Finalmente reconheci. Queria possuí-lo.
- Como assim? Nada e ninguém é de ninguém!
Mas eu queria que fosse.
Eu já gostei de coisas e pessoas por admirar o que via nelas, o que eram, e então, eu as valorizava. Agora era diferente. Este gostar era pelo bem que me fazia, e por imaginar que se me pertencesse, e eu a ele, eu poderia esticar meu braço, e tocá-lo, e matar a minha fome. Podia adivinhar o quanto isto me faria feliz.
Um pensamento leva a outro e a verdade se mostrou mais clara ainda - eu o queria, mas tinha medo de ver como era impossível!
- Quem era eu para desejar que algo ou alguém me pertencesse? Um pé de fruta inteiro, para que eu pudesse saciar-me com seu sabor? E já era tarde, não havia tempo, eu estava no final do outono.
Mais que possuir, eu queria pertencer.. E sonhava que ele desejasse me pertencer. Assim,entenderia porque ficara tanto tempo sem se dar conta que era para ficarmos juntos que tinha enfrentado o tempo, tempestades e vento. Agora, altivo, frutos saborosos e maduros, oferecia-os a mim. Era para me ver olhar para ele, desejando provar o doce que tinha pra me dar, que ele ainda estava ali.
Não era, então, porque o quisesse subjugado a mim. Era porque eu nunca tinha experimentado aquele sabor, que ele sabia que tinha guardado em si, para me oferecer. Eu cuidaria dele e descansaria em sua sombra.
Mais do que possuir, eu sonhava entregar-me ao prazer de tê-lo comigo e não me ferir. Mais do que tocá-lo, eu queria que ele desejasse experimentar o sabor de tocar meus lábios e então, nos entregaríamos, um ao outro, e nos adoraríamos como se adoram os que vivem no mesmo paraíso.
Foto do Google, de Cris Masson
Texto: Vera Alvarenga
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Lindo! Lindo! Lindo!
ResponderExcluirRepleto de emoção e de energia!
adorei
bjs Sandra
http://projetandopessoas.blogspot.com//
Verinha
ResponderExcluirSeu texto ilustra o amor apetecido,como a fruta dessa arvore,mas não proibida!
Lindo texto!
beijos
joana
Querida Vera!
ResponderExcluirAinda não tinha visto uma declaração tão intensa e sensual como a que expressa em seu texto.
Criativa e instigante.
Parabéns.
Um grande abraço.
Olá Flora!
ResponderExcluirObrigada. Vou lhe confessar uma coisa...a idade chega, leva nossa juventude, mas a sensualidade fica, rs.. (com quem sempre a teve,claro).
Assim, nem sempre compreendo o tão falado equilíbrio da natureza... mas, de qualquer modo sou grata à natureza presente em mim. Pelo menos vejo a vida com todos os meus sentidos possíveis. Mulheres da geração antes da minha, tinham de esconder a sensualidade como se estivesse sempre ligada a sexo ou a pecado! Mulheres da minha geração começaram a lutar, umas timidamente outras nem tanto, para a liberdade de poderem sentir a vida. E hoje, graças a Deus, posso escrever o que sinto. Não é maravilhoso isto?
Agradeço sua presença no meu quintal... abraço grande e bom domingo!
Olá Sandra, obrigada.
ResponderExcluirFui lá em seu site e gostei muito de sua reflexão sobre futuro, passado e presente.
Abraço,
Oi Joana! Te respondi lá no Dihitt e sempre esqueço de trazer pra cá.
ResponderExcluirAh,tomara que o amor não seja proibido para nenhum de nós, não é mesmo?
Beijos e bom domingo!