Mostrando postagens com marcador violência. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador violência. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 10 de agosto de 2010

MULHERES QUE NÃO SABEM COMO DIZER “NÃO” -


 Algumas mulheres tem dificuldade com esta palavra(confesso ser uma delas). Ela fica engasgada, às vezes na garganta, e não a podemos dizer, por medo, por falta de apoio de uma sociedade que se cala, ou simplesmente pela convicção de que temos a missão de sermos apaziguadoras, o que nos faz parecer permissivas demais.  Penso que, isto acontece principalmente àquelas, de minha geração, que não tiveram oportunidade de treinar ser auto-afirmativas! E como sê-lo? É preciso preparo, ter condições de apoio... não podemos simplesmente sair dizendo não, de repente, depois de tanto tempo convivermos com limites impostos por crenças e por um tempo em que fomos educadas, desde pequenas para sermos obedientes, cordatas, responsáveis pela manutenção da harmonia em nossos lares e no trabalho! Antes a mulher tinha que escolher entre o não e a família, e muitas vezes, entre esta palavra e seus significados, e o sonho de lutar por um amor maior que tudo! Sim, é verdade. Era nossa, a responsabilidade de entender que à mulher caberia o “colocar panos quentes” e o priorizar os valores espirituais, evitando provocar discussões simplesmente por questão de vaidade do ego, ou de mostrar que se tem razão. A mulher não precisava ter razão, mas tinha que ter força o bastante, para tudo o mais! À mulher não cabia a negativa. Foi nos ensinado, com exemplo e palavras que, quando um homem dizia “não”, era próprio dele, e, se tivéssemos certeza de que isto era impróprio, então teríamos que ir “com jeitinho”, e tentar com calma e carinho, fazê-lo refletir melhor sobre aquele assunto, para decidir se não valeria a pena se flexibilizar. Era nossa a tarefa de pensar, ponderar e da diplomacia.
   Estas três letrinhas podem parecer uma palavra dura demais, dependendo das circunstâncias, do modo como é dita e da sensibilidade de quem a usa ou ouve. Esta palavra nos ajuda tanto a nos proteger, mostrar nossos limites, esclarecer intenções, como a reconhecer o limite do outro,quando não o conhecemos ou mesmo, quando insistimos em avançar os sinais, que talvez já tivessem o mesmo significado, mas que não haviam ficado bem claros.
     Dependendo do histórico de vida e de seu modo de encarar frustrações, algumas mulheres tem dificuldade em aceitar, ouvir e receber este “não”, porque não sabem lidar com a frustração... Entretanto, não é sobre isto que quero comentar hoje, mas sobre a dificuldade que muitas mulheres, de minha geração encontram, para DIZER esta palavra tão difícil de ser dita, mas igualmente necessária. E isto ocorre, por vários fatores, mas principalmente por falta de exercício desta arte – a arte de dizer “não”, com firmeza e tranqüilidade! E, na minha opinião, isto está ligado a auto-estima e à auto-afirmação, que mulheres da geração atual, estão, finalmente, podendo aprender a exercitar.
     Evidentemente, este exercício significa que a mulher deve estar preparada, inclusive financeiramente, para arcar com os riscos e responsabilidades que isto implica. A maioria das mulheres de minha geração, não está! Mas estavamos preparadas para educar melhor nossos filhos,as filhas e netas, com pequenos exemplos dos primeiros sinais de uma maior consciência de nossos próprios limites e de que, não conseguiríamos ser para sempre violentadas, de diferentes maneiras, por uma sociedade que nos impedia a liberdade de aprender e usar esta palavra. A mulher precisa ser educada para se proteger, inclusive contra a violência da qual tanto se fala hoje e o uso da palavra, junto com a atitude de negar-se, é fundamental. Mesmo que a gente ainda queira manter a paz e a cordialidade, e bem por isto, aprender a dizer um “não” requer coragem, mas pode significar um largo passo em direção a uma sociedade mais consciente e humanitária. E, em conseqüência, mais feliz para todos.      
   Ouvi um relato de um policial, que muitos crimes e violência seriam evitados, se as mulheres ouvissem sua intuição e se sentissem seguras para dizer "não"! Outros abusos não físicos e prejuízo emocionais, frutos do uso que a sociedade faz da mulher e da família, também diminuiriam, pela educação da mulher a liberdade de decidir negar-se!
     Homens e pais conscientes disto, não os trogloditas do passado, certamente saberão apoiar e educar suas filhas e mulheres amadas, quando estas estiverem dando os primeiros passos para aprender o uso desta palavra, pois com isto, todos estaremos juntos aprendendo a construir um mundo mais justo e impedindo a violência e preconceito, em diferentes graus. 
texto : Vera Alvarenga
foto: pode ter direitos autorais - tirada de email recebido pela internet

Clic para compartilhar com...

Compartilhe, mas mantenha minha autoria, não modifique,não uso comercial

 
BlogBlogs.Com.Br
diHITT - Notícias