Tenho falado aqui, de quando o amor "perde um pouco seu encanto", e do perdão. E recebi apoio e comentários que tem vindo somar e me ajudar a compreender melhor estas emoções humanas, em mim. Perdoar! pensamos que sabemos! mas há muito a aprender(pelo menos no meu caso). Quando se percebe que "o amor perdeu um pouco de encanto, dentro do coração"...neste caso,não se trata de precisar perdoar o outro, mas de perdoar a mim mesma por perceber que isto aconteceu logo comigo, que pensei ser capaz de o amar para sempre, com a mesma intensidade, e de nunca desejar nada além dele, da forma que ele é. Fico falando "dele", esperneando, mas me surpreendi COMIGO mesma, por não saber viver sem ele, mas hoje desejar ter tido a coragem de ter me afastado antes. E, na maturidade, sentir-se assim, é muito mais sério, é como ver que não há mais tempo para construir o futuro que se acreditava que iria colher agora. Mas, é mesmo na maturidade que colhemos o que plantamos!! Mesmo que no passado a gente estivesse pensando estar agindo da maneira mais correta, insistir em "sustentar" as diferenças, como se elas pudessem ser sublimadas, pode ser um erro. O sentimento, acreditem, faz mais falta por não estar mais dentro do MEU coração, como antes... É deste sentimento dentro de mim, que sinto mais falta, pois há muito eu o estava tentando aceitar como era. Parece ter fugido ao meu controle...mas não, apenas colhemos o que plantamos.
Descobri que A GENTE É FELIZ COM O QUE SENTE e DÁ - o que recebe pode ser ou não ilusão, mas se acreditamos que é verdadeiro, nos preenche. Estou aprendendo a me perdoar por sentir raiva ( sentimento raro em mim) de quem eu mais amei na vida(e por mais tempo!). Raiva porque o culpo por ele ter sido tão insistentemente egoísta. E agora, sou eu a egoísta! Há dias que me sinto perdoada e forte, mas há pequenas recaídas. A raiva, está indo rapidamente embora, mas há certa intolerância quando a ferida é aberta. Hoje sei, que estar na presença de amor, significava para mim, confiar, a tranquilidade de sentir que a pessoa que está conosco não nos vê como se a estivéssemos ameaçando, e que isto me faz tanta falta como o ar que respiro, uma vez que competitividade em excesso e grosseria me pressionam como um sapato pisando numa barata ( eu sou a barata). Sei que o mundo não tem que ME fazer feliz, mas a pessoa em quem confio, tem que confiar e se entregar também, ou não aguento o constante atrito! Guerra, não é para se vivenciar na intimidade. Então, às vezes escolho "deixar pra lá", para que tudo fique bem. Contudo, se eu fosse mais jovem, penso que não teria mais este comportamento. Houve um tempo em que pensei que meu amor e tranquilidade fossem levar algum sossego ao coração do meu homem amado, que se sentia tão desafiado pela vida e pelas pessoas. Sinceramente, posso ter sido apenas prepotente, sem o saber, por julgar que tinha algo melhor para dar a ele. Como se eu fosse superior! Acreditem, não me sinto nada superior hoje, ao olhar para o homem honesto, forte, corajoso, que ele é. Ambos somos pessoas boas, que nos desencontramos, no meio do caminho- estou vendo a vida de modo diferente, mas estou tentando conviver com isto.
Por isto,embora já não tenha mais meu antigo avatar impessoal, falo disto aqui, porque, me expor é muito pouco perto da pena que sinto pelo que aconteceu... e pode acontecer com qualquer um de nós, mesmo os bens intencionados e amorosos como eu, passarem assim, por uma fase de cansaço e desilusão em face da mudança de seus próprios sentimentos. Falo, porque não quero refletir sozinha sobre nossa condição de seres humanos que somos, imperfeitos e carentes de amor compartilhado e cúmplice, na medida que satisfaça nosso ego, que quer ser reconhecido, e queiramos ou não ,existe e nos dá a sensação de que existimos como indivíduos. Se somos reconhecidos, nos sentimos vivos e especiais.
Texto: Vera Alvarenga
Foto : Vera Alvarenga
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segunda-feira, 14 de junho de 2010
- " A gente é feliz com o que sente...e dá..."
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