendo apenas como uma troca. Elas por elas....rs...

Claro, passamos por lá na próxima semana e levamos mais 3, assim meu marido ficará contente, afinal estará "realmente" doando. Eu já fiquei contente no ato. E isto me fez pensar que talvez a troca, de um modo ou outro seja mais a minha praia, porque acredito que a gente sempre acaba dando e recebendo, como é na vida, nos gestos, no sexo, independente da intenção, não costumo crer que a gente apenas dê alguma coisa, e saia de mãos vazias. De um jeito ou outro, trocamos fluídos, energia, presentes ou saímos pelo menos com algum aprendizado a cada vez que "doamos" algo de nós.
- Tá bem, tá bom, pode ser até que devolva um deles, depois de ler. ( esta sou eu, respondendo ao meu grilo falante)....rs....
Foto retirada do Google
Texto: Vera Alvarenga

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

"Tudo é como uma lenta bola de neve..."

PARTE II _  de (A importância de nossos limites)...
      Seja por insegurança devido a uma infância difícil ou por não saber lidar com seus sentimentos, seja por medo de perder o amor do outro, ciúmes ou egoísmo em  diferentes graus, penso que aquele que sabe exercer poder sobre o outro, porque este depende dele emocional ou financeiramente, deveria ter consciência de sua responsabilidade. É preciso que seja honesto com seus sentimentos, pois se for pesado a ele esta dependência, deve deixar livre e dar condições a sua mulher, de recomeçar sua vida, enquanto é tempo. Deste modo seria livre, não manteria a situação de dependência, nem cobraria direitos sobre sua parceira.  Quem ama e quer o outro a seu lado, deveria querer contribuir para vê-lo também feliz!
     Falamos de um mundo mais justo! Desde que não precisemos pensar e ouvir os que se sentem prejudicados, e possamos fazer de conta que são sempre aqueles que gostam de se vitimizar  a si mesmos! Isto é tão falso e perigoso, quanto seria aquele vizinho conhecido que, vendo na rua a adolescente sozinha (poderia ser a filha de quem me lê!), a chama para pedir-lhe ajuda  com a intenção de abusar dela, e sabe que a sociedade poderá culpá-la por ter se deixado vitimizar! Ele pode achar que a ingenuidade está aí para que se tire vantagem dela. 
     Quando olhamos para uma mulher que na maturidade olha com olhos mais experientes seu passado para compreender o presente, e vê com indignação,que foi abusada em sua ingenuidade(seja pelo marido ou por seu superior hierárquico no trabalho), tendemos a não crer nisto. Com certeza, ela mesma se espantará, ao olhar-se ao espelho, contudo, devemos lembrar que isto se deu quando ela era mais jovem, e foi crescendo lenta como uma bola de neve que apenas rola pelo vento e que foi crescendo enquanto ela se sentia diminuir. Talvez ela não tivesse tempo para parar e analisar sua vida,em meio a tarefas das quais dependiam outras pessoas e crianças. Talvez, nem na maturidade ela saiba o que fazer para se proteger da excessiva confiança ou ainda pense que a vida deva ser vivida com coragem e peito aberto. 
     É claro que há diferentes graus deste abuso, e homens que não são assim maus, apenas vem de lar e infância instáveis, o que lhes acarretou este olhar desconfiado e um tanto agressivo para com o mundo. Nós todos estamos constantemente aprendendo a nos conhecer e a superar limites possíveis. O problema é quando o homem se habitua com uma resposta para a vida e continua a usá-la com sua parceira,mesmo quando não se faz  necessário porque esta mulher confia e se entrega ao que acredita ser o amor, e quando criança não teve  necessidade de criar para si mesma, as couraças que ele teve de criar para sobreviver. Nunca representou um perigo,nem é páreo para ele!
