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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Labirintos

   Estou um pouco perdida, embora quase feliz.
   Não entendo os caminhos de Deus. Já quis conhecê-lo, lembrar o que era. Acho que então, perdi a memória junto com a intenção. Agora, me bastaria conseguir ler o que Ele escreveu, daquele seu jeito, por linhas tortas.
   São suas linhas ou meus caminhos que estão tortos? Não sei.
   Antes, tinha certezas, ainda que tudo fosse desafio constante. Se era assim a vida, assim era minha aventura. Não estavam limitadas, nem eu, nem a vida! Permanecia, porque queria permanecer. Era assim que era. Pensei não haver limites para o que podia carregar, pois em tudo acreditava,até em mim. Então, não precisava entender os caminhos. Hoje, mesmo que o quisesse, não conseguiria!
   Como fui parar naquele estranho lugar, em meio a quem falava uma língua mais estranha ainda?! Haveria um motivo. Consegui senha para esta Torre de Babel! Embora encantada com o novo, me pergunto com que inspiração  criei meu novo espaço. Lugar onde podia dizer quase tudo. Nele, tive tão surpreendentes encontros com alguns e comigo mesma. Incrível!
   Não terá sido em vão, certamente não. No entanto, há sinais que nem em mil anos compreenderei. Ou, quem sabe esteja a ponto de fazê-lo !  Não sei.Talvez meus cabelos ficassem totalmente brancos enquanto tentasse decifrá-los, e  seria tarde. E pra que, se até hoje ainda se decifra o que estava, do mundo, escondido? Quem sou para compreender as palavras que hoje não tem mais o sentido que tiveram? Que dirá, compreender as que me traduziriam os recados de Deus.Estaria Ele interessado em sinalizar-me algo? Não tenho mais certeza.
   Se Ele escreve por linhas tortas e me perco em seus caminhos, é porque esqueço de trazer comigo o cordão de Ariadne, vez que, por presunção, confio. E confiando me entrego, e me entregando esqueço que não é a solidão que procuro neste labirinto. Esta é fácil, já a possuo. Todos a conhecemos, uns mais, outros menos. Mais que procurar, quero o encontro com o sentimento que me preenche, e nele me aconchegar com alegria.
   Onde estará o fio que me indicará o caminho, senão no coração? No coração de quem, além do meu? Em que mãos estará a outra ponta?Aquela que estava comigo não sei onde a deixei. Em que mãos deixei enrolado o meu cordão? Preciso logo encontrá-las, estas mãos que me conduzirão e eu as conduzirei.
    Lá de onde está, Ele tem ampla visão, eu não! Demora. Me arrisco não reconhecer a ponta do cordão de minha vida. Me arrisco nunca mais encontrá-la, ou me perder, embora sempre estarei inteiramente comigo, se não trair o que acredito. Contudo, que vantagem temos neste tipo de solidão? Melhor crer no que se quer. Se houver uma vida, vale a espera. Mas, não vejo a outra ponta. Estou tranqüila, quase feliz,porque me esqueço. Terei desistido? Tenho medo de parar e não caminhar mais depois. Sempre se pode deixar o tempo ir escorrendo, feito água em jarro rachado...e água é vida! Não a queria desperdiçar, pois o tempo é mais precioso agora. Sempre posso ter a ilusão de que apenas estou descansando e de que não percebo que crio raízes neste labirinto, ou então,posso abrir furos em suas paredes e ver lá fora outros tantos iguais a este, de quem antes de mim, já se conformou em viver no interior de um queijo suiço.     
   Reconheço, é fato, estou um pouco perdida. Nunca fui boa para caminhar sozinha por labirintos mal sinalizados! E ainda não vejo nada mais do que linhas tortas e os sinais incoerentes que não compreendo. Preciso de uma lanterna. Quem me trará uma?
Texto: Vera Alvarenga    Foto: Google imagens -pode ter direitos autorais

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Amor, paixão e amizade....

