sexta-feira, 10 de junho de 2011

Um homem, uma mulher e suas poesias

 Vou contar-lhes a história deste livro.
Como foi bom abrir a caixa entregue pelo correio e ver ali nosso livro publicado! Ainda mais que eu ia receber amigas para comemorar aniversários, e ele chega exatamente um dia antes!!
 Meus amigos sabem que gosto de escrever. Poesias,letras e músicas escrevo desde menina! Cantei em programa de TV, (o Circo do Geraldo Rodrigues) algumas composições minhas e a música "Com açucar,com afeto" do Chico! Dali, convidada para cantar algumas semanas no programa da Xenia. Depois,no rádio!! Um futuro promissor talvez, neste meio artístico...hehehe, mas tudo parou por aí. Com 13 anos,não pude atender convites, não tinha um adulto que me acompanhasse.Naquele tempo,tudo era difícil para uma menina sem conhecidos no meio,sem desejos de carreira ou independência! rs.....
   Em mudanças de residência, perdi, me desfiz de cadernos de poesias. Depois de casada parei de escrever por um tempo. Mais tarde,quando os meninos iam pra cama e esperava o marido voltar à noite, voltei a compor, por necessidade, exigência das emoções e sensibilidades...hehehe..
  Ainda com filhos pequenos,publiquei 4 livros de contos infantis e parei novamente. Tenho o sonho de publicar mais livros. Mas,não costumo seguir focada em um objetivo que lute por alcançar de qualquer maneira. Ter foco é bom, nos protege de certa forma,como com um escudo de força. Contudo, a vida para mim, é algo surpreendente, apaixonante, cheia de movimentos. Tenho a tendência a esperar pacientemente por alcançar um sonho, quando por escolhas, preciso me adaptar e desviar-me nas curvas do caminho, mesmo que tenha de enfrentar as emoções que ser flexível assim,pode trazer...rs...
  Há dois anos atrás, voltei a escrever, fiz meu blog, emoções precisando transformar-se em palavras. Meu marido,o Cesar, não compreendia como eu podia perder tempo com estas coisas..rs.. Há pessoas que precisam ter a chance de vivenciar as coisas para compreendê-las. Eu o convidei para participar de um concurso de poesias comigo. Como na época em que o convidei a experimentar fazer esculturas, ele experimentou escrever, e gostou! Deixou aflorar mais uma vez sua sensibilidade e logo, sendo o homem de ação que é, disse: - "Vou publicar meu livro!"
  Confesso que fiquei feliz,pois "ganhei" um marido mais tranquilo..rs... e ao mesmo tempo espantada!
 - Como publicar?com que dinheiro,se tudo parecia ter de caminhar tão econômicamente sempre!? pensei eu.
Talvez com um pouco de inveja da capacidade que ele tem de concretizar o que quer fazer, decidi aprender com ele e então, publicamos juntos! Dividimos gastos, espaço,somamos tempo, juntamos algumas de nossas poesias e marcamos um encontro nas páginas deste livro.
   Não escolhemos publicar nossas semelhanças,( certamente as temos depois de 39 anos de casados..rs..), ao contrário, marcamos este encontro neste poetar entre nossas individualidades e apesar de tudo que nos diferencia.
   Convido vocês,meus amigos, para participar deste encontro! Puxe uma cadeira.Sente-se conosco. Deixe o tempo passar...vamos apenas poetar!
 
  Meu email: mulhernaidademadura@gmail.com
  Estou muito feliz com mais este pequeno sonho realizado.
  Meu carinho a todos.
 
  

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Meu aniversário e um encontro especial!

