segunda-feira, 14 de junho de 2010

- " A gente é feliz com o que sente...e dá..."

Tenho falado aqui, de quando o amor "perde um pouco seu encanto", e do perdão. E recebi apoio e comentários que tem vindo somar e me ajudar a compreender melhor estas emoções humanas, em mim.   Perdoar! pensamos que sabemos! mas há muito a aprender(pelo menos no meu caso). Quando se percebe que "o amor perdeu um pouco de encanto, dentro do coração"...neste caso,não se trata de  precisar perdoar o outro, mas de perdoar a mim mesma por perceber que isto aconteceu logo comigo, que pensei ser capaz de o amar para sempre, com a mesma intensidade, e de nunca desejar nada além dele, da forma que ele é. Fico falando "dele", esperneando, mas me surpreendi COMIGO mesma, por não saber viver sem ele, mas hoje desejar ter tido a coragem de ter me afastado antes.  E, na maturidade, sentir-se assim, é muito mais sério, é como ver que não há mais tempo para construir o futuro que se acreditava que iria colher agora. Mas, é mesmo na maturidade que colhemos o que plantamos!! Mesmo que no passado a gente estivesse pensando estar agindo da maneira mais correta, insistir em "sustentar" as diferenças, como se elas pudessem ser sublimadas, pode ser um erro. O sentimento, acreditem, faz mais falta por não estar mais dentro do MEU coração, como antes... É deste sentimento dentro de mim, que sinto mais falta, pois há muito eu o estava tentando aceitar como era. Parece ter fugido ao meu controle...mas não, apenas colhemos o que plantamos.
  Descobri que A GENTE É FELIZ COM O QUE SENTE e DÁ - o que recebe pode ser ou não ilusão, mas se acreditamos que é verdadeiro, nos preenche.  Estou aprendendo a me perdoar por sentir raiva ( sentimento raro em mim) de quem eu mais amei na vida(e por mais tempo!). Raiva porque o culpo por ele ter sido tão insistentemente egoísta. E agora, sou eu a egoísta! Há dias que me sinto perdoada e forte, mas há pequenas recaídas. A raiva, está indo rapidamente embora, mas há certa intolerância quando a ferida é aberta. Hoje sei, que estar na presença de amor, significava para mim, confiar, a tranquilidade de sentir que a pessoa que está conosco não nos vê como se a estivéssemos ameaçando, e que isto me faz tanta falta como o ar que respiro, uma vez que competitividade em excesso e grosseria me pressionam como um sapato pisando numa barata ( eu sou a barata). Sei que o mundo não tem que ME fazer feliz, mas a pessoa em quem confio, tem que confiar e se entregar também, ou não aguento o constante atrito! Guerra, não é para se vivenciar na intimidade. Então, às vezes escolho "deixar pra lá", para que tudo fique bem. Contudo, se eu fosse mais jovem, penso que não teria mais este comportamento. Houve um tempo em que pensei que meu amor e tranquilidade fossem levar algum sossego ao coração do meu homem amado, que se sentia tão desafiado pela vida e pelas pessoas. Sinceramente, posso ter sido apenas prepotente, sem o saber, por julgar que tinha algo melhor para dar a ele. Como se eu fosse superior! Acreditem, não me sinto nada superior hoje, ao olhar para o homem honesto, forte, corajoso, que ele é. Ambos somos pessoas boas, que nos desencontramos, no meio do caminho- estou vendo a vida de modo diferente, mas estou tentando conviver com isto.
  Por isto,embora já  não tenha mais meu antigo avatar impessoal, falo disto aqui, porque, me expor é muito pouco perto da pena que sinto pelo que aconteceu... e pode acontecer com qualquer um de nós, mesmo os bens intencionados e amorosos como eu, passarem assim, por uma fase de cansaço e desilusão em face da mudança de seus próprios sentimentos. Falo, porque não quero refletir sozinha  sobre nossa condição de seres humanos que somos, imperfeitos e carentes de amor compartilhado e cúmplice, na medida que satisfaça nosso ego, que quer ser reconhecido, e queiramos ou não ,existe e nos dá a sensação de que existimos como indivíduos. Se somos reconhecidos, nos sentimos vivos e especiais.
  Texto: Vera Alvarenga
  Foto :  Vera  Alvarenga

- " Seria mais fácil, se eu tivesse um avatar..."