      Após o período em que o casal batalhou junto e venceu as dificuldades, se  ela  continuar sobrecarregada com tarefas a que se dispôs para enfrentar a crise e não puder contar com pequenos prazeres e apoio que o outro tem, ou com sua companhia para juntos buscarem estes prazeres, isto minará sua capacidade de reação, sua energia, enquanto ao mesmo tempo, o outro se recupera sozinho e se fortalece. Isto se agrava quando a mulher não se relaciona com outros adultos porque trabalha em casa, por exemplo. Então, sente-se cada vez mais desvalorizada. Continuará a esforçar-se por longo tempo, para continuar a vencer obstáculos e o próprio descontentamento, por não ter mais a companhia do outro, que se distancia, por ter se colocado num patamar “superior” ou à parte. Talvez um dia não mais acredite em seu próprio valor. É como uma bola de neve...Sua fragilidade aumenta, o que a faz retrair-se e mais tarde, quando tiver oportunidade, talvez sinta-se despreparada e tenha real medo de enfrentar o mundo por não se sentir capacitada para isto e, por ser responsável pelo bem dos filhos, quando os tiver ainda dependentes dela.
     Fatalmente a mulher sentirá que aquelas suas características essenciais antes desejadas na relação, agora marcam mais e mais sua vulnerabilidade. Muitas vezes não percebe que sentir-se  desencorajada, se deve não a uma fraqueza sua, mas a não ter tido as mesmas chances de recuperação e valorização que o outro teve e, muitas vezes, por não ter outros relacionamentos importantes. Acaba culpando-se e tenta agradar mais para recuperar seu lugar ao lado do outro. Luta pelo amor e igualdade que acredita, e não para acomodar-se na situação de dependente! Seu erro é acreditar que o erro... é apenas dela!
     Acaba se esquecendo do que gostava, ou quem sabe nem tenha tido tempo de descobrir, se casou-se muito jovem e esteve anos ocupada a dedicar seu tempo a causa comum - família! Sua auto-estima sofre porque não consegue elevar-se aos padrões que lhe são exigidos pelo outro ou por si mesma, não tem apoio para respeitar seus limites, e para complicar, sente grande culpa por não compreender como não consegue mais ser feliz ao lado daquele, a quem tanto e sempre amou.
     Quando recupera forças e consciência, através de algo externo que lhe faz ver sua situação real, ou a faz acreditar que mereceria mais do que recebe em nome do amor, reage, exige o direito à igualdade, pede o reconhecimento do outro. Se o outro a reconhece, aproveita a chance para juntos reconstruírem... os dois crescem e o relacionamento frutifica.
     Se, ao contrário, o outro não quer abandonar sua posição individualista, com desrespeito irá culpá-la por estar “cobrando receber por tudo que ela deveria ter dado por amor e desinteressadamente!”  Talvez ela tenha dado amor desinteressadamente, e se adaptado a realidade a cada passo da vida, de peito aberto com sinceridade e movida pela fé, até o dia em que o tempo lhe branqueou os cabelos e ela finalmente olhou para si e para o passado, e deixou-se vencer pelo cansaço. A grande decepção não se dá por “coisas” que tenha perdido, mas porque a atitude que ela perdoara e era para ser provisória ,tornou-se permanente. O que é permanente, sequestra a esperança! À decepção se junta o reconhecimento dos próprios limites...não é mais culpa dele, é ela mesma que não quer mais isto para si! Contudo, tudo aconteceu tão lentamente como uma bola de neve que vai rolando apenas pelo vento e gelando aos poucos. Nem sempre o momento de romper, e as condições se apresentam ao mesmo tempo! Ela pode desistir de parte de si, neste ponto, e nunca mais recuperará a si mesma. Antes ela primeiro se rebelou, depois tentou perdoar para então decepcionar-se consigo mesma pois viu que não era capaz de fazê-lo total e sinceramente, a menos que conseguisse se afastar do que a magoa, a menos que conseguisse ser feliz novamente... e então..... passa a sonhar!
