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domingo, 20 de outubro de 2013

Penso que te conheço...

   
  Penso que te conheço, começava assim aquela carta, mas me engano.
    E ficou olhando para fora, olhar distante, procurando em algum lugar, ao longe, encontrar finalmente o que ela procurava, em pensamento. Mas ele parecia não estar mais em lugar algum, a não ser, apenas em seu coração e na lembrança. Ela sabia que era assim que devia ser, uma lembrança de um sonho que ninguém arriscara ver se daria certo. Ninguém?
    Ela sabia, que já nada mais sabia dele.
   O ímpeto, o impulso, se acomodavam agora, nas malhas da realidade, e permaneciam quietos como os leões velhos, feridos e cansados depois da luta pela sobrevivência, e que se acomodam sob a sombra porque precisam dormir. Talvez para sempre...talvez até amanhã....
    Quem és, que somente me prometias dar-te a conhecer e não o fizeste, de fato?  ainda preciso adivinhar-te? Quem és, que te escondes, que silencias, e, de repente, vem me beijar?
    Qual o tempo de tua vida? Sonhas comigo? Desejarias me abraçar, me tomar em teus braços, me conhecer, me tocar e com tuas mãos acordar de novo cada parte do meu corpo, já quase todo adormecido? Tudo porque o desejo era maior do que o sonho e cansara de idealizações! Alguma vez, como eu, acreditaste que tudo era possível, e que serias para mim, o suficiente, o desejo finalmente realizado, para depois, logo depois, duvidares de ti e sentires que este teu sonho não era mais do que simples pretensão?
   Tinhas o mesmo desejo que eu, de novamente pertencer? O mesmo sonho de paz? A mesma canseira e indisposição quanto às coisas que permanecem sempre as mesmas, e se repetem como viciadas, como se não quisessem melhorar, porque não há mais tempo ou porque não querem se dar ao trabalho?
   Alguma vez durante este tempo, durante o tempo nosso, pelo menos uma vez fizeste como eu, quase deixaste tudo que era conhecido, unicamente pelo desejo de conhecer a possibilidade de realizar este teu sonho? Alguma vez te faltou coragem e, mesmo sentindo que parecias perdido, foi a fé em mim e naquele sentimento que te impulsionou a fazer o que, de outro modo não farias? Alguma única vez a saudade parecia doer no peito, e tanto, e de um modo tão incompreensível porque não tinha cheiro, nem cor, nem som, que a única saída era engrossar tua pele e negar os teus sentidos, para esquecer o quanto ainda és sensível?
   Por algum tempo eu permaneci contigo, em teu pensamento, e tantas vezes quantas imaginavas que poderíamos estar rindo e compartilhando algo, que nos faria transcender qualquer das limitações que afastam aqueles que vivem de aparências? Quantas vezes tu imaginaste que poderíamos estar saciados, mesmo no silêncio, de todas as juras, promessas e palavras? Ou que todo dinheiro ou coisas juntadas só teriam significado por estarmos juntos? e que aquele vinho tomado numa noite em Paris ou em qualquer outro lugar teria o sabor do que é conquistado? Alguma vez, ao imaginar estar comigo, sentias que o tempo não passaria para nós e tudo valeria a pena? Por quanto tempo desejastes  partilhar comigo o melhor de ti, e me ver sorrir, e me abraçar se eu sentisse vontade de chorar? E acabar com a nossa solidão, sem culpa?Quando pensaste que eu era insubstituível, desejaste pelo menos tentar descobrir se este sentimento era recíproco e se poderia vir a ser uma vivência real de amor?
   Acho que nada sei de ti, pois teu coração estava fechado para mim. Pois se assim não fora, terias, como eu, atravessado aquela ponte! Eu fui, até um pouco mais da metade do caminho, rompi barreiras e laços, mas voltei, porque tu não estavas lá, porque aquela ponte ainda estava lá, e eu... já não sei mais viver sozinha.

   Quando ela terminou de escrever a carta, olhou novamente pela janela. Já estava escuro. Respirou fundo. Apagou o endereço do email e devagar, apagou tudo o mais que ele continha. E jamais enviou.
    Este era um daqueles dias em que a saudade daquele sonho apertava o coração. E ela ficava assim, quase com raiva, quase muito triste... Mas era um bom sonho, e ela preferia pensar em como ele lhe trazia sorrisos e a inspirava até mesmo para sentir a alegria de estar viva. Levantou-se e foi buscar uma taça de vinho....

Foto retirada do Google
Texto: Vera Alvarenga


   

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

" Mulher, na Idade Madura, decide se aventurar no mundo do Blog ..."

   Até crianças, já começam a dominar a linguagem bloguiana...Para minha geração é + difícil, mas acho fenomenal a idéia ! Alguém comentou: "fazem isto pra faturar c/ anúncios!" Que bom que alguns ganhem com anúncios ( quem me dera, também eu pudesse! renda extra sempre é bem vinda, ainda mais numa fase da vida em que a gente tem que se agarrar ao emprego que tem!) O que me importa, é que a idéia é mesmo boa e que minha geração tem a oportunidade de presenciar chocante contraste no que diz respeito à possibilidade de comunicação, que esta idéia permite.