Ocupei-me nesta semana planejando algo que me deixou muito feliz. Lembram-se que algumas vezes convidei os amigos virtuais do coração para virem até a praça aqui em Sorocaba, para nos conhecer, mostrar a vocês este projeto Cultural que acontece aqui aos domingos, para conversarmos e depois tomarmos um cafezinho lá em casa?
Pois há alguns dias,Valéria Mello de Buritizeiro, me disse que viria me abraçar no meu aniversário..."de qualquer maneira" ! Estávamos guardando este abraço, há tempo!
Então convidei para uma pequena reunião mais íntima, alguns amigos/as especiais. Os que puderam vir, inclusive um casal de São Paulo, cuja amizade de 42 anos já virou parentesco, vieram. Semana passada convidei os amigos do dihitt também, para nos encontrarmos no domingo na praça,  almoçarmos juntos, enfim, os que não puderam vir,sabemos que foi por motivo importante.
Na minha pequena festinha e neste final de semana, desde 6ª f. à noite, eu e o Cesar estivemos recepcionando 4 amigas que se tornaram mais íntimas agora : Valéria kit mell, Maria Marçal, vovó Lili e Carla Castro Maia ( uma amiga que há muito queria conhecer). Nas vésperas, pedi a meu marido que recebesse bem meus amigos virtuais, algo que,vocês sabem, nem sempre combina com o humor dos maridos...mas Cesar foi ótimo, e para gostar destas amigas não é preciso se esforçar,ainda mais para ele que é falante e adorou ficar no meio das "meninas!" hehehe....
   Este final de semana foi especial e me fez feliz! Fomos buscar Valeria já na 5ª à noite na Rodoviária, na 6ª f.,um encontro em casa com todas, depois um jantar delicioso numa ótima Pizzaria daqui; as "meninas" passeando no shopping enquanto arrumávamos a festinha para a noite do sábado. Na hora do bolo, eram 2! Lilian trouxe um também. Ah, pena que não tirei fotos da mesa de frios e dos patês maravilhosos que fiz!
 A fantástica Banda de Mairinque com 70 componentes tocando para nós no Domingo..rs....! Depois, mais uma refeição juntos, no Restaurante Bar do Alemão, e sobremesa lá em casa. Muito shopp, cervejinha, cafezinho e conversa animada entre nós todos, durante estes dias e noites. Meu filho,norinha e netos e o casal de compadres estavam no sábado. Outros 2 filhos e alguns amigos que não puderam vir por motivos alheios à sua vontade, estavam conosco em pensamento. Alegria e carinho foi o que pudemos trocar entre nós.Isto não faltou nem por um instante. Sidney mandou-me 2 DVDs com muitas músicas..adorei. Aliás, recebi presentes lindos de todos e um,que Maria mandou fazer, muito interessante que depois vou mostrar em foto.
Tudo foi maravilhoso! Ah, meninas, foi uma delícia este nosso encontro!
Quero lhes agradecer!
Gostei de todas. Cada uma com algo que me agrada particularmente, me completa,me faz refletir ou me ensina. Todas ofereceram sua amizade e levaram meu carinho e o convite para virem ao meu quintal tomarmos um chá, ou um cafezinho na copa, ou uma cervejinha no terraço lá fora, ou pelo email,enfim, quando quiserem, serão sempre bem vindas ao meu coração,esteja eu na casa onde estiver.
Valéria, se adaptou na primeira noite até quase em baixo da mesa do meu escritório!! hehehe...
Até Maria sentiu frio no inverno que chegou em Sorocaba! Contudo,apesar do inverno,nos sentiremos no quentinho de nossos corações,pois é assim, de hoje em diante.
Nos aproximamos por algumas semelhanças...Nossos defeitos? Alguns, se somarmos o de todas! hahaha... quem não os tem? Graças a Deus não somos perfeitas ou nada teríamos a aprender, e seríamos metidas, teríamos perdido a nossa humildade e capacidade de gratidão, que é o que nos faz mais humanas. Nosso encontro foi perfeito!! É O QUE ACREDITO DE VERDADE!! 
 
