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terça-feira, 13 de outubro de 2015

As vezes te levo,em pensamento, para sentar ali comigo e não pensar em nada sério...


 Houve um tempo em que o mundo estava repleto de coisas para fazer para as pessoas que eu amava ou dependiam de mim de alguma forma. Depois, mesmo quando havia apenas eu e só mais uma pessoa, meu mundo ainda era povoado por idéias, projetos, trabalho a realizar, caminhos por percorrer, desafios para vencer. Meu mundo. Engraçado dizer isto, uma vez que era meu coração que estava preenchido, tanto de planos como de crenças.E o coração, como tudo o mais, tem seu ritmo, com movimentos que se complementam e se nutrem.
  Todo mundo conhece aquele enfeite que costumamos comprar nas lojas de suvenirs - uma bola de vidro com uma casinha dentro e flocos de neve. A gente vira, balança, e então, ao colocar aquele bibelô no lugar, a neve cai. Um dia, alguém de fora do meu mundo veio e, não sei como fez, mas o caso é que meu mundo que então já me parecia vazio de tantas idéias que antes o povoaram, ficou, de repente, de pernas para o ar. Eu olhava para ele e as coisas não eram como antes. E me sentia insegura como uma criança. A criança que não morre jamais e está dentro de nós, tinha parado de sorrir. Me senti muito mais velha.
   Quase todo mundo deve saber como é sentir o vazio dentro de si quando a parte criança que somos, cheia de fé e milhões de idéias, não pode mais crer no que vê ao redor. Ou quando envelhecemos tanto que ficamos cansados.
   Foi quando eu o vi e percebi que a luz podia vir de fora daquela bola de vidro.
   Um noite, quando estava assustada e triste, desnorteada mesmo, eu o levei comigo para a cama. Ele estava comigo em pensamento, antes que eu conseguisse pegar no sono. Então, não me senti só. Assim, repeti este truque outras vezes, e a magia se fazia. Eu sorria novamente. Porque depois das batalhas normais da vida, obrigações cumpridas, desafios encarados, tanto trabalho realizado e algum prazer, quando os cabelos teimam em ficar prateados, a gente pensa que é chegada a hora de fazer algo "gostoso", de finalmente usar nosso tempo para criarmos mais momentos de prazer. E quando falta-nos a alegria e o prazer de certas coisas simples que deveriam estar a um palmo de serem alcançadas, é preciso sermos criativos. Do contrário, por que iríamos desejar viver por mais tempo? O significado estaria em parte perdido! É fundamental envelhecermos com um pouco de alegria e o prazer que possa vir de nossa própria vida pessoal, não apenas pela realização dos que amamos. E não que isto não nos seja importante! Seria, contudo, uma sorte, uma benção, alcançarmos algum prazer próprio, colheita de nosso quintal! A felicidade nos permite conhecer e sentir o tempo a um ritmo novo. O ser humano vai geralmente em direção do sentir-se bem, confortável ou feliz.Mais que isto, alguns de nós queremos poder AMAR, nos doar, oferecer de nós ao outro, o melhor. E, ser amado faz com que o que temos de potencial venha para a flor da terra, e se desenvolva e dê frutos, como acontece com o pé de fruta em terra ricamente adubada. O ser humano tem uma mente criativa e a capacidade de reagir em busca de alguma felicidade. Alguns mais que outros. Tudo para evitar sentir-se como algo inerte, embolorando com o tempo, enquanto este mesmo tempo o desfaz. Pelo menos tenta reagir para minimizar o que lhe causa mal. Então ele inventa, cria, imagina...
   Imaginava-me deitada em seu ombro,ou em sua barriga macia, sentindo sua respiração e com bom humor conversávamos. Ah! como é fundamental o bom humor com a vida! Ríamos, embora fosse possível chorar, se assim quiséssemos, pois que confiaríamos plenamente em nós, como os amigos verdadeiros podem confiar um no outro. Fazíamos planos. Imaginei que tudo seria apenas uma questão de tempo porque as coisas se encaixam e tomam naturalmente seu lugar,como acontece com os flocos de neve daquela bibelô de vidro, mesmo depois de o balançarem. Imaginei tudo.
   Um dia percebi que a imaginação tem asas imensas e voa por alturas que não podemos alcançar.
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   Olho para meu mundo. Continuo a (tenho capacidade ainda para) ver os raios de sol por entre os últimos flocos de neve. Embora envelheça dia após dia, acho que sempre os verei brilhar ou refletir até nas gotas de orvalho ou chuva! É meu jeito. Às vezes, no entanto, sou como aquela adolescente solitária, que raramente encontra um lugar onde, em companhia de um semelhante,sinta-se realmente em casa. Mas como ela, consigo ficar bem no meu próprio canto. Nem sempre coloco as mãos na massa ou a cara na terra. Por vezes, observo a certa distância o mundo em que vivo, e penso que isto me satisfaz. Outras vezes me aborreço, mergulho inteira no sentir, reajo e fico brava, e me sinto forte e corajosa embora não veja nisto nenhuma vantagem. Gosto dos meus momentos de estar só, o que é diferente da solidão que me toca por mais vezes do que gostaria.
   Então, quando isto me incomoda, fecho os olhos e me permito levar-te comigo pra cama, ou para uma mesinha na calçada onde bebemos alguma coisa e rimos um pouco. Sempre imagino encontrarmos alguma graça no mundo ou em viver nele, pois somente conviver com o reclamar ou criticar me asfixia. Ah! é claro que o mundo não é um mar de rosa e tanta coisa está errada! Com certeza, contudo, há ainda muitas coisas simples e boas que podem nos comover. E seria maravilhoso poder compartilhá-las com alguém que quisesse estar ao nosso lado e se dispusesse também a reconhecer estes pequenos milagres ou perceber que pode ser parte ativa na criação deles.
   Respiro fundo. Nesta cena que imagino posso respirar todo o ar puro que cabe em meu peito lentamente, e relaxar ao exalá-lo. Sem pressa, fazemos planos sobre coisas sem importância ou sentimos pena daqueles que não conseguem perceber o quanto da vida desperdiçam com seu desejo de tudo controlar. Nós dois já sabemos que não podemos controlar as coisas do mundo, mas podemos tentar decidir, sempre que possível, o que vamos fazer do tempo que nos resta....  

