quinta-feira, 29 de março de 2012

Esculturando... o momento mágico de transformar.

 Ao ouvir o escultor naquele vídeo, mostrando com alegria suas obras belíssimas de entalhe na madeira, me emocionei com ele e pude sentir a mesma alegria que ele sentia...sei como é. Fui ao velho baú das fotos, lembrar...

A alegria de criar com as mãos, transformar um material numa idéia...me fez lembrar do tempo que eu pesquisava e trabalhava com máscaras e diferentes materiais e depois, como escultora no barro. O Expedito trabalha com Madeira, retirando material ao esculpir - mais difícil do que o barro, que a gente pode colocar, mas escolhi a argila por sua plasticidade, flexibilidade, e pela sensação ao tocar. Se amolda nas nossas mãos e as minhas gostam do toque.
Criar... quando a gente tem um projeto, é até difícil dormir à noite! E ao entrar em contato com o ato em si, é mesmo algo indescritível, como uma necessidade, que a gente sabe que tem de fazer e tá acabado. E a gente penetra nele e é penetrada, modela e é modelada pelo ato de criar, até o momento mágico que se abstrai de tudo em volta e entra na obra, e se torna uma coisa só!! 
Depois, vem a alegria de ver o que foi criado ir pelas mãos de outra pessoa para longe, levando o teu nome, talvez o nome da cidade, e mais, a idéia do belo a lembrar que ele existe, que as coisas podem ser transformadas por nós, por opção, e ainda, no meu caso(com certeza no dele, também) e não menos importante, eu sabia que na obra ia uma energia boa que eu queria compartilhar com as pessoas, mesmo que não soubessem, mesmo que meu nome se apagasse. ( eu rezava pra que as minhas coisas criadas ali, levassem boas energias para os lares, ambientes,etc..). 
Percebi agora escrevendo isto que, sem dúvida, a força da gente está em fazer estas coisas nas quais a gente sente que põe junto, a alma! Tirem as ferramentas das mãos deste homem, digam a ele que terá de passar a pagar caro pela madeira, tirem-lhe o espaço, digam-lhe que não adianta mais criar porque ele não terá mais para quem vender, digam-lhe que o mundo moderno desvaloriza seu trabalho, que a indústria substituiu o artesão e este homem se sentirá meio perdido, sem eira nem beira! 
Mas é verdade que a gente não pode criar o mesmo, indefinidamente. O que seria do mundo se fosse só criação? Então, se a vida parar a gente, ou aquele homem, ele sentirá um desassossego até reencontrar de que outro modo poderá criar e colocar aquela sua energia carregada de alma, amor e emoção. Se demorar,  se perguntará talvez, se a sua arte é supérflua, e se perguntará qual o sentido de sua vida. Claro que, para sobreviver, ele poderá usar sua criatividade até para trabalhar numa fábrica… Contudo, enquanto ele estiver criando com mais liberdade, no material com o qual sua arte flui , ele mesmo entrará em sua obra por amor, não apenas vaidade, e porque é isto que acredita ser o que deve fazer. 
Na vida temos de ser artistas também, neste sentido, seja lá o que tivermos de fazer. Ou quando chega o tempo de descansar, dar um tempo, ou ver o oposto de criar. Afinal, o mundo é feito de movimentos opostos e deles depende a própria criação! 
Sua matéria maravilhosa, minha amiga Valéria, me levou a recordar e valorizar cada gesto criativo que fazemos em nossa vida, qualquer um de nós! Legal. Obrigada!
Aqui o link do vídeo da Valéria: http://www.amoresnovelhochico.com.br/2012/02/28/1131/
Texto e fotos: Vera Alvarenga
E para completar perfeitamente... queria aqui colocar a música de Gonzaguinha
GUERREIRO MENINO...


13 comentários:

  1. Gosto muito desta expressão artística - ESCULTURA - e realmente estamos a esculpir-nos, assim, como faz o escultor, a cada instante.
    Muito bom passar por aqui e poder ver esta bela postagem, Vera.
    Grande abraço

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    1. Olá Malu! Como vai você e Cabreúva?
      é verdade, estamos a cada instante nos recriando, tirando um pouco aqui, acrescentando ali, transformando o que pensávamos inútil em algo de interesse, enfim, esculturando. Agora, fazer mesmo uma escultura com argila, ocá-la, brunir( dar-lhe brilho), deixar secar, aos poucos, para não queimar e depois finalmente levá-la ao forno para depois de horas e horas retirá-la de lá...é qualquer coisa... Experimente um dia. Pode ser em outro material também..até areia...rs...
      Grande abraço também! Bom final de semana ( já se aproxima!)
      Vera Alvarenga

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  2. Nossa, como fico satisfeita em ver as histórias do Amores chegando das formas mais inusitadas em tantos cantos!

