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domingo, 18 de agosto de 2013

Um grande prazer compensa o seu contrário...


- Nossa! como eu gosto de comer bem!
  Comer uma comida bem temperada, no ponto como se diz, saborear com calma e prazer um prato que a gente aprecia, tendo sido bem feito, é realmente muito bom. Comer, nestas circunstâncias, não apenas para matar a fome mas porque apreciamos aquele manjar que, por vezes chamamos de manjar dos deuses é, de fato, um dos maiores prazeres.
  É quando vejo que sou mais carne e osso do que um ser espiritual. Minha concretude quase grita de prazer ao provar o cardápio escolhido e, como sou grata às pessoas e à Deus por poder sentir este prazer.
  Pensando nisto, até entendo um pouco os homens meio primitivos quando inventaram esta história de "comer" quando se relaciona a sexo. Sim, porque sexo é outro dos grandes prazeres que alguns de nós podemos escolher ou, por sorte, empenho e atributos físicos e emocionais, nos é dado sentir.
  Esquecendo o sexo, por hora, e voltando ao prazer de saborear um prato que apreciamos, o de hoje foi "Filé de Peixe com Batatas e Alcaparras", salada, arroz e vinho, o qual eu comecei a tomar logo que fui preparar o prato. Isto foi às 15:30 hs, quando chegávamos com fome e cansados de ver coisas mal feitas pelos dois pedreiros que meu marido contratou para reformar nosso apartamento acreditando que fossem profissionais responsáveis.
  Céus! como existem profissionais que na verdade nem o são, e fazem do trabalho algo apenas para matar a fome! Sem preocupar-se com a qualidade do serviço prestado e com o orgulho que poderiam sentir se fizessem o mesmo com interesse, criatividade e disposição de dar o seu melhor naquilo que estão fazendo e, que é a sua vida, afinal de contas!
  Um dos pedreiros foi pego nos roubando descaradamente, com 6 caixas fechadas de piso, metros de fios e mais algumas miudezas, já dentro de seu carro. Depois demos por falta de mais material. O outro, nos roubou o sossego e a confiança, que foi pro brejo, depois de vermos como fez o acabamento e por ter nos enrolado por duas semanas dizendo que ia providenciar um ajudante melhor. E não o fez. Assim, nossa mudança está marcada e temos ainda de contratar outro profissional para refazer e terminar algumas coisas, antes que armário e piso possam ser colocados. Não sei como vai ser esta mudança desta vez, mas, como as outras, havemos de dar um jeito. Porque, como costumo dizer...só para a dor e a morte não se tem jeito.
   Não importa qual a profissão que se escolha ou o que quer que seja que a gente resolva fazer, temos de fazê-lo com real interesse. Erros ou acidentes podem acontecer, é claro, como posso às vezes, colocar um pouco mais de sal na comida ou não gostar de uma receita que invento e faço pela primeira vez. Contudo, a incompetência vindo do desinteresse e falta de compromisso com o que se faz e com aquilo que você propõe fazer a outro por um preço combinado, não tem perdão! Ah! e não me venham dizer que o perdão é algo nobre. Sim, é claro que é! É algo para os que erram apesar de ter tentado ou para aqueles que se arrependem, e procuram consertar o erro. Entretanto, para os que optam por ser desonestos, folgados e fogem dos compromissos com outros, sem medir consequências nem se preocupar com o prejuízo de toda sorte que causam para aqueles que, muitas vezes se sacrificam para obter seus serviços e contam com ele ... para estes, confesso, minha concretude, provada ao confessar o quanto uma boa comida me dá prazer, custa a desculpar.
  Para muitos profissionais assim fajutos que se apresentam como profissionais sem ao menos saber o que isto representa, o dinheiro de outros, o tempo e a paciência lhes parece cair dos céus ou dar em árvores! E não é assim!
   Ainda bem que ao voltar do apartamento, que deveria estar "um brinco" pelo que investimos em dinheiro e expectativas, resolvi fazer aquele peixe... e dei o melhor de minha atenção, pois o prazer ao saboreá-lo nos fez esquecer de tudo o mais, e lembrar com gratidão dos que de um modo ou outro nos proporcionam este tipo de prazer, que encanta os sentidos de nossa concreta humanidade... Com eles eu gostaria de compartilhar minha prazerosa refeição, com orgulho sim, de ter feito o meu melhor.

Texto e foto: Vera Alvarenga.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

50 tons de cinza... uma opinião.


