quinta-feira, 9 de maio de 2013

Um dia especial marcado no calendário...


Ela estava distraída olhando para um calendário...
- Quem é você? ( uma flor interrompeu seus pensamentos).
Desinteressadamente respondeu: - Sou uma barata.
- Não me parece. Você esta a dirigir o olhar deste calendário para o céu e vice-versa, das outras vezes que a vi, seus olhos pousavam interessados em detalhes que uma barata não notaria. Baratas tem a visão achatada, não é? Não olham para o céu, pelo que sei. Por que assinalou aí o dia de hoje?
- É um dia especial para alguém especial que conheci, certa vez. E olho para o céu porque fico imaginando enviar-lhe um pensamento azul de luz morna e macia, e meu desejo de que esteja bem. Peço aos anjos que o acompanhem sempre.
- Ah! Baratas não pensam assim! Certamente então o que vejo aí no chão são algumas de suas pétalas e não as asas de uma barata.
- Bobagem. Uma vez, fiquei fina e marrom. Porque me decepcionei muito com quem amei por tanto tempo e ainda amo profundamente mesmo que de forma diferente, tudo porque ele considerou que sou uma barata. E assim o fazendo, deixou-me tão carente que meu coração rodopiou. E para meu espanto, tive uma doce vertigem que me derrubou e me levantou aos céus, ou vice-versa. Depois, caí outra vez. Por isto, senti muita raiva dele em contraponto ao antigo amor. E eu não costumava sentir raiva por ninguém. Foi demais pra mim conviver com estes dois sentimentos que eu considerava inconciliáveis.
- Ai ai... quanta incoerência. Flores não pensam assim. Você não é totalmente uma de nós. Contudo, barata também não é. Não que eu tenha algum preconceito contra as pobres bichinhas. Sabia que elas são indispensáveis para fazerem a decomposição do que morreu?
- Nheca... decomposição? Não podemos falar de transformação? Processo indispensável a todo renascimento...como uma Fênix...
- É. Você fala de um jeito que estou começando a supor que, apesar de sua mimetização, não passa de uma... de um...
- Flor! Veja bem, não podemos falar tão friamente da morte, seja lá do que estiver morrendo. A morte me dói. Ser uma barata agora até me conviria uma vez que tenho enfrentado tanta "transformação", gente que parte, sentimentos que se transformam, outros que renascem diferentemente...
- Credo, você fala demais. E põe emoção em tudo. Como desconfiei... é apenas um ser humano! E ainda por cima, mulher!
Texto e foto: Vera Alvarenga

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