    Que relato legal. Perfeito Vera, perfeito!

    Esta eu tenho que contar pra todo mundo!

    Tou muitíssimo feliz!

    Valéria

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    1. Sabe Val, não posso dizer que aquele homem da sua matéria lá da saudade, aquele do sorriso,é puro. Na verdade,só posso ver o momento e fantasiar o resto, mas naquele instante, como também no seu vídeo com o escultor de belíssima obra, o que a gente tem são estas emoções,e a gente se emociona com eles porque nos faz lembrar algo ou admirar o que nunca experimentamos,ou ainda reconhecer o sabor de uma emoção semelhante, e isto nos faz sentir que pertencemos a um grupo maior.
      Afinal, as coisas simples e puras que nos inspiram,na maior parte das vezes, não é mesmo?
      Por isto, é tão bom que você e outros façam este trabalho de também mostrar o que é bom e simples. A gente nunca pode saber que alcance terá...
      Beijos.
      Vera.

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  3. realmente esculturas bem feitas que transmitem emoção na arte...

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  4. Vera,

    Sempre fui curiosa em observar esculturas, especialmente as antigas, visto que muitas delas são cercadas de historias fascinantes. Alguns materiais devem ser muito dificeis de serem trabalhados. É uma arte que requer talento e precisão.

    Eu tinha um tio que talhava madeira, era impressionante a riqueza de detalhes.

    Bjs

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    1. Sissy, tive um professor, Reydon, no Liceu de Artes e Ofício que dizia que para frequentar seu curso era obrigatório fazer 2 obras na linha clássica - uma cabeça e um corpo - dentro dos detalhes e medidas padrão. Só então estaríamos prontos para criar ou fazer as loucuras que quiséssemos.Arte não é só criar, mas disciplina, esforço e suor. Achei o máximo e uma lição para a vida também. Já trabalhei com pedra talco( chamada de pedra sabão).Madeira e pedra são mais difíceis de trabalhar, principalmente quando se trata de escultura clássica, rostos, onde você tem de respeitar as proporções. Um talho mais forte, um corte mais fundo e você muda o sorriso de angelical para cínico ou maldoso...rs.... Eu gostava muito do barro, porque podia envolver com as mãos, tocar a maciez e, também porque além de tirar, podia acrescentar. Você bem sabe como geminianas gostam de experimentar movimentos complementares! kkk.......
      Beijos

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  5. Vera! Vc é mesmo uma artista completa...
    fazer máscaras é altamente terapêutico. fiz uma terapia de máscaras q foi um sonho!
    Bjos

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    1. Olá, querida Marcela! Deve ter sido bárbara esta terapia. É muito bom a gente fazer uma máscara e colocar ali, simbólicamente o que quer trabalhar, o que quer dissolver, deixar pra traz.Então, depois de tomar consciência disto, destruir a máscara, pode ser um bom processo. E trabalhando com o barro a gente vê também como é difícil fazer tudo perfeito, um lado igualzinho a outro,porque não somos, não é mesmo? rs... Beijos! Obrigada pelo carinho.

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  6. Olá, querida Marcela! Deve ter sido bárbara esta terapia. É muito bom a gente fazer uma máscara e colocar ali, simbólicamente o que quer trabalhar, o que quer dissolver, deixar pra traz.Então, depois de tomar consciência disto, destruir a máscara, pode ser um bom processo. E trabalhando com o barro a gente vê também como é difícil fazer tudo perfeito, um lado igualzinho a outro,porque não somos, não é mesmo? rs... Beijos! Obrigada pelo carinho.

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  7. Oi Vera,
    Muito bom!
    Eu que acompanhei de perto o processo de construção do vídeo do Expedito, fico imaginando o que a Dona Moça (Valéria), emotiva como é, não deve ter sentido quando leu o seu post...
    Parabéns pela sensibilidade e sacada genial, de aproximação das duas artes em um único texto.
    Gostei. Muito!
    Beijão.

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    1. Ah! você esteve lá, não é mesmo! Bárbaro então. Achei a matéria muito legal já por valorizar a obra caprichosa e linda do escultor de lá, e também, porque mexeu comigo. Gosto quando leio algo que cria uma ponte entre minha alma e o que está lá. Valéria sabe fazer isto e o tema, em particular... rs... Obrigada, beijos.
      Vera.

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