segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Nos emails dele...

    Começo de ano. Caixa de correio cheia, emails que ele nem abria mais, há algum tempo. Era o momento certo para deletar tudo - Ano Novo, vida nova.
  E lá estava um e-mail dela. Há meses eles se corresponderam. Tinha sido importante numa fase em que a vida estava difícil com a perda que o abalara tão profundamente. Ela dissera que também sofrera uma perda. Ele lhe incentivara a continuar. Ela lhe emprestara suas asas, bem que ele  reconhecia. Mas vieram outras perdas. A vida, às vezes sabe ser ainda mais dura.Tudo mudara muito. Não tinha mais tempo para amizades virtuais. 
   Parou de escrever-lhe. Por que ela também não fazia o mesmo? O que a movia a escrever-lhe como se tudo continuasse como antes? Ela não sabia que o tempo leva tudo? Seria doida? Uma mulher como tantas outras com sede de afeto, que não sabia viver sua solidão e se apegara a ele como se fosse uma oportunidade de recomeçar sua vida, talvez. Mas e ele? Ela não se importava com o que ele queria?
  Antes, ela confessara, pensou que ele fora um presente de Deus em sua vida, com tantos sinais que de início não compreendera, mas que depois ficaram claros. Como ela podia pensar isto apenas por aquelas pequenas coincidências, e se até mesmo Deus parecia haver esquecido dele?   
   Depois, ela disse que não esperava mais nada dele mas desejava sua amizade. Não, ela não podia estar falando sério. Não podia ser tão crédula e ingênua sendo tão velha! Ou então estava confusa. Era uma artista, romantizava tudo, com uma criatividade absurda misturava ilusão à realidade. E ele, não era homem de confundir as coisas. Ele tinha desejos, mas não tinha planos. Ou pelo menos não, os que pudessem fazer juntos. Por ventura ela acreditava que Deus os havia aproximado porque sabia o que acontecia a ambos? Isto tinha sido uma explicação que respondia às incertezas dela, não as dele. Sem dúvida, era apenas uma mulher simplória demais, que colocou a vida nas mãos de Deus, talvez porque nunca o tivesse feito, de fato, antes. Uma vez ela contou-lhe que fez isto porque estava cansada de tentar fazer tudo dar certo, sozinha. Depois de tantas perdas, ele também estava cansado. Precisava seguir a vida e adaptar-se da melhor forma. E ela não estava nos planos dele.
   Mas quem sabe, para Deus, podia abrir uma exceção. Quem sabe pudesse colocar sua vida nas mãos dele, com a simplicidade de um homem que sabe que necessita fazer a sua parte, mas que uma ajuda divina seria bem vinda para aquele novo ano...
foto retirada do Google imagens. Texto: Vera Alvarenga.

3 comentários:

  1. Muito bom o texto, Vera. Ele talvez não conseguisse acreditar que pudesse existir uma pessoa tão admirável em um mundo tão cruel. Bjs!

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    1. Compreendo, Sérgio. Mas penso que, não pode haver pessoas admiráveis se não houver quem as admire, quem as veja e creia nelas. Nem mesmo quem o é, pode manter-se assim, se não tiver forças para persistir ilesa, no meio das intempéries. Sabe, é assim que morrem as flores, promessa de jardins que tranquilizariam a cada olhar...porque o jardineiro não quis crer nas frágeis folhinhas que brotavam, não pensou que valia o esforço. Então, o jeito é flor e jardineiro entregarem seu destino a Deus... e Ele deve chorar por ver que ali não se formou um jardim como aqueles floridos e cuidados da Holanda, da Alemanha...(só vi em fotos! e foto talvez seja uma ilusão?!...rs....)Bjs.

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