Seria mais fácil ter continuado com meu avatar, aquelas flores azuis que representavam o que eu queria dizer...
Hoje, sou eu mesma aqui, com meu nome, sobrenome, família, filhos, história de vida, uma amiga que existe e vem falar de algumas coisas que mexem com o sentimento e a emoção...
Queria falar sôbre alguns preconceitos, exageros, problemas sexuais até, e emocionais que as pessoas podem ter que enfrentar, na maturidade, e seria mais fácil se eu tivesse continuado com meu avatar! Com minha alma de artista, sensível ao problema de outros, às vezes, para agravar a situação, misturo tudo, o que é meu e o que me faz sentir empatia, e escrevo uma poesia mais emocional ainda!
    Se refletirem comigo, verão que, quando um assunto é enfatizado de modo impessoal, qualquer assunto, pode ser incansavelmente discutido, porque é mais fácil falarmos daquilo que afeta o outro, distante de nós...  Quando queremos enfatizar algo e o fazemos de modo pessoal, corremos o risco de ser encarados como "aquela pessoa chata" que "lá vem ela de novo com a saudade da filha que morreu, ou de como se sente deprimido ao pensar no filho que já não está aqui, ou de como se sente assustada por descobrir que não consegue ter em seu coração o mesmo tipo de amor que sentia antes..." E corremos o risco de esquecer o mais importante, que é o perceber que estes sentimentos estão muito próximos a nós...amanhã pode acontecer conosco, como a AIDS... melhor entender talvez como um alerta, o alerta de que, nenhum de nós consegue ser perfeito e isento de erro ou vulnerabilidade.
  Abraço,Vera.
texto: Vera Alvarenga
Foto : Vera Alvarenga

sábado, 12 de junho de 2010

- " Sôbre estar apaixonado e amar..."