Resolvi escrever sobre algo que tenho evitado, embora já tenha conversado com algumas pessoas a respeito. É sobre o tema desenvolvido no livro : 50 tons de cinza.
  Meu marido comentou comigo sobre uma entrevista em algum lugar, com alguém que ele não se lembra, onde se falava que as mulheres gostam de ler livros do tipo, e porque.
  Nada tenho contra o livro, é uma fantasia e foi feito para vender. Lê quem quer. O que me assusta é a interpretação.
  Uma vez que minha opinião é diferente da opinião de alguns,já vou avisando que li o livro sim. A gente lê esperando encontrar na próxima frase algo que nos satisfaça o romantismo, o desejo de sermos desejadas e amadas ao mesmo tempo! Contudo, esta frase não vem. É frustrante e talvez, por um truque comercial, a gente compra o 2º livro esperando o mesmo. Gostei de ter lido, mas fiquei tremendamente preocupada! Comprei o 2º há mais de 5 meses e ainda não o li. Vou fazê-lo quando e se tiver tempo sobrando. Mas confesso que espero um pouco mais de conteúdo, pois em se tratando apenas de pornografia, então há filmes e estes, só para ver a dois, seriam melhores ( embora não se aguente por muito tempo...rs..).
  Afirmo, então, que minha opinião não é a de uma mulher recalcada, complexada sexualmente falando, ou que desvaloriza a vivência e o prazer sexual como algo pecaminoso, ou de menor valor. Ao contrário, sou plenamente realizada neste assunto. Se algum dia pensasse em me separar de meu marido, como já aconteceu, nunca seria por este motivo, por sentir-me insatisfeita por este motivo, uma vez que o relacionamento sexual tornou-se com o passar dos anos, um dos pontos altos de nosso relacionamento. Muitas vezes, era graças a isto e ao amor, é claro, que as dificuldades quanto às outras diferenças eram vencidas ou contornadas, além do carinho, evidente, que sempre senti por meu marido.
   Então por que me assustei com a leitura do livro, e alguns comentários no Face, de alguns rapazes mal avisados e a amadurecer ? É porque fiquei com muita pena de ver que um passo para trás está sendo dado em relação à qualidade de relacionamento entre homem e mulher, qualidade esta que foi duramente conquistada pelas mulheres de minha geração e das que vieram antes de nós.
  Se eu tivesse uma filha, o que lhe diria, então??? Que é verdade o que andam dizendo após a leitura deste livro?  Que mulher gosta de ser tratada como lá está escrito? Que se um homem a tratasse desta maneira, ela deveria agir como a moça do livro e pensar que isto é o correto, ideal pelo que devemos lutar e sonhar?
  Claro que não! E é claro que sei que alguma pornografia, fantasia ou algumas palavras ligeiramente picantes tem certo efeito, no local e hora apropriados, é claro. Mas não é o caso de se ter um relacionamento onde nada mais exista ou una o casal a não ser o sexo onde a mulher é humilhada, desrespeitada, e pior, seduzida a acreditar que isto é legal, uma vez que acaba sendo gostoso e ela aceita. Quantas crianças são seduzidas e estupradas pelo pai que soube explorar o fato de sexo poder ser "gostoso" ou por saber da dependência emocional de suas crianças?
  Para minha filha eu diria que, a dependência emocional sempre existirá, impossível que a evitemos totalmente e é coisa de ser humano, mas que será sempre melhor a opção de nos apegarmos emocionalmente a alguém que nos trate com respeito, carinho...muito carinho...e que, para sentir prazer e mesmo chegar ao auge do gozo do prazer, não precisa fazê-lo às custas de humilhar a companheira. Isto jamais se justifica! Que à mulher se deve o prazer, tanto quanto proporciona! E diria mais à minha filha! Que não confunda abuso com acordo... e jamais se cale a respeito disto.
  Peça ajuda a uma pessoa de sua confiança para conversar e esclarecer as coisas, e ajudá-la a pensar, se isto estiver lhe acontecendo. Pois somente os mal intencionados pedem-nos segredo de suas ações "contra" nós. Uma mulher sem experiência sexual ou da vida, pode aceitar muitas coisas que em nada as dignificam como seres humanos que são, tão valorosas quanto é o valor que a sociedade tem dado aos homens. Segredos entre os casais é algo delicioso e confirma o comprometimento e cumplicidade, mas então, não caberia aqui, que a mulher fosse humilhada, ou seduzida a fazer o que, de outro modo não escolheria para si. E ser humilhada, seja em que assunto for, acaba por plantar uma semente de raiva que, a despeito da presunção de uma mulher em pensar que está acima deste sentimento, mais dia menos dia, vai desencadear um alvoroço e sofrimento, e culpa.
  Quando o sexo não for mais tão importante, ou mesmo que for, não puder mais ser exercitado com antes (o que acontece com todos..rs...), o que sobrará de um relacionamento que se constrói apenas nestas bases?
  Assim, para  minha filha eu diria...Sexo é bom, muito bom, uma das maiores gostosuras da vida!
  Mas, se você quer ser amada ou respeitada, não alimente atitudes que lhe pareçam abusivas ou grosseiras, que não lhe dêem prazer sem diminuí-la como pessoa, porque o preço será alto. Você é que se tornará fechada e grosseira, com o tempo.  Sexo, carinho e emoção são coisas que nós mulheres costumamos juntar numa receita que nos deixa apegadas emocionalmente e, com nosso instinto maternal, nosso dom para o romantismo e nossa compaixão acaba por se transformar em amor. Fantasiar e fazer sexo não é algo para nos deixar envergonhadas. Só nos sentiremos assim, quando no fundo soubermos que estamos vivenciando um abuso. Porque a vergonha vem da culpa de não conseguirmos nos afastar de uma situação que não nos deixa felizes e serenas.
  Minha filha, diria eu, faça tudo para proporcionar prazer a seu companheiro, mas tudo é o que dá a VOCÊ prazer em viver, e o que te faz sentir-se segura e sair pisando em nuvens, com seu olhar para o alto, e não para baixo. E se pergunte: Por que, em nossa brincadeira sexual, meu companheiro não pode sentir prazer por estar comigo, a mulher que ele escolheu, sem precisar me desprezar como faria com uma puta da qual ele nem se lembraria o nome?
  Então, meu receio é que esta juventude que está aí, já tão carente de limites comece a pensar que toda mulher quer ser abusada, e passar a não acreditar mais quando uma jovem ( ou nao) se negar a fazer o que ao homem parecer indispensável para que ele sinta prazer. Então estaremos muitos passos voltando para um tempo em que mulher era apenas um objeto!!! E é preciso responsabilidade e cuidado pois este tempo não deveria voltar jamais!!!
  Não é porque os absurdos estejam acontecendo, que devemos aceitá-los, não é?
Texto: Vera Alvarenga  

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Amor tatuado no corpo.

