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sábado, 22 de maio de 2010

- " Homenagem aos Ceramistas e aos Artesãos..."

Na próxima semana, dia 28 de maio, comemora-se o dia do Ceramista !
Trabalhar com escultura e cerâmica, fazer peças únicas, estar livre para criar algo diferente a cada vez, foi um prazer enorme em minha vida, durante uns 19 ou 20 anos.
Era tão emocionante que, muitas vezes eu acordava no meio da noite, pois sonhava com peças e cores, ou ficava inquieta desejando logo acordar pela manhã para poder abrir finalmente o forno, quando já estaria mais frio, para ver o resultado da queima.
Trabalhar com Máscaras e textura, era a minha paixão!
 Foi uma honra e uma escola para mim, também trabalhar com artesanato, porque, como era necessário repetir muitas peças, a fim de atender as encomendas das lojas, eu precisava criar muitos desenhos diferentes, para atender às "minhas" necessidades. Portanto, além de postar estas fotos como homenagem aos ceramistas, quero deixar meus respeitos a todos os artesãos. E também a todos os
"artesãos da vida", que honram sua profissão, fazendo dela o melhor que podem fazer, algo de que podem se orgulhar, não por vaidade mas por tentarem transformar com amor, aquilo que lhe chega às mãos. Isto merece uma comemoração.                   Um brinde a vocês, Ceramistas! que amam trabalhar com o barro. E um brinde a todos os "artesãos da vida", que em diferentes profissões, com suor, lágrimas ou alegria, conseguem crer que modelar o "belo" não é supérfluo,pois admirá-lo, lembra ao ser humano que temos o belo dentro de nós e, portanto, somos capazes de criá-lo em nossas ações.
E um brinde aqueles que nem sempre modelam o que é "bonito", mas trabalham também com as mãos, como os que escrevem, ou enfermeiros, massagistas, que se comprometem com o seu trabalho, não como máquinas, mas doando um pouco de si, e fazem de cada obra, um gesto artesanal de beleza e amor.
Com vocês, quero brindar com alegria e gratidão, porque tive a chance de trabalhar com coisas tão bonitas e que me deram tanto prazer!
Tchim ! Tchim ! Viva!!                                       Texto: Vera Alvarenga                                         Fotos: Vera Alvarenga                                        



domingo, 16 de maio de 2010

- " Como pude deixar o artesanato em cerâmica para trás ?...(Parte III)"

cont. do post da minha despedida do artesanato com Cerâmica( Parte III)

