Cada um de nós, em criança, desenvolveu seu caráter e respostas à vida, de acordo com o ambiente e circunstâncias;a forma como absorvemos nossas experiências, depende do que temos como características específicas e mais essenciais.
Não fui criança mimada, mas era feliz. Tenho como forte característica a sensibilidade e talvez tenha aprendido, por diferentes motivos que, ter uma pessoa para amar (o meu homem/companheiro) e merecer o seu amor, era o que dava significado à minha existência. Filhas de pais separados, podem aprender com o exemplo da mãe, diferentes valores, dependendo de sua sensibilidade. Para uma, talvez fique clara a idéia de que, para ser feliz e sobreviver, a mulher precisa ser independente e de certa forma, desapegada. Para outra, que viu a infelicidade e amargura permeando tudo o que a mãe tentava fazer, embora com seu nobre esforço de afirmar-se como independente e auto suficiente, talvez somado às características específicas da qual falei, a independência não conseguiu convencer como característica a trazer felicidade. Aprendi, não com palavras ou com o esforço, mas com o que vi, que sem amor, nada importa.
Não me importa mais, a esta altura, julgar ou saber todos os por quês, para que eu possa me transformar em uma nova pessoa; mesmo sem isto, tenho me transformado(como minha escultura Fênix), e às vezes, apesar de minha veia dramática achar que morro, me reencontro no dia seguinte, ainda ali.
Eu tentava fazer desta frase, a minha crença particular:
- “Não importa o que pensem, sei o que sou( como sou forte e resistente) e nada abala minha capacidade de amar a vida e as pessoas às quais sou ligada.”
Eu e minha irmã,diferentes em tantas coisas, percebemos recentemente,que temos algo em comum : ambas estamos cansadas de tanto produzir! Como se não tivéssemos valia, se não produzirmos algo de valor ( ela, em suas atividades fora de casa,eu, no meu trabalho em casa,e na casa, no computador ou nas artes), mas não só neste campo, e sim, também no que dizia respeito às pessoas ou familiares – estávamos sempre tentando agradar outros, e nos sobrecarregando,muitas vezes, dificilmente pedindo ajuda para nós mesmas.Moramos em cidades distantes, cada uma com sua vida, ambas “mulheres de fibra!” ( como dizia nossa avó, e que nos foi dada como exemplo), e como tantas, acostumadas a “se virar por si”. Ela, menos sozinha que eu, porque trabalha “fora”,fez amigos e os conserva, além de que, recebeu mais elogios por ter escolhido uma profissão, ao invés, de como eu, ter abandonado a sua. Contudo, como muitas pessoas, na nossa faixa de idade, nos sentimos cansadas e sem saber como diminuir a produção por algum tempo, sem nos sentirmos desvalorizadas. Até financeiramente, isto é impossível, mas é no campo pessoal que “pega mais”.
Voltando a falar de mim, “fazer por merecer” um amor, achar que a gente tem sempre que se superar, ser o melhor, é um desafio interessante, mas, se for constante, consome muita energia, embora nos faça feliz por algum tempo ( e aos que estão ao nosso redor,claro, pois tem o melhor que a gente pode e fica feliz em dar).
Mas, um belo dia você descobre que está totalmente sem energia, principalmente se não conseguiu se recarregar porque seu/sua companheiro/a de vida, esqueceu por um bom tempo, de retribuir ( o que proporcionaria certo equilíbrio).
Então, acostumada que estava a “fazer por merecer”, mas cansada e sem forças para esta ação, você olha para si mesma e se desespera pensando:
- “Meu Deus, não sou nada!” Mas, o que a gente sente, de verdade, é : “ Não mereço amor!”
E a gente se encolhe, e por medo se afasta de quem talvez ainda pudesse nos amar, porque esta crença parece maior do que tudo, e a gente está perdida, porque não encontra mais dentro de si, aquilo tudo que nos apoiava....Acredito que isto pode acontecer com homens também.
Quando a gente se olha assim, não vê nenhuma imagem refletida no espelho, porque a gente se perdeu de si mesma/o!
É preciso urgentemente parar! Não podemos arrastar este sentimento, que nos leva à depressão! É imprescindível nos dar um tempo para reencontrar nossa imagem.... para podermos resgatá-la, olhando-a com amor.
texto: Vera Alvarenga
foto: Espelho Mosaico de Vera Alvarenga
Reencontrar nossa imagem. Puxa, Verinha, algumas vezes eu me procuro ou não me reconheço. Algumas vezes olho no espelho e não vejo a pessoa que existe dentro de mim. Eu não me importo em exteriorizar para agradar aos outros, eu quero me auto-agradar. Eu me sinto ótima estando 100% comigo mesma!
ResponderExcluirFico saber que tanto vc quanto sua irmã são pessoas produtivas. Eu sou em parte, não sei fazer nada especificamente manual. Eu dou valor a quem sabe!
Olá, Vera....saudades!
ResponderExcluirMas estes sentimentos de idas e voltas...perdas e ganhos são naturais do ser humano.
Ainda... é preciso que se esteja nele ou sobre ele (problema, desesperança, cansaço de lutas)para resgatar forças... não sucumbir.
Acho, diferentemente do que expressas, que é muito bom sermos picados na ferida... chegará uma hora que teremos que encontrar a fórmula do remédio e se curar.
Um beijo, querida...
Maria Marçal - Porto Alegre - RS
Olá Sissym, também me sinto ótima quando estou 100% comigo, fazendo o que acredito ser o que dá maior significado a minha vida. Mas a gente precisa aprender a relaxar e se presentear com o "não fazer nada", de vez em quando.
ResponderExcluirÉ maravilhoso e vou voltar a fazer isto, assim que puder.rsrs...............
Olá Maria!
É isto mesmo, quando parece que não há mais jeito, a gente acaba procurando uma saída, um remédio... leia meu próximo post que é a continuação das reflexões feitas nos últimos dias!
Beijos para as duas.
Vera minha linda que saudade de você... tive que vir no seu blog pra te encontrar!
ResponderExcluirAmei seu texto... e ainda hoje alguém postou sobre espelho e eu disse o seguinte:
O espelho é meu melhor amigo porque me deixa espelhar o que gostaria de ser, e meu pior inimigo porque me mostra quem eu sou....
Temos que ser capazes de assim como você, reconhecer nossas fraquezas e ao entendê-las sermos apenas o que somos....
Beijo no coração