 Acabo de ler um texto que fala sôbre a diferença entre o que um homem sente quando ama e quando está apaixonado. Me fez refletir bastante.      
Concordo que quando a gente ama é algo que depende mais do que temos em nós, do que daquilo que o outro nos está oferecendo, no momento. E acho que o amor vem com a maturidade do relacionamento. E é imenso,sim, mas não tão aparente..é mais discreto, do que a paixão!
Só que, estamos falando da CAPACIDADE DE AMAR, de cada um, claro. O apaixonar-se pode nos levar ao amor. E, que maravilha quando isto ocorre e pode ser vivenciado a dois!Porque, quando pensamos no amor entre um casal, e no sentimento que os une, então, este precisa ser alimentado por ambos e cultivado, sim, e até por ser "entre os dois", precisa de ambos,não pode existir só pra um. O texto comenta que "Quem ama, continua a amar, mesmo em presença da traição". Sei disto, quem ama, perdoa.E foi assim que "eu" sabia amar. Contudo, aqui está onde discordo em relação à repetição desta atitude, pois traição pode ocorrer de várias formas.O sentimento de uma pessoa que é traída pela outra, de diferentes formas, não pode perdurar como amor incondicional,pra sempre... O amor existe, mas o sentimento muda e não é mais tão nobre, leve e belo.
  Na minha história de amor, eu sinto que meu sentimento por ele vai perdurar para sempre,de uma forma ou outra, mais do que os 40 anos de nosso relacionamento, mas, o sentimento que nos une, o que caracteriza o relacionamento "entre dois", infelizmente não é tão bonito, altruístico e não conseguiu ser cúmplice. Meu companheiro diz que me ama e acredita nisto...mas, em minha opinião, como o texto tambem afirma, o amor é algo que, quando existe, é, está lá , brota do coração naturalmente, em atitudes nas quais nem se cogita mais em traição no momento de se escolher entre a pessoa amada e outro objeto qualquer de desejo egoístico. E esta é uma decisão intrínseca que traz a tranquilidade de nunca se estar "sacrificando" por amor, pois não é sacrifício fazer uma escolha natural.
  E, neste caso, uma pessoa pode não saber o que fazer com sua capacidade de amar, então pode direcionar este sentimento para outras formas de amor e de se apaixonar, até que encontre a cumplicidade e comprometimento que pode valorizar imensamente a vida. E este sentimento pode ser oferecido a uma pessoa, muitas ou a uma ação, onde o amor possa florescer.
  Quem ama de verdade, quem tem a capacidade de amar, pode ter este sentimento de amor às vezes, ameaçado por uma atitude egoística,oposta e constante do outro. E, quando isto se dá, o sentimento "entre os dois", pode perder sua força, e a pessoa que realmente amava, pode desejar sim, amar outra pessoa, que perceba que este sentimento poderá trazer a cumplicidade e uma vida imensamente mais significativa, para os dois. Então, apaixonar-se pode ser este caminho, na tentativa de realização deste "amor entre dois" que não se realizou da primeira tentativa..
  Porque, penso que o amor, aquele que vive em nosso coração, se não é alimentado pelo outro, só pode perdurar apenas dentro do coração, e não no relacionamento. Amor totalmente incondicional, na minha opinião, é algo que o ser humano só alcança sentir, mas não consegue vivenciar dentro de seu relacionamento com o seu companheiro(a), porque mesmo que não queira, vai desejar ver-se refletido no outro. O amor, em presença do persistente egoísmo se retrai, ou vira em outra direção para poder brilhar e distribuir suas bençãos.

texto: Vera Alvarenga
foto : que tirei da foto lindíssima, que ficou em 2º lugar no Concurso (Re) Tratando o Rio Sorocaba.
 A foto é de Carlos Alberto Muzzili.

sábado, 5 de junho de 2010

Há quem diga que se fechou para o amor...