   Estava tão quieta que não seria notada se não fora porque a outra, em frente à doutora, neste momento falara algo sobre ela. Permanecia, ultimamente, quieta e um tanto distante, mas ouvia as duas mulheres experientes a falar sobre a vida que era mesmo assim, o sexo que era bom, o tempo implacável e os homens. Assuntos complexos  resumidos em pouquíssimas palavras. Finalmente a outra voltou ao principal - ela. Afinal tinham ido lá, em parte, por causa dela. Antes, nunca tinha sido um problema, mas agora, era. Antes, todos os hormônios pareciam adequados ao que dela se esperava. Ela, agora parecia rebelde. Por que demorava compreender que um dia, de repente, tudo acaba? Não, não precisava ser de repente, como um corte, um abismo ou a morte!
   Para ela, sempre haveriam pontes a se atravessar mesmo a passos lentos, e processos em transformação com infinitas possibilidades antes de se considerar que uma moeda só teria dois lados, mesmo porque não tem. Teimava em não deixar-se surpreender apenas pelos opostos absolutos - o branco ou o preto, o sim ou o não, o pecador ou o santo, o céu ou o inferno - e há muito sabia não pertencer ao grupo dos que são capazes de fingir que dançam num mesmo ritmo o tempo todo, ao som da mesma canção, como bonecos movidos à corda, aprisionados numa caixinha de música.
   A mulher, discretamente, falou dela um quase nada, embora o bastante, porque escolhera acertadamente as palavras que a descreviam com a importância que merecia. Falara, contudo, sem o entusiasmo com o qual teria gostado de ouvir alguém referir-se à parte mais feliz de si. O tom da conversa era pouco vibrante,como se  tivesse pudores ou receio de confidenciar à profissional, outra mulher, o quanto se orgulhava e tinha sido bom conviverem felizes por tanto tempo. Ignorando sua presença, as duas  falaram num tom nostálgico, como especulando sobre alguém que fora importante, deixaria saudades,  mas que, como todos já sabiam, era certo que logo não poderia estar mais ali.
   Mentira! ela estava, e bem viva! Mas continuava calada. Sentia vontade de gritar para que não a ignorassem como se nada fosse, pois ainda vivia! Ainda sonhava viver. Embora prevendo os dias contados, ninguém, nada, conseguira acabar com seu desejo de viver e ser. Ainda não. Como ser de outra forma, ela, que na outra, fora a amante?   
   Em segredo, apaixonada pela vida, flutuava nela sempre que o sentimento de amor tomava conta de si e o permitia. O amor, diziam, tinha diferentes modos de se fazer. Ela o sabia. Para ela, felicidade era amar e amar era fazer o outro feliz, e isto era possível de modos diferentes, com tantos infinitos detalhes e gestos, quantos fosse possível sua imaginação conceber. Mas... sentir-se amada, era uma outra coisa! Dependia do gesto do outro. E o amor não é apenas sentimento –  é ação, é verbo, e é assim que se pode recebê-lo. Se não for ação, aprisiona-se como o boneco que dança solitário numa caixa de música espelhada e fechada, ao som da canção que só ele pode ouvir. Sua memória trazia lembranças gravadas no corpo. Com seu homem, fazer amor tinha sido o modo habitual de sentir-se amada. Seus corpos foram o espaço sagrado onde ardia o fogo no ritual pelo qual ele se permitira deixar-se encantar. Nele, percebia o amor que dela recebia mais do que em todo o resto, fazendo deste o seu próprio gesto de amá-la.
   Como sentir o amor dele, agora? E, não podendo fazê-lo feliz como quando o mundo era, para ele, simplesmente branco no preto, precisava lembrar como novamente amar dos diferentes modos que antes pensava possíveis, antes de ser convencida do contrário. Na alma, escondidas, as cores do arco íris. No corpo, o branco e o preto, tatuados.
   Sentiu na boca da outra, que era a sua, o mesmo sorriso amarelo da  doutora que, cruel ou sabiamente, proferia a sentença, como se ela e o amor não estivessem presentes ali:
   - O tempo é implacável. E se ele diz que a chama não precisa mais arder deste modo, para que tanto hormônio? Melhor deixar o fogo se apagar lentamente - a vida é assim...
   E foram para casa juntas. Em sua rebeldia, ela ainda não se sentia velha para amar...
foto retirada do Google imagens.
Texto: Vera Alvarenga
  

sábado, 18 de dezembro de 2010

"Que tipo de sultão você é ?..."

- Li algo sôbre aquela espetacular mulher, a Sherazade! Que inteligente! Só queria saber onde encontro uma cópia das histórias que ela contava para ele...
- Bem, não quero parecer machista, mas confesso que admiro também o sultão, por ter resolvido se comprometer !
- O que? Não estou entendendo!
- Ora, sempre temos muito o que contar,quando amamos,queremos compartilhar, nos dar a conhecer...
- Meu marido é o tipo de sultão que leva um bando de políticos discutindo, para compartilhar de nossa cama todas as noites. Ou, um time inteiro de futebol! No início eu nem percebia o egoísmo dele, ao me dizer para ficar ali quietinha a seu lado... deitava ali, fazia companhia, ficava lendo, fazendo carinho...mas agora, depois de tanto tempo, perdeu a graça. Tenho intimidade com uma porção de homens da telinha,tanto quanto com ele...
Rindo eu comentei.: - Pelo menos você pode escolher com quem vai fantasiar...
   Me arrependi do comentário! Era brincadeira entre mulheres, que eu não estava acostumada a fazer e grosseiro demais para se viver como realidade...e triste também, pois enquanto o "amor" não acontece ou quando o amor morre ali na cama, como diz Rubem Alves, após os 20 ou 15 minutos de sexo ( quando muito), o que restará para fazer, a não ser, sentir-se assassinada a cada noite?!
   O que será que o homem que a gente ama, ou quer amar e conhecer melhor, pensa a respeito da própria cama e de seu quarto? Será que ele os vê apenas como algo para descansar, até ter de enfrentar uma nova e fatigante batalha no dia seguinte? A cama seria algo para a qual ele levará a mulher que ama, para descarregar as energias guardadas? Será que não percebe que, se decidiu viver com alguém e receber as graças desta decisão, seu quarto não é mais apenas dele, mas da terceira pessoa ali presente - "o casal"?
   Ou será que, se ele pudesse, faria de seu quarto o local íntimo e gostoso onde poderá relaxar,despir sua armadura e colocar-se prazerosamente ao lado da companheira? Ambos a ouvir o sonho um do outro, ou lerem seus escritos... Então, claro, poderá assistir TV, ou ler, ou "dar uma rapidinha", ou "fazer amor", ou conversar, ou ouvir o que ela tanto gosta de lhe contar, ou ouvir música, e no dia seguinte sairá para a vida, com as energias renovadas, mas nunca como o que venceu e assassinou uma mulher a cada noite, e sim, como o sultão amante e companheiro de Sherazade !
   Pensei que, talvez não houvesse em mim tantas mulheres mais a serem assassinadas, se eu tivesse que conviver muito tempo com este sultão, depois de saber de sua fama. Não importa o tamanho de seu quarto, nem se o colchão está no chão ou numa cama luxuosa com linda paisagem lá fora... Olhe no espelho homem, e se pergunte, antes que desperdice o que tem ao seu lado para ser feliz, ou antes que fique velho demais para poder enfrentar uma resposta que a própria vida lhe dará....    
    Que tipo de sultão é você? Estará assassinando mulheres ternas e sonhadoras em sua cama?
    Ou, inteligente, o seu poder é do tipo que permanecerá sempre intacto, através do tempo, porque vem do prazer de construir um império baseado no amor real, que se desnuda e valoriza, na mesma proporção que é desnudado e valorizado?