 Estive pensando... Às vezes, a gente esquece o que é ( ou fica triste quando ninguém nota o que podemos ser).
   O amor é algo sóbrio, construído aos poucos com a convivência, requer tempo, transpõe abismos, para no final ir nos ensinando a nos "dissolver" no outro, nos doar sem esperar retribuição, enfim, é algo difícil de se conseguir, se pensarmos no amor com seu significado maior. E, se o amor dissolve a gente... talvez, quando a gente morrer, o espírito, que é o divino em nós,um dia perderá sua individualidade para se dissolver no todo. Este é o amor espiritualizado. Outro tipo de amor, que a gente consegue viver com o/a companheiro/a, precisa de alimento para manter-se - amar faz a gente querer o bem para o outro e isto nos faz bem,mas a gente deseja ver o outro perto, quer também ser tocada por ele.
   E o apaixonar-se? Por que seria de menor importância? A gente se apaixona por quem nos faz bem, nos faz sentir especial. É intenso.
Quando alguém vê o que temos de bom, faz a gente se sentir especial, como na verdade a gente pensava que era. Se a gente se apaixona então, deve ser algo egoístico porque estamos a olhar, através do outro, para nós mesmos? Estamos só readquirindo a fé no melhor que há em nós? Não, porque também vemos o melhor do outro, é uma comunicação de coração a coração, ao qual o corpo responde e traz bem estar. Mas isto é maravilhoso, porque é a fé que pode nos mover nas melhores direções! E, às vezes, é este olhar posto em nós, o que nos salva! É reconhecer o divino que há em cada um.
   Muito semelhante a quando temos fé nos preceitos de uma religião, ou em Cristo que olhará para nós e nos salvará - é poder crer que temos em nós uma centelha divina, que nos faz sentir em estado de graça. Acreditarmos que não estamos sós, que Ele nos vê é, guardadas as proporções, algo semelhante a termos nosso apaixonamento correspondido. 

  A amizade,é uma das coisas mais fabulosas, embora frágil, não é? Frágil porque amanhã pode já não estar lá, não nos pertence e nem conhece sua força.Fabulosa, porque um amigo oferece a nós e nos trata com o melhor que crê ter em si. E crendo em nós, também nos devolve a fé. E quando há confiança e convivência necessária, crendo que é recíproca a amizade, se sentirá livre para eventualmente nos mostrar até alguma fraqueza, porque amigo oferece apoio e seria natural não temer pedi-lo. Então, crer que temos um amigo verdadeiro, nos fará viver um ideal do sentimento que pode nos elevar até onde nossa fé recuperada possa alcançar, e ao mesmo tempo, pode nos trazer de volta à terra, aos limites, sem que precisemos atolar na negatividade da crítica! 
  Se o amor é divino... apaixonar-se é fundamental ! ...mas como é chama, não pode arder eternamente! ora, então seria bom que aprendêssemos( todos os casais), a nos reapaixonar, reacender a chama! (quando possível)
   E a amizade, sem sombra de dúvidas agora percebo, seria o melhor sentimento a ser trazido para o relacionamento e preservado entre um casal, porque este sentimento permite o divino e o real, permite aceitar o outro como ele é mesmo que nos mostre suas falhas, nos traz um bem estar que se traduz em um sorriso que não conseguimos impedir que brote espontâneo no rosto, e ainda pode conter momentos de amor e paixão. A amizade acolhe mais docemente o que o outro é...ou será que é a bondade, que faz isto? Já não sei!! Kkk..................
    Conheço uma jovem mulher que me disse outro dia, que chegou a se questionar quando percebeu que todos viam a ela e ao marido, como grandes amigos,mais até do que marido e mulher. Pois, penso que felizes os casais que tem na amizade seu maior ponto de apoio! Tomara que tenham consciência da benção que tem nas mãos! 

Texto e foto : Vera Alvarenga

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

" ..então serei a mais corajosa das mulheres"!