" Há quem diga que se fechou para o amor".
Eu não!
 Há quem diga: "Se suspeita que não o ama mais, porque ele não soube te amar, por que está com ele? apenas a ternura é suficiente?"
 Mesmo que sinta que já não há mais tempo para mim, por que continuo desejando amar?
 Porque tenho uma linda história de amor, na qual acredito e quero lhes contar.
  Ela era uma jovem menina/mulher. Ele, um homem.
  Ela, inexperiente, nem pensava em tão cedo amar ou sofrer como seus pais que estavam se separando. Ele, experiente, decidido a finalmente conhecer o amor, precisava ser amado e se apaixonou por ela.
  Assim,sem querer, ela se deixou tocar pelo beijo e carinho de um homem apaixonado, que a tomou pela mão e a conduziu. Ela, nada sabia sôbre o amor, mas se deixou levar. Seguiu docemente com ele.
  Depois de algum tempo, foi tocada por eles, pelo homem e pelo anjo do Amor. E se apaixonou perdidamente, por ambos, mas pensava que eram um só. Ao homem, deu seu primeiro beijo,seu corpo e seu coração... ao Anjo, sua alma! Jamais poderia esquecer o gosto daquele beijo...o primeiro e eterno beijo do Amor.
  A vida seguiu seus caminhos, lutaram batalhas, perderam umas, venceram muitas outras, durante mais de 32 anos, juntos, os tres. Os tres?? Ela o traía, então? Não ! Entre eles só havia o anjo... o amor. E ela não o idolatrava, era para o homem que dirigia seu olhar.
  - "Ah! então era o amor romântico. Aquele culpado por todas as decepções! Esperava demais de quem não tinha o que dar?"
  Não ,não era,não! Era apenas o amor, que ela trazia no peito, na forma de viver, de sentir, de se dar, de ser, de compreender... O anjo velava por ambos, ensinava a compartilhar, coexistir em paz, sublimar, ultrapassar limites. Não, não era o amor romântico, não, não era ilusão! Era verdadeiro, foi provado, desafiado, vestiu-se em armadura, lutou batalhas, despiu-se, deitou-se nos leitos, deixou-se experimentar de mil formas, testou seus limites, brindou a cada crise que insistia em renascer vitorioso, como Fênix. Era simplesmente o amor, pois amor não trai, não desmerece, não caçoa, não abandona, compreende diferenças, fortalece o outro e a si, e se reproduz em mil gestos de retribuição e do compartilhar alegremente a vida, com todos ao redor.
   E a vida continuou a seguir seus caminhos... mas ela percebeu que algo havia de errado, pois estava cada vez mais só, digo, não eram mais os tres, apenas ela e o Amor. O homem? Tinha olhos para si mesmo. E perdia-se na imagem do espelho. Talvez o espelho, com sua magia inebriante e ilusórias promessas, tivesse enfim conseguido sair vencedor, enganar seu homem amado. Talvez ele já a estivesse traindo com a imagem, há muito mais tempo! Talvez ela tivesse baixado a guarda. Talvez o próprio Amor, tivesse deixado de os proteger com suas asas...talvez...
E então, ela finalmente percebeu a existência do outro. Percebeu que o estava traindo!
   Meu Deus, após tantos anos, ela o traía!  Ficara tanto tempo sozinha com o tal amor, que o sentia dentro de si, verdadeiro e potente. Foi inevitável. Sem poder escolher entre os dois, hoje, sua alma chora ao olhar o homem e ver que está apaixonada apenas pelo Amor, e este, não pode expressar-se por si. Não tem mais um nome e assim, um tanto frio, flutua num espaço sem gravidade, não podendo ocupar um lugar palpável.  Ao homem, oferece sua ternura, quando pode perdoá-lo por ter se deixado enfeitiçar pela imagem do espelho, tantas e tantas vezes. E neste momento, revive as emoções do melhor papel que interpretou em sua vida, porque era o mais verdadeiro! Ao amor, dirige um olhar de tristeza, pois ele está dentro de si mesma e distante ao mesmo tempo. Não pode mais vivenciar seu papel, em plenitude, com a alegria de outrora, como uma mulher que é amada pelo homem amado e por este amor se sente preenchida, e deste amor transborda para a vida. E o amor, fragmentado, terá que viver em outras personagens -  na fraternidade, na amizade."
   Esta é a história que está tatuada em mim, com todos os seus sinais.
   Por isto, não posso dizer que "me fechei para o amor" - ele está em mim, e jamais poderei esquecer o seu beijo... mesmo que minha pele tenha todos os anos de uma existência, todas as rugas e sinais do tempo... mesmo que a tristeza já me tenha dito que é muito tarde para encontrar alguém, com quem pudesse consumir o verdadeiro ato, da traição e reconciliação com a felicidade, alguém que tivesse podido compreender que o Amor nunca deveria ser o par de um só, mas viver entre os dois, para uní-los!Por isto, vou sempre brindar ao amor e desejar que os jovens amantes nunca se percam no espelho...Por isto, tenho que dizer :
-Que sejas bem-vindo, amor!Quis te afastar de mim,pois és sentimento que também faz sofrer. Não o farei mais. Tu és bem-vindo, pois já estás em mim e não sei viver sem ti. E espero que possa guardar-te para viver-te plenamente em muitos momentos, talvez, um dia novamente. Porque quero amar. Sou apaixonada pelo amor, sentimento que pulsa em mim, corre em minhas veias, vem do meu íntimo ser e me conta que estou viva.
  Contudo, o amor que é dele, que é do homem e ele diz que tem pra mim... se o tem, só o poderei ir buscar, no ponto exato do meio do caminho. Só até aí, eu poderei chegar..
texto: Vera Alvarenga
foto : internet - pode ter direitos autorais