Texto: Vera Alvarenga
Foto: retirada do imagens Google

domingo, 31 de outubro de 2010

Mulheres na casa dos 40( comentado pelas de 60!)

Hoje, no blog da Márcia, estávamos comentando sôbre o tema:" Mulheres na casa dos 40!"

Meu comentário ia ficar longo então, trouxe para postar aqui.

Desculpem mas agora vou abrir o verbo!
  Ah, meninas, entrar na fase dos 40 é muito bom!(Só que eu só sei disto agora!!) Eu tinha quase 10 kgs. a menos, era inteligente e muito mais corajosa. Os homens me achavam bonita e eu nem olhava pra eles, (nem de rabo de olho!!).Era bonita e não sabia !(baixa auto-estima é uma merda!!).Eu já havia me separado do meu marido por um ano, e havíamos voltado. Me sentia mais mulher e sexualmente mais amadurecida; sabia o que me dava prazer e conhecia muito mais o meu corpo do que antes- sexo passou a ser muito melhor do que até então!! Ao entrar nos 40,eu tinha voltado para a faculdade, tinha planos e tempo para concretizá-los!
   Pessoal, meninas...acordem!! Podem crer que entrar na fase dos 40 é uma maravilha!! Não é o tempo só de semear amizade e cumplicidade com o homem com o qual decidimos envelhecer! É o tempo para olharmos com respeito para nós mesmas e visualizarmos os frutos que já temos que começar a colher, para preparar as compotas que nós dois iremos apreciar, depois dos 60! Ou agora, ou teremos que nos conformar com o que tiver na despensa!
  Aproveitem com olhos bem abertos a fase dos 40!! rsrs..........(ninguém me avisou). Aos 60, cá pra nós, nem sempre nossa alma e vontade entendem muito bem esta coisa de terceira idade e do corpo que emagrece e não volta mais para o lugar! Lembrando o comentário de Veríssimo,eu tenho " flexibilidade e posso brincar com meus pés" ..rsrs.... mas,preferia brincar mais de fazer amor e de sorrir ( não que não faça isto, mas,tudo ficou muito mais sério,rs...). E não me venham com a história de que a terceira idade é a melhor idade!! Todas as fases tem coisas boas, mas "melhor" idade, já é demais!! Nesta fase dos quase 60 a gente começa a perder pessoas e coisas...e percebe que não deveria ter abandonado os planos para ajudar o outro só nos planos dele. Na fase dos 40, se você se apaixonar por outra pessoa, ainda poderá reconstruir sua vida, sem parecer ridícula! O apaixonamento é lindo em qualquer idade, mas garanto a vocês que é mais lindo aos 40 anos. Eu, na ocasião, conversei comigo mesma e me reapaixonei por meu marido. Faria tudo outra vez, por que fiz por convicção...mas,o importante é perceber se estamos acompanhadas no processo ou se vivemos dourando a pílula, pois aos sessenta, isto será cobrado, de um jeito ou outro!
  Gente, a fase dos 40 pode ser o auge em muitas coisas,e é bom encontrar tempo para unirem-se aos companheiros e não para continuar a renunciar, por eles! Claro que não devemos ser mesquinhas, mas não podemos perder tempo da nossa vida, que é um bem precioso, acocando amores egoísticos demais. A amizade, cumplicidade deverão ser semeadas nesta fase, mas também é o momento de garantirmos nosso espaço e de compreendermos e mostrarmos nossos limites, se não o fizemos até então...isto sim, é o que garantirá uma vida muito boa aos 60!! Pois, se continuarmos a pensar que somos capazes de suportar muito mais coisas, estaremos criando uma ilusão - e ilusão não é culpa do marido, não!! Ilusão é pensar que teremos tempo mais tarde, para olhar com respeito para nós mesmas. O tempo passa depressa. Se não nos respeitarmos aos 40, aos 60, convenhamos, sem dinheiro, sem um apaixonado a nos valorizar, será quase impossível! rsrs.........Aos 40 é hora de, com maturidade e perseverança, garantir a "aposentadoria" de modo a curtirmos tudo na melhor companhia...Nada de acreditar, como eu, que um dia os frutos cairiam do céu porque seu amor iria respeitar você , finalmente, mais do que você mesma se respeita.
   Se não nos prepararmos com consciência na fase dos 40, inclusive financeiramente, então nos restará rezar para que Deus nos dê depois dos 60, discernimento para suportar com dignidade e amor, o que não pudemos mudar, e que nos ajude a evitar a depressão e a preencher nosso coração com o amor pela beleza que houver em cada flor ou gesto, em cada passo do caminho. Só assim sobreviveremos e conseguiremos ainda manter um pouco da doçura da alma. 
  Um brinde à fase dos 40!! e a todas as coisas boas que pudermos ainda fazer, depois dela!! rs.....

Texto e foto : Vera Alvarenga

domingo, 17 de outubro de 2010

"Não somos o que aparentamos? então de quem é este meu corpo?"

