quarta-feira, 2 de abril de 2014

Conversa entre duas amigas inseparáveis...

 - Como foi seu dia hoje?
- Ãhn? ah, é você? Bem, teve uma parte dificil, quando tive de explicar tres vezes porque precisava levá-lo ao médico, e depois quando precisei explicar que não era longe mas estávamos quase atrasados, e ainda quando tive de dizer mais tres vezes onde era o lugar apesar dele me dizer que eu não queria dizer o endereço a cada vez que me perguntava. E quando tive de vestir a pele de loba, rosnar, mostrar-me forte ao invés de companheira amigável e dizer que ele devia parar de me ameaçar descer do taxi no meio do caminho porque precisávamos da orientação do médico.
- E aí, deu certo?
- Parece que sim, mas é uma pena... ao enfrentá-lo tantas vezes, minha mão vai ficando forte e peluda eu acho...vai perdendo o toque macio que queria continuar a ter... e preciso ser maior que a teimosia dele e preciso ser grande, maior do que sou! Nunca me senti bem nesta pele de loba, a não ser, é claro, quando precisava defender algum dos meninos numa situação necessária onde achasse que eles por si mesmos não teriam condições de fazê-lo. Mas você me conhece, eu não precisava ser agressiva, só forte ou corajosa, e só. Agora preciso ser brava!
- Já pensou que pode ser a mesma situação agora?
- Já! E por isto era tão importante a consulta. Contudo tenho medo de não reconhecer o limite que separa o que já era natural dele, do que agora é uma exacerbação, um sintoma. Isto me deixa sem energia, mas depois quando tudo volta ao normal, fico orgulhosa de mim por ter vestido minha pele de...
- E agora, como está?
- Com esperança visto que conversei com o médico e ele compreendeu que os assim chamados sintomas já estavam acontecendo antes de...
- E o dr. disse o que?
- Deu uma receita para evitar maiores problemas, talvez algo que o ajude a relaxar um pouco, espero. É preciso agora ver se consigo fazer o que o médico pediu: que é dar-lhe o remédio. Você o conhece. Ele disse ao médico que não precisa de nada, que tem a saúde perfeita...Bem, fora isto, e descontando as discussões por bobagens, em casa tudo acaba ficando em paz. Você sabe como adoro meu cantinho!.......
- ........... Hei, não ouviu o que eu disse? estou falando sozinha aqui? estava pensando em que?
- Ah! é que estou cansada de lembrar destas infindáveis discussões e então me desliguei... estava imaginando quando dei a mão a ele, e me senti bem, pequena, amada, feminina.
- Huummm... quando deu aquela mesma mão peluda?
- Peluda?? Não! Quando minha pele era tão macia que eu podia sentir a pulsação dele. E saímos juntos a caminhar e eu sorria, ele também... a gente teria um mundo a ver juntos... E eu me sentia leve sem o peso da pele de ...
- Ué...??? É do mesmo homem ou momento que estamos falando?
- Ah... bem, era só um sonho que tenho, às vezes, de uns tempos para cá.
- Tem nome?
-Não, não tem nome, nem mais palavras, nem sorrisos, nem concretude, nem cheiro, nem pele, nem nada mais... apenas um sonho que me vem visitar quando preciso sorrir e descansar meu coração. Um sonho que ainda tem rosto mas que o tempo vai certamente apagar. E assim, ele nunca mais me deixará sozinha, e seremos amigos mesmo que não estejamos juntos todos os dias, e saberei que não preciso lhe pedir que venha, mesmo porque, se precisasse pedir seria sinal de que ele não compreendia o bem que sua presença me fazia. Deste modo, quando nada mais sobrar ainda será apenas um sonho, mas que me tocará vindo lá do meu coração quando eu precisar sorrir tranquilamente e com bom humor para a vida...é como se, além do presente...ainda houvesse um futuro onde um dia aconteceriam tais momentos não só de serena alegria, mas de alegria certamente e esta nos traria a tal "leveza do ser"...
- Bem, talvez este homem do sonho tenha se transformado num lobo, mas nem quero perder meu tempo com estas conjecturas "hilárias", palavra que você iria ouvir do homem objetivo e realista que escutasse sua história, minha cara... O que lhe quero lembrar, de fato e mais uma vez, é que você sabe que a única coisa que temos é o presente, sua tola!
- Eu sei!...rs... mas se não fossem os vislumbres, os flashes, os insigts, as visões de bons momentos, as boas lembranças que queremos de vez em quando resgatar, os filmes românticos onde tudo acaba dando certo, a fé no Deus que nunca vimos, as imagens do belo que existe no mundo e nos gestos de amor e companheirismo, a crença nos princípios, a recordação dos melhores sonhos que quase realizamos...estaríamos todos afundados numa depressão dificil de se conseguir sair, não acha, ( com o perdão da palavra...) sua velha rabugenta? ...kkkk.... Vem, vamos tomar um chá, sem o vinho porque hoje estou com uma gripe danada! Vem! Hum..você está cheirando a pêlo molhado...rs... Sabe o que acabo de perceber? Que quando penso que estou cansada, acabada, lá me vem você e... no final das contas acabo constatando que serei sempre a mais jovem entre nós, pois não sou eu a que ainda sonha?