Comentei algo no post de uma amiga (Jackie), que falava sôbre a importância de reagirmos e não nos fazermos de vítimas de nós mesmas.Quis trazer este comentário aqui.
Quando eu disse que aprendi muito este ano, não quis dizer que aprendi a dar a volta por cima e me transformei numa mulher mais forte!..kkk......ainda não, embora esteja muito melhor, ainda estou inconformada comigo mesma! Eu vejo todo mundo dizer aqui que se julgava vítima,agora descobriu que não é por aí,reagiu,ficou forte, aprendeu.. Comigo foi o contrário, fui na contramão !- A vida inteira fui forte,nada era suficientemente pesado, tudo podia vencer, eu tinha tudo!! ( mesmo quando por pouco tempo, só coloquei na mesa arroz e vagem, ou um peixe espada comprado com a moeda que encontramos na praia).Eu nunca fui vítima, porque achava que vivia a vida como uma aventura, com todas as consequências intrínsecas! Eu era apaixonada! e apaixonada pela vida!
Eu tinha tudo(mesmo quando lutava pelo amor) enquanto tinha fé e amor no MEU coração! Eu amo meu amado com todo o meu sentimento, com toda a nossa história, com todo o meu carinho,não preciso perdoá-lo, POIS SOU GRATA A ELE, POR TANTAS COISAS, mas preciso reencontrar minha paixão( esta palavra não exprime bem o que eu gostaria de dizer, porque "paixão" é conceito desvalorizado e estou falando de FÉ pela vida, algo que nos sustenta interiormente)!
Quando, aos quase 59 anos, não encontrei mais no MEU coração aquilo que me sustentava, me fazia renascer no meu próprio jardim, então me assustei e comecei a me ver como vítima, de mim, do outro, do meu próprio modo de levar a vida. Mais ainda quando me apaixonei por um sonho! O chão me faltou, tudo começou a me parecer sem sentido, e eu me vi como sou - tola, fraca, tão acostumada ao amor que eu sentia, que não sei ser , sem ele. Cheguei a desejar voar para outro jardim, achando que esta era a atitude a tomar. E não adianta tapar o sol com a peneira.Foi isto que ocorreu quando me cansei de "amar e respeitar" o outro mais do que ele me amava! Então, decidi que era tempo de amar a mim mesma! Outra ilusão...serve para colocar os pingos nos "is" e distrair o tempo, mas não "sustenta" (não a mim!) 
O que aprendi foi isto, a gente é vítima, quando não sente amor pelo outro como antes! Uau!! Será que é mais importante então, amar do que ser amada??? Que surpresa!!Claro que eu quero ser amada sem tanto egoísmo, com atitudes coerentes com as palavras, pois se deixei de amar como antes, porque não o era! Mas, juro, preciso REAVIVAR A PAIXÃO, encontrar em mim a alegria de poder entregar o amor em total confiança, e portanto, amar com "paixão", a ponto do amor poder sustentar-se a si mesmo, talvez! Que contradição!  A vida é tão boa pra mim, quero partilhar isto!   
     Então, ainda me emociono quando penso que me apaixonei por um sonho( e o que será esta vida, senão uma ilusão?), mas não vou me entregar... estou aprendendo, não a encontrar a lutadora que sempre fui, NÃO! mas a reencontrar dentro de mim mesma o amor, aquele sentimento de amor especial (ilusão ou não), que me sustentava interiormente, e que eu oferecia ao outro, pois minha natureza se acostumou a isto, a ser feliz, e sou mimada a este respeito, quero sentir-me de fato feliz como eu era, eu me fazia feliz porque acredito na felicidade! É a minha verdade! Quando eu não precisar mais apenas sonhar, e reencontrar esta minha essencia que me capacitava para amar do modo que eu amava, totalmente confiante e entregue, eu nem precisarei buscar a mulher lutadora dentro de mim, porque novamente estarei em paz, e terei a alegria serena que me fazia ser a mais corajosa das mulheres, embora saiba que não precisarei mais lutar!
Texto e foto : Vera Alvarenga

terça-feira, 14 de setembro de 2010

" A Incoerência e a Sensibilidade..."


Ao abrir aquele email e ver a primeira imagem, da mensagem que alguém mandara, foi envolvida pela música, como se fosse um abraço do homem amado.
Ficou presa naquele segundo, ouvindo o som da música suave, que parecia fazer parte dela e os olhos se fixaram na imagem, como se as palavras que viessem depois, não tivessem mais importância.
E, deixou-se levar pela música e, com o olhar primeiro, depois com o corpo todo, e todos os sentidos, penetrou na imagem, até se perder, dentro dela.