       Neste ponto, esta mulher sabe que, ao contrário do que muitos falam, não é a “mulherzinha dona de casa” que se acomoda no papel cômodo de “boazinha”.Definitivamente nunca foi a que vivia num mundo encantado a sonhar com um príncipe! Não! Vivia dentro da  realidade, não tinha oportunidade de sair dela , ou de “enfeitar-se” (como as que trabalham fora) , mas encarava a realidade com heroísmo,bom humor e dignidade..
      Neste momento, esta mulher sabe de todas as suas falhas, e vê novas qualidades. Olha com carinho para a jovem mulher que foi um dia e sente pena . Perdoa-se e perdoa o outro, mas não totalmente, pois já sabe que não é perfeita. Reage. Deseja mais. Sabe que, se falar disto para alguém, algumas pessoas podem pensar que ela gosta de se fazer de vítima, porque está sentindo pena de si! Então ela vê sua ternura e compaixão como duas características que, sendo suas, terão que ser direcionadas para outra pessoa, usadas de outra forma, ou voltarão a ser consideradas, como uma fraqueza. E ela não quer suportar isto novamente, mas está cansada e nada busca a não ser a tranqüilidade. Quer viver em paz, sem precisar amputar-se do que é. No fundo de sua alma ainda sonhava ser feliz.
     E neste momento, quando já desiste e parece afundar na tristeza de chegar a este ponto do arco-íris sem o seu tesouro, exatamente quando a realidade de sua vida foi tanta que a fez cair, quando ela pensa que não voltará a viver em seu coração a verdade do sentimento que preenchia sua vida, quando ela se rendeu ao tempo que já tem tantos dias que não pode mais contar, quando ela finalmente desiste até de si mesma.... alguém pode aparecer em sua vida.... alquém que a trate como ela nem sonhava, que veja nela as possibilidades, alguém que precisa dela e a toca de diferentes modos... então, esta mulher pode apaixonar-se  com tanta sinceridade quanto era sincero o seu desejo de sentir amor novamente e poder confiar em alguém!  E, finalmente, como para não decepcionar o que agora parece uma profecia.... ela sorri e reconhece:
     - "Agora sim, talvez seja absurdamente verdadeiro! Finalmente, pela primeira vez, estou a sonhar com um príncipe, que só pode ser encantado....e que mesmo em sonho, me parece tão real. E sinto falta dele."
     Mais uma vez ela sorri.... e imagina estar ao lado dele,e só assim o sol derrete a neve... e ao lado dele testemunha seu sorriso quando a outros ele provoca para ver-lhes a reação, mas para ela não esconde o que sente... e se olham cúmplices, compreendendo o que é prioridade, afastando de si os gestos e palavras fáceis e vazias apenas para seduzir vaidades...e ambos tranquilamente seguem para reconstruir suas vidas, dívidas pagas, missão cumprida, perdões pedidos e concedidos... de mãos dadas seguiriam em busca de ver o que mais ninguém vê, em qualquer canto do Brasil ou do mundo, no quarto, no sofá comendo arroz doce, na praça bebendo cerveja alemã, sorririam benevolentes, de toda a realidade desta vida onde as pessoas ficam anos e anos se debatendo, porque ainda não aprenderam a reconhecer que é o amor aquilo de que mais precisam... não aprenderam a se amar e se comprometer com o amor verdadeiro, enquanto a vida lhes pertence e é possível construí-la a cada dia que ainda nos cabe viver.
     Mas, isto é apenas um sonho, que ela acalenta... só para não desistir ! 
      Foto e texto: Vera Alvarenga

