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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Até que ponto podemos ir?

Sabe de uma coisa? Por mais delicada ou elegante que eu possa ser, as vezes fico P... da vida!!

Meu marido acaba de receber alta depois de uma semana quase no hospital e na UTI. Teve um AVC !
Saímos para caminhar até o Supermercado...um bom trecho por sinal! Na ida, como é uma subidinha, pedi que fosse mais devagar porque me canso nas subidas. Na volta, vinha eu toda contente pela rua arborizada e vínhamos conversando. De repente ele pára e começa a tirar com o pé, uns galhos de árvore que estavam empilhados sobre a calçada.
Desequilibrou-se por 2 vezes e eu fiquei com medo que caísse e batesse a cabeça. Pedi que deixasse pra lá, a prefeitura mesmo deve ter cortado estes galhos, eu falei, e virá buscar certamente. Mas ele foi reclamar uma atitude do pessoal do condomínio em frente ao qual está a árvore. Não satisfeito, deixou as sacolas no chão e disse que ele mesmo ia tirar tudo dali e tomar uma providência, já que ninguém o fazia!
- Céus! quem é mãe ou esposa compreende como fiquei apavorada! Tentei dissuadí-lo, mas ele é do signo de áries! E foi. E ficou lá abaixando-se e pegando galho por galho dos maiores e levando pro meio da rua, como um protesto! Meu coração que estava feliz e tranquilo com a brisa da tarde naquela descida de rua toda arborizada disparou, claro! ficou pequeno de medo e susto, por ele, por sua saúde!
Será que vale a pena tanta briga e protesto, sem medir consequências para se defender o que se julga certo?    Aliás, sei que ele estava certo em pensar que aquele lixo não podia impedir as pessoas de passarem na calçada, não poderia ficar ali... mas então, qualquer risco vale a pena? E qualquer maneira de se protestar é eficiente? E a saúde que é uma benção que Deus nos dá, onde fica? E a responsabilidade para aqueles que estão aflitos ao nosso lado? e será que a atitude resolveu com aqueles carros todos que num instante formaram fila, buzinando com as mães e filhos que saiam da escola no final daquela rua?
 O homem desceu a rua pálido e quando toquei na mão dele estava gelado. Ele, nervoso falou sem fôlego que fez o que era correto fazer!
Sei não...cada um é livre para fazer o que quiser ( dizem os extremamente independentes) mas, da próxima vez acho que vou ter de deixar ele lá... porque sua saúde pode ser de ferro, mas meu coração tá mais cansado...Ele sempre fez as escolhas dele...eu estou fazendo as minhas - vou respeitar meus limites e até que ponto posso aguentar presenciar certas coisas ou permanecer ao seu lado e ainda manter minha elegância ou meu bem estar.
- Tô pensando... até que parte do caminho vai a nossa responsabilidade pelo bem estar do outro que está a nosso lado?! Sempre acreditei que amar significa também discordar, ou se intrometer quando necessário pois não podemos ficar totalmente frios e indiferentes quanto àqueles a quem amamos... mas, tem momentos que a gente faz o primeiro gesto e até o segundo...rs...para tentar ajudar ou evitar coisas ruins...depois...a gente tem de largar mão e deixar rolar, não é ? Será? Pensemos e escolhamos!...rs... e que Deus ilumine nossas escolhas e nos torne fortes para aguentar as consequências e a incompreensão de quem assistir a nossas atitudes mas não puder compreender...
Texto e foto: Vera Alvarenga
   

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Imaginar que se está fazendo amor, não é o mesmo que fazê-lo, é claro!


