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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Cor de vinho...

    Ela estivera andando de um lado para outro sem poder encontrar o que queria, desde aquele inverno em que sentira na alma, que trazia no ventre e na mente aquele botão de uma nova vida.
Nada a satisfazia como antes. E não sabia se fora por causa do tempo, dos silêncios, dos momentos de solidão, muitos momentos por sinal, ou do vazio dos gestos que iam mas não retornavam igualmente plenos do que alimenta o sorriso e o corpo. Quem sabe teria sido por causa daquele vento morno que veio forte, trouxe-lhe o pólen que a fertilizou e bateu-lhe no rosto, abrindo seus olhos como janelas para um novo mundo.
   Ela flutuara por uma eternidade em meio àqueles sonhos e pensamentos que, de súbito tinham vindo iluminar suas noites como pirilampos. Vivia então, em carne viva, vermelha do sangue que ainda pulsava nas veias, corada dos desejos e vontades que procurava esconder de si mesma, mas ainda estavam lá.
   Ela não queria mais sonhar... a noite agora era escura mas tranquila, e a esta calmaria iria se entregar com todo o seu ser,como sempre fizera a tudo a que decidia se entregar, atenção focada no melhor que sua mente e olhar podiam transformar de cada momento de vida. Era este o seu jeito - tinha escolhido sonhar a vida, vestida em cores, ao invés de vivê-la de uma forma nua ou crua.

   E quando quase dormia, ainda vestida de vermelho mas de um vermelho mais maduro em tom mais escuro, quando a noite também escurecia seu olhar e escondia tudo que a cercava, então... ele chegou.
   No escuro do quarto, num canto, o vestido cor de vinho... O único som que ouvia era o do coração dele ... fechou os olhos para sonhar...

Fotos e texto:Vera Alvarenga.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Brindando à vida...um novo relacionamento...

A esta altura da vida, ainda estou a experimentar o que não tinha tido vontade ou oportunidade de fazê-lo. Provar o que ainda não tinha provado, isto bem combina comigo agora. Não porque seja inconstante ou esteja descontente, mas por ser de natureza curiosa e gostar de brindar às oportunidades de apreciar novos sabores da vida. E não vou a elas a correr destrambelhada, mas quando vem a mim, aceito-as alegremente, compartilhando-as sempre que possível.Tais oportunidades satisfazem minha alma, meu intelecto, meu corpo ou meu espírito, dependendo das circunstâncias.
   É como estar em um relacionamento recente no qual experimentamos, pouco a pouco, todo o prazer que as novas descobertas e situações podem nos trazer. E, dependendo de como vamos nos dedicando a ele, o que começa como uma paixão pode transformar-se em um amor que longe ficará do tédio. É o que está acontecendo com o vinho tinto.
 Embora eu tenha feito uma escultura com este nome " BRINDANDO À VIDA" onde há uma taça de vinho inclusive, decidi, há pouco tempo, finalmente dar mais atenção a ele. E disto nasceu um relacionamento promissor, pois parece que tudo está indo muito bem. É o tipo de relacionamento que não teme sair dos momentos de intimidade para o social, emprestando a este gesto generoso de partilha com amigos inclusive, uma sensação ainda maior de prazer e até alegria.
Gosto de sua companhia quando estou a preparar algum refeição especial e, por mais simples que ela seja, por não ser de praxe e estar acompanhada dele, ela se torna sempre especial. A presença dele ali comigo é tão apropriada quanto o é, aquele abraço que nos chega de surpresa, e vem macio, dado pelo homem que a gente ama quando, num minuto, decide nos mostrar que aprecia estarmos ali preparando aquela refeição.
  Desfrutar dele principalmente à noite, na intimidade do meu cantinho, quando sozinha me aconchego no sofá lendo alguma coisa ou fico em frente ao computador escrevendo, é um maravilhoso hábito recente e que me dá prazer. Apreciar a companhia do homem ou do vinho certo, sempre nos dará prazer, não é? Se tivermos ambos, e de quebra, uma agradável conversa então, será provarmos um instante do paraíso!
   E estou assim, a descobrir pouco a pouco, como ele se comporta e com o que combina dependendo das uvas e tudo o mais que compõem a sua história e o que ele é. Vou, deste modo experimentando-o, conhecendo-o. Ontem, num ambiente muito agradável, em muito boa companhia e comemorando o aniversário de uma de minhas noras, a Cláudia, provei o Malbec Catena, 2011. Delicioso!
   Bem, é claro que tudo depende de uma interpretação pessoal e tem de combinar conosco, com nosso gosto particular, com o que nos dá mais prazer e com o desejo de transformar um simples relacionamento inicial em um amor duradouro... talvez para o resto da vida.
Foto retirada do Google imagens
Texto :Vera Alvarenga    

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Receita de massa, rápida e deliciosa.