Conheci Gaiarsa, médico psiquiatra, através de seus livros e depois pessoalmente.Hoje, no jornal, li a notícia de que morreu ontem, com noventa anos - José Angelo Gaiarsa.
  Na época em que fui procurá-lo para conversar,já era casada, tinha 3 meninos adolescentes e acabara de descobrir "verdades incontestáveis" sôbre a importância do corpo, do "toque terapêutico" e da consciência corporal. Ele me ajudou a compreender melhor Reich, com sua teoria das couraças musculares e a importância social (e até política) do prazer e do sexo(pessoas que podem se entregar inteiramente ao prazer/orgasmo sentem-se mais renovadas, corajosas, fortes, engajadas).
  Conversamos 1 ou 2 vezes e ele me avisou que precisaria coragem para o preconceito que enfrentaria,mas incentivou a continuar a desenvolver meu trabalho de massagem terapêutica e consciência corporal, num tempo em que, ao se falar de uma mulher a fazer massagens, logo se pensava:- ou é fisioterapeuta ou prostituta! E eu era apenas uma mulher que após muitos cursos,fazia um trabalho de consciência corporal, para minimizar a dor e chamar as pessoas para ficarem menos alheias a si mesmas! e criara uma técnica profissional e séria, para ajudar a outras pessoas a tomar consciência da verdade de seu corpo, de seus limites e de seu poder de escolherem se tornar mais disponíveis para sua vida, colocando de lado suas armaduras musculares e máscaras. No pouco tempo que estive exercendo minha profissão em consultório, numa clínica com outros profissionais da saúde, não podia me dedicar apenas a atender mulheres, pois eu era mãe de 3 "homens" e tinha um marido...como ignorar a importância deste companheiro de vida, masculino? Graças a seu incentivo, tive mais coragem de enfrentar o inicial preconceito de alguns familiares (eu e meu marido, não falávamos de minha profissão com o orgulho que eu gostaria de ter falado aos amigos- eu me calava ), e aos poucos, médicos indicavam meu trabalho. Sòzinha, eu me orgulhava, mesmo assim!
   Eram tempos mais difíceis para as mulheres que, como eu, saíam do que era "habitual",esperado e permitido às mulheres direitas. E eu era direita, pessoal! sem falsidades, e por convicção! Naquela época ainda era preciso cautela, se uma mulher quisesse seguir por caminhos em que acreditasse, sem perder a família!
   Então hoje, fiquei triste de saber de sua morte, porque ele era um homem que incentivava as pessoas a viverem a verdade, dentro do possível e reconhecia como é terrível esta história de usarmos palavras para dizer o que "dizemos estar sentindo", enquanto o corpo demonstra outra coisa. Ele sempre dizia que as criancinhas não sabem ler, mas sabem perfeitamente quando sua mãe está com raiva, sofre, ou está feliz, pelo tom de sua voz, pela maneira que nos tira do berço ou pelo jeito de seu corpo e olhar. Ele sabia que nós somos sim, muito do que aparentamos por fora, pois nosso corpo é nosso, com nossa história, nossos sinais, medos e marcas, ou será de outra pessoa??
  Sua "voz" era ouvida nos meios de comunicação e nos livros que escreveu. Na época que o conheci eu tinha quase 40 anos e ele, quase 70!
  O tempo passa Gaiarsa....passou... quem sabe um dia eu possa estar com você para agradecer pela "força"!
   Um beijo, com respeito e carinho e minhas homenagens a você, Gaiarsa! Vá com Deus!
Texto : Vera Alvarenga
Foto de capa de um dos livros de Gaiarsa.

terça-feira, 1 de junho de 2010

- " Sexo com um gostinho de : quero mais"...

  Resolvi voltar a falar sôbre este assunto, porque, tenho achado incrível o movimento "pró-sexo quase toda noite" (que veio da TV americana, para o Brasil..) como se isto fosse o segredo da felicidade e saúde! Pra quem consegue, tudo bem, mas, daqui a pouco estaremos com a marca de "4X por semana" como um ideal a ser alcançado e isto me apavora!! Será mais um motivo para competição e frustração, como aconteceu com o modelo de beleza feminino esquelético, que virou exigência, padrão ideal e motivo para sofrimento de muitas mulheres! Não é mesmo?
 Fazer sexo pode ser  bom, gostoso, saudável...delicioso. Todo mundo sabe disto.
 No meu post anterior, falei de Motel e sugeri esta opção para os casais que entram na rotina, quando esta está prejudicando o casal, porque rotina é uma coisa boa, já que nos dá segurança, contudo pode ser uma ótima idéia variar o ambiente, para colocar mais sabor na brincadeira.
 Quando eu e meu marido vendíamos nossa cerâmica pelas lojas de várias cidades, muitas vezes, dormimos em motéis, alguns melhores e mais econômicos, do que os hotéis que ficavam no centro. A decoração é mais bonita e inspiradora. Tivemos algumas experiências não muito boas, também. Certa vez, tarde da noite, exaustos e sem conhecer a região, resolvemos pernoitar num motel, ao lado de um posto de gasolina. Sabem daqueles que ficam em cima da churrascaria? Percebemos, logo após o banho, que o movimento era contínuo e barulhento e, nesta noite, com certeza, a única coisa que queríamos era dormir(hehehe). Eu mal me mexia na cama, que era forrada com carpete, cheirava a poeira e tinha marcas queimadas de cigarro apagado ali mesmo, na cabeceira da cama! Um horror! Queria ir embora, mas o preguiçoso do meu marido, deitou e caiu no sono mais profundo que já vi. E eu ali, acordada, por horas, pra ver se não entravam baratas por baixo da porta, ou mesmo alguém, para nos assaltar!! Eu rezava pra não roubarem nosso carro. Não fizemos amor, nem sexo, rsrs... mas, eu dormi abraçadinha ao marido, quase toda noite!
  Bem, muitas vezes temos filhos pequenos, que depois crescem e, adolescentes, estão sempre em casa. Assim, o motel (de categoria, é claro!) é uma opção deliciosa para um relaxamento a dois, uma conversa, um retorno ao romance, ou mesmo para colocar um tempero mais apimentado na relação, ou para um agradável café da manhã mais íntimo. E como diz uma amiga que tem 2 filhos bem pequenos: " pode ser uma boa alternativa, até para uma noite inteira de sono, sem criança acordando pedindo chupeta!!" Como eu disse no outro post, é um presente que o casal pode se dar.
   
 Sexo é bom, melhor ainda quando podemos fazê-lo com alguém que a gente gosta de fato, ou está disponível para gostar ainda mais, e confia .. e ainda mais satisfatório quando, no dia seguinte, podemos ainda nos abraçar, achando ótimo ter estado íntimamente com alguém, sem nos preocuparmos com números estatísticos, mas com um gostinho de : " vou querer mais..." ou "quero te conhecer ainda melhor, porque te quero na minha vida"!
  Concordam?

texto: Vera Alvarenga

sábado, 29 de maio de 2010

_ " Motel : Solução para um casal que se ama, mas entrou na rotina?..."