8 comentários:

  1. Como sempre seus textos são deliciosos, mesmo uma conversa entre amigas, vc o torna interessante sempre mostrando a sua doçura de pessoa, com muito amor e meiguice com o seu amado. Bjs

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    1. Liza, você com certeza, com seus olhinhos meigos é que sabe reconhecer e até maximizar a meiguice que há por trás dos gestos simples. E sua sabedoria vem também da experiência, e de saber que nós não podemos ter o controle de tudo, não é mesmo? Há um momento que somos impotentes e então é que vemos que muitas coisas a que dávamos importância, eram meros detalhes...Eu sei. Beijo, minha amiga e alegres momentos para nós todas!!

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  2. Por mais que eu pense que você é forte, que é baixinha e brava - no sentido de ter foco - eu me preocupo com você. Talvez, por até achar que eu poderia te aliviar deste pedaço da estrada, quem sabe, segurando sua mão e sentir seu pulso, este seu ritmo apaixonado pelo cantinho da sua arte, fotos e letras. Mas, por mais que eu tente, não sei o que fazer, porque no fundo, sei que nada posso fazer concretamente. Então, conto apenas para que saiba, que meu coração fica doidinho de apertado quando leio você, nesta transpiração que faz aqui. Só assim, tenho um pouco de alivio ao te ler. Sabe, Vera, a vida é um gigante e nós, seres pretensiosos que achamos que temos o controle de tudo. Não temos. Por isto, dar as mãos é o único jeito de sentir que, vez por outra, não estamos sozinhos. Aperte a minha mão. Tou ai, daqui, mas tou ai com você, viu?

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    1. Minha querida abelhinha...rs... eu sei que você sabe...rs... o que é este dar a mão. Vou lhe dizer uma coisa, em pensamento estou muitas vezes com vocês, me vejo em momentos rindo com você em algum lugar qualquer apenas conversando sobre a vida, reclamando um pouco sobre o que achamos errado, imagino que dizemos algumas besteiras que nos fazem rir e que sabemos que só estamos ali fazendo isto, como um desabafo, como um recarregar baterias, porque na verdade sabemos que vamos sair dali mais fortes de novo e seguir cada uma o seu caminhar - é apenas um dar as mãos por um momento. E isto nos basta. E bastam poucos amigos/as com quem podemos fazer isto, e já sentimos aquele calorzinho no coração, não é? Eu tenho uma preguiça enorme, mas que vou procurar tratar em breve, e sei que estamos longe, mas quando temos destes encontros como agora, quando uma de nós vai até a outra para um abraço ou "dar as mãos", pense!... não é apenas uma fantasia, não é mesmo? Não é uma loucura virtual...tem um efeito! O carinho de uma verdadeira amizade é uma luz que atravessa barreiras e chega direto ao coração da gente. Estou sorrindo agora. Beijo carinhoso pra você e obrigada. Perdoe minha ausência...mas vc me conhece, às vezes fico mesmo quietinha...rs.... mas estou com você, estamos juntas sim, sempre, amiga, mesmo que só ( só???) no pensamento.

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  3. Vera, eu tambem sinto o mesmo que a Valéria, alias, não seria dificil para entender o seu "eu interior", visto que somos tão parecidas. Somos fortes e sensíveis ao mesmo tempo.

    Te adoro!

    You raised me up - com Josh Groban: http://www.youtube.com/watch?v=rnztMhtUF6o&list=PLFEE0785B716E0085&feature=share&index=8

    Bjs

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    1. É verdade Sissy e também te gosto muito!!! Como nos dizia aquele nosso amigo Sérgio : - Tudo passa...o vento leva tudo... Eu registro alguns momentos que vivo ou vejo outras pessoas viverem. Os dias vão passando, a gente vai se adaptando e também criando novas formas de ver as coisas. Umas coisas melhoram, outras continuam quase as mesmas,mas nós todos vamos amadurecendo, compreendendo melhor, aprendendo, reclamando...rs... rindo...rs... e agradecendo cada benção que recebemos, não é?
      A música é linda! Adoro! Ainda não ouvi com ele..vou ouvir já!
      Beijo e boa semana!

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    2. Fui lá! gostei demais! Beijo, Sissy!
      Obrigada.

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