Em vésperas de Natal, e mesmo estando muito longe ( em Paris...rs...) meu filho mais novo, fazendo um comentário lá no Face me deu, indiretamente, um presente inesperado ( ou quase, porque afinal, ele observa a vida e fiquei feliz por mais uma vez ver que ele, se esforça por viver o verbo amar como ação e reação ao sentimento). Então transcrevo aqui o seu comentário:
Respondendo a uma conversa no que sua mulher falava lá no Face sobre o amor, ele comentou com outro homem que dizia que amor não se dá, apenas se sente:
"Sem querer pegar no seu pé, mas... Talvez a sua escala de profundidade esteja ao contrário. Amor se dá sim, pois se demostra através de atitudes e gestos, os quais dedicamos à alguém. Eu mesmo faço isso todos os dias da minha vida. Você recebeu o melhor dos amores do mundo, por boa parte da sua vida, vindo da mamãe... Talvez, pela quantidade de horas que você passou na frente da tv, tenha assimilado a ideia que a tv passa sobre os sentimentos: a ideia de que podemos sentí-los confortavelmente sentados no sofá sem precisar fazer nada. Só sentir, sem fazer nada. Na verdade, embora os sentimentos que tenhamos em frente a tv sejam verdadeiros dentro de nós, são uma ponte de uma só via, como uma alucinação. Não possuem o mesmo nível de realidade de quando estamos efetivamente mergulhados na situação em si, vivendo-as de fato. Assistir seu time marcar um gol e vencer o campeonato não provoca o mesmo sentimento que realmente disputar um campeonato e marcar um gol você mesmo. Assistir à um concerto musical pela tv não proporciona a mesma emoção que estar de fato lá o sentindo ao vivo. Os sentimentos verdadeiros, nos impulsionam a fazer coisas, a agir. Em essência, por princípio, os sentimentos são a fonte que dá origem às ações e este é justamente o seu propósito. No caso do amor, são infinitas as maneiras de expressá-lo em atitudes... Quando amamos alguém, desencadeamos um processo onde pensamos, imaginamos e realizamos ações, sendo, a pessoa que amamos, a grande inspiração e motivação destas ações. A troca não é automática, é preciso fazer uma escolha, é preciso dedicar o tempo para podermos sentir ou demonstrar o que sentimos. Se estamos assistindo tv, não estamos colhendo uma flor, nem preparando um bolo... Cada coisa que fazemos é uma decisão politica que tomamos dentro de nós e que defini como utilizaremos os momentos de nossa vida. Podemos enriquecer o nosso dia e o nosso comportamento com atitudes que influenciam positivamente a vida das pessoas que amamos e isto é dedicar o seu tempo para elas... Podemos escutá-las com paciência e atenção, quando elas precisam falar algo, e isto é dar atenção... Temos esta escolha a cada dia, a cada oportunidade. Eu dou muito amor pra Pri através das minhas muitas ações dedicadas a ela e ela me dá muito amor através de suas atitudes. É por conta disto, por conta de sabermos a importância de se demonstrar os sentimentos e de se cultivar a reciprocidade dos sentimentos e do amor, através de atitudes que os demonstrem e os expressem, que colhemos os frutos provenientes disto.

Percebi que ele foi amoroso ao fazer este comentário e saliento o trecho que mais gostei e no qual acredito demais:
 Em essência, por princípio, os sentimentos são a fonte que dá origem às ações e este é justamente o seu propósito. No caso do amor, são infinitas as maneiras de expressá-lo em atitudes... Quando amamos alguém, desencadeamos um processo onde pensamos, imaginamos e realizamos ações, sendo, a pessoa que amamos, a grande inspiração e motivação destas ações. A troca não é automática, é preciso fazer uma escolha, é preciso dedicar o tempo para podermos sentir ou demonstrar o que sentimos."