Foi quando percebeu a grande incoerência que morava em seu peito.
Não era uma mulher triste...mas a tristeza morava nela,em algum canto. Havia uma nostalgia de não sei o que, que fazia parte dela e a deixava assim... como se estivesse sempre a um passo de se deixar tomar por uma emoção tão forte, mas discreta, diante do que era belo e bom.
Não havia culpa, nem culpados, tudo estava bem, e melhor do que estivera dias antes.O presente é sempre o melhor que se pode ter, e a verdade também.
Ainda assim, nela havia a presença de um sentimento que ela, por não saber definir, pensava ser tristeza.
Alguém podia pensar que ela queria ser triste, mas não, era a consciência do irremediável.
Ao mesmo tempo, reconhecia em si, ainda a mesma vontade de viver a vida, a mesma gratidão pelas coisas e beleza que a cercavam, ainda tinha olhos para ver o outro lado de tudo, perceber uma outra opção, sempre possível para comemorar a vida...do contrário, se morreria!
Talvez fosse a ternura, que morasse no coração e ela pensasse tratar-se de um amor que precisava entregar.
Quem sabe fosse o medo, ou  a tal incoerência...consciência de algo mais sutil, embora forte, que a unia a tudo e dissolvia ao mesmo tempo... como acontece no amor.
Talvez por isto ela tivesse a sensação de que fosse amor, que morava lá e ela precisasse oferecer e viver, por ser semelhante ao momento em que dois se entregam e alcançam o clímax...
Talvez ela estivesse, mais uma vez a agradecer a vida, a se emocionar com ela dentro de si, e apenas não soubesse o que fazer com a sensibilidade....
Talvez ela fosse feliz, por saber-se capaz de amar desta maneira, e isto a emocionasse tanto quanto a deixasse triste, só por conhecer de si, a força de tal sentimento.

Texto e foto: Vera Alvarenga

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

" Onde está o meu renovado amor?"

     A gente tem tanta pena de ver morrer o amor assim... “Como viver sem a capacidade de amar, de dedicar tempo para o outro, sonhar e tentar fazê-lo sorrir, apoiá-lo nas batalhas?  Por que a vida não me dá um outro amor, que venha me salvar deste lugar nenhum vazio sem sonhos, para que possamos juntos rir de nós mesmos, e caminhar com mais ternura, preguiça, e menos desgaste?”
     A gente quer pegar nas mãos o próprio coração, olhar para ele, chacoalhá-lo e dizer:
     - “Acorda! Não vou agüentar muito tempo, com você morto dentro de mim! Por favor, quero viver!”
     Mas ele continua inerte.Está partido porque deixei que o amor morresse. Tudo se transforma em dor física. Porque tudo que a gente sente, emoções e pensamentos, estão dentro do que é o mais concreto e real, em nossa vida – o nosso corpo! Até nossos sonhos mais espiritualizados, estão nele! E ele sofre também, e a gente intui que é uma pena, que nosso amor e a gente, vá morrer assim, de tristeza, mesmo que disfarçando perante outros, porque não quer fazer sofrer pessoas que nos rodeiam. A gente sabe que está morrendo...e o corpo, e a vida que era espontânea em nós, não quer reagir! É como se a gente tivesse presenciado a morte de um ente amado! É o luto... de nós mesmos...
     O amor que estava em nós, a capacidade de amar, a “alma” da nossa existência, como leve pluma, fica solta no ar. Pensando que não vamos agüentar encarar este sentimento, nos afastamos dele, embora ele esteja em nós, e parecemos um robô. Como tal, não sobreviveremos se quisermos encarar a nossa vida e continuar a“sentir” nossos sentimentos, sem anestesia. Então, acontece um pequeno milagre!
     É tanta pena que sentimos, que olhamos para nosso umbigo, nossa barriga, o centro de nosso corpo, e desejamos sentir vida novamente em nossas entranhas. Respiramos fundo, e um vento, soprado por algum mago, trás de volta a parte importante de nós – a pluma, a“pena”, compaixão,o amor e ele pousa, desta vez, em nosso próprio coração! Quando a gente olha pra dentro de si,como numa meditação, e fica presente inteiramente em nosso próprio corpo, algo acontece. Como eu pude me esquecer disto?! Quando a gente pensou que desistiu de tudo e que só nos restou amar a nós mesmas, do jeito que a gente é, porque sentiu que merecia este nosso olhar, não sei como, nem porque, mas parece que uma pequena luz nos iluminou um pouquinho. Mais milagrosamente, parece iluminar também o coração do outro, daquele que estava ali ao lado, esquecido de como era demonstrar amor. E ele se aproxima...e parece que te vê com outros olhos, e demonstra seu desejo... e te fala com ternura como fazia tempo que não falava...( “Meu Deus, será que este homem, fica feliz ou me acha mais sedutora quando estou meio morta? O que está acontecendo? Outra vez não encontro resposta! Estarei perdendo a fé nas pessoas e nas palavras? Onde está a fé que me habita?”)
     -“E onde está o meu novo amor? Aquele com quem ia recomeçar um relacionamento  maduro, onde me sentiria mais inteira e ele ia gostar disto? Onde está o homem que, mesmo que se julgasse um pouco rude, me bastaria que fosse bom, e simples, e terno, como sei que seria? Onde está o que, ao me dizer que sou insubstituível, estaria querendo dizer também, que me queria em sua vida para sempre, como companheira? Esta ilusão era minha e, se ele existisse, por certo, teria outra vida para cuidar. Uma pluma solta no ar, pode ser levada pelo vento da ilusão, criada por nosso único desejo”.
     Então, você se pergunta, se não seria um bom momento para relaxar, já que vive sentimentos tão intensos, deixar de  tantos questionamentos,aceitar da vida o presente real do amor que se oferece ao lado, daquele que já foi o amado...e, sem grandes cobranças, para exercitar o que você estava procurando afinal... descansa na paz do tempo que é o agora... simplesmente para viver momentos de amor. Entrega o futuro nas mãos do Tempo...toma posse lentamente do seu corpo de novo, porque ele é nossa primeira realidade...e deixa entrar o amor... o amor que vier... pois se trouxer o respeito e afeto real.., trará sorrisos para a alma e tudo ficará em paz. 
Texto : Vera Alvarenga
Foto: retirada de email da internet. Pode ter direitos autorais.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