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O telefonema

  Estava passando, distraída, ao lado do telefone, quando algo acordou-me do tédio que não costumava sentir, mas agora me visita. Telefonei. Ninguém imagina como me custa fazer um telefonema. Telefonar foi um hábito que não criei. Foi uma conversa rápida. Apesar do assunto, ao final terminamos sorrindo como geralmente terminam as conversas de pessoas que se ouvem e se gostam. Do outro lado, alguém de quem gosto bastante contou-me, entre outras coisas, que uma tia distante morreu.
  A tia era bastante idosa e sua morte fora prevista várias vezes, com direito à visita e preocupação , por um ou outro parente. A todos porém, e à própria iminência da morte, a senhora idosa havia enganado. Alguns familiares mais jovens foram-se antes dela que, teimosa, permaneceu por quanto tempo ainda quis. Contudo, ela agora se fora. E como em outros casos, talvez a morte já esperada, não se tenha tornado o personagem mais importante desta história, mas sim, os figurantes que trazia consigo, o cenário que deixava à mostra, o que fazia refletir sobre a vida. Como por exemplo quando marcava um encontro de familiares que já não tinham mais nada a ver uns com os outros, se a amizade houvesse se acabado.Talvez o sentimento nem tivesse resistido verdadeiramente, também em relação àquela que acabara de morrer, por todas as vezes que alguém se sentiu como que traído pelos falsos anúncios daquela visita, que mais dia menos dia, bate à porta de cada um de nós, mas se demorava a levar a velha. Ela enfim, se foi. Quem sabe cansou ou se encheu de tédio.
  Tédio não faz bem, engorda, prejudica o coração e tira o gosto doce da vida. Tédio, o companheiro dos solitários, dos que vivem silenciosamente ou dos que, na ausência do sentimento recíproco de amizade, perderam o caminho que os levava aos momentos mais espontâneos, simples e vívidos que animam o viver. Mesmo que gostemos de nossos momentos de solidão, tem gente que se perde um pouco, se não conseguir ver-se refletido nos olhos de outro. Não é certo nem errado, apenas existe gente que é assim. Evidentemente, sempre há os que digam : - Que se encontre então! Que se salve e por si mesmo descubra a vida! Seria o ideal. Ideal, é quando a razão pensa que sabe o que fazer, mas o resto não acompanha.
Só sei que, quando desliguei o telefone, estava sentindo-me mais viva.
   Incrível o poder que tem uma rápida conversa entre amigos que se gostam. O poder de desatar os nós, até das tramas mais enroscadas de um casulo. Mesmo daquele em que se esconda o mais tímido e comodista animalzinho. Não é culpa de ninguém, nem minha porque conto esta história, eu, que gosto de casulos apenas para me aconchegar. Nem é culpa de quem, já sendo dado à quietude e, ainda mais, não tendo com quem conversar suas próprias falas além de ouvir as do outro, acaba por penetrar no casulo que, se algumas vezes aconchega, ao mesmo tempo, aquieta em demasia.
   Lembrei-me de um amigo com quem conversava de vez em quando. Para mim, era algo raro e precioso a que me permiti. E conversávamos pouco, coisas tolas ou importantes. A gente tem necessidade de ter alguém com quem possa conversar coisas simples, comentar sobre nossos pequenos desejos ou iniciativas que planejamos ter, contar pequenas vantagens. Um amigo que acredite em nós e nos ouça, só por isto nos encoraja e anima. Eu, que por muito tempo pensei que amizade fosse algo precioso mas secundário se não viesse junto daquilo que tivéssemos julgado ser o maior objetivo de nossa vida, hoje sei que não é bem assim.Tenho certeza disto. Hoje me falta o amigo. E ele, apenas por existir, me animava. E quando a gente se anima, acredita em si, faz planos.
A vida passa tão rapidamente. Dura tão pouco! Quanto tempo dura a vida quando se pensa na eternidade? A vida é um bem precioso. Um bom amigo também. Sinto muita falta.   
   Mas tenho a vida. Ouço a voz que conversa comigo. Ainda sou eu, ela dentro de mim, a me fazer companhia. E ela me sacode às vezes, me compreende outras, porque me conhece, me abraça e concorda comigo quando penso que tem de haver alguém superior a nós, a nos dar um sentido maior, a nos consolar quando descobrimos nossas fraquezas. E, de vez em quando ela me convida... – Vem, passa um baton, vamos sair um pouco deste casulo! Eu te faço companhia...  
Foto retirada do Google
Texto:Vera Alvarenga 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Comprometer-se...