   Descobri apenas na semana passada, a existência do sr. Blog ! E, sem que meu marido saiba, confesso que estou me apaixonando...

Vocês, jovens, talvez nem imaginem, mas por um momento, me acompanhem... Coloquem-se no lugar das pessoas da geração de seus avós, que pensavam ter o que dizer e, não tinham como... que sonhavam publicar seus poemas ( como meu pai), contar suas emoções, piadinhas, dividir conhecimentos, falar das coisas que não podiam sequer pensar alto no ambiente de trabalho( ou até familiar), fazer críticas sôbre o que eram obrigadas a calar, reclamar da fila, do hospital, da aposentadoria !

Peço um pouquinho mais de vocês, jovens de hoje : coloquem-se no lugar de alguma minoria... das pessoas da comunidade que nunca eram ouvidas... coloquem-se no lugar ou apenas pensem em mulheres na idade de suas avós ou mães, que sofreram discriminações, no trabalho ou em casa, das mulheres da minha geração, que iniciaram o movimento pela emancipação da mulher, lutaram pela igualdade e respeito ao ser humano, independentemente do sexo e não puderam colher todos os frutos... porque, se Deus quiser(!), será a geração de vocês e de suas filhas a ter este privilégio!

Não sei se vou conseguir fazer um Blog interessante,ou resolver minhas dúvidas, mas pasmem agora vocês da minha geração, é possível até pedir ajuda, e recebe-la, sem mesmo sair de casa, através de foruns! ( ainda não sei bem como ). Gente, coisa de "loco"!! Coisa boa por demais, para uma geração de mulheres que chegou a pensar que podia estar mortalmente ferida, ao menstruar pela primeira vez e, na adolescência, ouvia as mães cochicharem que alguma amiga, ao chegar na menopausa, foi “internada por ter perdido totalmente o controle” ("meio loucas" coitadinhas!! - só porque algumas, já tinham coragem de se rebelar e se revelar, talvez quando a sabedoria desta idade as fez perceber, que se calaram por tempo demais!)

"Óh aqui, pessoal jovem", parabéns! Parabéns por viver neste mundo agora, em que os véus podem ser, aos poucos,retirados! Parabéns por bolarem coisas boas como Sr. Blog, etc... Claro que o mundo de hoje tem suas mazelas (como sempre teve - a história tá aí pra mostrar!)e a luta de vocês não será menor do que a nossa... mas não desistam e acima de tudo, RESISTAM às tentações de usar toda esta tecnologia para o "mal". Tenham também um pouquinho de paciência com quem lhes preparou o caminho, e ensinem para esta gente mais velha( como eu), como vivenciar um pouco da mágica aventura que é poder se comunicar com LIBERDADE de expressão,sem as "censuras políticas", através da maravilhosa máquina que é o computador. Ele supera foguetes na velocidade em que chega aos destinos e não precisa nem de asas pra voar!Quase acompanha o pensamento! é um espanto( e uma pequena benção)!

Olhem aí ao lado... quem sabe a mãe de vocês ( ou a avó!o avô) iria adorar aprender a simplesmente passar um email, para uma amiga que não vê há muitos anos,talvez até porque não possa se locomover, sei lá! Vocês vão ter idéias. Ei, gente jovem, sei que vocês tem pouco tempo pra tudo que querem fazer...( eu também queria que o dia tivesse mais de 24 hs.,às vezes) mas, se puderem,dividam um pouquinho desta saborosa tecnologia c/ quem veio até antes da minha geração! Minha mãe morreu aos 80 e achou o máximo quando eu a ensinei a passar um email para a amiga dela, que estava a 1000 (mil) km. de distância e ela recebeu a resposta quase na mesma hora!

Estarei aqui no meu Blog, ou no meu email, tentando falar da minha visão das coisas ( de mulher madura, com 58 anos), e adoraria receber notícias de vocês também, ou de qualquer pessoa da minha geração, que tenha algo pra dizer sôbre esta fase da vida.

Morei recentemente, e por 10 anos, em Florianópolis, a 50 mts. do mar... Paraíso!( ah! agora notei um pouquinho de inveja!). Só que, eu e meu marido ficamos meio adoentados, trabalhávamos feito loucos com nosso artesanato pra sobreviver e nos sentíamos solitários, sem os amigos que tínhamos deixado em São Paulo, sem os filhos, netos e sem tempo de fazer novos amigos. Sabe o que é isto? Sem nos comunicar com iguais, perdemos o sentimento de pertencer a uma tribo. Se por um lado ficamos disponivelmente globais, por outro, sem o aconchego do grupo que tem raízes ou algo em comum, ficamos mais solitários e, se a gente se acostuma, depois é difícil sair do casulo. E sem nos comunicar, somos uma voz apenas, que vai perdendo o som... Agora, estamos perto da família, outra vez e eu descobri o Blog. Estou mais feliz do que quando morava no Paraíso, acreditam???!!!

Se eu tiver dificuldades c/ o Blog, vou pedir ajuda!

Abraços a todos os amigos blogueiros e Boa Semana!

Vera.

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