O restante do comentário dele quando se refere a recebermos passivamente algo como quem vê TV, me fez ver melhor algo sobre mim mesma - que eu tenho uma tendência incrível para subestimar meus sentimentos, dando uma importância maior ao que é apenas fruto da imaginação, da intenção ou do desejo... pois certamente eu valorizei muito o que de fato não recebia, mas porque levava em conta a intenção de outros, o meu próprio desejo ou fantasia a respeito. É evidente que sempre vou considerar a intenção  um presente valioso por si, mas, como meu filho comenta em outras palavras, e me fez refletir - sonhar que se está viajando, ou sorrindo ou partilhando com alguém um momento maravilhoso, ou recebendo um gesto amoroso é o mesmo que imaginar que se está fazendo amor, não é o mesmo que fazê-lo de fato...rsrs.... Contentar-se com "imaginar algo" não traz a mesma emoção criativa,  incentivadora e sustentadora que o "viver algo" proporciona. Ninguém tem dúvida disto, mas por vezes a gente se acomoda num mundo onde o excesso de imaginação/fantasia acaba por substituir gestos concretos que nos tocariam verdadeiramente e germinariam maiores colheitas. Porque, no mundo de hoje, é a moda que sustenta o comodismo irresponsável dizer-se que "nada devemos cobrar do outro" e que " a felicidade está apenas em nossas mãos", como se fosse o objetivo maior do ser humano, ser feliz por si só, egoísticamente e sem partilhar a responsabilidade de construir relacionamentos de valor que levam em conta ação/reação/responsabilidade/consequência.

Texto transcrito: Roberto Alvarenga e comentário: Vera Alvarenga. 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

"Desejo..sinal de nossa humanidade..."

Fim de ano - fiz meu balanço geral!
Nunca penso que a vida tenha de ser "suportada"!
Tem de ser vivida com alegria e responsabilidade e, nos momentos difíceis, com coragem e disposição.
Disposição é determinação interna,que nos ajuda a nos manter dentro do padrão que a gente acha que é verdadeiro e bom, sem esquecer de ser justo.
Espiritualmente falando,seria ideal se não nos apegássemos nem aos momentos de alegria junto a quem a gente ama, nem aos que foram ruins.Seria ideal nos mantermos em atitude de desligada neutralidade, aceitação e de fé, para evitarmos agir indo em busca, ou "forçando" ou ainda "criando ilusões" sôbre aquilo que gostaríamos de receber "espontâneamente". É o que se chama manter a "independência interna"!
   Com certeza, este foi um ano muito difícil na minha vida;está finalizando ainda mais complicado, pois no momento em que percebo a necessidade de mantermos independência financeira, a fim de mantermos nossos padrões do que é bom, ao mesmo tempo, os meios para esta segurança estão ameaçados! As pessoas que nada sabem, repetem frases feitas, como se nosso corpo também não tivesse necessidade de comer e dormir em segurança, pelo menos ao lado de quem a gente conhece,como se não tivéssemos direito ao medo, como se os psicologismos fossem todos aplicáveis igualmente em todas as situações, como se fraqueza fosse a daqueles que ousaram acreditar e se manter em paz, e não ,daqueles que não conseguem aceitar sem raiva que o mundo não lhes obedeça.  Foi um período em que escrevi muito sôbre mim, olhei para mim mesma como se fosse hábito meu! (quem me conhece sabe que não!). Foi um tempo de aprendizado dolorido sôbre minhas próprias limitações, sôbre o que eu consigo "suportar" ainda tentando manter equilíbrio e boas qualidades. Além disto, percebi o quanto todo meu esforço para evoluir espiritualmente, pareceu quase nulo, quando me deparei com o desejo de ser abraçada, num relacionamento verdadeiro, onde o outro realmente se importasse comigo.
   Este desejo quase incontrolável de que Deus, tendo ouvido minhas orações, me enviasse a oportunidade de amor, de um recomeçar de forma mais madura com a pessoa que esperasse o mesmo da vida,caminhando com gratidão, alegria e responsabilidade, tanto quanto eu... este desejo de fazer as coisas de maneira correta... me fez ver que ainda estou longe de um desenvolvimento espiritual a ponto de amar apenas incondicionalmente ( a não ser filhos e netos), ou apenas confiar. É porque desejamos compartilhar, que nos decepcionamos ou criamos ilusões! Não porque queremos demais, mas porque temos pouco! A ilusão talvez esteja também em pensar que podemos ficar sozinhos, pois no meu modo de sentir a vida, se eu devesse ficar só, teria vindo com os dois sexos e, em sentimentos seria completa em mim mesma!
   Pois termino o ano, com a clareza de sentimentos de que seria muito mais fácil e produtivo,até para o desenvolvimento espiritual, se pudéssemos enfrentar todo e qualquer desafio material, tendo a chance de olhar para os olhos do companheiro e ver que, apesar das diferenças, o mesmo carinho ( desejo de cuidar) se refletiria, como num espelho,mostrando a similaridade de disposição para o querer bem . Sou um ser humano comum, uma mulher que desejaria receber carinho e cuidados tão espontâneos,como os que sou capaz de dar, quando digo que amo. Quero ser respeitada como aprendi a respeitar.
  Que possamos todos, começar um ano renovados em energia, e ainda com muita fé no amor, que embora humano, é o que podemos ter, uma vez que não somos ainda apenas espirituais...e que esta experiência não seja apenas de aprendizado, mas de alegria e realizações até porque devemos ter o devido respeito ao ser espiritual e divino que trazemos dentro do humano que somos! E, se creio que Deus nos criou, não foi por certo para nos ver infeliz, mas para vivermos felizes ao lado do nosso companheiro que descobriremos ( ou não), que está ao nosso lado porque deseja desenvolver e exercitar o melhor que há em si.

