sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O pêndulo...

   Uma vez ele lhe perguntou:
- Você existe?
- Claro que sim, respondeu.
E sabia que existia! porque naquele instante começava a pesar-lhe sua existência. Ela, que sempre tivera asas, vergava agora, diante dele e pesava-lhe  sua simplicidade e mais algumas características que a faziam sentir-se mais concreta e deslocada do que nunca.
   Engraçado como quando a gente se sente parte atuante na construção de um sonho, ou quando a gente ama e se sente amado sem que para isto precise renunciar a alegria que pode acompanhar tal experiência, tudo parece encaixar-se, tudo se torna mais leve, inclusive nós. E o contrário, é consequência de vivermos o momento em que descobrimos que estamos vivendo no mundo de dualidades e opostos. E nele, experimentamos os dois lados da moeda, embora alguns tenham a sorte de descobrir um terceiro. Porque o amor pode ser leve, ou pesado, conforme o modo como se ama ou que se é amado. Por vezes é uma escolha.
   Para ela, era impossível duvidar de sua própria existência, porque debatia-se e por isto, sentia cada limite do seu ser. Isto a tornava bastante concreta.
   Uma outra vez, ele lhe disse:
- Com toda certeza posso afirmar-lhe que você é insubstituível para mim.
  Aquelas palavras eram dirigidas a ela e assim, teve certeza de que poderia libertar seu coração. E logo, era ele que se tornava insubstituível para ela. E quando ele lhe falou que, algumas vezes, a sentia junto a si porque ela parecia adivinhar o que acontecia, sorriu. Porque ela o trazia sempre junto a si, em seu coração, e conversava com ele, e todos os dias dizia-lhe bom dia e boa noite.
   Quando já nada mais esperava, ele era como uma doce promessa, que naturalmente se realizaria em breve, algo que seria como colher o fruto que já está maduro - o melhor sabor, o melhor cheiro - a promessa da leveza de poder ser. Então, ela passou a viver entre o sonho e a realidade, entre a esperança e a desistência, alternando sentimentos de impotência e poder, limite e liberdade - o desejo da liberdade de caminhar livremente, não por estar só, ao contrário disto, por sentir-se plenamente reconhecida e capaz de ser. O sonho parecia mais real do que tudo o mais, porque refletia o que estava nela.
 Chegou o dia em que ela viu que nossa vida pendura-se, por vezes, no pêndulo do relógio do Tempo. E o tempo não parou para ela descer, nem recomeçou. No pêndulo, ora estamos de um lado, ora em seu oposto.
  Agora, era ela que perguntava novamente:
- E você, ainda existe?
Mas não ouvia mais nenhuma resposta.
  E, com as pernas penduradas no ar, sentada no grande pêndulo do relógio da vida, observava. Talvez nunca mais descesse de lá e se adaptasse por fim, ao balanço ritmado. Sentiu a brisa no rosto. Seria o vento que leva tudo? Mesmo que antes ela não acreditasse nisto, reconhecia agora, que era possível que ele tudo levasse. Ainda assim, ela procurava o equilíbrio, mesmo sabendo que o pêndulo jamais pararia enquanto ela vivesse... a cada dia ela o cumprimentaria pela manhã e se despediria, com um beijo, à noite...
Foto e texto: Vera Alvarenga
  

5 comentários:

  1. Querida Vera,

    Outro dia ouvi exatamente isso: - voce existe?!

    E me senti muito especial!

    Obs:
    Quero lhe dizer que notei a Galeria de fotos ao lado e estou me deliciando.

    Bejios

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    Respostas
    1. Uma das melhores coisas da vida para agradar ao nosso ego é sentir-se assim especial...
      As fotos...acho muito legal ver estas fotos antigas. Estou com meu outlook com problemas e não consigo enviar emails!Tenha uma ótima noite de 6ªfeira! Beijos!Vera.

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  2. Venho desejar-lhe um Feliz 2013.
    Que no próximo ano nos visitemos mais.
    Um beijinho
    Irene Alves

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  3. Querida Amiga VERA,

    Eu desejo que todos sejam abençoados por Deus.
    Que venha um 2013 iluminado.
    Novas possibilidades, novos amigos, reencontros.
    Saude, paz, amor e alegria.

    Sejamos meios para ajudar uns aos outros, usando o poder das palavras.

    Continuemos unidos nesta comunidade incrivel do mundo moderno.

    Bençãos.

    Bjs

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  4. Tava(sic)pensando que eu tinha esquecido do seu blog né! Não, não esqueci, no apagar, ou é no ascender, das luzes passei pra te desejar um feliz 2013. Que todos os sonhos se torne realidade.

    Abraço,

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