Por falar em verdade, já sabem agora, como sou :- Se me perguntarem de um amigo/a ficarei algo reticente, pois sei que não posso descrevê-lo tão bem como o/a  próprio/a  o faria, mas a meu respeito? sabem que serei sincera ( se achar que não as magoarei, rs....) e de mim mesma, serei verdadeira sempre!
Vocês, cuidem com o que me falam até em suas brincadeiras, pois sou "meio desligada", aceito e acredito em tudo!! hahahaha....Se for segredo, esqueço! Valéria que o diga! kkkk.......Brincamos muito,nós duas- que assim a vida fica leve e alegre! Temos um jeito meio parecido de sentir emoções com certa intensidade.
Vovó Lili, que de vovó não tem nada, animada,disposta como todas as outras, ajudou-me imensamente com as meninas, como "motorista"; Carla que tanto de semelhanças percebi que tem com meu modo de pensar e em sua procura por uma "nova consciência", tem até o cabelo igual, podíamos ser irmãs..hehe!... e Maria, que também se assemelha a mim em algumas coisas do comportamento... E as diferenças de experiências de vida entre nós todas? sabemos aceitar e enriqueceram o encontro. Foi muito bom nosso encontro!
 
Àqueles que não puderam vir (recebi emails de 2 casais se desculpando, um deles chegou de viagem ontem!!!), o convite permanece para nos encontrarmos num domingo qualquer... 
AGORA,MENINAS, VOU TRABALHAR, organizar minha vida de mulher SEX (sex...agenária..rs..) Assim que tiver feito um pequeno vídeo com fotos do nosso encontro vou postar e enviar pra vocês!!
 
Beijos e obrigada a cada uma por este encontro. Cada uma, é especial pra mim.
Boa semana!
foto e texto: Vera Alvarenga 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Asas de andorinha!

Deixou os outros entretidos numa conversa destinada a se estender e da qual não queria participar. Voltou sozinha ao local por onde haviam passado há instantes.
Ia tirar as últimas fotos.Com esta desculpa, afastou-se de mais uma provável discussão.
Discutir democraticamente, faz parte do pensar. Contudo, há ocasiões em que isto é um sacrilégio, quando situações,como este passeio, são criadas exatamente para que se possa sentir momentos de paz.  Por que as pessoas precisavam resolver suas diferenças de opinião, justamente quando tudo estava bem, e em meio a uma paisagem linda como aquela? Por que não relaxar? Talvez seja porque a vida não pode esperar e, cada um tem suas prioridades. Por isto ela respeitou, mas se afastou.
À sua frente, o mar estava azul, lindo, brilhando à luz do sol de um final de tarde.  
 Tirou fotos. Tinha medo de altura. Aproximou-se do barranco, mas guardou uma distância segura. Ùltimamente, desejava sentir-se em segurança. Segurança era o que aquele local devia representar no passado, afinal era um "Forte". Ela, porém, não queria a segurança das armas. Hoje, ela queria voar.
   Atrás de si, sabia que estavam suas coisas já conhecidas, alguém mais forte do que ela, pessoas que amava,o mundo ao qual ela pertencera até então.
   Olhou para o horizonte distante. Sentiu o vento no rosto. Ah, se tivesse asas!
   Voaria, e alguns dos seus iam finalmente admirá-la por ousar conquistar novos horizontes? Antes lhe bastavam aqueles que seu olhar alcançava! O que haveria para lá daquelas montanhas, para lá de onde seu olhar podia alcançar? Sentia-se em paz como quem já cumprira sua missão.Todos que amava tinham sua própria vida, encaminhados, cada um por sua própria conta,cumprindo seus destinos. Ela bem que poderia voar dali, com sua máquina fotográfica, antes que o cansaço a vencesse.
   Ora, quem não gostaria ? Voar, e voar. Alguns prefeririam voos solos, outros, conquistar alturas, outros ainda sentiriam o prazer em vencer os desafios dos ventos,das distâncias. Ela não. Ela queria apenas se encontrar, em si, mas também, no outro.Aves não fazem voos sem planejamento, sem intenção, sem direção. Ela também não.
   Quem estaria lá, do outro lado daquelas montanhas no horizonte distante? Sim, era distante, distante por demais. E ela ainda seria a mesma, buscando o mesmo. E, com certeza, não era a liberdade para atravessar sozinha aquela imensidão azul! Não eram as conquistas de liberdade para altos vôos solitários que lhe dariam prazer ou significado. Suas asas não teriam forças! Não, certamente, não. Sem o vento para ajudar, sem pontos de apoio em meio ao caminho, sem outras asas a bater a seu lado, ou um olhar à frente a lhe inspirar? Isto seria aventura para aves solitárias, águias talvez, que quisessem voar apenas a grandes alturas. Ela gostava de voar e depois sentir o imenso prazer de planar, como as gaivotas, para experimentar a imensidão e sentir o vento,mas o ninho tinha de ser confortável, seguro e próximo. Não temia a solidão dos momentos de intimidade consigo, mas como as andorinhas, queria saber-se acompanhada por outra ave semelhante a ela, que experimentasse o prazer de uma especial companhia durante os vôos .
   Se tivesse asas, talvez hoje ela se arriscasse... e cometesse um crime contra sua natureza de andorinha.
   Ah, por isto Deus não lhe dera as asas de uma águia!
fotos e texto : Vera Alvarenga