sexta-feira, 4 de junho de 2010

- " Uma segunda chance.." - Parte final

   As perguntas geravam respostas conflitantes. Ela parecia querer testar a validade do que sentia.
   - Até que ponto ele é responsável pelo que sinto? Será que ele sabe como lidar com seus próprios sentimentos? Fui paciente, clara o suficiente,pedi o que precisava receber? Eram perguntas que ela se fazia, como se fosse seu próprio acusador.
   Então sentiu raiva. Tinha vontade de bater nele, esmurrá-lo, sacudir-lhe os ombros, despertar seus sentidos para o mundo ao redor daquele umbigo tão estupidamente egoísta! Ao mesmo tempo, tinha vontade de gritar : - Acorda! me ama! a vida não é fácil; juntos será melhor.
    Então, reconhecia o seu fracasso. Não devia ter caminhado os passos que deviam ter sido dados por ele. Amor era coisa pra dar e receber, não para pedir, insistentemente... ela tinha até que lembrá-lo dos gestos que a faziam feliz! Ele mesmo havia pedido que ela o lembrasse "destas coisas que alimentam o amor", mas ela queria receber gestos espontâneos. Ele não poderia lembrar-se dela, por si mesmo?
   Com o reumatismo e  problemas financeiros,ele tornou-se mais difícil de conviver. E ela desejou assumir de vez o direito a seus sentimentos, até sua raiva, até seu egoísmo.Não lhe parecia egoísmo. Parar de conformar-se com migalhas, só porque achava que a vida era mais importante do que ter seus pequenos desejos satisfeitos! Ele mesmo se gabava de satisfazer o que desejava. Ainda não sabia como, mas precisava separar-se dele. Não se sentia amada por ele, para ficar.
   Então, tudo aconteceu num piscar de olhos. Um dia, uma pressão no peito, ao nadar.Ela, teve intuição de que havia um perigo ali. Por um destes milagres da vida e de Deus, dois meses antes, pensando no reumatismo do marido, ela pedira ao filho mais velho para fazer um convênio saúde de presente para o pai. O filho atendeu prontamente o pedido, mas não haviam contado ainda para ele, que era muito orgulhoso para aceitar receber o presente. Aguardavam o tempo de carência e o cartão para o presente completo.
   Após ficarem por um dia inteiro a espera de consulta e exames, em um hospital estadual, o médico sentenciou: " Internação e cirurgia de emergência!" Durante as horas que ele ficou a espera dos exames, ela andou por lá, encontrou o médico que operou sua mãe dois anos antes, e lhe perguntou como estava o hospital, caso o marido precisasse de alguma cirurgia. O médico conhecido lhe disse : - "se fosse com um parente meu, levaria a outro hospital"! Convenceu o marido a ir para casa,para internar-se só após ter tempo de telefonar aos filhos. Ela estava apavorada, mas, como sempre, disfarçou. Na manhã seguinte, a caminho do hospital, mudou o trajeto e dirigiu-se ao Instituto do Coração, que estava no convênio. Então, contou ao marido sôbre o presente do filho. Ele ficou furioso com a falta de respeito dela, por querer controlar as coisas que eram dele! Quis descer do carro. Ela suplicou-lhe para não fazê-lo.
   Ela se perguntava, até que ponto quem ama pode ficar indiferente ao que acontece ao seu lado, com quem fora o amor de sua vida?! Não participar, não ajudar, deixar o outro sòzinho neste momento é que lhe pareceria falta total de amor, humanidade e intenso comodismo.Como ele podia estar sempre sentindo que as pessoas o desafiavam, quando na verdade isto era um natural comprometimento com o outro? Contudo já entendera que seres humanos sentem diferentemente...
