Ao ouvir o escultor naquele vídeo, mostrando com alegria suas obras belíssimas de entalhe na madeira, me emocionei com ele e pude sentir a mesma alegria que ele sentia...sei como é. Fui ao velho baú das fotos, lembrar...
A alegria de criar com as mãos, transformar um material numa
idéia...me fez lembrar do tempo que eu pesquisava e trabalhava com máscaras e
diferentes materiais e depois, como escultora no barro. O Expedito trabalha com Madeira, retirando material ao esculpir - mais difícil do que o barro, que a gente pode colocar, mas escolhi a argila por sua plasticidade, flexibilidade, e pela sensação ao tocar. Se amolda nas nossas mãos e as minhas gostam do toque.
Criar... quando a gente tem um projeto, é até difícil dormir à noite! E ao entrar em contato com o ato em si, é mesmo algo
indescritível, como uma necessidade, que a gente sabe que tem de fazer e tá
acabado. E a gente penetra nele e é penetrada, modela e é modelada pelo ato de criar, até o momento mágico que se abstrai de tudo em volta e entra na obra, e se torna uma coisa só!!
Depois, vem a alegria de ver o que foi criado ir pelas mãos de outra
pessoa para longe, levando o teu nome, talvez o nome da cidade, e mais, a idéia
do belo a lembrar que ele existe, que as coisas podem ser transformadas por
nós, por opção, e ainda, no meu caso(com certeza no dele, também) e não menos
importante, eu sabia que na obra ia uma energia boa que eu queria compartilhar
com as pessoas, mesmo que não soubessem, mesmo que meu nome se apagasse. ( eu
rezava pra que as minhas coisas criadas ali, levassem boas energias para os
lares, ambientes,etc..).
Percebi agora escrevendo isto que, sem dúvida, a força da
gente está em fazer estas coisas nas quais a gente sente que põe junto, a alma!
Tirem as ferramentas das mãos deste homem, digam a ele que terá de passar a
pagar caro pela madeira, tirem-lhe o espaço, digam-lhe que não adianta mais
criar porque ele não terá mais para quem vender, digam-lhe que o mundo moderno
desvaloriza seu trabalho, que a indústria substituiu o artesão e este homem se
sentirá meio perdido, sem eira nem beira!
Mas é verdade que a gente não pode criar o mesmo, indefinidamente. O que seria do mundo se fosse só criação? Então, se a vida parar a gente, ou aquele homem, ele sentirá um desassossego até reencontrar de que outro modo
poderá criar e colocar aquela sua energia carregada de alma, amor e emoção. Se demorar, se
perguntará talvez, se a sua arte é supérflua, e se perguntará qual o sentido de
sua vida. Claro que, para sobreviver, ele poderá usar sua criatividade até para
trabalhar numa fábrica… Contudo, enquanto ele estiver criando com mais
liberdade, no material com o qual sua arte flui , ele mesmo entrará em sua obra
por amor, não apenas vaidade, e porque é isto que acredita ser o que deve
fazer.
Na vida temos de ser artistas também, neste sentido, seja lá o que
tivermos de fazer. Ou quando chega o tempo de descansar, dar um tempo, ou ver o oposto de criar. Afinal, o mundo é feito de movimentos opostos e deles depende a própria criação!
Sua matéria maravilhosa, minha amiga Valéria, me levou a recordar e valorizar cada
gesto criativo que fazemos em nossa vida, qualquer um de nós! Legal. Obrigada!
Aqui o link do vídeo da Valéria: http://www.amoresnovelhochico.com.br/2012/02/28/1131/
Texto e fotos: Vera Alvarenga
E para completar perfeitamente... queria aqui colocar a música de Gonzaguinha
GUERREIRO MENINO...
E para completar perfeitamente... queria aqui colocar a música de Gonzaguinha
GUERREIRO MENINO...