Por muitas razões práticas e diferentes, decidimos que vale mais a pena almoçarmos fora de casa e assim fazemos há anos. Só que, às vezes, dá vontade de fazer algo do nosso jeito. Hoje estava chovendo e decidi preparar a comidinha em casa.
O marido faz questão de fazer as compras de supermercado, então pedi: - traz um filé de frango ou camarãozinho que, com legumes e miojo faço um Yakisoba rapidinho.
Demorou, chegou, mas sem frango, não por culpa dele, mas não vem ao caso. O camarãozinho tinha cabeça,casca e congelados! Ia continuar no freezer então, porque não estava nos planos frituras e deixar o apartamento inteiro e os elevadores cheirando a camarão. Já era tarde. Ninguém merece.
A geladeira de quem não faz almoço, só tem coisas para o lanche! Mas, uma mulher prevenida,dizem,vale por duas, então me lembrei do espinafre congelado. Maravilha de idéia. Tenha sempre no freezer, estes pacotinhos de legumes ou espinafre limpo, pré cozido e congelado. Proporcionam práticas e deliciosas refeições, mesmo que sejam só em duas cores, como esta de hoje - branco e verde! Me lembrei dos tempos de vacas magras, em Florianópolis, quando uma vez fiz este macarrão com espinafre que encontramos plantado à beira mar. Uma das vezes havia também peixe espada que comprávamos dos pescadores, até com uma moeda encontrada na areia. VERDADE! isto aconteceu!
Lembrei dos tempos em que eu fazia este macarrão para a família toda e usava um maço inteiro do espinafre comprado na feira, junto com uma carne vermelha, ou filé de frango, ou peixe e uma salada de folhas com tomates cereja. Tudo muito colorido. Mas hoje, era só o verde. Em tempo de preguiça e vontade de gostosuras está ótimo.
Sobrou um pouco...se quiser, venha para o lanche!

A receita é rápida, econômica e deliciosa. Sou prática, na cozinha. Nenhum restaurante ganha deste sabor, acredite. Em minutos, enquanto cozinha o macarrão, está pronto! Aqui vai:
1º - Encha uma taça de vinho de sua preferência e vá tomando enquanto prepara a receita(mesmo durante a semana!).
2. Água no fogo para o macarrão espaguetinho e numa panela menor, água para o espinafre.
3. Abra o pacote de espinafre congelado e coloque na água da panela menor para descongelar. Usei a metade porque queria muito espinafre, para dois. ( o pacote dá para 6).
4. Prepare a salada de folhas variadas( já deixo lavadas na geladeira). Usei rúcula, alface crespa e americana. Tomates cereja ou outro, vai bem. Abra uma lata de sardinha ou atum, se quiser e reserve.( não fiz isto desta vez).
5. Pronto, coloque o espaguete fino na água que já está fervendo, e sal. Jamais óleo! ( Peça para o marido colocar os pratos na mesa ou faça isto rapidinho - hoje eu fiz). Se tiver companhia na cozinha, bebam o vinho!
6. Solte com o garfo o espinafre que já descongelou. Escorra na peneira e reserve.
7. Numa panela pequena coloque leite( usei 2 copos), um fio de azeite, alho em massa, 1 pacotinho de tempero sazon para carnes ou tempero pronto arisco e queijo ralado a gosto (usei 1/2 pacote). Junte o espinafre. Experimente o sabor. Junte 1/2 copo de leite com maizena dissolvida ( + ou - 1 colher de sobremesa cheia). Ferva, mexendo e está pronto o almoço! RÁPIDO E SIMPLES!! Chame a família.
8. Escorra o macarrão que já cozinhou al dente( na mesma peneira do espinafre). Coloque na travessa.
    No centro da mesma, coloque as sardinhas ou atum se você assim decidiu.Mas não precisa.
9. Ponha o Creme de Espinafre sobre o macarrão ( não misture, para ficar bonito).
10. NÃO ESQUEÇA DE TOMAR MAIS UM GOLINHO DE VINHO!
11. Tempere a salada com Limão, sal , azeite (balsâmico para quem gosta). Sirva queijo ralado à parte.
      SIRVA IMEDIATAMENTE !! TEM QUE SER COMIDO QUENTINHO!