Hoje, uma amiga, que conheço há muitos anos, mandou email, contando que, em uma de suas viagens a trabalho, ela e o marido não acharam nenhuma vaga em hotéis de a cidade que chegaram para pernoitar. Cansados pelo trabalho do dia e, prevendo dia cheio a partir da manhã seguinte, entraram em um motel.
   Minha amiga comentou : - "o Motel era ÓTIMO e por um preço muito melhor que dos melhores hotéis da cidade"e então sugeriu que eu trouxesse o assunto para o blog:

"essa poderia ser uma boa atitude a ser tomada por casais que ainda se amam, mas, estão caindo na desagradável rotina".
    Ainda confessou que ela e o marido tinham certo preconceito quanto a isto, pois achavam que a maioria era próximo do adjetivo - "espelunca". Ela também não compreendia, quando eu comentava que, por um tempo, convidava meu marido para irmos ao motel em noites de Ano Novo ou outras ocasiões, e quando contei que houve uma época que íamos a cada 15 dias, conhecer novos motéis em São Paulo e arredores.
   Bem, este é um assunto delicado. Cada casal sabe de si e, há os que pensam que o casamento não deveria ser estruturado tendo como base principal o sexo entre o casal. Há poucos anos eu diria que um bom entendimento nesta área, é realmente um bom motivo para um casal manter-se unido, sim. Ultimamente, tenho refletido diferentemente sôbre o assunto, e cheguei à conclusaõ que, amizade e cumplicidade, são melhores motivos, e o relacionamento sexual poderia vir em terceiro lugar ( ou em segundo!).   
    Talvez seja porque a prioridade muda, com o passar dos anos e a maturidade. Não que ao ficarmos maduros tenhamos que fazer amor em menor quantidade( isto depende da saúde e entrosamento de cada casal), ou mesmo que deixemos de gostar de sexo. Mas, verdadeiramente, cumplicidade passa a ser muito mais importante, mesmo porque, quando um casal se conhece há mais tempo, sabe como satisfazer um ao outro, de uma forma tão completa e sem as preocupações do "performance", que qualidade passa a ser mais importante do que quantidade. Quando há cumplicidade e alegria, "a vontade de fazer amor" é tão natural, como comer uma sobremesa depois de um belo jantar, ou como dar um gostoso beijo, depois de passar um dia inteiro feliz, com alguém que a gente ama. E não digo isto para me conformar... sei que isto é verdadeiro. E na maturidade, "uma vez por semana" se for totalmente satisfatório para ambos, é uma quantidade tão boa, quanto será para um casal entre 35 e 45 anos. Ou não...depende...É claro, todos sabemos que isto é relativo. Andam dizendo na TV, que todos deveriam "fazer mais sexo" e ouvi um médico recomendar fazê-lo, todos os dias que fosse possível ou 4 vezes por semana. Uau! Será que alguém com mais de 30 anos consegue fazer isto? Quem tem filhos pequenos em casa, ou quem tem mais de 60 anos, com certeza não! Nenhuma inveja ou despeito de minha parte. Se você consegue, seja feliz! Se alguém conseguir, desde que não seja movido apenas por inseguranças e outros motivos que não, o desejo real pelo parceiro, ou pelo menos, motivado por ele, então ótimo!! apenas estou tendo aqui uma "conversa" realista a respeito do assunto. Se houver desejo e alegria somados a possibilidade de satisfação deste desejo, por que não? 
   Bem, o que importa é que trouxe para cá este assunto "a pedidos" e para que a gente possa refletir. 
   Se algum casal está mesmo se enredando nas malhas da rotina, é bom que pensem nesta alternativa. Pode ser interessante. E para as mulheres, quero lembrar que, o homem, muitas vezes trai sua mulher, não com uma mulher mais bonita do que a esposa, necessàriamente, mas com uma colega de trabalho até, porque quer relaxar, ou provar a si mesmo que ainda tem poder( e isto tem muito a ver com potência). Evidente, que isto não desculpa a traição.Aliás, traição não cabe no amor! Mas, para o casal que se ama, sexo mais divertido ou em ambiente em que possam realmente relaxar, pode ser ótimo, e um presente que os dois se darão, como o foi para esta minha amiga e seu marido. Ela comentou que, sua disposição para o trabalho melhorou muito e que notou no marido, até um certo "bom humor", que não via há algum tempo.
  Enfim, é apenas uma sugestão que vale a pena se pensar...
  
 texto:Vera Alvarenga
 foto: Vera Alvarenga

   
   

domingo, 14 de março de 2010

- " Está surgindo uma nova Humanidade "...

