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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O desejo que vai na alma...

 O amor é feito criança
que tímida se esconde
mesmo querendo brincar.
Adolescente desajeitado, tal e qual,
troca os pés pelas mãos
ao lidar com algo delicado
e do seu jeito querer se afirmar.
O amor é assim,
sei que nasceu comigo,
mas por vezes se esconde de mim
O amor teme envelhecer
se não conseguir se conter.
Vem seu bôbo,
larga a fantasia de super homem
e a armadura de soldado,
sai deste porão antigo
- a sua infância já vai longe!
Coloque-a neste baú de lembranças
eu também já fui criança,
e feliz, mas solitária.
então, vem brincar comigo.
Já trabalhamos duro
proveitosas manhãs e longas tardes,
arando e semeando, cada um, a sua terra.
Vem, antes que a noite venha para nós
apenas como eterno descanso.
Despojados de tudo
que não é mais relevante,
sigamos! Vem viver a vida!
Olhar para frente, nova paisagem.
Vem brincar de amar.

foto/texto:vera alvarenga


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Filha, volta pra casa!


- Filha, volta comigo! Sinto tanto sua falta.
- Eu sei, mãe.
- Você era a alegria da minha casa.
- Eu? Só você notava.
- Todos provaram do que plantou, com sua doce alegria.
- Você não percebia que me faltava ar? Vezes fiquei sufocada, sem poder respirar.
- Mas, lhe mostrei coisas bonitas, a deixei livre quando possível. Não bastou? Hoje, a sigo em pensamento. Vejo que está solta no ar, tão longe. Alguém a esperava no aeroporto? Está tranqüilo aqui, em paz, seguro. O que você tem aí, o que foi buscar?
- Tudo esteve quase sempre tranqüilo, só faltava espaço. Eu queria alguém que gostasse de mim não só de você, tivesse cuidado comigo, alguém um bocadinho mais igual para dividir algumas coisas. Cresci, não sou mais menina. Você pode me compreender?
- Sim, querida. Eu também cresci. Sei que a gente discutia, por conta desta sua..alergia, insatisfação, mas hoje que a vida me parece tão curta, eu a compreendo muito mais. Fui prepotente, achei que era a mais forte. Desculpe se não lhe dei espaço, você devia ter sorrido,brincado mais.Você ainda é parte de mim, a melhor, e sinto falta de sermos nós.Volta!
- Não sei voltar. Se fingir que volto, você fica feliz de verdade?
- Bobagem! Era com você que tudo se fazia bonito. Sua ingenuidade...temo por você.
- Vou confessar, mãe, agora não sou mais ingênua, também tenho medo. Vou lhe dizer, nada volta a ser como antes, nada. A não ser nos quadros que pinta. E não é bobagem!
- Juntas, a gente era feliz. Um dia ainda vou buscá-la. Você é minha inspiração, meu entusiasmo. Sabe as plantas, tudo seco, nem ligo mais.Você, pelo menos está feliz?
- Mãe, não faz isto! Chantagem era coisa da vó e do pai, lembra? É inverno, por isto tá tudo seco por aí. Não provoca, que de repente volto e vou lhe buscar! E você, tá feliz?
- Você, sonhando outra vez. Imagine, o que iam pensar de nós? Envelheci. Se demorar, não me reconhecerá mais. Iam dizer - o que aquela velha pensa que ainda tem?
- E desde quando você ligava pra o que os outros, além dele, pensassem. O que você pode ter, uma vida inteira?  Qual o tamanho da nossa vida? E você inteira nela - não seria bom alguém ver você inteiramente?
- Ah, isto sim. E, quem vê você? Acredite, agora está tudo bem, tenho quem me cuide.
- Que bom! Deu tempo? Você ainda não me disse se está feliz.  
- A vida não é só sonho. Quando a gente envelhece, ganha sabedoria...Nem tudo que se deseja...Felicidade está nos pequenos momentos e em lembrar...Você e seus sonhos!
- É disto que ainda sou feita, é minha natureza. E você, encontra felicidade ao lembrar?
- O momento presente é o que importa, menina! Cria juízo pequena jóia de minha alma, parte que é minha, e volta para mim. Não sei o que você viu, que a levou daqui.
- Eu pressenti, depois, acredito que vi. Então desejei. E agora...
- E agora, como é o que encontrou?
- Ainda não sei. Tenho medo de não haver nada, talvez eu esteja só, para sempre. Já pensei voltar, mas quando olhei para trás, não vi minhas pegadas. Vai ver que voei! Eu, que tenho medo de alturas, não é engraçado? Eu, que só me sentia segura na nossa intimidade. Também sinto falta da sua paz, do seu aconchego.. Você ainda tem paz?
- Não sei viver sem sua confiança ingênua, ninguém percebe como me esforço, mas não sou a mesma, falta algo. É tão louco isto! Meu coração está com você. Por que deixei a vida nos separar? E você, é a mesma? A gente se encontra em pensamento outra vez?
- Não, não sou a mesma, falta você. E, nos pertencemos mãe, portanto, vamos nos encontrar em algum lugar, prometo. E aí, se ambas formos felizes...
- E aí, será para sempre?

  Foto: pode ter direitos autorais - Google images  
Texto: Vera Alvarenga

sábado, 20 de novembro de 2010

"Quanto tempo ainda tenho?..."

Quanto tempo ainda tenho
pra brincar?
e pra te ver franzir o cenho
quando trago do que sou e tenho,
os gestos que te fariam sorrir,
se tua face não trancasse
o sorriso que queria vir?
  Quantos dias eu podia
ainda tentar?
sem que o tempo me envelhecesse
sem que eu mesma me perdesse
no inglório afã de te resgatar
se na redoma te isolavas de novo
e a cada vez, após me amar?


Quanto tempo ainda tenho
de esperar ?
Pergunta a mulher, que sonha em mim,
cumprir seu destino, feliz enfim
de entregar-se a sorrir e amar,
por ser amada, não só na palavra
mas nos gestos e no olhar!
     Quanto tempo será... que ainda tenho?....
      para o que não depende de mim... pra viver a vida que não se vive só.
    
Foto e Poesia: Vera Alvarenga

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