sábado, 7 de maio de 2011

Dia das Mães, não é só comércio!

Tem gente que não gosta de datas como esta comemorativas...Eu gosto!
Concordo que o comércio às vezes abusa um pouco,mas faz o que lhe é próprio fazer! E ainda oferece algumas promoções, o que nos traz uma vantagem : se pudermos e realmente precisarmos, podemos comprar algo que nos falta, em melhor preço!
Ou pensar em dar à mãe ( ou sogra..rs.... algo que a gente sabe muitas vezes que ela gosta mas não pode comprar, ou algo que precise).
  Então, o comércio é algo bom quando a gente não se escraviza a ele.
Agora e nós, como filhos, fazemos o que nos é próprio fazer?
Fico pensando que muita gente fala de boca cheia contra este Dia de Comemoração Especial às Mães, dizendo que "mãe é todo dia!" Sim, como mães sabemos, mãe é todo dia...mas há tantas mães que aguardam ansiosas este dia para receber um carinho ou visita rara do filho/a, ou uma alegria a mais.
Então, por minha parte eu já deixei desta lenga-lenga e não critico mais o comércio, e gosto muito da data, como já disse. Nada cobro nem nunca cobrei de meus filhos a não ser, bom humor e disponibilidade para fazermos deste dia ou de aniversários, por exemplo, um motivo a mais para sorrisos, abraços e carinhos ( com presentes ou não! e mesmo quando não podemos estar juntos). Não há cobrança nem da presença física, mas o carinho é muito bem vindo e este Dia é mais uma motivação para isto. Gosto de tudo que possa inspirar-nos a demonstrar nosso carinho, porque há uma troca, recebemos e também damos e todos ficam com os corações alegres.
  Mas uma lembrança, honestamente hoje penso que é bem vinda, seja uma flor, um bilhete, um cartão, um perfume, um livro, uma blusa que não compraríamos mas que nos deixará mais bonita...um simples telefonema, ou um email com um beijo!  Não é o material que vale, claro! A "lembrança" será recebida como uma demonstração de carinho por mim, algo a mais. E adoro demonstrações de carinho - é esta a nossa parte, que podemos fazer enquanto nossas mães ( e os queridos) estiverem vivos - demonstrar nosso carinho!
   FELIZ DIA das MÃES, para todas as mamães e para todos os filhos!
   E Feliz Dia também para os PAIS que valorizam a mãe perante seus filhos,ou aqueles PAIS que, na ausência das mães, tentam encaminhar seus filhos com amor e um pouco mais da atenção que ela daria, para compensar filhos desta perda!
   Meu beijo carinhoso a todos.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Testemunha de um encontro íntimo...