   Encontrei um texto que recebi por email em 2006, no dia Internacional da Mulher -  Nele, a autora comentava que a sociedade cobra de nós, mulheres, entre outras coisas, ter mil e uma utilidades, sermos lindas, "saradas" pois, alguns quilos a mais nos faria cair em desgraça, mesmo com os homens barrigudos!
   Quando eu era mais jovem, ouvia que mulher tinha que ser linda, e eu era bonita(hoje sei disto),mas nem sabia, pois na época a mídia impunha cada dia mais exigências. Diante dos padrões indicados, eu deixava a desejar.  Hoje, já nenhum homem vira a cabeça quando passo, pois uma mulher de quase sessenta  não chama a atenção, a menos que algo de extravagante aconteça com ela! Não se espera mais que eu seja sequer bonita, a menos que eu pretendesse namorar com alguém mais novo que eu! Hoje, a imprensa e os vídeos que se espalham pela net, já mostram as artistas em sua casa ou na rua, "ao natural" e se reconhece que a beleza que existe para agradar ao homem, a que depende da maquiagem é algo que acaba rapidamente,com o tempo. Então, a beleza no sentido de conjunto harmonioso, que soma intenção, olhar e elegância dos gestos está sendo enaltecida. Esta, não seria medida pelos quilos a mais ou aparecimento das rugas. Tomara que as mulheres estejam se libertando desta "prisão", ditada pela moda, que lhe tirava o prazer de viver cada fase da vida com a alegria de sentir-se suficientemente bela. Hoje ela caminha para ser feliz por ser o que é.
  O texto também contava como era esperado que a mulher fosse uma dona de casa perfeita, não importando se tinha que trabalhar fora ou de madrugada para atender aos filhos pequenos. Foi terrível  e desgastante crer que era uma obrigação fazer o melhor possível, o tempo todo e em todos os setores. Só aos 45 anos, dividi com meu marido algumas poucas tarefas da casa- foi uma mudança e tanto! Ele se rendeu a isto, talvez porque eu tenha lhe dado esta chance, afinal, com esta idade eu já comecei a aprender que não precisava ser 3 em 1. Hoje, as mulheres já fazem isto quando mais jovens, dividindo com os maridos até algumas tarefas relacionadas ao atendimento do bebê ou dos filhos, mesmo maiores. Tomara que não exagerem, para que os bebês não fiquem sem sua presença emocional, mas que também não tenham que retroceder, pois tanto o pai quanto a mãe necessitam  mostrar sua ternura e recebe-la de volta, na troca que ocorre com a vivência mais íntima com seus filhos. E também, porque é uma forma de ser valorizada a responsabilidade e trabalho imenso que é ser Mãe em tempo integral, dedicação exclusiva e sem reconhecimento e remuneração ! 
  Quase no final, naquele texto ainda podia-se ler a crítica ao absurdo de que nós mulheres teríamos que ser a "trepada do ano, caso contrário caímos em desgraça na boca da galera masculina" e terminava comentando que somos artistas e como o palhaço, por nossa sensibilidade, sabemos fazer quem está triste, sorrir!
  Não, não precisamos vestir a "carapuça" ou acreditar que estas "exigências" tenham todo este peso real sobre nós. Precisamos nos libertar destes exageros que nos prendem a uma situação que queremos mudar.      A luta da mulher contra os preconceitos é muito mais árdua no início, e então, como um pêndulo tem que ir para o lado totalmente oposto quando nossas atitudes perigam por ser preconceituosas também. A luta continua, e precisamos cuidar para não esquecer que a intenção é nos unirmos ao homem, num ponto mais próximo ao meio do caminho. . Eu, ainda que uma mulher da geração anterior, não costumava pensar que tinha que ser a "trepada do ano", porque sempre fiz sexo apenas com quem eu podia respeitar e, naquele momento, também queria me divertir, aprender, fazer algo gostoso! Por mais que quisesse agradá-lo, não fazia sexo só por ele. Acho que depende de nós, pelo menos se não estamos sendo estupradas, escolher neste momento se queremos ser objeto sexual ou parceira, com responsabilidade igual de dar e buscar seu próprio prazer, a fim de que o homem não sinta que deve algo a nós, como não queremos dever a ele. Esta atitude de igualdade na cena do ato sexual pode ser até mais forte e viva do que nas circunstâncias da rotina do dia a dia. Ainda estou aprendendo como lidar com as emoções e outros tipos de dependência. Todas estamos. Umas com mais facilidade se impõem e auto afirmam de um modo mais rápido e obstinado, outras com seu ritmo próprio, vão desbastando as arestas criadas pelas sociedades que tanto e por tantos anos descriminaram a mulher e a humilhou. Por isto, não desisto de lutar pelo respeito e a fim de manter no relacionamento o prazer verdadeiro por estarmos juntos, mas reconheço que algumas vezes é preciso baixar armas e dar um tempo para que o homem, moldado pelos conceitos arcaicos daquelas sociedades, assimile a mulher que ele tem a seu lado, hoje.
   Pelas lutas e mudanças conquistadas por nós da geração mais velha, vínhamos já caminhando para que a mulher mais jovem e atual possa continuar a transformar o mundo em um lugar mais digno e justo para se viver.   
  Nós mulheres, temos uma grande sensibilidade. Entretanto, há alguns anos atrás, vi o homem que amei por 37 anos e espero continuar a amar pelo tempo que ficarmos juntos, com lágrimas nos olhos quando falou de seus netinhos. Ele,um "inveterado machão", emocionou-se ao falar de seu amor por seus 3 filhos homens e quando afirmou que a única coisa que mudaria em sua vida, se fosse vivê-la novamente, seria ficar mais tempo em casa com sua família, quando todos nós ainda éramos mais jovens.
   Nossos filhos, homens jovens de hoje, tem mais oportunidade de assumir sua sensibilidade. Estamos conseguindo mudar a sociedade. Os homens estão mudando e para isto precisam de nós, de uma mãozinha companheira que lhes mostre o caminho, não para serem manipulados por nós. Então não podemos acreditar em cair na armadilha de "sermos a trepada do ano", sob ameaça, ou continuaremos andando mas desta vez, para trás. Precisamos insistir em caminhar juntos, mesmo apesar de nossas diferenças que afinal, nos valorizam como seres humanos que somos! 
   Desejo que nós,mulheres,tenhamos companheiros e amigos ao nosso lado (nunca deixarei de lutar por isto a meu modo e no ritmo que me é possível).
   Gostaria de poder transformar minha emoção, para que fosse como a Água, que vai penetrando em tudo, sensível, suave e mansa, mas decidida a molhar a Terra, para com ela formar um só corpo feminino, que se permita ser fertilizado pelas sementes do homem, trazidas pelo Vento. E que junto com a força masculina do Fogo do sol, ambos possamos criar um Espírito, ambiente própício para o nascer de uma nova HUMANIDADE, onde homens e mulheres estejam decididos a viver o Amor, acima de tudo, e a criar um mundo de mais Paz, Equilíbrio, Harmonia e Felicidade. 
   É nisto que acredito. Por isto sou capaz de lutar, brigar, calar, entristecer, ficar sózinha ou me render ao amado. Só por isto, minha fé se renova. E creio que o mundo não melhorará enquanto homem e mulher não se respeitarem e não se tornarem amantes, em sua intimidade.

autoria: Vera Alvarenga -                    março-2010
imagem: retirada do google-pode ter direitos reservados

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

- "O homem, herói desnudado..."

Dois homens diferentes... tão diferentes que agiam de modo oposto, em lugares distintos. Inseparáveis há tanto tempo, que Mauro já não sabia mais contar os meses desta “amizade” assim tão estreita, na medida certa, indispensável. E não era coisa de “bicha”, não! Ele nem tinha nada contra quem fazia esta escolha, mas no caso dele, não se tratava disto. Era uma convivência equilibrada, Mauro pensou, pois conseguiam viver independentemente e com total liberdade, cada um dos dois, seus próprios momentos, cada um dos dois com seus pensamentos e mesmo assim, inseparáveis.