Texto e foto; Vera. Alvarenga

sábado, 2 de outubro de 2010

"Uma nova vida para viver..."



 Ele sentiu uma dorzinha no ombro. Arrumou-se na cama, com cuidado para não acordá-la  O que exatamente significava aquele relacionamento? Eles tinham tido uma vida longa sem ao menos se conhecerem, cada um tinha caminhado por sua própria história, sem contarem com o apôio um do outro para o que quer que fosse, e agora, estavam ali juntos. Lembrou-se quando a conheceu, de como sentiu-se ligado a ela, talvez porque ambos estivessem saindo de um período de stress emocional, que os tinha deixado fragilizados. Ele, se recuperou mais rápido, mas ela parecia continuar frágil, em algumas circunstâncias. As feridas em sua auto-estima não cicatrizavam com facilidade.
  Ele não queria se responsabilizar pela felicidade dela! Tinha oferecido apoio, é verdade, mas como poderia ter deixado de fazê-lo? Ela tinha medo, dúvidas, não parecia perceber do que era capaz e tinha uma tristeza nos olhos, que ele não pode ver, sem emocionar-se. Talvez porque fosse a tristeza, aquilo que ambos tinham em comum, e que os aproximou. Depois, foi o desejo de viverem uma paixão que iniciou tímida e logo se tornou forte, e parecia possível...
   Agora ela estava ali, dormindo em seus braços e tinha entregue a ele, todo o seu amor, sua vida, suas esperanças. Teria expectativas demais?
   Sentiu algo no estômago. Seria fome? ou desconforto por ter deixado a situação chegar a este ponto?  Se ao menos ela fosse mais jovem, talvez fosse justificada a mudança em sua vida! Contudo, reconhecia que ela tinha uma alegria sincera e valorizava as coisas e a ele, como há muito ele não via acontecer. E ele, que se achava um homem comum, até rústico, agora sentia-se especial.
   Lembrou-se como estava quando a conheceu...Ela virou para o outro lado e, sonhando, falou alguma coisa que ele não entendeu. Ele se virou também e a abraçou. Ele sentia-se bem, quis protegê-la. Reconheceu que nos últimos dias, começou a fazer planos novamente, ria mais vezes no trabalho, a tristeza estava lá mas não tomava conta de toda a sua vida, como antes...Sentia preguiça no trabalho, talvez porque sonhasse viver finalmente mais momentos de bem estar e prazer em sua vida. Ela o fazia sentir-se capaz e importante.
   Não eram jovens, não teriam uma vida inteira pela frente para construirem juntos uma família...cada um já tinha a sua...mas teriam ainda uma vida nova a viver, pelo tempo que fosse possível. Talvez valesse a pena tentar! Ela pegou em sua mão e a descansou sôbre seu seio. E ele deixou-se envolver pela ternura daquela promessa, e dormiu em paz.
 Texto : Vera Alvarenga
 Foto: Vera Alvarenga


domingo, 14 de março de 2010

- " Está surgindo uma nova Humanidade "...