 Em minha recente viagem para o sul, reencontrei um casal que descobriu no seu casamento, o segundo para ambos, que para o relacionamento dar certo, amar não é apenas sentimento, mas o comprometimento em desejar fazer o "outro" feliz. Em um próximo post vou contar uma historinha sobre eles.
   Sorte daqueles que descobrem que acomodar-se a um individualismo exagerado e "falsa" liberdade e independência sem limites do "cada um por si desde que todos por mim" não é a melhor solução para a vida a dois. Sorte dos que não pretendem ter sempre razão. Aliás, o individualismo radical não é solução nem para a vida em sociedade, pois comprovadamente traz ansiedade, sentimento de insegurança, depressão e pânico, de acordo com especialistas no assunto.
   Amar não é apenas o que se diz de um sentimento - é atitude - o amor pede ação, deseja conjugar o verbo. São dos pequenos gestos em benefício e engrandecimento do outro e do próprio relacionamento que o amor se sustenta ( e também o bom humor, e a disponibilidade para uma vida mais plena)! E não, de um sentimento que se esvazia na ausência da ação, presença de orgulho e recusa de se comprometer.
   Mesmo quem já amou, se não é correspondido, um dia acaba por se transformar em um sonhador. E se seus gestos encontram constantemente a barreira que impede a alegria da troca constante, acaba por pensar que a ele, só restou sonhar. E então, seu desejo o leva a sonhar... inconformado sonha, a cada novo dia, mesmo em presença de frustrações, porque sem esperança, entristece... e sonhar, por vezes o alimenta... mas quem apenas sonha, também não realiza mais o amor, pois seu desejo está no amor e em presença do desejo de amor, o que não é amor não satisfaz mais . Seu olhar se tornará triste e distante como que em busca da ave dourada que se banhava, antes, na água da fonte de seu próprio coração. Porque é por causa deste alegre encontro, que da fonte brota a água mais cristalina e do peito do pássaro dourado sai a mais bela canção em homenagem à vida. Nesta troca, ambos se comprazem. Sem ela, a fonte seca e a ave dourada sente-se ferida, emudece.
   Sorte ( será só isto?) dos casais que reencontram seu pássaro dourado junto à fonte!
   Os outros...viverão de lembranças ou sonhos. De certa forma, tem sorte também os que tem as lembranças e até os que pelo menos podem sonhar! Mas viver plenamente o amor é incomparavelmente uma escolha melhor, quando se pode ainda escolher. Porque este trabalho de amar nos preenche a vida, põe um brilho no olhar e um sorriso na alma.
   Assim como acontece para toda uma sociedade contemporânea, manter um individualismo egocêntrico tem um alto preço para cada um de nós, em nossa vida, de um jeito ou outro. Fatalmente, o ser humano que tentar reproduzir em sua vida íntima e familiar o individualismo radical com o qual aprendeu a sobreviver no mundo,  aumentará para si e para quem conviver consigo, o sentimento de vazio e solidão que já existe em cada um de nós. Se não se compromete com o amor em sua vida íntima desejando fazer também o outro feliz tendo oportunidade para fazê-lo, logo se desviará do caminho que o levava à fonte, não terá mais como encontrar repouso em seu ninho e forças para alçar vôos que lhe tragam mais do que uma ilusória sensação de realização. E, certamente, perderá a alegria que lhe brotava espontaneamente no riso. E, quando sorrir alegremente nos encontros ditos sociais, alguém sempre perceberá que o sorriso "é de alumínio" que, como uma máscara, ao virar a esquina, cairá por terra.