- " A gente é feliz com o que sente...e dá..."

Tenho falado aqui, de quando o amor "perde um pouco seu encanto", e do perdão. E recebi apoio e comentários que tem vindo somar e me ajudar a compreender melhor estas emoções humanas, em mim.   Perdoar! pensamos que sabemos! mas há muito a aprender(pelo menos no meu caso). Quando se percebe que "o amor perdeu um pouco de encanto, dentro do coração"...neste caso,não se trata de  precisar perdoar o outro, mas de perdoar a mim mesma por perceber que isto aconteceu logo comigo, que pensei ser capaz de o amar para sempre, com a mesma intensidade, e de nunca desejar nada além dele, da forma que ele é. Fico falando "dele", esperneando, mas me surpreendi COMIGO mesma, por não saber viver sem ele, mas hoje desejar ter tido a coragem de ter me afastado antes.  E, na maturidade, sentir-se assim, é muito mais sério, é como ver que não há mais tempo para construir o futuro que se acreditava que iria colher agora. Mas, é mesmo na maturidade que colhemos o que plantamos!! Mesmo que no passado a gente estivesse pensando estar agindo da maneira mais correta, insistir em "sustentar" as diferenças, como se elas pudessem ser sublimadas, pode ser um erro. O sentimento, acreditem, faz mais falta por não estar mais dentro do MEU coração, como antes... É deste sentimento dentro de mim, que sinto mais falta, pois há muito eu o estava tentando aceitar como era. Parece ter fugido ao meu controle...mas não, apenas colhemos o que plantamos.
  Descobri que A GENTE É FELIZ COM O QUE SENTE e DÁ - o que recebe pode ser ou não ilusão, mas se acreditamos que é verdadeiro, nos preenche.  Estou aprendendo a me perdoar por sentir raiva ( sentimento raro em mim) de quem eu mais amei na vida(e por mais tempo!). Raiva porque o culpo por ele ter sido tão insistentemente egoísta. E agora, sou eu a egoísta! Há dias que me sinto perdoada e forte, mas há pequenas recaídas. A raiva, está indo rapidamente embora, mas há certa intolerância quando a ferida é aberta. Hoje sei, que estar na presença de amor, significava para mim, confiar, a tranquilidade de sentir que a pessoa que está conosco não nos vê como se a estivéssemos ameaçando, e que isto me faz tanta falta como o ar que respiro, uma vez que competitividade em excesso e grosseria me pressionam como um sapato pisando numa barata ( eu sou a barata). Sei que o mundo não tem que ME fazer feliz, mas a pessoa em quem confio, tem que confiar e se entregar também, ou não aguento o constante atrito! Guerra, não é para se vivenciar na intimidade. Então, às vezes escolho "deixar pra lá", para que tudo fique bem. Contudo, se eu fosse mais jovem, penso que não teria mais este comportamento. Houve um tempo em que pensei que meu amor e tranquilidade fossem levar algum sossego ao coração do meu homem amado, que se sentia tão desafiado pela vida e pelas pessoas. Sinceramente, posso ter sido apenas prepotente, sem o saber, por julgar que tinha algo melhor para dar a ele. Como se eu fosse superior! Acreditem, não me sinto nada superior hoje, ao olhar para o homem honesto, forte, corajoso, que ele é. Ambos somos pessoas boas, que nos desencontramos, no meio do caminho- estou vendo a vida de modo diferente, mas estou tentando conviver com isto.
  Por isto,embora já  não tenha mais meu antigo avatar impessoal, falo disto aqui, porque, me expor é muito pouco perto da pena que sinto pelo que aconteceu... e pode acontecer com qualquer um de nós, mesmo os bens intencionados e amorosos como eu, passarem assim, por uma fase de cansaço e desilusão em face da mudança de seus próprios sentimentos. Falo, porque não quero refletir sozinha  sobre nossa condição de seres humanos que somos, imperfeitos e carentes de amor compartilhado e cúmplice, na medida que satisfaça nosso ego, que quer ser reconhecido, e queiramos ou não ,existe e nos dá a sensação de que existimos como indivíduos. Se somos reconhecidos, nos sentimos vivos e especiais.
  Texto: Vera Alvarenga
  Foto :  Vera  Alvarenga

