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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Redemoinho domingo na praça

Domingo estávamos calmamente sentados no Parque Campolim. Eu lia um livro, depois de uma agradável conversa com Kátia, alguém que gostei muito de conhecer quando, de repente, uma ventania muito forte passou ali onde estávamos, trazendo poeira e muitas folhas.
Passou por nós, aquilo que parecia um redemoinho, e seguiu em linha reta levantando mais poeira, surpreendendo as pessoas e ao chegar ao lago, formando um pequeno chafariz de água dançante.

 Tudo muito rápido...tão rápido que logo passou e se transformou apenas num acontecimento curioso.
Não fez estragos, mas chamou a atenção daqueles que foram pegos de surpresa, em seu caminho. Levantou poeira, fez um pouco de sujeira.Só isto!
Tudo logo voltou ao normal. Que bom!

Então, me lembrei  de uma outra vez que eu estava no caminho de um tornado, em Florianópolis,ainda bem que protegida dentro de casa, porque o estrago foi maior - vasos e telhas quebradas, muito barulho, um som estranho que parecia de turbinas, o limoeiro do quintal tombado com as raizes à mostra!
E para muitos, em diferentes locais deste nosso mundo, um tornado pode ser um desastre.
Por vezes, algo semelhante acontece em nossas vidas. De repente, tudo que estava bem, parece virar de pernas para o ar como se um tornado  passasse sobre nós. Demora mais para organizarmos tudo novamente. É preciso então, coragem, determinação e confiar em que a vida, apesar de imprevisível, apesar de nos assustar e expor nossa fragilidade, vale a pena ser vivida. Muitas vezes, é a partir destes movimentos inesperados, que nos desestabilizam, tiram nossas coisas de lugar, mexem com uma rotina que antes era segura e nos forçam a reagir em busca de uma nova relativa segurança, que passamos a valorizar outras coisas e exigir menos de nós mesmos. Os que davam atenção só a si, podem passar a levar o outro em consideração, e o contrário também acontece, mas nada é regra. É comum que, logo após a poeira baixar, a gente tenha outra visão sobre o mundo que nos cerca e, por vezes, sobre como queremos estar nele enquanto pudermos escolher. Pode acontecer de precisarmos descobrir como andar por outros caminhos uma vez que os antigos já não mais existam. Mesmo que já valorizássemos o que tínhamos, após algo imprevisto assim, que balança ou desarruma nossa conhecida estrutura e, por isto nos desequilibra de certa maneira, a maioria de nós se empenhará de forma diferente diante do que possa trazer momentos de felicidade. De qualquer modo, por algum tempo antes de nos habituarmos a nova rotina e voltarmos a ser como éramos, o olhar sobre o mundo não é mais o mesmo. Este é um momento que, para muitos, pode significar o momento " da virada".
Alguns de nós experimentam perdas irreparáveis, outros levarão consigo uma saudade que ficará para sempre, outros precisarão de alguma ajuda para perceberem que a vida, enquanto está lá como a conhecemos, pulsa ainda mais forte quando pressente sua própria fragilidade.
Ao olharmos para o que ficou após um tornado, não veremos culpados, apenas teremos de juntar forças para o trabalho que temos pela frente e decidir como o faremos.
Que possamos ser leves companheiros para aqueles que, ao nosso lado, precisem enfrentar tais redemoinhos e a tarefa de se reorganizarem.

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