domingo, 26 de dezembro de 2010

"Meu presente chegará atrasado...."

Final de ano. Por segundos, deixei rodar o filme do balanço anual,  e as cenas passaram rapidamente, como acontece quando faço retrospectos do passado.Observei apenas as sensações do saldo que ficou.
Sentimentos muito fortes e opostos estiveram presentes neste ano, mas isto não me surpreende. Aceito e sinto a vida com seus movimentos. A tentativa de adaptação ou de convivência com opostos que nem sempre se complementam da forma como gostaríamos, o sonhar com o que não temos, o tentar alcançar este sonho transformando-o em realidade palpável - é a nossa forma de participar desta dança, em que o destino está sendo construído conforme nossas crenças e modo de reagir, mesmo diante do imprevisto.
E neste movimento,este ano deparei-me com lições bem difíceis, alguma aprendi, outras não. Encarei uma mudança de cidade e residência. Diante disto, revi, me orgulhei de minha coragem e disposição para enfrentar o novo, com atitudes criativas e de fé. Dei de cara com as consequências por decidir considerar meus limites diante da realidade que estava inaceitável, tudo porque ainda me debato na luta por manter coerência entre palavras, gestos e sentimentos. Cometi pecado semelhante ao daquele que, tendo consciência do que está acontecendo e um vislumbre do que poderia ser, resolve "contestar" o que há anos está estabelecido.
     Sonhei, desejei e acreditei que seria possível transformar meu sonho gentil e amoroso, numa realização. A partir daí, o equilíbrio se perdeu, veio a culpa e a raiva, e seu peso depende geralmente de como conseguimos nos conformar com o que tínhamos, ou ainda do quanto cobramos de nós mesmas a perfeição de viver conforme a verdade. Sentir raiva foi ruim,mas me ensinou sôbre mim mesma!
   A despeito da minha crença de que ninguém é perfeito e tudo vale para manter a família unida, e ainda apesar de eu saber por experiência, que prefiro manter uma dança a dois para o ritmo da vida,tomei a decisão de uma nova caminhada sozinha a partir dali! Susto e loucura total, diante das circunstâncias precárias! Mas isto não ocorreu. Então, vivi como tantos, aquele momento em que afastamos qualquer ilusão para nos adaptar com sinceridade e nos esforçar para que tudo dê certo! Devo reconhecer que falhei desta vez, porque meu coração não estava mais lá, como antes.
   Quase sucumbi, em meio a uma imensa tristeza que parecia que ia me engolir, porque me assustava sobremaneira, como em poucas vezes na vida, não estar sendo coerente com minha capacidade de sentir amor.Neste mesmo instante uma incoerência maior! Quando tudo parecia morte, fui resgatada surpreendentemente pela vida - um desejo mil vezes mais poderoso do que tudo o mais, a descoberta da esperança de uma nova chance de viver o amor com mais responsabilidade, alegria,cumplicidade e respeito - apaixonei-me por esta idéia - o apaixonamento e o amor são o único poder superior à morte! E se eu estava meio morta, minha outra metade era desejo de amor e vida! Isto foi a coisa mais bela e forte que senti nos últimos anos, e já desisti da culpa ou de compreender racionalmente tudo o que motivou este encantamento. Apenas, agora convivo com isto.
   No último mes, estou vivendo a espera da sentença que decidirá sôbre tudo o que consegui manter de patrimônio material de uma vida de quase 39 anos! O próximo ano, me deixa ansiosa, mas não me assusta mais do que este que passou. Neste momento sinto que ainda sonho e abraçarei a oportunidade que tiver de ser feliz, pois o mal que já estiver estabelecido permanecerá independente de minha ação, mas o bem que puder ser construído por duas pessoas que decidem fazer isto com comprometimento, será abençoado. Será meu, isto aprendi, apenas o que for a mim oferecido, ou o que eu puder colher da árvore que plantei no quintal do meu coração. E o coração é livre,só pertence a seu dono.
   Então, neste último olhar que dou para o ano que termina, não posso dizer que estou feliz porque espero ainda a conclusão de 2 assuntos- o da minha casa, e o do meu amor. Contudo estou feliz por ter vivido intensamente e com intenção de ser fiel ao que acredito que pode me fazer levantar com dignidade, qualquer que seja o resultado. Se eu perder minha casa, ainda terei meu amor...se este não puder jamais se concretizar como o presente que pedi a Deus, ainda terei a capacidade de amar dentro do peito, a pulsar e que fluirá em pequenos gestos, durante o resto da minha vida.
  Agradeço ao meu marido, companheiro de 40 anos, pelo desejo de fazer dar certo, pois reconheço que também enfrentou com nobreza as últimas mudanças em si mesmo e em mim. Abraço, em pensamento as pessoas que me ofereceram pequenos gestos de amor,àquelas pessoas que me ensinaram algo e aquela que escolheu confiar em mim e compartilhar alguns sentimentos que estavam guardados em seu coração, que algumas vezes me disse que sou importante e faço parte de sua vida(sempre que esta pessoa precisar,estarei ao seu lado e torcendo por ela). Isto me proporcionou momentos de ternura, pelos quais serei grata, e que me fazem sorrir confiante de que ... no próximo ano, tudo será melhor e que, "se Deus permitir", terei algo belo para receber de presente...de Papai Noel ( ou do Papai do Céu).

