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sábado, 9 de janeiro de 2010

"Depois do silêncio, as palavras transbordam"...

   Depois de muito silêncio, é impossível evitar escrever demais quando o tema interessa.
   Bem que eu intuia que esta história de blogar ia dar pano pra manga! Confessei,logo no início que estava ficando apaixonada por Sr. Blog e suas possibilidades!
   ... houve um tempo, quando morava em São Paulo, em que não importando  o tamanho da crise eu sentia que, se estivesse apaixonada por uma ideia ou projeto meu, nada poderia me abater, pois ainda estaria apaixonada pela vida. Mesmo um projeto simples, se me apaixonasse por ele, me entregava por inteiro encontrava significados e isto me fazia feliz, apesar de qualquer outra circunstância. Além disto, quando voltei para faculdade, ou quando voltei a trabalhar, fiz amigos com quem vez ou outra podia realmente conversar sobre mim, sobre eles, sobre a vida. Sempre gostei de conversar. Note-se que eu disse que sempre gostei de conversar, o que supõe ouvir e ser ouvida, e não discutir!
   Após uma séria crise financeira e algumas decepções por que passou meu marido, fomos morar em Florianópolis, como já comentei no meu Blog de fotos. Deixamos os amigos, filhos, compadres, e lá fomos nós... e lá ficamos à beira mar, por 10 anos! Cumprimentávamos todos, sorríamos para todos, mas não tínhamos ninguém mais íntimo com quem contar e atolados até o pescoço no trabalho. Não tínhamos tempo, nem saúde para fazer amigos. Foi uma benção poder morar naquele paraíso, enquanto recomeçávamos, mas percebi que era necessário voltar a conversar, encontrar semelhantes.
   Somos muito diferentes, eu e meu marido. Mesmo apesar do amor e batalhas vencidas juntos, nossas conversas, muitas vezes, se transformam em discussões. Nos adoramos, quando estamos abraçados e quietinhos ou quando precisamos lutar batalhas. Eu, sou uma pessoa crédula, mas reservada e cheia de questionamentos, pois preciso acreditar no que tenho que fazer. Ele, é um batalhador corajoso que age por impulso, nada reservado, crítico, mas que também acredita no que faz. No final, meu marido entrou na política (algo que odeio por ser um ambiente cercado de corrupção impune) e eu me vi sendo entrevistada sobre o que faria se fosse a primeira dama! Indo com ele para debates! Então, já não podia falar, nem o que pensava, nem o que via nos bastidores! Fora o fato de que recebemos ameaças anônimas em casa! As ameaças eram resultantes,é claro, da atitude de um "metido e destemido" como ele, que ia aos debates só para falar claramente sobre tudo que estava absurdamente errado ( ele era povo- nunca foi político!).
  Resumindo, antes da eleição, decidi que desta vez, eu iria por um caminho diferente do dele. Meus olhos já viam novamente o trem ir chegando à estação... ou eu entrava nele ou perdia o que restava de mim. Entrei, com destino a uma pequenina cidade do interior de São Paulo, onde meu filho e norinha me chamavam para acabarmos com nossa solidão e saudades "de familia". Ganhei de quebra um netinho que alegrou e curou minha alma e, um ano depois, mais uma neta . Meu marido? Ele veio junto, porque, é claro, não foi eleito! Como o seria? sem comprometer-se com ninguém em troca de patrocínio e sem conhecer o significado da palavra diplomacia...? Na minha opinião, político deveria ser obrigado a fazer um curso de formação e entrar por concurso honesto, e ali permanecer apenas por competência! Bem, pelo menos dele, eu conhecia as honestas e idealísticas intenções !
   Assim, após 13 anos de quase silêncio, em que minhas idéias se expressavam através da arte, cerâmica e do artesanato que nos sustentou nestes 10 anos em Florianópolis, quando descobri que podia criar um Blog para escrever, "conversar" com amigos virtuais, me apaixonei pela ideia. Criei um Blog de fotos, entrei no Flickr, para mostrar o que encanta meu olhar e comecei timidamente a escrever comentários no DiHitt.

  Começo a conhecer pessoas interessantes e animada escrevo. Me emociono com a amizade e palavras dirigidas a mim, pela nova amiga Maria Souza, e pelo elogio recebido do Sérgio. E eu, afastada dos amigos há tanto tempo e habituada mais a críticas e debates, logo desconfio e penso :
 - " Ah meu Deus, fui muito indelicada no site do Sérgio! Meu comentário foi longo demais! E ele, muito educadamente, em poucas palavras, usou um elogio para indicar isto! "
  Logo depois, dou uma risadinha amarela e penso : " Nossa Vera, que lástima! Não consegue receber um elogio? E se não fosse, onde está sua capacidade de transformar as coisas ? Você não disse que aprendeu que não tem que ser perfeita? " Então um novo pensamento me anima. Talvez eu tenha que acreditar no elogio sim, afinal pode haver entre os blogueiros, alguns semelhantes a mim... talvez ele esteja querendo me incentivar e eu deva usar isto para aprender algo. Afinal, como o tema que comentei, estou num período de transição, após mais uma imensa mudança de vida e preciso ser tolerante comigo mesma, como aconselho a outros.
   "Desculpe, Sérgio, fui indelicada. Estou aprendendo. Obrigada pelo incentivo".
   Estarei aprendendo em blogs como os dele, a me comunicar de um modo mais objetivo e com o tempo,  emoções e  mente se acalmarão e as palavras saberão que serão "ouvidas" e eu poderei voltar ao silêncio, sem medo de emudecer pra sempre!

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