Quando me sinto mergulhada assim
tão profundamente,nesta imensa preguiça,
que finalmente me vence e que
de tão grande deve ter
algum especial significado,
mas que passa ao longe
de minha evasiva compreensão,
penso que deve ser o fruto desta união
tão íntima, de mim com meu cansaço,
o lamento de um caráter apaixonado,
cujo coração fiel perdeu o rumo -
preciso buscar encontrá-lo. Isto dói!
Por isto, hoje, quero ficar quieta aqui
no silêncio de mudas palavras,
na ausência dos meus desejos,
que machucaram, doeram...
Então,que vida surpreendente esta,
quase nunca a compreendo!
Pois quando deste modo me encolho,
e só eu sei que tristeza me consume,
parece que me transformo em alguém "ideal" !?
O que um homem vê nesta mulher
além de um momento de rendição?
Perceberá na quietude, a sua tristeza?
Ou verá apenas mistério e encantamento?
Não notará que nos seus olhos
apagou-se o brilho, a alegria da festa?
Quando nada mais se quer, é nisto que
reside a atração? Que bobagem é esta!
Que entenda como quiser,
hoje sou eu que não quero pensar!
Me sinto tão dentro de mim,
que nada mais me interessa,
nem ingênuos sonhos me confortam.
E se for egoísmo, sinto muito
mas fico hoje assim, são momentos
nem sempre fáceis de encontros comigo.
Ausente o som que me despertaria,
é  prudente dar-me uma trégua,
abrir um livro, única testemunha
de meu encontro íntimo,
e pelas palavras de outra história,
contada por outra mulher,
emocionar-me, surpreender-me,
reconhecer-me, e me deixar encantar...
Poema: Vera Alvarenga
Foto: retirada do Google images.








sábado, 23 de abril de 2011

Outono...Páscoa - morrer ou renascer!

  O outono tem suas belezas, mas é triste. É como um belo por de sol em que a gente sente nostalgia do que de melhor já passou.
   Como é diferente quando vemos uma outra ave voar e sentimos que podemos ir com ela, por termos uma mesma intenção - nosso melhor destino, aquilo para o que fomos criados! São novos dias que a promessa nos traz  e ao lado do/a companheiro/a desta aventura, não estamos mais sós.
    No outono, quando já o inverno nos é anunciado, não raro algumas aves, apesar de suas tentativas de mantê-los, deixarão para trás ninhos inconsistentes que já se esfacelavam. A nostalgia do que não foi, poderá trazer o desprendimento e a liberdade da reconstrução.
     Quando voarmos, então, nos agarraremos a este novo sonho com fé em nós mesmos e no que virá! Mesmo apesar do medo do desconhecido.
     Deverá ser sempre o amor a nos elevar aos céus, em busca de novos horizontes por acreditarmos que assim estaremos realizando o melhor de nós mesmos, que viemos realizar. Só isto nos trará a tranquilidade de confiar em nós e no outro que nos acompanhar, e no nosso próprio discernimento ao escolher as prioridades. Esteja sozinha ou com companhia, o voo da ave experiente é mais lento, cuidadoso, e como um entardecer de outono, não leva ao brilho excessivo do sol de verão no dia seguinte. Após o outono, é o inverno que chega e a ave  acompanhada por sua escolhida, fará seu ninho preocupada em resguardarem-se, para se conhecerem, em silêncio unirem seus corações e planos de voo para a próxima estação, se ela vier. Na intimidade em que serão obrigadas a viver neste período, solidificarão confiança, planos e sonhos, acumularão energia, se farão fortes e construirão juntos, o futuro, certas de não desperdiçarem a oportunidade de um novo renascer como Fênix, das brasas e cinzas do outono.
     Por isto, o outono,apesar de triste, traz um convite - a oportunidade de se construir nova vida a ser gerada em segredo, nas entranhas do inverno. E mesmo que o verão não chegue nas formas deste mundo, para estas aves que assim se unirem em intimidade verdadeira pelo amor, este amor as preservará e nele, viverão.... E serão eternos, pois só o amor sobrevive a tudo o mais... e diante do amor, tudo o mais se torna grosseiro.
Beijos a todos e Feliz Páscoa!
Foto e texto: Vera Alvarenga
     