Foto e texto: Vera Alvarenga.

sábado, 28 de abril de 2012

Sôbre voos e liberdades...

 Somos seres sociais. Alguns mais, outros menos,mas todos dependemos uns dos outros e de nossa possível convivência.
Vivemos entre tantos.Como bandos, caminhamos ao lado de muitos, por vezes na mesma loucura em meio à corrida contra o tempo.
Contudo, somos solitários na dor e nos sonhos.
Evidentemente podemos ser solidários, na dor. E os sonhos, podemos tentar compartilhar, tentar levar conosco alguém que ansiamos possa ver a mesma beleza que vemos nas cores daquele arco-íris, ou ter as mesmas visões que tivemos em nossa meditação.
- Então, você pode vislumbrar como será maravilhoso?! Dizemos ingenuamente, quando encantados.
Algumas vezes encontramos resposta de quem  entra em sintonia conosco. Nos acompanham, alguns,outros seguem paralelamente, porque seus sonhos se assemelham aos nossos ou porque se encantam com a luz que brilhou em nosso olhar.
Aquela visão, porém, aquelas cores, são o nosso sonho, é o nosso desejo, estão ligadas à nossa experiência individual e única de meditar em meio ao burburinho da vida em sociedade, no meio em que estamos inseridos.
 Sim, para diminuir expectativas é preciso compreender que o sonho é de cada um! Contudo, não devíamos esperar de nós mesmos que apenas deixemos que cada um "fique na sua", porque, para quem voa ou sonha, ou tem uma visão, é quase impossível não desejar compartilhar... a menos, é claro, quando, como muitas vezes acontece,a alegria por experimentar tal liberdade ou talvez desejo, se apaguem vencidos  pelo insistente desejo contrário de manter tudo da forma que está. E esta é uma tendência do bando, e de nós todos. Sonhar, refletir, e então meditar para depois ir em busca da realização, ou mesmo somente buscar manter a ligação que possamos ter com o que somos no íntimo, requer fé, dá trabalho, exige disciplina, compromisso, dedicação e perseverança. Eu me acovardo, muitas vezes, mas a despeito de tudo, resisto.
Há vôos especiais, destes nos quais quase podemos tocar estrelas! Quando os tivemos, nosso corpo e alma pedem que se repitam. Por isto, mesmo quando a vida muda os cenários e quebra uma de nossas asas, ainda esperamos a cura para transformar o que temos, num novo plano de vôo.
Como seria bom termos sempre companhia!
Seria ideal diminuirmos nossa expectativa, sem contudo apagar o brilho dos nossos gestos espontâneos. Como fazer isto? No mais, compreendendo assim este aspecto da vida, finalmente não me sinto mais em  solidão, como tantas vezes antes. Eu a recebo e reconheço como pano de fundo numa cena em que ela é mais estrela do que eu, faz parte de mim, e se torna fundamental num e outro ato, no palco da minha vida.
Já não me assusto por gostar tanto de voar neste cenário, embora reconheça minha dependência total do convívio com meus pares. Sei que posso ir e voltar, sentir o vento e pisar na terra, rir e chorar, aceitar meu direito e meu avesso.
Fotos e texto: Vera Alvarenga

