O inverno traz o frio e, às vezes, a morte. Alguma coisa morre enquanto outra está em gestação.
Há também o que permanece. Ainda bem, porque a morte, aquela que determina o fim irremediável do que amo, me assusta. Não gosto de pensar na morte como aquilo que destrói o que, vivo, me encanta, embora saiba que preciso aprender a aceitar o fim do que eu quisera fosse eterno. Muito do que amamos jaz eternamente nas marcas do coração, e na pele.
Se não possuo o dom e a magia de eternizar o que amo a não ser em meu coração, então pelo menos posso preferir esperar que alguns de meus amores, apenas se transformem, e um outro tanto esteja apenas em gestação. Assim, após o inverno, o silêncio de morte será substituído por palavras e sons transformados e vivos, e a mim mesma trarão transformação.
O inverno não traz só o frio e o silêncio. Se souber olhar, descobrirei a vida que só ele traz em si. Por isto ainda não desisto e vivo, com todas as minhas forças, inverno após inverno.
As sementes, se jogadas ao solo no tempo certo, quando tudo estiver seco e queimado pelo inverno, quando tudo parecer silencioso demais, quando eu estiver a ponto de me render ao que parece morte, então elas me surpreenderão com cores e vida!
E eu esquecerei até se fui eu mesma que as plantei e agradecerei por virem me encantar. Porque ainda preciso de encantamento. Tudo porque temo a morte.
Fotos e texto: Vera Alvarenga