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sábado, 2 de junho de 2012

Estrelas no mar...

Naquele tempo, ela caminhava na praia deserta.
Trazidas pela maré, um dia chegaram palavras, resposta ao desejo que lançara ao mar. E outro dia, o barco, e nele o pescador, e ao redor dele, as gaivotas. Eram dias como aqueles em que o brilho do sol aquece a alma e desenha estrelas no mar.
Longe vai este dia...
Agora, alguns habitantes da ilha voltavam. Voltavam um pouco vazios do que tinham sido, voltavam ligeiramente transformados, envelhecidos ou cansados, emoções à mostra como se isto, agora então, valesse a pena. Mas as dela, como gaivotas voaram para detrás daquelas pedras e ela as perdia de vista, por dias e dias, perdida que estava daquela visão de estrelas no mar...
A volta viera como a maré cheia que a despeito do que seria natural a seu tempo, retarda. Contudo, mesmo assim, ao vir finalmente é real e traz junto seja lá o que o mar lhe tenha para dar. Estranho ver no outro e só agora, a compreensão para si mesmo, do muito que ela tinha sido e não compreendida. Mas o tempo muda tudo, algumas coisas trocaram de lugar! Tivesse tido ela ainda mais paciência, e seu coração não teria batido desigual. Impossível, contudo, que não reconhecesse que a ilha não era mais deserta!
Já não olha mais para o horizonte distante, nem espera ver o barco, porque em vão e por longo tempo tinha esperado seu retorno.
Colhe os frutos da ilha. Morde-os.Se alimenta deles como quem quer, com sua polpa madura, preencher-se do seu gosto, da sua materialidade. Ela mesma talvez queira mais concretude. Cobrir sua doçura com casca resistente.
Caminha. Seus passos ficam marcados mais fundo na areia, pois que já não pode flutuar como antes. Sente o real e caminha em paz consigo sob o peso de si mesma. Senta-se sob a sombra dos coqueiros. Já não fecha os olhos para sonhar. Perdeu asas, mas recuperou uma visão mais adequada à luz do local. E olha, e vê a paisagem, e admira as aves e o colorido daquele paraíso alcançável. É paraíso,não é?

Por vezes, porém, ainda deseja e o coração trai esta mulher compenetrada, séria e macia...e então, ao caminhar na areia, por culpa da brisa que vem lhe beijar, quase se deixa levar. Olha para o mar, de propósito afunda os pés na areia... mas a ave dourada que hoje habita somente em seu coração busca com o olhar, as estrelas, os sinais, as palavras, e ela sente no peito o leve tremor de suas asas, e cala o canto que não será ouvido.
Fotos e texto: Vera Alvarenga
E por falar em coração batendo desigual... a música Trem do Pantanal com Almir Sater vai bem...

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