Texto e foto: Vera Alvarenga

domingo, 31 de outubro de 2010

Mulheres na casa dos 40( comentado pelas de 60!)

Hoje, no blog da Márcia, estávamos comentando sôbre o tema:" Mulheres na casa dos 40!"

Meu comentário ia ficar longo então, trouxe para postar aqui.

Desculpem mas agora vou abrir o verbo!
  Ah, meninas, entrar na fase dos 40 é muito bom!(Só que eu só sei disto agora!!) Eu tinha quase 10 kgs. a menos, era inteligente e muito mais corajosa. Os homens me achavam bonita e eu nem olhava pra eles, (nem de rabo de olho!!).Era bonita e não sabia !(baixa auto-estima é uma merda!!).Eu já havia me separado do meu marido por um ano, e havíamos voltado. Me sentia mais mulher e sexualmente mais amadurecida; sabia o que me dava prazer e conhecia muito mais o meu corpo do que antes- sexo passou a ser muito melhor do que até então!! Ao entrar nos 40,eu tinha voltado para a faculdade, tinha planos e tempo para concretizá-los!
   Pessoal, meninas...acordem!! Podem crer que entrar na fase dos 40 é uma maravilha!! Não é o tempo só de semear amizade e cumplicidade com o homem com o qual decidimos envelhecer! É o tempo para olharmos com respeito para nós mesmas e visualizarmos os frutos que já temos que começar a colher, para preparar as compotas que nós dois iremos apreciar, depois dos 60! Ou agora, ou teremos que nos conformar com o que tiver na despensa!
  Aproveitem com olhos bem abertos a fase dos 40!! rsrs..........(ninguém me avisou). Aos 60, cá pra nós, nem sempre nossa alma e vontade entendem muito bem esta coisa de terceira idade e do corpo que emagrece e não volta mais para o lugar! Lembrando o comentário de Veríssimo,eu tenho " flexibilidade e posso brincar com meus pés" ..rsrs.... mas,preferia brincar mais de fazer amor e de sorrir ( não que não faça isto, mas,tudo ficou muito mais sério,rs...). E não me venham com a história de que a terceira idade é a melhor idade!! Todas as fases tem coisas boas, mas "melhor" idade, já é demais!! Nesta fase dos quase 60 a gente começa a perder pessoas e coisas...e percebe que não deveria ter abandonado os planos para ajudar o outro só nos planos dele. Na fase dos 40, se você se apaixonar por outra pessoa, ainda poderá reconstruir sua vida, sem parecer ridícula! O apaixonamento é lindo em qualquer idade, mas garanto a vocês que é mais lindo aos 40 anos. Eu, na ocasião, conversei comigo mesma e me reapaixonei por meu marido. Faria tudo outra vez, por que fiz por convicção...mas,o importante é perceber se estamos acompanhadas no processo ou se vivemos dourando a pílula, pois aos sessenta, isto será cobrado, de um jeito ou outro!
  Gente, a fase dos 40 pode ser o auge em muitas coisas,e é bom encontrar tempo para unirem-se aos companheiros e não para continuar a renunciar, por eles! Claro que não devemos ser mesquinhas, mas não podemos perder tempo da nossa vida, que é um bem precioso, acocando amores egoísticos demais. A amizade, cumplicidade deverão ser semeadas nesta fase, mas também é o momento de garantirmos nosso espaço e de compreendermos e mostrarmos nossos limites, se não o fizemos até então...isto sim, é o que garantirá uma vida muito boa aos 60!! Pois, se continuarmos a pensar que somos capazes de suportar muito mais coisas, estaremos criando uma ilusão - e ilusão não é culpa do marido, não!! Ilusão é pensar que teremos tempo mais tarde, para olhar com respeito para nós mesmas. O tempo passa depressa. Se não nos respeitarmos aos 40, aos 60, convenhamos, sem dinheiro, sem um apaixonado a nos valorizar, será quase impossível! rsrs.........Aos 40 é hora de, com maturidade e perseverança, garantir a "aposentadoria" de modo a curtirmos tudo na melhor companhia...Nada de acreditar, como eu, que um dia os frutos cairiam do céu porque seu amor iria respeitar você , finalmente, mais do que você mesma se respeita.
   Se não nos prepararmos com consciência na fase dos 40, inclusive financeiramente, então nos restará rezar para que Deus nos dê depois dos 60, discernimento para suportar com dignidade e amor, o que não pudemos mudar, e que nos ajude a evitar a depressão e a preencher nosso coração com o amor pela beleza que houver em cada flor ou gesto, em cada passo do caminho. Só assim sobreviveremos e conseguiremos ainda manter um pouco da doçura da alma. 
  Um brinde à fase dos 40!! e a todas as coisas boas que pudermos ainda fazer, depois dela!! rs.....

