sexta-feira, 15 de julho de 2011

O pé de doce fruto...

    Finalmente reconheci. Queria possuí-lo.
   - Como assim? Nada e ninguém é de ninguém!
   Mas eu queria que fosse.
   Eu já gostei de coisas e pessoas por admirar o que via nelas, o que eram, e então, eu as valorizava. Agora era diferente. Este gostar era pelo bem que me fazia, e por imaginar que se me pertencesse, e eu a ele, eu poderia esticar meu braço, e tocá-lo, e matar a minha fome. Podia adivinhar o quanto isto me faria feliz.
    Um pensamento leva a outro e a verdade se mostrou mais clara ainda - eu o queria, mas tinha medo de ver como era impossível!
   - Quem era eu para desejar que algo ou alguém me pertencesse? Um pé de fruta inteiro, para que eu pudesse saciar-me com seu sabor?  E já era tarde, não havia tempo, eu estava no final do outono.
   Mais que possuir, eu queria pertencer.. E sonhava que ele desejasse me pertencer. Assim,entenderia  porque ficara tanto tempo sem se dar conta que era para ficarmos juntos que tinha enfrentado o tempo, tempestades e vento. Agora, altivo, frutos saborosos e maduros, oferecia-os a mim. Era para me ver olhar para ele, desejando  provar o doce que tinha pra me dar, que ele ainda estava ali.
   Não era, então, porque o quisesse subjugado a mim. Era porque eu nunca tinha experimentado aquele sabor,  que ele sabia que tinha guardado em si, para me oferecer. Eu cuidaria dele e descansaria em sua sombra.
   Mais do que possuir, eu sonhava entregar-me ao prazer de tê-lo comigo e não me ferir. Mais do que tocá-lo, eu queria que ele desejasse experimentar o sabor de tocar meus lábios e então, nos entregaríamos, um ao outro, e nos adoraríamos como se adoram os que vivem no mesmo paraíso.

Foto do Google, de Cris Masson
Texto: Vera Alvarenga

6 comentários:

  1. Lindo! Lindo! Lindo!
    Repleto de emoção e de energia!
    adorei
    bjs Sandra
    http://projetandopessoas.blogspot.com//

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  2. Verinha

    Seu texto ilustra o amor apetecido,como a fruta dessa arvore,mas não proibida!

    Lindo texto!
    beijos
    joana

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  3. Querida Vera!
    Ainda não tinha visto uma declaração tão intensa e sensual como a que expressa em seu texto.
    Criativa e instigante.
    Parabéns.
    Um grande abraço.

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  4. Olá Flora!
    Obrigada. Vou lhe confessar uma coisa...a idade chega, leva nossa juventude, mas a sensualidade fica, rs.. (com quem sempre a teve,claro).
    Assim, nem sempre compreendo o tão falado equilíbrio da natureza... mas, de qualquer modo sou grata à natureza presente em mim. Pelo menos vejo a vida com todos os meus sentidos possíveis. Mulheres da geração antes da minha, tinham de esconder a sensualidade como se estivesse sempre ligada a sexo ou a pecado! Mulheres da minha geração começaram a lutar, umas timidamente outras nem tanto, para a liberdade de poderem sentir a vida. E hoje, graças a Deus, posso escrever o que sinto. Não é maravilhoso isto?
    Agradeço sua presença no meu quintal... abraço grande e bom domingo!

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  5. Olá Sandra, obrigada.
    Fui lá em seu site e gostei muito de sua reflexão sobre futuro, passado e presente.
    Abraço,

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  6. Oi Joana! Te respondi lá no Dihitt e sempre esqueço de trazer pra cá.
    Ah,tomara que o amor não seja proibido para nenhum de nós, não é mesmo?
    Beijos e bom domingo!

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