Eram um casal comum, com uma história de desafios e batalhas vencidas juntos,como tantos outros.
Uma vez...entraram em crise. Ela principalmente! Porque, para ele,tudo estava bem,com exceção do fato da companheira estar assim um tanto indelicada,impaciente,reclamando de tudo e contestando suas idéias,o que o desagradava bastante. Ultimamente ele se via obrigado a falar com ela secamente ou deixá-la falando sòzinha. Virar as costas,sair de perto,foi a melhor alternativa para evitar discussões e parece que ela não queria compreender,que ele só estava querendo evitar ouvir a mulher menosprezar a si mesma, na frente dele, como se não tivesse valor. Claro que ela tinha valor para ele! ele a amava! Contudo, ela não queria entender que poderia evitar tudo isto facilmente, voltando a agir como antes. Por que sua mulher teimava em cometer o mesmo erro? Ele fora franco,avisara que não gostava daquele jeito dela perguntar sôbre tudo e colocar em dúvida suas convicções,o que o aborrecia muito...mas,fora isto,tudo estava como sempre, o que significava que estava tudo bem.
Para ela, não. Os sentimentos estavam à flor da pele. A impaciência surgia disfarçando um outro sentimento,muito mais forte,que ela tinha medo de enfrentar. Até o dia que, para surpresa sua, este sentimento apareceu assim, desnudado - uma visão nua e crua do que se passava dentro de si mesma - o motivo que fazia ferver um caldeirão interno,que ela temia, pudesse transbordar, a qualquer momento. Este sentimento a assustava. Será que esta decepção vinha porque ela é que havia esperado demais, do outro?
A raiva era algo muito feio para seus padrões de beleza. Não queria encará-la, grudada em seu prórpio rosto e, conviver com ela no dia a dia, nem pensar! Entretando o sentimento já se dera a conhecer, e sem nenhum pudor! Ela já o havia reconhecido ali, escondido por debaixo da indelicadeza nas palavras que brotavam de sua própria boca,cheias de doloridas acusações,sem mesmo que ela pudesse engolí-las, antes de serem proferidas. E logo, estas acusações se transformaram em auto-flagelo, porque ela não se permitia direcionar toda esta raiva para ele, o homem que amara acima de tudo e de todos,acima dos próprios filhos, de certo modo. Todos que os vissem juntos,sempre pensavam que estavam bem, que conversavam, mas ela sabia que isto ocorria quando ela guardava sua espontaneidade para si, e falava principalmente dos assuntos que ele queria ouvir. Então, finalmente, todo aquele impulso que começara a se direcionar a uma atitude decisiva de auto-afirmação, a uma reação enfurecida de auto-preservação,voltava-se contra ela própria.
Não era certo sentir raiva de um homem trabalhador,responsável,que não gritava com ela,que já sofrera na infância e vencera na vida,exatamente por ser assim corajoso, briguento,dominador,crítico,forte. Mas ele precisava ser isto tudo com ela, que sempre fizera tudo para agradá-lo? Ela devia estar errada...talvez por não ter sofrido o bastante,por não saber como a vida poderia ser dura...era ela que deveria ceder e mostrar-lhe mais uma vez, outra forma de demonstrar amor? Onde estaria sua espiritualidade,tudo que acreditava,se não pudesse compreender e aceitar as diferenças no outro? Assim, sem perceber,começou a acostumar-se ao processo de culpar-se, uma vez que, teve a pretensão de realizar a tarefa que cabia aos dois. Passou a ver-se como a mais vil criatura,cansada,sem forças,covarde,um anjo que perdera as delicadas asas e se transformara num animalzinho rastejante - uma barata. Sua voz e gritos morriam na garganta, mas nem sempre:
- "Por que você não me respeita? Por que sua atitude provoca em mim este desespero, se você diz que me ama? Por que você só me vê, quando amorteço parte de mim? Por que eu te admirei tanto e te ofereci asas, e você só olha para mim, quando não posso voar? ou quando me transformo naquela gueixa que quero ser, mas não por todo o tempo? Por que, depois de todos estes anos, eu vejo que você é melhor do que era e eu, me vejo feia e aquém do que gostaria de ser como pessoa? Por que não sou capaz de me desvencilhar de você, não sou capaz de me sustentar sòzinha?
Esta última frase ela não tinha coragem de dizer e, ao pensar nela, sentia-se derrotada.
Parte Final- no próximo post
texto: Vera Alvarenga
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O tempo desgasta,mas temos que acreditar que possa melhorar,se ela fosse independente talvez tivesse outro rumo a história,porque nesse caso se sente insegura,vou esperar o próximo capitulo.Adorei
ResponderExcluirabçs
Olá Vera!
ResponderExcluirTodos merecem a segunda chance, mas eu quero a segunda parte.
Me assustou um pouco por ter partes que me identifiquei e agora...
Parabéns
Meu carinho
bela postagem muito bom
ResponderExcluirNossa amiga... as vezes anular o que somos em prol do amor que sentimos não é a solução para a felicidade... porque invariavelmente vamos nos questionar se valeu a pena....
ResponderExcluirAdorei eu seu texto.... e vou aguardar o próximo!
Beijo no coração