Minha crise existencial durou pouco. Resolvida a fazer o que era necessário para sobreviver, e sendo coerente com a crença de que era uma "benção" usar nossos "dons" para trabalhar com prazer... arregaçamos as mangas e, cada um de nós começou a fazer o que sabia.
Disse ao meu marido, e sócio na época: - " nosso artesanato vai ser conhecido pelo bom gosto, vai encantar os turistas que vierem à Ilha da Magia". Afinal,estávamos na cidade cujo apelido e crença(até em bruxas), combinava com meu espírito rebelde contra a realidade nua e crua de qualquer situação em que se diga que é proibido sonhar, ou acreditar...
  Com uma certa vaidade lhes conto que lançamos em feiras (GIFTS) de São Paulo, nossa idéia,vendemos para lojas no litoral, cidades de vários estados e fomos até "copiados" por muitos artesãos,que como nós, precisavam sobreviver a alguma crise. Alguns eram do tipo que simplesmente copiam,usando material de segunda,acabamento de terceira e,sem nenhuma cerimônia, abaixam o preço, mas não conseguem se manter estruturados para honrar seus compromissos com seus clientes. Este, é o tipo que costumo dizer, cai de pára-quedas, desvalorizando o trabalho dos que "se dão ao trabalho" de fazer o melhor que podem em sua profissão! Alguns de vocês devem saber de quem eu falo. Outros existem, que se "inspiram" na idéia, e a partir daí fazem uma releitura, criam sua própria forma. Penso que isto é bom e, de certo modo, me agrada saber que nosso trabalho inspirou muitos outros ( até a indústria, que passou a lançar também números de cerâmica com desenhos em relevo. Mas nenhum tão bonito como o nosso!). Após algum tempo,eu também fiquei mais atenta a  "novidades" de outro profissional e,quando encontrava algo bom, passava a respeitar quem o criou. É um movimento de vida mais criativa que surge daí, do que eu chamo de "inveja santa" - da admiração e respeito pelo trabalho do outro, que faz com que a gente deseje também melhorar o nosso!
Nosso artesanato nos tirou da crise, mesmo embora a Justiça não tenha tomado providência a nosso favor, em 10 anos, a respeito dos empresários que compraram nosso negócio de restaurante, e não nos pagaram até hoje!!Evidentemente tivemos muitos dias difíceis, mas preciso confessar que Deus nos proporcionou chances, que nós aproveitávamos incansavelmente. 
Como no dia em que, caminhando pela praia, sem um tostão, encontramos uma moeda que nos proporcionou comprar, na aldeia dos pescadores, um peixe espada recem tirado da água! Neste dia, tivemos um almoço "supimpa!!" regado a vinho ( nosso filho mais velho, nos havia dado uma caixa do vinho de seu casamento). Para não deixar o moral de meu marido cair ( já estava muito abalado), coloquei a mesa no terraço, espalhei artesanatos no gramado em frente a casa e almoçamos ali... quem passava podia pensar que éramos dois artistas excêntricos ( rsrs...) e, também podia entrar e comprar algum artesanato! De outra vez, ao voltar da praia, sem mais nem porque, pela mágica intuição(que eu sempre agradeço a Deus por tê-la, porque acho que são segredos assoprados por anjos em meus ouvidos) resolvi entrar numa ruazinha e... na areia encontramos, sabem o que ? Espinafre! Limpo, saudável, nascendo ali, sem dono, esperando apenas por ser colhido e virar uma deliciosa macarronada com creme branco(farinha e água era barato) e espinafre... regada a vinho, naturalmente!
Como dizia, nosso artesanato nos sustentou (e também a mais 3 famílias que nos ajudaram a fazê-lo,quando as encomendas aumentaram) até que vendemos nosso apartamento em São Paulo e pudemos recomeçar, comprando uma casinha no melhor condomínio da praia dos Ingleses, a 50 mts. do mar!! Um dia eu conto  como foi este presente que a vida nos ofereceu, e nós fomos correndo pegar!
Contudo,a crise, a luta para não devermos a ninguém, este trabalho artesanal, as saudades dos filhos e amigos, também nos venceu,de certa forma, pelo cansaço, pelo abuso com a saúde e pelas exigências, pois parece certo que Deus ajuda... quem cedo madruga!
Hoje,revendo algumas fotos para postar aqui, dos números de residência que lançamos no Brasil, pensei:
- " Quem sabe alguém do site social dihitt, ou da internet, tenha um de nossos modelos de números em sua residência... afinal...este mundo é pequeno". E, perguntei-me, com um certo nó na garganta:
- " Meu Deus, como pude simplesmente deixar meus esmaltes ? o forno? tudo para trás?"
Depois de alguns minutos, pude responder para mim mesma:
- " Como tudo que temos que deixar, porque a fase já passou, porque já cumpriu seu papel e nos fará lembrar com orgulho, parte do que conseguimos fazer de nossas vidas, quando unidos, embora com muitas brigas( infelizmente), trabalhávamos feito loucos para honrar nossos compromissos e para dar um exemplo a nossos filhos. Na parte emocional, como exemplo de um casal unido,falhamos em parte, porque brigávamos muito e parece que não sabíamos aproveitar os momentos em que a batalha da vida e o trabalho, podiam ter um descanso. Contudo, nossos filhos parecem que nos perdoam e conseguem ver nossas outras qualidades.
 Por isto, me sinto em paz, porque sei que todos nós, como pais, às vezes cansamos de tentar ser perfeitos e tiramos nossas armaduras de heróis, para ser apenas falhos humanos, que tentam aprender com a vida.

texto : Vera Alvarenga
fotos: Vera Alvarenga
(por favor, leiam a última parte que virá a seguir - Homenagem aos Ceramistas e artesãos. )

   

segunda-feira, 10 de maio de 2010

- " Como aprendi a me "prostituir"...e o fiz com gosto!


(contin. de -"Como o artesanato em Cerâmica entrou em minha Vida" )