   Encontrei um texto que recebi por email em 2006, no dia Internacional da Mulher -  Nele, a autora comentava que a sociedade cobra de nós, mulheres, entre outras coisas, ter mil e uma utilidades, sermos lindas, "saradas" pois, alguns quilos a mais nos faria cair em desgraça, mesmo com os homens barrigudos!
   Quando eu era mais jovem, ouvia que mulher tinha que ser linda, e eu era bonita(hoje sei disto),mas nem sabia, pois na época a mídia impunha cada dia mais exigências. Diante dos padrões indicados, eu deixava a desejar.  Hoje, já nenhum homem vira a cabeça quando passo, pois uma mulher de quase sessenta  não chama a atenção, a menos que algo de extravagante aconteça com ela! Não se espera mais que eu seja sequer bonita, a menos que eu pretendesse namorar com alguém mais novo que eu! Hoje, a imprensa e os vídeos que se espalham pela net, já mostram as artistas em sua casa ou na rua, "ao natural" e se reconhece que a beleza que existe para agradar ao homem, a que depende da maquiagem é algo que acaba rapidamente,com o tempo. Então, a beleza no sentido de conjunto harmonioso, que soma intenção, olhar e elegância dos gestos está sendo enaltecida. Esta, não seria medida pelos quilos a mais ou aparecimento das rugas. Tomara que as mulheres estejam se libertando desta "prisão", ditada pela moda, que lhe tirava o prazer de viver cada fase da vida com a alegria de sentir-se suficientemente bela. Hoje ela caminha para ser feliz por ser o que é.
  O texto também contava como era esperado que a mulher fosse uma dona de casa perfeita, não importando se tinha que trabalhar fora ou de madrugada para atender aos filhos pequenos. Foi terrível  e desgastante crer que era uma obrigação fazer o melhor possível, o tempo todo e em todos os setores. Só aos 45 anos, dividi com meu marido algumas poucas tarefas da casa- foi uma mudança e tanto! Ele se rendeu a isto, talvez porque eu tenha lhe dado esta chance, afinal, com esta idade eu já comecei a aprender que não precisava ser 3 em 1. Hoje, as mulheres já fazem isto quando mais jovens, dividindo com os maridos até algumas tarefas relacionadas ao atendimento do bebê ou dos filhos, mesmo maiores. Tomara que não exagerem, para que os bebês não fiquem sem sua presença emocional, mas que também não tenham que retroceder, pois tanto o pai quanto a mãe necessitam  mostrar sua ternura e recebe-la de volta, na troca que ocorre com a vivência mais íntima com seus filhos. E também, porque é uma forma de ser valorizada a responsabilidade e trabalho imenso que é ser Mãe em tempo integral, dedicação exclusiva e sem reconhecimento e remuneração ! 
  Quase no final, naquele texto ainda podia-se ler a crítica ao absurdo de que nós mulheres teríamos que ser a "trepada do ano, caso contrário caímos em desgraça na boca da galera masculina" e terminava comentando que somos artistas e como o palhaço, por nossa sensibilidade, sabemos fazer quem está triste, sorrir!
  Não, não precisamos vestir a "carapuça" ou acreditar que estas "exigências" tenham todo este peso real sobre nós. Precisamos nos libertar destes exageros que nos prendem a uma situação que queremos mudar.      