Bom demais pessoal. O Cesar repetiu 2 vezes e não é fã de massas.
Sobrou um pouquinho aqui. O Cesar à noite só toma lanche. Não esqueça de avisar que eu deixo pra você!
Fotos e texto: Vera Alvarenga.


domingo, 16 de maio de 2010

- " Como pude deixar o artesanato em cerâmica para trás ?...(Parte III)"

cont. do post da minha despedida do artesanato com Cerâmica( Parte III)

Minha crise existencial durou pouco. Resolvida a fazer o que era necessário para sobreviver, e sendo coerente com a crença de que era uma "benção" usar nossos "dons" para trabalhar com prazer... arregaçamos as mangas e, cada um de nós começou a fazer o que sabia.
Disse ao meu marido, e sócio na época: - " nosso artesanato vai ser conhecido pelo bom gosto, vai encantar os turistas que vierem à Ilha da Magia". Afinal,estávamos na cidade cujo apelido e crença(até em bruxas), combinava com meu espírito rebelde contra a realidade nua e crua de qualquer situação em que se diga que é proibido sonhar, ou acreditar...
  Com uma certa vaidade lhes conto que lançamos em feiras (GIFTS) de São Paulo, nossa idéia,vendemos para lojas no litoral, cidades de vários estados e fomos até "copiados" por muitos artesãos,que como nós, precisavam sobreviver a alguma crise. Alguns eram do tipo que simplesmente copiam,usando material de segunda,acabamento de terceira e,sem nenhuma cerimônia, abaixam o preço, mas não conseguem se manter estruturados para honrar seus compromissos com seus clientes. Este, é o tipo que costumo dizer, cai de pára-quedas, desvalorizando o trabalho dos que "se dão ao trabalho" de fazer o melhor que podem em sua profissão! Alguns de vocês devem saber de quem eu falo. Outros existem, que se "inspiram" na idéia, e a partir daí fazem uma releitura, criam sua própria forma. Penso que isto é bom e, de certo modo, me agrada saber que nosso trabalho inspirou muitos outros ( até a indústria, que passou a lançar também números de cerâmica com desenhos em relevo. Mas nenhum tão bonito como o nosso!). Após algum tempo,eu também fiquei mais atenta a  "novidades" de outro profissional e,quando encontrava algo bom, passava a respeitar quem o criou. É um movimento de vida mais criativa que surge daí, do que eu chamo de "inveja santa" - da admiração e respeito pelo trabalho do outro, que faz com que a gente deseje também melhorar o nosso!
Nosso artesanato nos tirou da crise, mesmo embora a Justiça não tenha tomado providência a nosso favor, em 10 anos, a respeito dos empresários que compraram nosso negócio de restaurante, e não nos pagaram até hoje!!Evidentemente tivemos muitos dias difíceis, mas preciso confessar que Deus nos proporcionou chances, que nós aproveitávamos incansavelmente. 
Como no dia em que, caminhando pela praia, sem um tostão, encontramos uma moeda que nos proporcionou comprar, na aldeia dos pescadores, um peixe espada recem tirado da água! Neste dia, tivemos um almoço "supimpa!!" regado a vinho ( nosso filho mais velho, nos havia dado uma caixa do vinho de seu casamento). Para não deixar o moral de meu marido cair ( já estava muito abalado), coloquei a mesa no terraço, espalhei artesanatos no gramado em frente a casa e almoçamos ali... quem passava podia pensar que éramos dois artistas excêntricos ( rsrs...) e, também podia entrar e comprar algum artesanato! De outra vez, ao voltar da praia, sem mais nem porque, pela mágica intuição(que eu sempre agradeço a Deus por tê-la, porque acho que são segredos assoprados por anjos em meus ouvidos) resolvi entrar numa ruazinha e... na areia encontramos, sabem o que ? Espinafre! Limpo, saudável, nascendo ali, sem dono, esperando apenas por ser colhido e virar uma deliciosa macarronada com creme branco(farinha e água era barato) e espinafre... regada a vinho, naturalmente!
Como dizia, nosso artesanato nos sustentou (e também a mais 3 famílias que nos ajudaram a fazê-lo,quando as encomendas aumentaram) até que vendemos nosso apartamento em São Paulo e pudemos recomeçar, comprando uma casinha no melhor condomínio da praia dos Ingleses, a 50 mts. do mar!! Um dia eu conto  como foi este presente que a vida nos ofereceu, e nós fomos correndo pegar!
Contudo,a crise, a luta para não devermos a ninguém, este trabalho artesanal, as saudades dos filhos e amigos, também nos venceu,de certa forma, pelo cansaço, pelo abuso com a saúde e pelas exigências, pois parece certo que Deus ajuda... quem cedo madruga!
Hoje,revendo algumas fotos para postar aqui, dos números de residência que lançamos no Brasil, pensei:
- " Quem sabe alguém do site social dihitt, ou da internet, tenha um de nossos modelos de números em sua residência... afinal...este mundo é pequeno". E, perguntei-me, com um certo nó na garganta:
- " Meu Deus, como pude simplesmente deixar meus esmaltes ? o forno? tudo para trás?"
Depois de alguns minutos, pude responder para mim mesma:
- " Como tudo que temos que deixar, porque a fase já passou, porque já cumpriu seu papel e nos fará lembrar com orgulho, parte do que conseguimos fazer de nossas vidas, quando unidos, embora com muitas brigas( infelizmente), trabalhávamos feito loucos para honrar nossos compromissos e para dar um exemplo a nossos filhos. Na parte emocional, como exemplo de um casal unido,falhamos em parte, porque brigávamos muito e parece que não sabíamos aproveitar os momentos em que a batalha da vida e o trabalho, podiam ter um descanso. Contudo, nossos filhos parecem que nos perdoam e conseguem ver nossas outras qualidades.
 Por isto, me sinto em paz, porque sei que todos nós, como pais, às vezes cansamos de tentar ser perfeitos e tiramos nossas armaduras de heróis, para ser apenas falhos humanos, que tentam aprender com a vida.

