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quinta-feira, 23 de julho de 2015

Porque amo Jardins como o da Quinta da Regaleira - Sintra


Como já contei aqui, nossos irmãos portugueses tem um Jardim e um cantinho lá em Sintra que é realmente muito lindo! No Brasil a gente tem lugares lindíssimos também, principalmente contando com as belezas naturais, contudo a Quinta da Regaleira, o Palácio da Regaleira, e seu Jardim principalmente, me encantaram.

 Este Jardim é realmente lindo!
A gente anda por ele em caminhos e não vê o que está ao longe ou ao lado porque as plantas e flores escondem aqueles cantinhos que, de repente, numa curva do caminho, nos surpreendem!
É mágico este lugar!

 Um privilégio para os portugueses de hoje, que possam explorar turísticamente este lugar que um dia foi residência de alguém, que quis fazer do jardim um local realmente de encantamento.

Um privilégio para nós quando podemos ir lá visitar e nos encantar... e depois compartilhar com amigos, parentes, ou apenas relembrar com alegria, dos momentos deliciosos nos quais pudemos andar por ali, visitar este local lindo!

 Eu bem queria morar ali perto....
Seria muito bom se pudesse ir mais vezes para descansar o olhar e a mente, andando por aquele jardim.

Coisas assim,( os que me conhecem sabem que gosto demais), natureza, flores, água e seus reflexos, ainda mais quando tem as mãos dos homens que só interferem para colocar maior beleza, fazem com que eu sinta a presença de Deus!

 Porque Deus é amor e o homem, quando ama a natureza, reconhece nela a beleza e só interfere como parte desta mesma natureza e para beneficiá-la( e também a si mesmo) ao se integrar a ela, neste momento, o homem está sendo abençoado com um Dom, com uma Graça.

Nós nos emocionamos diante da beleza que há na natureza em sua grandiosidade ou até mesmo num detalhe mínimo....





 Os Jardins não são daquela beleza que os oceanos, as florestas, e tudo que é grandioso da natureza possui.
Os Jardins, para mim, são como momentos delicados em que dois se encontram para fazer amor, com delicadeza, com tempo para sentir e cultivar cada etapa que levará, com gestos gentis, ao prazer maior.... Os Jardins nos lembram destes momentos em que não temos medo diante da grandiosidade do outro, não nos sentimos pequenos, mas fazendo parte de algo belo...

 Os Jardins me emocionam, como um gesto gentil!

O divino que há no ser humano e o belo que há nos Jardins, são o resultado do Amor do Homem pela Natureza... do reconhecimento do homem e de sua admiração diante do belo...

Os Jardins me fazem lembrar do jardineiro como um homem nu, diante da beleza de sua amada,
despida para ele....



Quando é uma mulher que toca e cuida das plantas e dos jardins, me faz lembrar que neste momento ela se sente integrada à Natureza, como a mãe que cuida dos filhos, ou a mulher que da à luz e coloca no mundo o fruto/flor que veio da semente de seu amado.
 Quando nós, homens ou mulheres podemos tocar a Natureza e cuidar dela, e transformá-la em parte, e recuperá-la, e perpetuar suas espécies, nós estamos num momento de amor, de harmonia, e nos recarregamos de luz...

Nosso coração fica gentil, o toque firme mas delicado... e a gente reverencia o Criador.

Nós, então ficamos em paz.....



 Jardins assim, nos lembram de que somos capazes de viver em harmonia com o que já existe, com o que estava lá antes de nós...

Devia haver mais jardineiros/as no mundo... e o mundo teria mais paz......


Por me sentir assim é que eu amo e admiro
os Belos Jardins!

E diante de algumas coisas delicadas da Natureza, e do belo que há ali, eu me sinto em paz.... sinto uma presença amorosa ao meu lado.

As pessoas deviam ter mais contato com jardins assim... desde crianças.... poder visitá-los muito mais vezes, para crescerem com este sentimento de paz, tranquilidade e respeito, além da reverência...








foto/texto: vera alvarenga

sábado, 10 de março de 2012

Era uma vez...quando as mulheres não choravam...

 Não muito distante daqui,havia uma princesa que, desde menina aprendera a não chorar. E cresceu assim, corajosa. Contudo, se emocionava com o sofrimento de outros,com as injustiças, pois era sensível. Para ajudar as pessoas, resolveu criar um jardim e nele vivia a maior parte do tempo, cultivando flores que pudesse levar por onde andasse.
Casou, teve filhos e o tempo passou. E, neste tempo, houve momentos que sentia vontade de chorar mas, seguindo o exemplo da rainha e, como suas lágrimas continuavam proibidas, encontrou maneiras para livrar-se delas. Uma delas era através de sua arte, onde colocava toda sua emoção.
Quando o tempo veio pratear seus cabelos,suas lágrimas tornaram-se tão raras que também seus olhos perderam o brilho, e tudo o que via no jardim parecia seco e sem vida. Um dia, ao ver um lindo pássaro voar para longe, saiu dos limites do castelo, e o seguiu até a beira do lago. Mas lá fora, as terras dos campos e jardins que antes floriam e eram férteis,também estavam ressecadas, com fendas profundas. Encontrou dois homens pelo caminho. E perguntou-lhes:
- O que foi feito do verde e da vida que brotava destas terras?
Um deles, o que chorava porque perdera pessoas que amava, beijou-lhe a mão, contou de sua tristeza e depois se afastou. O outro, lhe respondeu:
- Dizem que a rainha mãe, há muito tempo,em troca de uma vida mais feliz, deu a alma da filha ao diabo, prometendo-lhe que ela jamais choraria. E as lágrimas foram proibidas. Também pudera! Quem de nós aguenta ver uma mulher chorar? Caçoou o homem. E continuou a contar para aquela mulher o que sucedera, sem desconfiar que ela era a dona do castelo. E aconteceu, minha senhora, que outras mulheres seguiram o exemplo, o que foi ótimo, mas desconfio que a terra secou junto com as mulheres.
Então, a mulher que foi princesa, depois esposa de um rei, mãe e agora era uma rainha velha, afastou-se e foi até a beira do lago. Com seus pés enfiados na poeira da terra ressequida, olhou para o galho de uma árvore onde viu o pássaro e, por um momento, pensou em como seria bom, voar com ele para longe dali.
Logo, olhou para a água e viu nela refletidos seu rosto e seus cabelos prateados. E assim, sem mais nem menos, chorou. E chorou, chorou...e chorou muito ainda, antes de ir embora.
Ao sair ela sabia que deixava ali, junto com suas lágrimas, parte de si, uma certa ingenuidade que talvez há muito, não lhe cabia mais ter. Ela tinha finalmente, a consciência do peso de ser uma rainha.
Com os olhos mais úmidos, a visão mais nítida, com pena mas sem amargura, via o que era para ver, e foi para casa. Levava no coração  poucas certezas, algumas lembranças boas e más, nenhuma expectativa, mas sabia que agora era livre para chorar, sempre que quisesse. Foi embora, sem olhar para trás, e por isto não viu que, ao redor da marca de suas pegadas, onde suas lágrimas molharam a terra e a transformaram em lama fértil, brotos verdes começaram a crescer...
Fotos retiradas do Google
Texto: Vera Alvarenga

   

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