A luta da mulher contra os preconceitos é muito mais árdua no início, e então, como um pêndulo tem que ir para o lado totalmente oposto quando nossas atitudes perigam por ser preconceituosas também. A luta continua, e precisamos cuidar para não esquecer que a intenção é nos unirmos ao homem, num ponto mais próximo ao meio do caminho. . Eu, ainda que uma mulher da geração anterior, não costumava pensar que tinha que ser a "trepada do ano", porque sempre fiz sexo apenas com quem eu podia respeitar e, naquele momento, também queria me divertir, aprender, fazer algo gostoso! Por mais que quisesse agradá-lo, não fazia sexo só por ele. Acho que depende de nós, pelo menos se não estamos sendo estupradas, escolher neste momento se queremos ser objeto sexual ou parceira, com responsabilidade igual de dar e buscar seu próprio prazer, a fim de que o homem não sinta que deve algo a nós, como não queremos dever a ele. Esta atitude de igualdade na cena do ato sexual pode ser até mais forte e viva do que nas circunstâncias da rotina do dia a dia. Ainda estou aprendendo como lidar com as emoções e outros tipos de dependência. Todas estamos. Umas com mais facilidade se impõem e auto afirmam de um modo mais rápido e obstinado, outras com seu ritmo próprio, vão desbastando as arestas criadas pelas sociedades que tanto e por tantos anos descriminaram a mulher e a humilhou. Por isto, não desisto de lutar pelo respeito e a fim de manter no relacionamento o prazer verdadeiro por estarmos juntos, mas reconheço que algumas vezes é preciso baixar armas e dar um tempo para que o homem, moldado pelos conceitos arcaicos daquelas sociedades, assimile a mulher que ele tem a seu lado, hoje.
   Pelas lutas e mudanças conquistadas por nós da geração mais velha, vínhamos já caminhando para que a mulher mais jovem e atual possa continuar a transformar o mundo em um lugar mais digno e justo para se viver.   
  Nós mulheres, temos uma grande sensibilidade. Entretanto, há alguns anos atrás, vi o homem que amei por 37 anos e espero continuar a amar pelo tempo que ficarmos juntos, com lágrimas nos olhos quando falou de seus netinhos. Ele,um "inveterado machão", emocionou-se ao falar de seu amor por seus 3 filhos homens e quando afirmou que a única coisa que mudaria em sua vida, se fosse vivê-la novamente, seria ficar mais tempo em casa com sua família, quando todos nós ainda éramos mais jovens.
   Nossos filhos, homens jovens de hoje, tem mais oportunidade de assumir sua sensibilidade. Estamos conseguindo mudar a sociedade. Os homens estão mudando e para isto precisam de nós, de uma mãozinha companheira que lhes mostre o caminho, não para serem manipulados por nós. Então não podemos acreditar em cair na armadilha de "sermos a trepada do ano", sob ameaça, ou continuaremos andando mas desta vez, para trás. Precisamos insistir em caminhar juntos, mesmo apesar de nossas diferenças que afinal, nos valorizam como seres humanos que somos! 
   Desejo que nós,mulheres,tenhamos companheiros e amigos ao nosso lado (nunca deixarei de lutar por isto a meu modo e no ritmo que me é possível).
   Gostaria de poder transformar minha emoção, para que fosse como a Água, que vai penetrando em tudo, sensível, suave e mansa, mas decidida a molhar a Terra, para com ela formar um só corpo feminino, que se permita ser fertilizado pelas sementes do homem, trazidas pelo Vento. E que junto com a força masculina do Fogo do sol, ambos possamos criar um Espírito, ambiente própício para o nascer de uma nova HUMANIDADE, onde homens e mulheres estejam decididos a viver o Amor, acima de tudo, e a criar um mundo de mais Paz, Equilíbrio, Harmonia e Felicidade. 
   É nisto que acredito. Por isto sou capaz de lutar, brigar, calar, entristecer, ficar sózinha ou me render ao amado. Só por isto, minha fé se renova. E creio que o mundo não melhorará enquanto homem e mulher não se respeitarem e não se tornarem amantes, em sua intimidade.