Quando se encontravam, as diferenças pareciam não importar.

Há muito tempo que se entendiam bem, por isto, tinham consciência que de todos, de todos aqueles que formavam o seu mundo, eles eram a “dupla” perfeita – o que para um, era inconcebível, para outro era apenas uma questão de idealizar e fazer acontecer. O que para um, era motivo de precaução ou reverência, para outro era apenas agir e seguir em frente. Compreendiam-se, admiravam-se e havia amor entre eles, se é que é possível imaginar o que sentem dois heróis numa guerra, que sabem que colocaram nas mãos um do outro, seu maior tesouro: a própria vida!

E agora, pela primeira vez, eles brigaram. E a coisa tinha sido muito séria. E tudo por causa de uma “mulher” !

Mauro caminhava a esmo. Era noite, não era hábito seu, sair a caminhar pelas ruas, sem rumo, mas não suportaria ficar nem por mais um minuto, preso entre paredes. Era preciso respirar, pensar. Sentia-se pela metade. Incompleto, como se fora rasgado desde a cabeça, de alto a baixo, como folha de papel, com um segredo ali gravado que alguém quer destruir rapidamente.

O golpe fora fatal ! Golpe cruel, sem que se pensasse nas conseqüências, um tendo acusado o outro da pior coisa com que, homens poderiam se acusar : traição! Traição daquelas que mexem com a honra, com o cerne do ser humano. Traição que leva à uma ruptura que não se consegue reparar, jamais.

Com tantos anos e histórias que viveram ou sabiam, juntos, mesmo que estivessem atuando em lugares diferentes, era difícil caminhar agora, assim sozinho. Parecia que andava capenga, o chão balançava, sob seus pés. Sentia-se tonto, em alguns momentos, como se estivesse com o equilíbrio alterado, como se estivesse com o labirinto destruído! Sim, era isto! Sentia um pouco de enjôo, até. Precisava sentar-se, encontrar um lugar quieto, silencioso, onde pudesse sentar, beber e colocar a cabeça, e não só ela, no lugar, para poder pensar no que fazer para sobreviver.

Foram anos de acordos entre ambos. Ora um, ora outro tomava a frente nos negócios, junto à família, ou amigos... afinal, eram sócios em quase tudo. Quase tudo!

Só com esta mulher, esta maravilhosa mulher, que se tornara tão importante para ambos, quase ao mesmo tempo, só com ela não haviam conseguido entrar num acordo.

E tudo porque houve uma traição! Eles eram diferentes. O sentimental, cedeu primeiro aos encantos dela, que era tão terna e forte ao mesmo tempo, o que o encantou. Reconheceu e confessou que estava apaixonado, “caiu de quatro”, escravizou-se por aquele olhar, logo de início, pois apesar de ser “homem”, era sensível e romântico, e carente de uma companhia assim feminina, que fosse cúmplice dele, em suas aventuras pela vida!

O outro? Tentou dissuadi-lo, chamar-lhe à razão :” Não podes entregar-se assim, homem! Ou pelo menos não o demonstre, ou vais sofrer danos.” E ele, que sempre andara um pouco à sombra do outro, não por ser covarde, mas por achar mais conveniente não se expor, cedeu à pelo menos parte do conselho – e tratou de evitar entregar-se por inteiro, diminuiu os elogios, guardou as demonstrações de afeto para ocasiões em que não houvesse risco de pensarem, ela e outros, que era um “fraco”.

Entretanto, o outro,dentro daquela couraça que o protegia, aquele que era dos dois o mais forte aparentemente, tinha um coração de manteiga. Admirava nela uma e outra coisa, até que percebeu que era melhor tomá-la logo pra si, antes que outro o fizesse. E já que não era muito de mandar recado, era um homem de ação, agiu a seu modo, rápido, como cavaleiro heróico, tomou-a nos braços, possuiu sua rainha e prometeu-lhe seu império! Ela se deixou envolver e passou, a partir dali, a viver para satisfazer seu herói. Tudo fazia para agradar-lhe. Ampliou seu jeito terno, perdeu aparentemente sua força e cedeu aos caprichos daquele que arrebatou seus sentimentos. E ele o fez, não por ser semelhante a ela, mas por ter a coragem que ela não tinha e ser tão decidido, que ela lhe entregou, sem pensar, o seu destino.

O outro calou-se de início. Depois, compreendeu que era melhor assim. Tudo se encaixava bem e eles conviviam com ela, no que parecia ser o mais conveniente. ela fazia sexo com os dois. O tempo passou e Mauro percebeu que ela definhava. Ela, que antes perdera sua força, perdia agora um pouco do brilho, perdia também a ternura, lutava, debatia-se para não morrer. Então ele reconheceu nela, as lutas que ele próprio já havia travado, e perdido ou ganhado. O outro a estava matando? Então seria sua 2ª traição e isto ele não podia suportar! Precisava tomar uma atitude. Foi quando ela partiu. Foi embora.

Eles eram muito diferentes, quase opostos. O mundo rodou, abriu-se o chão sob os pés daquele homem, um tanto rude e sarcástico, forte e decidido, crítico e possessivo, que tinha dentro de si, um coração sensível. Ele já não sabia mais como ser inteiro, como juntar suas partes, como demonstrar a ela, que era terno e ainda era o seu homem. Não se acostumara a demonstrar amor !... a não ser, no leito. E, ultimamente, era sempre aquele, o que cedia, que ela preferia para deitar-se com ela, como se quisesse deixar fora do quarto a armadura junto ao rude herói . E ele, lá se entregava, como um menino... e a amava, como um homem pode amar quando vê além de si mesmo. Amava verdadeiramente e tudo valia a pena!

Agora, ele estava com o coração partido. Ela se foi.

Em frente ao copo vazio, na mesa do bar, ele sabia que naquele momento teria que tomar uma decisão. Ele nunca mais demonstraria seu amor novamente a outra mulher, nem a ela !... ou, quem sabe, por ela, ele ainda tentaria unir os dois homens que havia dentro de si – dois homens tão diferentes, ainda unidos pelo coração.

Crônica/pequeno conto - de Vera Alvarenga



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