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segunda-feira, 19 de abril de 2010

- " Uma grande Mudança!... parte I"

  
  Na Páscoa, finalmente mudamos!
   E vou compartilhar com vocês. Venham, sentem-se, vou lhe contar...Mudei! de casa,de cidade,de clima! Uma grande mudança!
   Deixei objetos,móveis,roupas que não iam servir mais, para trás. A convivência agradável com jovens, no trabalho,também ficou lá, em Birigui.Contudo,boas lembranças ficam no coração,para sempre.
   Mudar cansa muito! todas as minhas articulações doem, mas comemorei com vinho!
   Dei todos os meus discos! Abandonei a intenção de continuar como ceramista- o pesado forno para queima da cerâmica,caixas de esmaltes, peças por pintar - objetos de um atelier, ferramentas que me acompanharam por muitos anos. Não havia espaço para o que nós dois queríamos manter a fim de resguardar alguma sensação de segurança quanto ao futuro.Eu precisava arriscar,sem garantias, dar o passo, subir no trem e não olhar para trás.
   A cerâmica? eu a conhecia bem! e me trazia a possibilidade de dar aulas.Não saberia o que fazer além disto, se precisasse de outro "emprego"! De quebra, me permitiria continuar com meu projeto de Mosaico com crianças na comunidade desta nova cidade. Eram idéias que me apaixonavam, alimentavam um pouco meu ego,confesso, quando eu via o resultado. Contudo, era uma atividade solitária.Alguém tinha que deixar coisas para trás...e decidi ser eu a sair como a lagarta, sem um caracol nas costas, pois já arrastei por muito tempo, toda tralha de dois ateliers. Assim,mais leve, quem sabe um dia ganhe asas como as borboletas! Mesmo não as tendo ainda,posso voar com meus pensamentos,criar e transformar outros materiais,e de outras formas...afinal, o que a gente precisa além do material a transformar...é a idéia!
   Embora sentindo pena,dei as coisas que podiam me ligar a esta paixão - " a arte cerâmica e a escultura". Na realidade, já não podia ficar horas mexendo com argila fria, nem adianta criar peças bonitas se não tenho o dom de saber vendê-las. É um grande esforço também que demanda muito tempo, o vender o que se faz.    Arte e artesanato são um pouco de talento,inspiração e criatividade,mas muito de solidão e transpiração e, como dizia minha mãe ainda que com um tom crítico do qual não posso culpá-la, eu sabia transformar materiais numa verdadeira alquimia que me encantava, mas "nunca soube transformar arte em dinheiro"!
   Se vendia minhas esculturas e peças em Raku (minha grande paixão!),era graças a intermediários que as mostravam, pois  não domino a difícil arte de "vender" e "fazer dinheiro". E precisamos dele, é claro! Há 3 anos, meu filho me ofereceu outro trabalho e, se este pudesse continuar, a cerâmica seria só para o meu prazer,no futuro. Dá até um aperto na barriga agora, ao pensar nisto, pois acabei com esta possibilidade, e sei que vivemos em um mundo onde tantos, tem necessidades tão atrozes, que jamais poderiam pensar em trabalhar por prazer! Eu tive a sorte de fazer isto e sempre acreditei que tenho que valorizar as oportunidades que chegam a mim (costumo chamá-las de bençãos), por isto,aproveitei muito o que pude. Mas sei que há muito mais para fazer.
   Não costumo sofrer de tédio! apenas preciso me apaixonar... e vou!
   Vou voltar a escrever, tentar terminar mais um livro infantil,batalhar para encontrar uma editora que publique outros já escritos. Ou,talvez,decida apenas viver! e trabalhar com a oportunidade que surgir. Continuarei a me apaixonar por pessoas e tentarei me aproximar mais de algumas que sei que valem a pena, apesar do receio de não ser o que elas poderiam preferir que eu fosse. Vou tentar cultivar,mais que nunca, os verdadeiros amigos, pois não quero mais perde-los sem saber o que gostariam de me dizer ou me pedir. Eles são os que se importam,que compreendem que temos em nós um fervilhar de emoções, que sabem que precisamos encontrar no mundo algo que nos alimente de vez em quando, com a mesma substância que nossos sonhos idealísticos costumam nos encantar e atrair,como moscas no mel. Gestos de amizade e ternura são como anjos que nos conseguem tirar de nosso vício da abstração no criar, idealizar,sonhar,transformar letras,sons,barro,tinta,cacos,caos,visões, em outros significados...
   Vou tentar não me deixar envolver pela magia do meu cantinho solitário,agradável e seguro que costumo criar ao redor de mim, mas que rouba minha atenção do convívio com outros, neste mundo ao qual chamamos de realidade. Vou me convencer que tenho coisas a dar e que outros a querem receber, assim, do modo como posso ser e,quem sabe, consiga driblar meu medo do "grupo",já que tenho preferência pelo que é mais íntimo. É a intimidade, ou seja, o estar a dois ou entre poucos, numa atitude de maior confiança e proximidade, seja com uma amiga,amigo ou companheiro, estar olho no olho, que me deixa segura, confortável.
   Embora alguns achem o relacionamento íntimo mais difícil, porque mais verdadeiro, é quando me encanta, porque penso que poderíamos ser o que somos, deveríamos poder nos mostrar ao outro. Talvez eu tente criar coragem para "sair" da toca, um pouco mais ao "social"... ou não...
   Para alguns de nós,beleza é fundamental para encontrar significado para a vida. E eu a vejo em diferentes formas... no abraço firme, no sentimento ou palavra carinhosa, mesmo virtual mas não ilusória, ou no gesto verdadeiro, concreto e que se quer fazer presente, que nos toca de perto. É isto que nos resgata de nosso vôo ( talvez fuga) em busca do etéreo para nos trazer com mão firme, de volta a nossa limitada, mas real humanidade. Assim, deixo o que sabia de cor, para aprender e me entregar a outro tipo de comunicação, que permitirei que me toque.
   Mostrar o belo através de fotos, comunicar-me com amigos na rede social, incentivar porque acredito no ser humano próximo, dividir o que me emociona e as agonias de lidar com sentimentos conflitantes... estas, quem sabe sejam uma melhor forma de me expressar, para a nova fase. Além disto, se a cada mudança, quiséssemos carregar toda a tralha e hábitos antigos conosco, não mudaríamos muita coisa,não é mesmo?
   E esta foi realmente, uma grande mudança! Foi assim, minha Páscoa, minha Fênix...
   E vocês, que mudanças se permitiram ou foram obrigados a encarar?

autoria: Vera Alvarenga
foto: Vera.

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