sexta-feira, 4 de março de 2011

O grande o e pequeno silêncio...

 Ao ler um texto de Clarice Lispector, no qual ela fala de um grande silêncio,refleti sobre o como ele me afeta.
O grande silêncio? Sinto falta quando não o tenho! é nele que medito,renovo energias,sossego a alma e a mente curiosas. As respostas? Vem depois dele, ou apenas a tranquilidade do sentir-me novamente centrada. É o pequeno silêncio que hoje pode me incomodar- aquele que se mostra no virar das costas de quem se afasta, porque encerra o que poderia ser um diálogo. Mas me irrito comigo mesma, por não tê-lo ouvido há mais tempo, já que sempre esteve ali.
Mas o grande silêncio...este não temo! Eu, às vezes me assusto se logo após sair dele, me deparo com alguém em ritmo ansioso, que com voz de pedra esteja a cobrar algo que só lhe posso dar, se entro novamente no girar da pequena roda gigante do hamster ( sabe qual é? aquele brinquedinho que colocam na gaiola do ratinho, que gira e gira?). E hoje, quando isto acontece, num rápido instante me lembro que já sei o que fazer e ainda me dá tempo de marcar com ele, o silêncio, meu próximo encontro.

   Durante o grande silêncio da noite, olho ao meu lado e ao ver quem ali está, meu coração se enche de paz, porque neste silêncio nos encontramos e eu me lembro o quanto o amo e quanto o amei. 
   No grande silêncio da noite hoje, posso fechar os olhos e ver um rosto no sonho de amor que idealizei, que nada mais é do que um sonho, mas está na lembrança como algo que um dia já tenha vivido ou desejado tanto, que talvez ainda que seja em sonho, possa encontrar...
  
Texto e fotos : Vera Alvarenga

terça-feira, 2 de novembro de 2010

" O lago negro"

   O bruxo sentenciou: " Você só voltará a ser feliz, quando uma mulher olhar pra você com amor.."
...depois da transformação, o príncipe viu sua imagem no lago...o que ele realmente era, continuava apenas dentro dele, escondido sob aquela grotesca figura refletida na água.
   Não poderia mais aproximar-se das pessoas que amava, com o mesmo rosto que tivera antes, e assim desfigurado jamais receberia o olhar amoroso que lhe devolveria a alegria. Estava condenado à solidão.
   Sua dor foi tamanha, que seu rouco grito de tristeza ecoou na floresta e escureceu os céus! Todos se recolheram.
   Apenas um pássaro branco ficou ali, num tronco da árvore, a seu lado. Tocada pela dor daquele homem que temia perder o amor para sempre, a ave chorou com ele. Suas lágrimas caíram no lago, cuja água imediatamente ficou negra. E a ave disse:
   - "Jamais o bruxo que o condenou a este sofrimento poderá ver-se refletido aqui, e nunca mais poderá beber desta água para saciar sua própria sede insaciável." ..............

Texto e foto : Vera Alvarenga

  

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