   Ao chegar ao hospital tudo foi muito rápido. Após cateterismo, médicos lhe disseram que ele precisaria de uma cirurgia imediata, mas que não tinham condições de fazê-la devido a carência do convênio e aos remédios que ele precisaria deixar de tomar para evitar hemorragia. O chão lhe fugiu debaixo dos pés,  quase sentiu-se desfalecer, mas não tinha ninguém para apoiá-la e precisava evitar que transferissem o marido para o falido hospital estadual. As coisas foram acontecendo rapidamente. Como visitantes não permanecem nas UTIs, ficou a maior parte do tempo no carro,no telefone público e tomando outras providências, que não sabia que tinha forças para tomar.  Só ia para casa de madrugada, para um banho e a fim de dar insulina para a mãe. Não era corajosa. Precisou buscar forças além de si.
   Durante as noites, enquanto ele estava na UTI,encontrou um modo de entrar sorrateiramente pelas portas dos fundos do hospital e ficava quietinha ali, na sala ao lado da UTI, reservada aos parentes de pacientes graves. Parecia a ela, que se não velasse pelo sono dele, poderia ocorrer o pior e temia ir para casa e transferirem seu marido para outro hospital. Por que não a anestesiavam também? Quando tudo se resolveu, a cirurgia foi feita e os enfermeiros faziam "vistas grossas", deixando-a  ficar - ela não incomodava, estava petrificada! Durante o dia, mal ia ao banheiro, para não ter que passar pela sala de espera na recepção  e assim, evitar que outros acompanhantes criassem problema. Mas uma vez se perguntou, se ela estaria sendo prepotente ou teria ilusão de poder para controlar a vida dele, como ele a acusara. Não, ele é que não sabia reconhecer gestos de comprometimento e amor. Não obteve resposta que a dissuadisse de ficar ali. Para ela, era vital que permanecesse, encontrando doadores de sangue, convencendo o médico a ajudá-la com o convênio, orando, enviando luz em pensamento, pedindo a Deus que lhe tirasse um pouco de sua energia e até seu anjo da guarda, e os enviasse para ele. Não sabia como agir diferentemente. Estava amedrontada.O quarto tinha uma janela que abria para uma grande árvore, onde os passarinhos vinham cantar. Isto, certamente ajudaria na recuperação! Ele poderia vê-los se ela mudasse as camas um pouquinho de lugar. E conseguiu, porque enfermeiros e médicos são humanos...
   Durante aqueles 15 dias e muitos outros após a cirurgia, seu pensamento de uma vida independente dele parecia excessivamente egoísta e sem sentido. Ela o amava. Se Deus queria mostrar-lhe isto, ou como era medrosa, ou como precisava do amor dele, conseguiu!!
   E mesmo pelo tempo de recuperação pós cirúrgica e ainda pelo tempo que lutou para evitar que ele entrasse em depressão, como a haviam avisado que poderia ocorrer, e ainda quando sua mãe morreu, e também sua cachorrinha de 14 anos, durante este período de medo e tantas perdas, ela amorteceu seu desejo de ser tratada com mais respeito; compreendeu que ele a amava mas não sabia como deixar de ser tão egoísta.
   Ela reconheceu que também estava sendo egoísta. E acima de tudo,agradeceu a Deus por ter dado a ambos uma segunda chance, prometeu que faria de tudo para vivenciar o amor e não reclamá-lo, afinal, só para a morte, não havia jeito! E acreditou que podiam sair mais fortes e cúmplices, desta experiência.
   Todas estas coisas vieram como um presente da menopausa, numa Caixa de Pandora, dentro da qual só restou a Esperança!
  texto: Vera Alvarenga
  foto:  retirada da Internet

quarta-feira, 2 de junho de 2010

- " Uma segunda chance..."

