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sexta-feira, 2 de julho de 2010

-" Cuidado ao tocá-la...Hoje ela é uma Gueixa!"....

Cuidado! Frágil!...
Ela nunca sabia a que horas ele ia chegar, mas tinha lhe reservado uma surpresa.
Como uma gueixa, que se prepara lentamente num ritual para receber aquele a quem iria agradar, ela olhava ao redor para confirmar que tudo estava em ordem. A bacia, o sabonete, a toalha, os chinelos... O necessário para a cerimônia que havia imaginado.. A almofada onde sentaria próxima do seu homem para lavar seus pés cansados;  o creme para a relaxante massagem a fim de que seu herói pudesse despir-se completamente de sua armadura. O quimono de seda preto tinha delicadas flores de cerejeira bordadas. Tudo estava em ordem.
A música tocava um ritmo agradável, suave e baixinho, pois ele não era muito ligado a estas coisas e ela não queria forçar muito a barra. Apenas seu coração batia descompassado. Será que ele iria gostar?   Claro que sim... só não poderia demorar muito nos rituais, afinal, ela também era fruto de um clima tropical.
Agora, era esperar que ele chegasse.
Para estes momentos raros e envolventes, há comportamentos intuitivos que  todos sabem, seria preciso respeitar, se alguém quisesse vivenciar este presente. No ar, parecia haver um aviso : " Cuidado ao tocá-la ! Frágil, delicada!"
Quando ela se vestia assim, de gueixa, se despia de tudo o mais. Forte, se mostraria frágil, e ainda que firme em seu propósito de agradá-lo, seria delicada como uma beija-flor! Portanto, era preciso ser cuidadoso ao tocá-la, embora ela pudesse resistir a tudo.
Quando  uma mulher dá  este  presente,  é  necessário ser paciente  ao desfazer o laço, com  gestos seguros e calmos, para  enfim descobrir  seu  segredo. Não  é  como receber  uma caixa de bombons quando se  adora chocolate, ou  uma  lata  de  cerveja  geladíssima, quando se está sedento! Nada havia ali para ser devorado ou sofregamente bebido.
Um  presente especial requer alguma sensibilidade ao abrí-lo, para não  assustar  a beija-flor que  lá pode estar contida, ou quebrar a jóia rara escondida na pedra de aparência comum. Há, na intenção do presente, o desejo secreto de oferecer um diamante. Dependendo de  quem  o  receba,  prolonga-se um momento de raro prazer.
Ela sabia de tudo o que representava o ritual ao qual se entregara. E precisava disto.
Se ele se entregasse ao encanto que o presente trazia em si, e olhasse também com encantamento para os olhos daquela gueixa, compreenderia todo o sentido. Ela queria  acender a chama do apaixonamento por ele, tanto quanto sempre estivera apaixonada pelo amor. Até o tempo iria parar por alguns instantes, conivente com o viver de um sonho, cuja lembrança ficaria no corpo e na memória, para ser resgatada nos tempos mais difíceis e menos férteis de um inverno futuro. 
Se ele se entregasse ao encanto... mais que tudo, permitiria que a gueixa vivesse nela, para sempre, com toda a sua disciplina e os seus dons.
Lá fora, o barulho do carro. Logo depois, a porta se abriu.
Trêmula de amor e medo, desejou que ele compreendesse o presente que estava para receber, que sentisse o aroma da flor de cerejeira e que percebesse o aviso que pairava no ar, leve como uma beija-flor... “Cuidado ao tocá-la, hoje ela é uma gueixa...”

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Texto : Vera Alvarenga
Foto : retirada de email da internet. Pode ter direitos autorais.

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