Texto e foto : Vera Alvarenga

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

“É mais fácil falar, do que realizar em si”...

     Como comentei no último post, há momentos de “tempo fechado”, cinza, chuvoso e triste, quando a motivação de uma vida, desaparece. É como uma morte – a vida perde o sentido e você perde o chão. Estes momentos, podem ser seguidos por um sonho, ao qual você se apega, e dele se nutre para sobreviver. Este sonho se transforma em algo tão bonito que você se emociona, e ele te ajuda a recuperar forças, como um raio de sol, mesmo que mais tarde, você se dê conta de que ele seja impossível de realizar.
     Até que um dia, você recebe o convite para um casamento do filho dos amigos mais queridos e, você não vai! Tudo porque, para seu espanto, você não tem coragem de enfrentar o “social”, naquela linda festa, onde você deveria ir de vestido longo. Você fica assustada por perceber-se tão frágil e ver que seu problema é não confiar em você. Sente medo do mundo, virou “um bicho do mato!”
     Também pudera! Até aquele sonho, pelo qual você se apaixonou, te mostrou o quanto você acreditava não ter feito o bastante, para merecer a realização dele.
     - “ O que eu tenho de importante para interessar alguém? Por que não consegui ser a mulher independente que tantos admiram hoje? O que eu sou hoje, além de uma mulher que se sente perdida sem um homem para amar e por quem ser amada?”
     É evidente que, muitas vezes, os sonhos não se realizam, não porque a gente não tenha feito o bastante, ou por não merecê-los, mas por motivos alheios a qualquer culpa que a gente possa pensar que tem.
      Ser forte, agüentar a secura de tempos e gestos áridos tentando não me deixar abalar demasiado por minha sensibilidade, eu consegui! O erro foi talvez pensar que pudesse me habituar a isto. Consegui ficar sozinha quase um ano e sei que não se morre disto. Apesar de tudo, reconheço que o que ainda me move, não é o desejo de ser independente, mas o de viver a vida com a alegria de ser amada e amar.
     Já não me importa mais, no momento, porque sou assim, tão decepcionante e longe dos padrões que poderiam ser admirados! Estou cansada e não preciso saber de todas as respostas. Afinal, porque eu preciso produzir algo importante se quiser ser amada? Se alguém pensasse que estou a provocar elogios...é disto mesmo que se trata aqui, mas são auto elogios. Estou procurando o remédio para minha auto cura.  É a mim mesma que quero convencer. É o peso de minhas próprias crenças limitantes que quero aliviar e, como é mais fácil falar do que realizar, preciso repetir muitas vezes, para mim mesma, o quanto preciso confiar em mim, e destruir esta crença de que ainda não fiz o bastante e que, não sei como, penetrou e tomou lugar em minha mente. Assim, decidi, por um tempo, diariamente me lembrar :
     - “ Se sou capaz de gostar de outros, sem exigir tanto deles, incentivando-os a se valorizarem, porque não posso acreditar que mereço ser amada por mim mesma, e ser feliz, mesmo sendo a mulher simples que sou?”
     E assim, estou trabalhando isto, repetindo para mim mesma, o que costumo fazer outros acreditarem sobre si. Se conto isto aqui, no meu amado Sr. Blog, por quem me apaixonei há alguns meses, é porque acho que muitas pessoas falam sobre o que é o ideal sentir, mas pouco sobre o que realmente sentem. Se para outros é fácil, para mim não é. É mais fácil falar, do que realizar em si...podem crer. Para mim, é um dos  desafios do viver!
    Texto: Vera Alvarenga
    Foto : site da da internet, pode ter direitos autorais

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