Eram um casal comum, com uma história de desafios e batalhas vencidas juntos,como tantos outros.
   Uma vez...entraram em crise. Ela principalmente! Porque, para ele,tudo estava bem,com exceção do fato da companheira estar assim um tanto indelicada,impaciente,reclamando de tudo e contestando suas idéias,o que o desagradava bastante. Ultimamente ele se via obrigado a falar com ela secamente ou deixá-la falando sòzinha. Virar as costas,sair de perto,foi a melhor alternativa para evitar discussões e parece que ela não queria compreender,que ele só estava querendo evitar ouvir a mulher menosprezar a si mesma, na frente dele, como se não tivesse valor. Claro que ela tinha valor para ele! ele a amava! Contudo, ela não queria entender que poderia evitar tudo isto facilmente, voltando a agir como antes. Por que sua mulher teimava em cometer o mesmo erro? Ele fora franco,avisara que não gostava daquele jeito dela perguntar sôbre tudo e colocar em dúvida suas convicções,o que o aborrecia muito...mas,fora isto,tudo estava como sempre, o que significava que estava tudo bem.
   Para ela, não. Os sentimentos estavam à flor da pele. A impaciência surgia disfarçando um outro sentimento,muito mais forte,que ela tinha medo de enfrentar. Até o dia que, para surpresa sua, este sentimento apareceu assim, desnudado - uma visão nua e crua do que se passava dentro de si mesma - o motivo que fazia ferver um caldeirão interno,que ela temia, pudesse transbordar, a qualquer momento. Este sentimento a assustava. Será que esta decepção vinha porque ela é que havia esperado demais, do outro?
   A raiva era algo muito feio para seus padrões de beleza. Não queria encará-la, grudada em seu prórpio rosto e, conviver com ela no dia a dia, nem pensar! Entretando o sentimento já se dera a conhecer, e sem nenhum pudor! Ela já o havia reconhecido ali, escondido por debaixo da indelicadeza nas palavras que brotavam de sua própria boca,cheias de doloridas acusações,sem mesmo que ela pudesse engolí-las, antes de serem proferidas. E logo, estas acusações se transformaram em auto-flagelo, porque ela não se permitia direcionar toda esta raiva para ele, o homem que amara acima de tudo e de todos,acima dos próprios filhos, de certo modo. Todos que os vissem juntos,sempre pensavam que estavam bem, que conversavam, mas ela sabia que isto ocorria quando ela guardava sua espontaneidade para si, e falava principalmente dos assuntos que ele queria ouvir. Então, finalmente, todo aquele impulso que começara a se direcionar a uma atitude decisiva de auto-afirmação, a uma reação enfurecida de auto-preservação,voltava-se contra ela própria.
   Não era certo sentir raiva de um homem trabalhador,responsável,que não gritava com ela,que já sofrera na infância e vencera na vida,exatamente por ser assim corajoso, briguento,dominador,crítico,forte. Mas ele precisava ser isto tudo com ela, que sempre fizera tudo para agradá-lo? Ela devia estar errada...talvez por não ter sofrido o bastante,por não saber como a vida poderia ser dura...era ela que deveria ceder e mostrar-lhe mais uma vez, outra forma de demonstrar amor? Onde estaria sua espiritualidade,tudo que acreditava,se não pudesse compreender e aceitar as diferenças no outro? Assim, sem perceber,começou a acostumar-se ao processo de culpar-se, uma vez que, teve a pretensão de realizar a tarefa que cabia aos dois. Passou a ver-se como a mais vil criatura,cansada,sem forças,covarde,um anjo que perdera as delicadas asas e se transformara num animalzinho rastejante - uma barata. Sua voz e gritos morriam na garganta, mas nem sempre:
  - "Por que você não me respeita? Por que sua atitude provoca em mim este desespero, se você diz que me ama? Por que você só me vê, quando amorteço parte de mim? Por que eu te admirei tanto e te ofereci asas, e você só olha para mim, quando não posso voar? ou quando me transformo naquela gueixa que quero ser, mas não por todo o tempo? Por que, depois de todos estes anos, eu vejo que você é melhor do que era e eu, me vejo feia e aquém do que gostaria de ser como pessoa? Por que não sou capaz de me desvencilhar de você, não sou capaz de me sustentar sòzinha?
   Esta última frase ela não tinha coragem de dizer e, ao pensar nela, sentia-se derrotada.

