Diante da morte, quando perdemos alguém que amávamos, difícil seria não pensarmos, de uma forma ou outra, no sentido da vida, desta que aqui conhecemos. Não só da morte, mas do espanto. Quando estamos em um dos extremos, a morte ou o que nos cause espanto pela visão de algo incrivelmente belo da natureza, pensamos na existência de Deus. Pensamos ou sentimos. Mais sentimos do que pensamos...
E nestes momentos, as discussões filosóficas e religiosas não nos consolam, mas nos mostram como, há milhares de anos, buscamos o sentido maior das coisas. Tudo e a única coisa que traz consolo diante do nosso medo e espanto é a fé. E tudo porque temos medo. Se o medo nos leva a Deus, se muitos dizem que se não houvesse o diabo, o medo e a dor, não iríamos tão ansiosamente em busca do nosso Deus que nos salve e justifique tudo o que nos parece sem nenhum sentido, como a morte de um filho ou outro ser amado, também o belo nos leva até Ele.
Porque certamente conhecemos, de nosso futuro, o que mais nos assusta - que morreremos brevemente - temos o medo, o medo da dor, e mais ainda o medo do vazio, da perda de sentido para o que somos, o que vivemos e a própria vida, em si mesma.
É por isto que diante da guerra, das atrocidades, das calamidades, das tragédias precisamos do consolo da fé. Mas também quando temos um daqueles momentos de espanto e admiração diante de uma flor ou da magia e encanto da enorme variedade de fragrâncias, formas e cores de tantas delas, ou ainda diante de uma paisagem como fiordes, ou simplesmente árvores e um cisne refletidos em um maravilhoso lago ao por do sol alaranjado, pensamos que a existência de um Deus de todos os deuses, o único verdadeiro, tem de ser inevitável. E que seja uma certeza, para nossa sorte. E que não seja um Deus apenas energia, mas um que pensa, nos vê e nos ama. Só isto nos consolaria e justificaria a vida e a morte. Só a fé neste Deus inexplicável mas real, silencioso mas presente, que não interfere mas nos ama e conhece o que está por trás de tudo, nos consolaria diante do anseio por sentido, do nosso desejo de que toda a cor e tudo o que existe de bom e extremamente belo deste lado, seja apenas um reflexo das possibilidades que há no pensamento Dele e em sua criação, e do que possa existir lá, onde Ele não se materializa no mundo de opostos, mas é tudo, sem começo nem fim. Pensar que somos parte dele e que, aquilo que criamos aqui pode ser um reflexo infinitamente menor do que são as possibilidades nele, nos devolveria uma gota de grandeza e de humildade. Mais uma vez dois opostos pois somos hummanos e este é o nosso mundo.
Só diante de um Deus de amor e verdadeiro podemos entregar nossos filhos e nossos amados... e a Ele, daríamos graças por todo o belo e bem que é possível...
Texto em solidariedade aos pais, familiares e amigos dos 236 jovens mortos no incêndio deste final de semana numa boate no Rio Grande do Sul, e para todos que pranteiam seus entes queridos sem ter ainda encontrado consolo.
Vera Alvarenga.
E nestes momentos, as discussões filosóficas e religiosas não nos consolam, mas nos mostram como, há milhares de anos, buscamos o sentido maior das coisas. Tudo e a única coisa que traz consolo diante do nosso medo e espanto é a fé. E tudo porque temos medo. Se o medo nos leva a Deus, se muitos dizem que se não houvesse o diabo, o medo e a dor, não iríamos tão ansiosamente em busca do nosso Deus que nos salve e justifique tudo o que nos parece sem nenhum sentido, como a morte de um filho ou outro ser amado, também o belo nos leva até Ele.
Porque certamente conhecemos, de nosso futuro, o que mais nos assusta - que morreremos brevemente - temos o medo, o medo da dor, e mais ainda o medo do vazio, da perda de sentido para o que somos, o que vivemos e a própria vida, em si mesma.
É por isto que diante da guerra, das atrocidades, das calamidades, das tragédias precisamos do consolo da fé. Mas também quando temos um daqueles momentos de espanto e admiração diante de uma flor ou da magia e encanto da enorme variedade de fragrâncias, formas e cores de tantas delas, ou ainda diante de uma paisagem como fiordes, ou simplesmente árvores e um cisne refletidos em um maravilhoso lago ao por do sol alaranjado, pensamos que a existência de um Deus de todos os deuses, o único verdadeiro, tem de ser inevitável. E que seja uma certeza, para nossa sorte. E que não seja um Deus apenas energia, mas um que pensa, nos vê e nos ama. Só isto nos consolaria e justificaria a vida e a morte. Só a fé neste Deus inexplicável mas real, silencioso mas presente, que não interfere mas nos ama e conhece o que está por trás de tudo, nos consolaria diante do anseio por sentido, do nosso desejo de que toda a cor e tudo o que existe de bom e extremamente belo deste lado, seja apenas um reflexo das possibilidades que há no pensamento Dele e em sua criação, e do que possa existir lá, onde Ele não se materializa no mundo de opostos, mas é tudo, sem começo nem fim. Pensar que somos parte dele e que, aquilo que criamos aqui pode ser um reflexo infinitamente menor do que são as possibilidades nele, nos devolveria uma gota de grandeza e de humildade. Mais uma vez dois opostos pois somos hummanos e este é o nosso mundo.
Só diante de um Deus de amor e verdadeiro podemos entregar nossos filhos e nossos amados... e a Ele, daríamos graças por todo o belo e bem que é possível...
Texto em solidariedade aos pais, familiares e amigos dos 236 jovens mortos no incêndio deste final de semana numa boate no Rio Grande do Sul, e para todos que pranteiam seus entes queridos sem ter ainda encontrado consolo.
Vera Alvarenga.