Foi assim que, numa feira de artesanato que participei, uma pintora de um quadro que eu admirava,após conversarmos por 5 minutos, me chamou de lado e me deu um papel, com a Oração do Artista. Foi a resposta que eu procurava! Me enchi da certeza de que, fazer "coisas bonitas" com amor, colocar "boas energias" em meu artesanato, iria proporcionar aos meus clientes, o contato com o belo. E, há muito tempo eu sabia, que um ambiente organizado e bonito pode ajudar o ser humano a se sentir melhor. Pode lembrá-lo que é sua alma que também contém o belo, que o admira e o deseja também fora e perto de si. O belo em nós, reconhece e deseja aproximar-se de seu igual, que há no outro ou nos objetos. " O divino em nós respeita o divino que há no outro!"   Assim, convidei meu marido para fazermos do artesanato em cerâmica,nosso único "modo de sobreviver a crise".Eu sabia como fazer barro e idéia transformarem-se em um artesanato bonito e especial, e ele,com seu espírito empresarial, sabia como vender e transformar isto em dinheiro. Para minha alma de artista, era como aprisionar as asas da liberdade,em uma gaiola! Contudo, o dinheiro andava muito curto.
   Nossa "fábrica" artesanal caseira, como a chamei no início, quando não sabia o quanto seria importante, exigiu de mim aprender com meu marido, a disciplina, a concretude das necessidades do corpo, mais do que do espírito. Alimentar o corpo é fundamental e, de certo modo, heróico! Aprendi a ser mais humilde, a compreender,mais que nunca, aquela tola discussão sôbre a tão falada "prostituição da arte". isto era frescura. Eu aprendi, desde que fiz um curso de escultura com o renomado artista Calabrone, que grandes artistas tiveram sempre que fazer "múltiplos" ou grandes tiragens de algumas de suas obras, para poder sobreviver...que diria eu, uma ilustre desconhecida,que da arte nada sabia, a não ser a prática das pesquisas, que minha curiosidade me levavam a empreender!
   Fiquei indignada quando um cliente,proprietário de loja importante do Shopping Beira Mar, sugeriu-me fazer a ponte de Florianópolis em cinzeirinhos, e ainda escrever o nome da cidade! Sem dizer a ele, para não parecer presunçosa, presunçosamente pensei :
   - " Sou artista, gosto de criar peças diferentes, não sou uma fábrica ! ainda mais de cinzeirinhos ?!"
   Foi então, que aprendi a me "prostituir" !! E o fiz com gosto!
   Claro, de um modo que me fazia sentir recompensada..como eu sempre brincava : se eu tivesse que me prostituir, teria que ser com classe e com prazer!
   Fiz uma encomenda de muitas que vieram por anos e, aos poucos, fui introduzindo pratinhos e quadrinhos no lugar dos cinzeiros. Me tornei uma artesã. E foi assim que aprendi a respeitar o artesão, o que trabalha com sua criatividade, muito suor e amor, e busca aprimorar-se em seu trabalho!
   Este é o profissional que não tem falsa modéstia, porque acima de tudo, ele trabalha primeiro para contentar a seus próprios padrões de exigência, sabe o quanto isto lhe custa e no final, ao olhar seu trabalho, só o entrega ao cliente se puder orgulhar-se dele, não por ser perfeito, mas por saber que neste trabalho, está o melhor de si. Este é o tipo de artesã que sou.

(por favor, continue parte III )
texto: Vera Alvarenga
foto: Vera Alvarenga

domingo, 9 de maio de 2010

- " Como o Artesanato em Cerâmica entrou em minha Vida..."

   Ao mudar de cidade,em 2010,deixei para trás de vez, a atividade de ceramista. Estes 3 próximos posts e a exposição de fotos, é uma despedida e homenagem a todos os artesãos, e ceramistas (seu dia é o 28 de maio, dia em que, por "coincidência", faço aniversário !)
   Há 13 anos atrás,após uma séria crise financeira que durou 6 anos, meu marido,ex empresário que já tivera 600 funcionários,arregaçou as mangas e fazia qualquer serviço que aparecesse.  Havíamos deixado nossos filhos e amigos em São Paulo,para tentarmos viver nosso "destino", tentando evitar que nossos filhos, em vésperas de se casarem e o mais novo fazendo faculdade, tivessem que "rodar conosco ladeira abaixo".
   Eles eram jovens.Tinham força e impulso para continuarem suas vidas daquele ponto, com as bases que pudemos lhes dar, até então.Nosso destino era incerto,tínhamos de recomeçar "do nada". Contávamos apenas com o dinheiro a receber, da venda do ponto do nosso 2º restaurante, ao qual tinhamos dedicado os 2 últimos anos, mas que começava a nos dar prejuizo, porque o comprador do restaurante anterior, suspendeu inesperadamente o pagamento. Deste modo, nos mudamos para Florianópolis,em busca de uma vida mais "barata". Longe de tudo e todos que conhecíamos, nos aventurávamos mais uma vez, sem que eles pudessem presenciar cada detalhe desta luta: só nós dois, "por nossa conta e risco"... contudo, eu e meu marido estávamos juntos, unidos no mesmo barco, para o que desse e viesse e para mim, era o suficiente para encarar tudo, apenas como um desafio a mais para vencer.
   Pouco tempo após nossa mudança para aquela praia bucólica e sentindo-nos abençoados por Deus por podermos atravessar momentos de crise, em local tão bonito como aquele, veio um golpe que quase nos derrubou. O comprador do 2º ponto do restaurante que havíamos vendido, em pleno funcionamento e com 270 clientes, de repente também parou de pagar e, embora sua família continuasse a trabalhar no local, ele sumiu, o que impedia, a então cega "Justiça", entregar-lhe os papéis, que nos permitiriam continuar com um processo para receber o que nos devia! O dinheiro acabava.... e eu, comecei a ter problemas com minhas mãos, pois abusara muito do meu corpo nos 4 anos do restaurante. Deste modo, o artesanato que eu fazia e vendia aos poucos, começou a me parecer algo sem importância e supérfluo, diante da situação. Comecei a me perguntar se não deveria deixar "aquela mania de trabalhar com coisas bonitas", para arregaçar as mangas e também "fazer qualquer coisa", mais importante. Reconheço que Deus, nunca me deixou verdadeiramente, sem resposta....
   (por favor...veja continuação no próximo post )
texto: Vera Alvarenga
foto: Vera  Alvarenga

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