autoria: Vera Alvarenga -                    março-2010
imagem: retirada do google-pode ter direitos reservados

quarta-feira, 3 de março de 2010

_ " Eu, mulher, e minha Fênix "...


   No dia seguinte, logo pela manhã, eu iria viajar, para outra cidade. Procurar uma nova casa para morar.
   Mas não iria sozinha, porque o companheiro de uma vida compreendeu que havia ali algo delicado, que poderia se quebrar em mil pedacinhos. Havia ainda um elo, delicadamente ainda ligado a algo que, até então fora precioso demais, para se deixar descuidadamente em qualquer lugar, de qualquer maneira... E este homem foi generoso. Combinou me acompanhar, como se quisesse me entregar ilesa ao meu destino, até por saber que estava quebrada por dentro.
   Cinco horas de viagem em direção a uma mudança, uma nova vida, um refazer o que antes fora um ninho e agora seria apenas uma casa, reconstruir auto-estima, construir novos hábitos, transformar-se, catar os cacos e esculpir uma nova pessoa. Era ela, a Fenix novamente em minha vida!
Ela não me perguntou se eu estava preparada, se tinha forças, se tinha certeza, mas se fez presente, chegou decidida porque não sabe viver no anonimato ou na mentira.  E ela veio com toda a força de um tornado, um redemoinho, virando tudo, num segundo, de pernas para o ar.
    Era a minha "Fenix" e desta vez, não em forma de escultura premiada... aliás, não havia premiados, apenas um vazio no estômago, uma tristeza que de tão grande era incerta e parecia quase inexistente... como quando estamos diante da morte!        Alguém sabe como é? Sem mais raiva, sem vontade de brigar por algo, sem desejo de segurar, sem mais forças , sem reação, sem mais nada a não ser o vazio, a sensação de cansaço do quando "tudo já foi feito". Agora restava, nem mesmo o medo, apenas a impotência, a entrega ao desconhecido, o deixar-se levar...
  Caminhei pela casa, que fora um lar, e olhei ao redor. Os sentimentos já estavam amortecidos, após duas semanas no centro do furacão! Foi no carnaval e agora, as máscaras estavam caídas no chão. Os olhos percorriam os grandes espaços, os móveis, os mosaicos, os quadros, as esculturas, as coisas... tantas coisas de uma casa tão grande. "Ah, aquela mesa, preciso levar, nós a fizemos, e meu mosaico é tão lindo! nunca mais faria outro igual! Mas são duas! E os espelhos? As esculturas, algumas premiadas". Nada tinha importância. - "São apenas coisas... lindas, mas apenas coisas".
     Então percebi que estava nua! sim, era assim que me sentia e podia sair dali, desta forma mesmo, sem levar nada. Como se fosse possível! Não! Acorda menina, acorda mulher, acorda minha senhora ! Era preciso levar o necessário.
   Agora sim. Começava a fazer sentido! O necessário para que? E veio a resposta! O necessário para rodear-se do que é bonito, do que pode fazer qualquer lugar, mesmo uma caixa de fósforos, se transformar num ninho, doce, agradável, com boas energias. Era disto que eu precisava, um pouco de mim, um pouco daquelas coisas que eu fizera para que todos se sentissem bem na casa que já fora de tantos.  E por que não levar algo assim comigo?
   Como costume, então.. eu ainda estava viva!! Era o que sempre foi mais forte em mim... a vontade de transformar o feio, o sem nexo, sem sentido, em algo bom, bonito, atraente. Era mais uma vez o escolher - o que fazer e como reagir ao que a vida apresenta. Pensei que, desta feita, iria afundar de vez numa areia movediça, branquinha, sem nada, sem história, sem futuro, sem projetos como um papel em branco, sem ninguém a me dar a mão... era o que mais me assustava - eu não saia dali para seguir para algo melhor, nem para recomeçar uma nova vida com alguém disposto ao compromisso partilhado, como eu tinha timidamente sonhado, nem para receber das mãos do próprio Deus o presente de uma nova oportunidade...eu ia sozinha me deixando afundar, sem reação... Sem reação?
  - Não, claro que não! Eu tinha comigo a certeza de que fora movida por algo belo, pelo desejo de estar inteira ao lado de um homem que é para ser um companheiro, nunca um objeto ao qual apenas nos acostumamos. Fui movida pela lealdade a princípios, por amor ao próprio amor. Minha alma não resistiu a vê-lo morrer, assim, afundando na areia até desaparecer de vez. Sim, não era eu, mas o amor, a capacidade de amar, que agonizavam em mim. Eu não tinha conseguido assistir a isto, sem que reagisse de algum modo, ao chamado da vida que ainda pulsa.