- " Seria mais fácil, se eu tivesse um avatar..."

Seria mais fácil ter continuado com meu avatar, aquelas flores azuis que representavam o que eu queria dizer...
Hoje, sou eu mesma aqui, com meu nome, sobrenome, família, filhos, história de vida, uma amiga que existe e vem falar de algumas coisas que mexem com o sentimento e a emoção...
Queria falar sôbre alguns preconceitos, exageros, problemas sexuais até, e emocionais que as pessoas podem ter que enfrentar, na maturidade, e seria mais fácil se eu tivesse continuado com meu avatar! Com minha alma de artista, sensível ao problema de outros, às vezes, para agravar a situação, misturo tudo, o que é meu e o que me faz sentir empatia, e escrevo uma poesia mais emocional ainda!
    Se refletirem comigo, verão que, quando um assunto é enfatizado de modo impessoal, qualquer assunto, pode ser incansavelmente discutido, porque é mais fácil falarmos daquilo que afeta o outro, distante de nós...  Quando queremos enfatizar algo e o fazemos de modo pessoal, corremos o risco de ser encarados como "aquela pessoa chata" que "lá vem ela de novo com a saudade da filha que morreu, ou de como se sente deprimido ao pensar no filho que já não está aqui, ou de como se sente assustada por descobrir que não consegue ter em seu coração o mesmo tipo de amor que sentia antes..." E corremos o risco de esquecer o mais importante, que é o perceber que estes sentimentos estão muito próximos a nós...amanhã pode acontecer conosco, como a AIDS... melhor entender talvez como um alerta, o alerta de que, nenhum de nós consegue ser perfeito e isento de erro ou vulnerabilidade.
  Abraço,Vera.
texto: Vera Alvarenga
Foto : Vera Alvarenga

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

- "O homem, herói desnudado..."

Dois homens diferentes... tão diferentes que agiam de modo oposto, em lugares distintos. Inseparáveis há tanto tempo, que Mauro já não sabia mais contar os meses desta “amizade” assim tão estreita, na medida certa, indispensável. E não era coisa de “bicha”, não! Ele nem tinha nada contra quem fazia esta escolha, mas no caso dele, não se tratava disto. Era uma convivência equilibrada, Mauro pensou, pois conseguiam viver independentemente e com total liberdade, cada um dos dois, seus próprios momentos, cada um dos dois com seus pensamentos e mesmo assim, inseparáveis.


Quando se encontravam, as diferenças pareciam não importar.

Há muito tempo que se entendiam bem, por isto, tinham consciência que de todos, de todos aqueles que formavam o seu mundo, eles eram a “dupla” perfeita – o que para um, era inconcebível, para outro era apenas uma questão de idealizar e fazer acontecer. O que para um, era motivo de precaução ou reverência, para outro era apenas agir e seguir em frente. Compreendiam-se, admiravam-se e havia amor entre eles, se é que é possível imaginar o que sentem dois heróis numa guerra, que sabem que colocaram nas mãos um do outro, seu maior tesouro: a própria vida!