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cartas ao Léo - O pé de feijão- Parte II

 Cartas ao Léo...  ( Parte II)
 Vivian olhou para o que escrevera. Foi um desabafo. Talvez isto bastasse. Foi até a cozinha e fez um chá de maçã e canela.Tudo o que tinha escrito era como se tivesse podido falar, sem pudor, sem culpa, de seus sentimentos.  Entretanto, ainda estava inquieta. Tomou alguns goles da bebida que gostava de tomar nas noites frias de inverno, quando colocava um pouco de vinho tinto, um "quê" a mais, para torná-la especial. Era algo que fazia para agradar a si mesma ou para comemorar.
   Esta noite porém, não havia motivo para comemoração e não estava frio. Ela voltou ao computador e escreveu mais...
   
   Somos duas pessoas diferentes,temos nossas histórias e nos encontramos no momento em que ambas tentávamos nos recobrar da dor de uma perda. Ambas,estávamos em luto. Desde o início, nossa amizade nos libertou de algum modo, curou nossas asas quebradas. Tìmidamente voltamos a crer, cada uma de nós, que poderíamos voar de novo. Um laço nos uniu a partir daí. O que nos ligava não eram correntes, mas um tipo de querer bem, próprio dos que já sofreram o bastante, seja por que motivo for. Próprio dos que reconhecem que desejam finalmente, receber cuidados.
     Com nossa amizade, plantamos uma mágica semente – algo tão verdadeiro como um pé de feijão começou a nascer dela -crescia vigoroso e belo, porque ia de encontro ao céu. O sentimento podia parecer um tanto estranho, só para este mundo no qual tentamos viver, mas com o qual sabemos que jamais vamos nos conformar. Contudo, você se assustou? Eu sim. Assustamo-nos quase sempre com o que é  inesperado, mesmo que seja doce e possa curar. Seria possível haver um sentimento tão agradável e manso,  desinteressado e real, que não nasceu da atração física, mas de uma amizade?
     O que estaria por vir? Que bênção ou que gigante desceria dos céus naquele pé de feijão? Em que tipo de gigantes nós poderíamos nos transformar, se nos encontrássemos “cara a cara” com um sentimento nobre e belo que dependesse apenas de nós para frutificar?    
     Seu silêncio, entrecortado por uma e outra frase das quais já não sei se compreendo o significado, me fez refletir sobre a vida, e o que nela encontramos de bom. O que escrevo aqui, já não é mais só para você. É como nossas conversas de antes – nos faz refletir.
      O único pecado que me lembro ter cometido, além do medo, foi o de desejar a permanência. E se há crime, há punição.  Desta forma, parece que ouvi: “ cortem o pé de feijão!” Sempre que há um pecador, podemos gritar com ele, sem culpa, ou nos calar, oferecendo apenas nosso silêncio.
     Posso me afastar, não cultivo mais a planta pela qual também sou responsável, não a alimento, nem dou de beber... prefiro morrer de fome, do que do medo de saciar-me com o que é bom e então, um dia, mais cedo ou mais tarde, precisar enfrentar a falta. ( mas eu não penso assim,você sabe).
     Para que provar do alimento que nos iria nutrir, se já nos habituamos com a aparência de saciedade?  Se o que nos sustentou até hoje, ainda não nos matou, acabamos pensando que mesmo que já não nos faça tão bem, melhor não provar o sabor de vida, pois isto seria como se estivéssemos a negar a importância do que nos nutriu até agora. Porque temos a necessidade de destruir o antigo para justificar a procura do novo? Não teremos o direito de alimentar nossa alma da felicidade que nos sustente, sem precisar nos explicar tanto e dar motivos? Temos até medo de somar e viver o presente, permitindo ao futuro e a Deus as resoluções do que ainda virá.
     Me lembrei do Gaiarsa agora - talvez seja melhor permitir que morra aquilo que antes nos fez falta, antes que isto nos mate de prazer! (pois eu queria morrer de prazer).