   Então, não poderia haver culpa, apenas o vazio, mas jamais a culpa. Eu ainda era honesta e fiel a mais importante das minhas convicções : "Sem amor, nada vale a pena!"
  Eu não sabia onde iria encontrar amor novamente e, pensava mesmo, com enorme tristeza, que jamais o encontraria... e eu estava indo na direção da única coisa que me fazia tremer na vida - a solidão! Também a morte me assusta! Mas era preferível isto, do que viver sem a luz do sol, vendo que ele, o amor, morria lentamente, sem reagir. Talvez eu precisasse mudar, aprender a amar de maneiras diferentes agora, amando muitas pessoas e coisas, ao invés de um só... Nem eu, nem ele soubemos lidar com um amor tão altruísta mas intenso, logo tornou-se algo difícil de conter, porque fez suas cobranças.
  E o telefone tocou. Era o filho mais velho, que inspirado, falou das coisas que eu acabara de perceber... falou de minha capacidade para amar...e da necessidade de mudança em mim! Eu precisava mudar, ou dificilmente um homem me respeitaria, até pela natureza das coisas da vida e da sociedade! Meu filho dizia reconhecer que não era o ideal, mas era a realidade. Eu precisava me tornar mais forte, mais segura individualmente, menos permissiva, mais auto afirmativa. Como explicar-lhe que a isto se chega após treino, experimentação, liberdade para agir, errar e acertar? Mesmo assim, recebi o presente do amor dele por mim. E compreendi - a Fenix era minha. Eu a esculpi e ela era minha! Não importava quem estivesse ao meu lado, eu não poderia mais continuar a ser dependente do outro para estar viva! Meu filho me queria mais feliz, ou menos triste. Ele desejava de coração que eu aprendesse a também ir buscar o que me fazia feliz. E será que eu saberia naquele instante e depois de tanto tempo responder o que me fazia feliz que não dependesse de um homem a quem eu tivesse escolhido amar? Eu precisava pegar o destino em minhas mãos, era o que dissera a tantas pessoas, e esquecera de fazer! tudo estava calmo e decidido. E eu estava sentindo um estranho alívio depois de tanta luta para manter algo em equilíbrio, eu tinha desistido, relaxado a tensão, deixado cair. Uma moleza estranha tomava o corpo todo. O próximo passo seria dali a alguns dias, finalmente descansar, recobrar forças.
  Como por milagre, ou por Deus, após o telefonema meu companheiro acordou de sua aparente apatia e tudo mudou, novamente, inesperadamente.
   Quando, após alguns minutos meu outro filho chegou para juntos conversarmos, nós dois, os companheiros de trinta e sete anos de vida, já havíamos decidido tudo e no dia seguinte, fomos em direção da nova cidade. Contudo a casa, ainda será um ninho...para nós dois. Mais uma tentativa... e vai ser suficientemente grande para levar muitas coisas... mas não é isto que importa, pra mim, é claro, nunca foi, embora agora eu prefira viver com conforto e não acredite mais, apenas  num amor em uma cabana.
   Demorei alguns dias para me habituar com a idéia, como se algo nela não se encaixasse, com certeza, pelo efeito da tensão pela qual passei, anteriormente. O que sei é que não preciso mais me responsabilizar sozinha pelo resultado desta tentativa! Será algo compartilhado, ou não resistirá, nem valerá a pena. E, acima de tudo, volto a lutar por aquilo que acredito - viver a verdade da minha capacidade de amar.
   Contudo, a mudança maior está por minha conta, pois tenho consciência, ela não me deixa esquecer, que a Fenix é minha, sou eu que tenho que mudar, pois fui eu que a esculpi anos atrás, sou eu que a carrego em meus braços...
   Não, acho que estou enganada... ele também terá de mudar ou tudo terá sido em vão novamente...Cada um de nós, tem sua própria Fenix a esculpir, não é mesmo ? Num relacionamento a dois, não pode existir a ilusão da individualidade totalmente preservada de um a prejuizo de outro. Ceder por amor em benefício de algo de mais valor é a mudança mútua que se espera, como qualquer acordo de sucesso em qualquer sociedade que se queira fazer respeitar e prosperar.

autora: Vera Alvarenga
imagem: fotos de minha escultura Phenix - premiada
   

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