texto : Vera Alvarenga
fotos: Vera Alvarenga
(por favor, leiam a última parte que virá a seguir - Homenagem aos Ceramistas e artesãos. )

   

segunda-feira, 19 de abril de 2010

- " Uma grande Mudança!... parte I"

  
  Na Páscoa, finalmente mudamos!
   E vou compartilhar com vocês. Venham, sentem-se, vou lhe contar...Mudei! de casa,de cidade,de clima! Uma grande mudança!
   Deixei objetos,móveis,roupas que não iam servir mais, para trás. A convivência agradável com jovens, no trabalho,também ficou lá, em Birigui.Contudo,boas lembranças ficam no coração,para sempre.
   Mudar cansa muito! todas as minhas articulações doem, mas comemorei com vinho!
   Dei todos os meus discos! Abandonei a intenção de continuar como ceramista- o pesado forno para queima da cerâmica,caixas de esmaltes, peças por pintar - objetos de um atelier, ferramentas que me acompanharam por muitos anos. Não havia espaço para o que nós dois queríamos manter a fim de resguardar alguma sensação de segurança quanto ao futuro.Eu precisava arriscar,sem garantias, dar o passo, subir no trem e não olhar para trás.
   A cerâmica? eu a conhecia bem! e me trazia a possibilidade de dar aulas.Não saberia o que fazer além disto, se precisasse de outro "emprego"! De quebra, me permitiria continuar com meu projeto de Mosaico com crianças na comunidade desta nova cidade. Eram idéias que me apaixonavam, alimentavam um pouco meu ego,confesso, quando eu via o resultado. Contudo, era uma atividade solitária.Alguém tinha que deixar coisas para trás...e decidi ser eu a sair como a lagarta, sem um caracol nas costas, pois já arrastei por muito tempo, toda tralha de dois ateliers. Assim,mais leve, quem sabe um dia ganhe asas como as borboletas! Mesmo não as tendo ainda,posso voar com meus pensamentos,criar e transformar outros materiais,e de outras formas...afinal, o que a gente precisa além do material a transformar...é a idéia!
   Embora sentindo pena,dei as coisas que podiam me ligar a esta paixão - " a arte cerâmica e a escultura". Na realidade, já não podia ficar horas mexendo com argila fria, nem adianta criar peças bonitas se não tenho o dom de saber vendê-las. É um grande esforço também que demanda muito tempo, o vender o que se faz.    Arte e artesanato são um pouco de talento,inspiração e criatividade,mas muito de solidão e transpiração e, como dizia minha mãe ainda que com um tom crítico do qual não posso culpá-la, eu sabia transformar materiais numa verdadeira alquimia que me encantava, mas "nunca soube transformar arte em dinheiro"!
   Se vendia minhas esculturas e peças em Raku (minha grande paixão!),era graças a intermediários que as mostravam, pois  não domino a difícil arte de "vender" e "fazer dinheiro". E precisamos dele, é claro! Há 3 anos, meu filho me ofereceu outro trabalho e, se este pudesse continuar, a cerâmica seria só para o meu prazer,no futuro. Dá até um aperto na barriga agora, ao pensar nisto, pois acabei com esta possibilidade, e sei que vivemos em um mundo onde tantos, tem necessidades tão atrozes, que jamais poderiam pensar em trabalhar por prazer! Eu tive a sorte de fazer isto e sempre acreditei que tenho que valorizar as oportunidades que chegam a mim (costumo chamá-las de bençãos), por isto,aproveitei muito o que pude. Mas sei que há muito mais para fazer.