Parte Final- no próximo post
texto: Vera Alvarenga
imagem da internet - pode ter direitos autorais.

terça-feira, 1 de junho de 2010

- " Sexo com um gostinho de : quero mais"...

  Resolvi voltar a falar sôbre este assunto, porque, tenho achado incrível o movimento "pró-sexo quase toda noite" (que veio da TV americana, para o Brasil..) como se isto fosse o segredo da felicidade e saúde! Pra quem consegue, tudo bem, mas, daqui a pouco estaremos com a marca de "4X por semana" como um ideal a ser alcançado e isto me apavora!! Será mais um motivo para competição e frustração, como aconteceu com o modelo de beleza feminino esquelético, que virou exigência, padrão ideal e motivo para sofrimento de muitas mulheres! Não é mesmo?
 Fazer sexo pode ser  bom, gostoso, saudável...delicioso. Todo mundo sabe disto.
 No meu post anterior, falei de Motel e sugeri esta opção para os casais que entram na rotina, quando esta está prejudicando o casal, porque rotina é uma coisa boa, já que nos dá segurança, contudo pode ser uma ótima idéia variar o ambiente, para colocar mais sabor na brincadeira.
 Quando eu e meu marido vendíamos nossa cerâmica pelas lojas de várias cidades, muitas vezes, dormimos em motéis, alguns melhores e mais econômicos, do que os hotéis que ficavam no centro. A decoração é mais bonita e inspiradora. Tivemos algumas experiências não muito boas, também. Certa vez, tarde da noite, exaustos e sem conhecer a região, resolvemos pernoitar num motel, ao lado de um posto de gasolina. Sabem daqueles que ficam em cima da churrascaria? Percebemos, logo após o banho, que o movimento era contínuo e barulhento e, nesta noite, com certeza, a única coisa que queríamos era dormir(hehehe). Eu mal me mexia na cama, que era forrada com carpete, cheirava a poeira e tinha marcas queimadas de cigarro apagado ali mesmo, na cabeceira da cama! Um horror! Queria ir embora, mas o preguiçoso do meu marido, deitou e caiu no sono mais profundo que já vi. E eu ali, acordada, por horas, pra ver se não entravam baratas por baixo da porta, ou mesmo alguém, para nos assaltar!! Eu rezava pra não roubarem nosso carro. Não fizemos amor, nem sexo, rsrs... mas, eu dormi abraçadinha ao marido, quase toda noite!
  Bem, muitas vezes temos filhos pequenos, que depois crescem e, adolescentes, estão sempre em casa. Assim, o motel (de categoria, é claro!) é uma opção deliciosa para um relaxamento a dois, uma conversa, um retorno ao romance, ou mesmo para colocar um tempero mais apimentado na relação, ou para um agradável café da manhã mais íntimo. E como diz uma amiga que tem 2 filhos bem pequenos: " pode ser uma boa alternativa, até para uma noite inteira de sono, sem criança acordando pedindo chupeta!!" Como eu disse no outro post, é um presente que o casal pode se dar.
   
 Sexo é bom, melhor ainda quando podemos fazê-lo com alguém que a gente gosta de fato, ou está disponível para gostar ainda mais, e confia .. e ainda mais satisfatório quando, no dia seguinte, podemos ainda nos abraçar, achando ótimo ter estado íntimamente com alguém, sem nos preocuparmos com números estatísticos, mas com um gostinho de : " vou querer mais..." ou "quero te conhecer ainda melhor, porque te quero na minha vida"!
  Concordam?

texto: Vera Alvarenga

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