     Mas eu compreendo. Também tenho medo de perder aquilo pelo qual sinto amor, seja ele de que tipo for. E o prazer se faz de coisas simples, tão simples às vezes, como saber que se pode contar ,ao chegar cansado, com o cheirinho do verdadeiro feijão feito em casa, temperado com alho fresco de verdade! O simples não foi valorizado, hoje já não cozinho mais.(mas ainda sinto cheiros) rs......
     Temos tantas responsabilidades e dores, e sustos e medos, e tantas pessoas para cuidar, todos nós, que não sabemos mais cuidar de nós mesmos. A loucura espreita e nos ameaça, se nos rendemos ao apelo de nos agradar com um presente que recebemos após tanto desejarmos!
     Temos tanta responsabilidade por consertar todos os erros que cometemos, sejam grandes ou pequeninos, que nos sentimos sempre em dívida com um passado e permitimos que o presente ( em ambos os sentidos) vá embora, como se nada fosse, mesmo que seja uma semente do mágico e raro pé de feijão!
     Temos tantas responsabilidades, que nos queremos perfeitos e nos esforçamos para compreender o outro ( isto falo por mim). Então, quando a raiva e o despeito passam, porque o querer bem é maior, tentamos deixar  ir, nos convencendo de que é melhor, no futuro, não confiar. A fome pode ser para uns, apenas o medo de se comprometer ou de ter de contar com o outro. Esta não é minha fome. Minha fome não é a das certezas – minha fome é a da coragem de viver coerentemente com o sentimento verdadeiro e com as palavras que escrevo e refletem isto. Eu precisava escrever o que sinto (você sabe).
     Assim amiga, eu a deixo ir, porque sei que nada nos pertence a não ser o que está em nós, ou o que nos é oferecido. Em meu coração, você será eterna ( ou não). Dizem que nada é real se não podemos ver fora de nós, refletido, iluminado... mesmo o amor não seria real se só um o tivesse dentro do peito. Isto, dizem,  seria ilusão. Você sabe que não creio em tudo que dizem!! rs............
      Meu pé de feijão está lá, sem frutos, sem gigantes, sem promessas, sem raios de sol a iluminá-lo, mas ainda está lá e ainda é meu, até que seque. Será velho e seco, mas é verdadeiro, não permito que neguem esta verdade. A lembrança de algo bom que existiu e conservo em mim, não cobra nada do outro, existirá enquanto eu puder permitir que exista, enquanto eu não precisar matá-lo, como ainda é real para um pai, a lembrança do filho que já morreu, ou para uma mulher a lembrança do amor que viveu com um homem. Temos apenas de aprender a não sofrer tanto com a saudade do que poderia ter sido. Não vou mais lhe enviar este, que começou com a pretensão de ser apenas um email e cresceu como minha fome – a mesma fome que sinto ao pressentir o tempero com alho da comida caseira. Sinto água na boca quando penso no que minha alma acredita. Tudo o que disse aqui, são apenas "as minhas coisas" e pelo menos de palavras claras e verdadeiras, matei minha fome. Não quero criticar, só falar de mim e apenas choraminguei minha saudade e espanto diante das impermanências, mas sei que a aventura da vida é mesmo esta incoerência... 
     Perdoe-me se fiz este desabafo, se escrevi tanto para dizer talvez pouco, mas acho que é porque a incoerência entre o que você me diz e o seu silêncio me deixaram agoniada, acredito em você e fico sem saber como lidar com isto. Nada lhe diria se você não fosse importante para mim. No futuro, enviarei minhas cartas aquele meu amigo, você sabe...enviarei minhas cartas ao Léo (ou léu, conforme o caso, e se eu não tiver uma recaída)...ou farei um diário...rs.......... 


     E então, cansada, Vivian desligou o computador. Fecharam-se as cortinas, apagaram-se as luzes e ela foi dormir...
Texto: Vera Alvarenga
Foto retirado do Google.  

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