sábado, 8 de junho de 2013

O amor daquele tempo...



- Como era bom fazer amor não se importando com os sons, com a hora, com o lugar da casa onde a vontade e o inesperado combinassem de se encontrar! pensou, lembrando do tempo em que seu amor vivia com ela.
   Mariana lembrou-se daquela época, logo depois que os filhos casaram. A previsão era de que viria o tempo do ninho vazio, de dificuldades para se adaptar com o marido trabalhando em casa. Entretanto, tudo era como sempre fora com ela, uma questão de ponto de vista. Era uma questão de escolher o ângulo melhor para se olhar, como ela fazia com suas esculturas. Deste modo, foram descobrindo o gostinho da liberdade, mesmo apesar de tudo o mais, da maresia, ventanias ou temporais.            E o redescobrir o mundo e fazer planos somente para eles, era algo tão novo que causava-lhe uma intrigante sensação de desafio e aventura a encarar. E havia o amor, muito amor. Somente isto ajudava a preencher o vazio do qual todos falavam e a encher de vida, uma vida que tinha muito ainda a desbravar.  
- Ah o amor!...
  Como era bom amar assim...e quando se ama, se tem a certeza de ter o céu tão próximo que quase é possível tocar! E tudo era uma questão de sentir e acreditar que aquele era o único ângulo possível. Quando se é jovem e o sangue esquenta a pele ao leve toque da barba por fazer e do beijo inesperado no pescoço, tudo acontece tão depressa, naquele instante os problemas desaparecem tão rapidamente, e o mundo passa a ser um lugar do qual nos ausentamos para aquele encontro com alguém, por quem vale a pena fazer planos para se viver.
- Ah! O amor!... e olhando para aquele objeto antiquado na estante, virou-o. Ficou a olhar a areia escorrer por ele, enquanto suas recordações a levaram para dias distantes... lá, muito atrás no tempo, este objeto servira para contar a passagem dos minutos enquanto a areia escorria por entre o vidro.
  Ah! O amor!... o amor daquele tempo em que a maturidade começava a tecer a trama que  leva fatalmente a  perceber o valor das coisas, e do que não são coisas simplesmente. E mesmo assim, ela ainda se sentia tão jovem, cheia do mais puro idealismo, da mais doce paixão.
- Não escorrestes por minhas mãos, sem que eu percebesse que és feito também do mais fino e puro ouro... que és uma dádiva do nosso próprio coração não só ao outro, mas a nós mesmos...

Foto e texto: Vera Alvarenga

2 comentários:

  1. Olá minha querida e doce amiga Vera,

    Belíssima crônica. Amei!!
    O verdadeiro amor tem o dom da eternidade e é sentido com a mesma intensidade em todos os momentos de nossa vida.
    Saudades. Beijos com carinhoso e fraternal abraço,
    Lilian

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    Respostas
    1. Saudades também! Obrigada Lilian. Meus votos de saúde, tranquilidade e momentos de alegria a voc~e, junto aos seus. Beijos.

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