Por um breve instante ela teve uma visão do todo. E era belo o que viu. Viu o que eles eram - um só, naquela imagem ! Mesmo apesar das contradições, formavam um ser único em suas semelhanças e nelas se tocavam. Ele, estava em cima, concreto, com peso e embora cansado, vivo. Ela, em baixo, e apesar disto, mais etérea, leve, embora também cansada, viva. Ele, mais denso e firme. Ela, transparente a ponto de mostrar que sua sensibilidade podia faze-la tremer. Nos dois, a mesma determinação. Na brandura da alma, a mesma canção. No coração o mesmo desejo. Quando ela olhava para ele, via o céu, portanto, ele era um ser alado, e nele, ela reconhecia o que era divino. Quando ele olhava para ela... o que veria? Talvez mergulhasse nas profundezas da alma, em busca também do que poderia ser divino. Será mesmo que ele a via?
Ou iludia-se com a imagem e pensava tratar-se de si mesmo ?
Alguns disseram a ela que se tratava de um tipo de ilusão,como ocorre na paixão, apenas um reflexo. Ela não se importou. Ela sabia o que era para saber.
Mas um dia, tempo e natureza interferiram. E romperam o que em promessa, era uma doce visão que poderia ser talvez eternizada pelo pintor, pelos poetas ou por uma contadora de histórias. Separaram-se os que antes se tocavam e ao fazerem, pareciam um só. Um dia, a ventania trouxe folhas, galhos e o barro do barranco, e estas coisas turvaram a água, e o vento, e a chuva fina continuaram por dias fazendo ondas no lago. E não parou mais de chover. Então ela viu que não eram um. E ele viu que não era aquela imagem. O que era inteiro aos olhos dela, se dividiu. Os que olhassem naquela direção, jamais saberiam da imagem que ela viu, embora ela a guardasse em sua memória e no coração. Nenhuma fotógrafa jamais poderia mostrar ao mundo o quanto eram belos, juntos. Ao olhar para o céu, ela sempre se lembraria de tê-lo visto lá, portanto lembraria de suas asas. Como era etérea em seu pensamento, e livre, e leve, enquanto quisesse, levaria consigo a beleza daquela imagem e o seu simbolismo.
E ele, do que se lembraria ele?
Texto e foto do Cisne: Vera Alvarenga
Foto Castelo del Angelo- Itália retirada de um email recebido sem nomear o fotógrafo.
Ou iludia-se com a imagem e pensava tratar-se de si mesmo ?
Alguns disseram a ela que se tratava de um tipo de ilusão,como ocorre na paixão, apenas um reflexo. Ela não se importou. Ela sabia o que era para saber.
Mas um dia, tempo e natureza interferiram. E romperam o que em promessa, era uma doce visão que poderia ser talvez eternizada pelo pintor, pelos poetas ou por uma contadora de histórias. Separaram-se os que antes se tocavam e ao fazerem, pareciam um só. Um dia, a ventania trouxe folhas, galhos e o barro do barranco, e estas coisas turvaram a água, e o vento, e a chuva fina continuaram por dias fazendo ondas no lago. E não parou mais de chover. Então ela viu que não eram um. E ele viu que não era aquela imagem. O que era inteiro aos olhos dela, se dividiu. Os que olhassem naquela direção, jamais saberiam da imagem que ela viu, embora ela a guardasse em sua memória e no coração. Nenhuma fotógrafa jamais poderia mostrar ao mundo o quanto eram belos, juntos. Ao olhar para o céu, ela sempre se lembraria de tê-lo visto lá, portanto lembraria de suas asas. Como era etérea em seu pensamento, e livre, e leve, enquanto quisesse, levaria consigo a beleza daquela imagem e o seu simbolismo.
E ele, do que se lembraria ele?
Texto e foto do Cisne: Vera Alvarenga
Foto Castelo del Angelo- Itália retirada de um email recebido sem nomear o fotógrafo.