   Não costumo sofrer de tédio! apenas preciso me apaixonar... e vou!
   Vou voltar a escrever, tentar terminar mais um livro infantil,batalhar para encontrar uma editora que publique outros já escritos. Ou,talvez,decida apenas viver! e trabalhar com a oportunidade que surgir. Continuarei a me apaixonar por pessoas e tentarei me aproximar mais de algumas que sei que valem a pena, apesar do receio de não ser o que elas poderiam preferir que eu fosse. Vou tentar cultivar,mais que nunca, os verdadeiros amigos, pois não quero mais perde-los sem saber o que gostariam de me dizer ou me pedir. Eles são os que se importam,que compreendem que temos em nós um fervilhar de emoções, que sabem que precisamos encontrar no mundo algo que nos alimente de vez em quando, com a mesma substância que nossos sonhos idealísticos costumam nos encantar e atrair,como moscas no mel. Gestos de amizade e ternura são como anjos que nos conseguem tirar de nosso vício da abstração no criar, idealizar,sonhar,transformar letras,sons,barro,tinta,cacos,caos,visões, em outros significados...
   Vou tentar não me deixar envolver pela magia do meu cantinho solitário,agradável e seguro que costumo criar ao redor de mim, mas que rouba minha atenção do convívio com outros, neste mundo ao qual chamamos de realidade. Vou me convencer que tenho coisas a dar e que outros a querem receber, assim, do modo como posso ser e,quem sabe, consiga driblar meu medo do "grupo",já que tenho preferência pelo que é mais íntimo. É a intimidade, ou seja, o estar a dois ou entre poucos, numa atitude de maior confiança e proximidade, seja com uma amiga,amigo ou companheiro, estar olho no olho, que me deixa segura, confortável.
   Embora alguns achem o relacionamento íntimo mais difícil, porque mais verdadeiro, é quando me encanta, porque penso que poderíamos ser o que somos, deveríamos poder nos mostrar ao outro. Talvez eu tente criar coragem para "sair" da toca, um pouco mais ao "social"... ou não...
   Para alguns de nós,beleza é fundamental para encontrar significado para a vida. E eu a vejo em diferentes formas... no abraço firme, no sentimento ou palavra carinhosa, mesmo virtual mas não ilusória, ou no gesto verdadeiro, concreto e que se quer fazer presente, que nos toca de perto. É isto que nos resgata de nosso vôo ( talvez fuga) em busca do etéreo para nos trazer com mão firme, de volta a nossa limitada, mas real humanidade. Assim, deixo o que sabia de cor, para aprender e me entregar a outro tipo de comunicação, que permitirei que me toque.
   Mostrar o belo através de fotos, comunicar-me com amigos na rede social, incentivar porque acredito no ser humano próximo, dividir o que me emociona e as agonias de lidar com sentimentos conflitantes... estas, quem sabe sejam uma melhor forma de me expressar, para a nova fase. Além disto, se a cada mudança, quiséssemos carregar toda a tralha e hábitos antigos conosco, não mudaríamos muita coisa,não é mesmo?
   E esta foi realmente, uma grande mudança! Foi assim, minha Páscoa, minha Fênix...
   E vocês, que mudanças se permitiram ou foram obrigados a encarar?

autoria: Vera Alvarenga
foto: Vera.

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