Estava passando, distraída, ao lado do
telefone, quando algo acordou-me do tédio que não costumava sentir, mas agora
me visita. Telefonei. Ninguém imagina como me custa fazer um telefonema.
Telefonar foi um hábito que não criei. Foi uma conversa rápida. Apesar do
assunto, ao final terminamos sorrindo como geralmente terminam as conversas de
pessoas que se ouvem e se gostam. Do outro lado, alguém de quem gosto bastante
contou-me, entre outras coisas, que uma tia distante morreu.
Foto retirada do Google
Texto:Vera Alvarenga
A tia era bastante idosa e sua morte fora prevista
várias vezes, com direito à visita e preocupação , por um ou outro parente. A
todos porém, e à própria iminência da morte, a senhora idosa havia enganado.
Alguns familiares mais jovens foram-se antes dela que, teimosa, permaneceu por
quanto tempo ainda quis. Contudo, ela agora se fora. E como em outros casos, talvez
a morte já esperada, não se tenha tornado o personagem mais importante desta
história, mas sim, os figurantes que trazia consigo, o cenário que deixava à mostra,
o que fazia refletir sobre a vida. Como por exemplo quando marcava um encontro
de familiares que já não tinham mais nada a ver uns com os outros, se a amizade
houvesse se acabado.Talvez o sentimento nem tivesse resistido verdadeiramente,
também em relação àquela que acabara de morrer, por todas as vezes que
alguém se sentiu como que traído pelos falsos anúncios daquela visita, que mais
dia menos dia, bate à porta de cada um de nós, mas se demorava a levar a velha.
Ela enfim, se foi. Quem sabe cansou ou se encheu de tédio.
Tédio
não faz bem, engorda, prejudica o coração e tira o gosto doce da vida. Tédio, o
companheiro dos solitários, dos que vivem silenciosamente ou dos que, na
ausência do sentimento recíproco de amizade, perderam o caminho que os levava
aos momentos mais espontâneos, simples e vívidos que animam o viver. Mesmo que
gostemos de nossos momentos de solidão, tem gente que se perde um pouco, se não
conseguir ver-se refletido nos olhos de outro. Não é certo nem errado, apenas
existe gente que é assim. Evidentemente, sempre há os que digam : - Que se
encontre então! Que se salve e por si mesmo descubra a vida! Seria o ideal.
Ideal, é quando a razão pensa que sabe o que fazer, mas o resto não acompanha.
Só sei que, quando desliguei
o telefone, estava sentindo-me mais viva.
Incrível o poder que tem uma rápida conversa
entre amigos que se gostam. O poder de desatar os nós, até das tramas mais
enroscadas de um casulo. Mesmo daquele em que se esconda o mais tímido e
comodista animalzinho. Não é culpa de ninguém, nem minha porque conto esta
história, eu, que gosto de casulos apenas para me aconchegar. Nem é culpa de
quem, já sendo dado à quietude e, ainda mais, não tendo com quem conversar suas
próprias falas além de ouvir as do outro, acaba por penetrar no casulo que, se algumas
vezes aconchega, ao mesmo tempo, aquieta em demasia.
Lembrei-me de um amigo com quem conversava
de vez em quando. Para mim, era algo raro e precioso a que me permiti. E
conversávamos pouco, coisas tolas ou importantes. A gente tem necessidade de
ter alguém com quem possa conversar coisas simples, comentar sobre nossos
pequenos desejos ou iniciativas que planejamos ter, contar pequenas vantagens. Um
amigo que acredite em nós e nos ouça, só por isto nos encoraja e anima. Eu, que
por muito tempo pensei que amizade fosse algo precioso mas secundário se não
viesse junto daquilo que tivéssemos julgado ser o maior objetivo de nossa vida,
hoje sei que não é bem assim.Tenho certeza disto. Hoje me falta o amigo. E ele,
apenas por existir, me animava. E quando a gente se anima, acredita em si, faz
planos.
A vida passa tão rapidamente.
Dura tão pouco! Quanto tempo dura a vida quando se pensa na eternidade? A vida
é um bem precioso. Um bom amigo também. Sinto muita falta.
Mas tenho a vida. Ouço a voz que conversa
comigo. Ainda sou eu, ela dentro de mim, a me fazer companhia. E ela me sacode
às vezes, me compreende outras, porque me conhece, me abraça e concorda comigo
quando penso que tem de haver alguém superior a nós, a nos dar um sentido maior,
a nos consolar quando descobrimos nossas fraquezas. E, de vez em quando ela me
convida... – Vem, passa um baton, vamos sair um pouco deste casulo! Eu te faço
companhia... Foto retirada do Google
Texto:Vera Alvarenga
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