E agora, pela primeira vez, eles brigaram. E a coisa tinha sido muito séria. E tudo por causa de uma “mulher” !

Mauro caminhava a esmo. Era noite, não era hábito seu, sair a caminhar pelas ruas, sem rumo, mas não suportaria ficar nem por mais um minuto, preso entre paredes. Era preciso respirar, pensar. Sentia-se pela metade. Incompleto, como se fora rasgado desde a cabeça, de alto a baixo, como folha de papel, com um segredo ali gravado que alguém quer destruir rapidamente.

O golpe fora fatal ! Golpe cruel, sem que se pensasse nas conseqüências, um tendo acusado o outro da pior coisa com que, homens poderiam se acusar : traição! Traição daquelas que mexem com a honra, com o cerne do ser humano. Traição que leva à uma ruptura que não se consegue reparar, jamais.

Com tantos anos e histórias que viveram ou sabiam, juntos, mesmo que estivessem atuando em lugares diferentes, era difícil caminhar agora, assim sozinho. Parecia que andava capenga, o chão balançava, sob seus pés. Sentia-se tonto, em alguns momentos, como se estivesse com o equilíbrio alterado, como se estivesse com o labirinto destruído! Sim, era isto! Sentia um pouco de enjôo, até. Precisava sentar-se, encontrar um lugar quieto, silencioso, onde pudesse sentar, beber e colocar a cabeça, e não só ela, no lugar, para poder pensar no que fazer para sobreviver.

Foram anos de acordos entre ambos. Ora um, ora outro tomava a frente nos negócios, junto à família, ou amigos... afinal, eram sócios em quase tudo. Quase tudo!

Só com esta mulher, esta maravilhosa mulher, que se tornara tão importante para ambos, quase ao mesmo tempo, só com ela não haviam conseguido entrar num acordo.

E tudo porque houve uma traição! Eles eram diferentes. O sentimental, cedeu primeiro aos encantos dela, que era tão terna e forte ao mesmo tempo, o que o encantou. Reconheceu e confessou que estava apaixonado, “caiu de quatro”, escravizou-se por aquele olhar, logo de início, pois apesar de ser “homem”, era sensível e romântico, e carente de uma companhia assim feminina, que fosse cúmplice dele, em suas aventuras pela vida!

O outro? Tentou dissuadi-lo, chamar-lhe à razão :” Não podes entregar-se assim, homem! Ou pelo menos não o demonstre, ou vais sofrer danos.” E ele, que sempre andara um pouco à sombra do outro, não por ser covarde, mas por achar mais conveniente não se expor, cedeu à pelo menos parte do conselho – e tratou de evitar entregar-se por inteiro, diminuiu os elogios, guardou as demonstrações de afeto para ocasiões em que não houvesse risco de pensarem, ela e outros, que era um “fraco”.

Entretanto, o outro,dentro daquela couraça que o protegia, aquele que era dos dois o mais forte aparentemente, tinha um coração de manteiga. Admirava nela uma e outra coisa, até que percebeu que era melhor tomá-la logo pra si, antes que outro o fizesse. E já que não era muito de mandar recado, era um homem de ação, agiu a seu modo, rápido, como cavaleiro heróico, tomou-a nos braços, possuiu sua rainha e prometeu-lhe seu império! Ela se deixou envolver e passou, a partir dali, a viver para satisfazer seu herói. Tudo fazia para agradar-lhe. Ampliou seu jeito terno, perdeu aparentemente sua força e cedeu aos caprichos daquele que arrebatou seus sentimentos. E ele o fez, não por ser semelhante a ela, mas por ter a coragem que ela não tinha e ser tão decidido, que ela lhe entregou, sem pensar, o seu destino.

O outro calou-se de início. Depois, compreendeu que era melhor assim. Tudo se encaixava bem e eles conviviam com ela, no que parecia ser o mais conveniente. ela fazia sexo com os dois. O tempo passou e Mauro percebeu que ela definhava. Ela, que antes perdera sua força, perdia agora um pouco do brilho, perdia também a ternura, lutava, debatia-se para não morrer. Então ele reconheceu nela, as lutas que ele próprio já havia travado, e perdido ou ganhado. O outro a estava matando? Então seria sua 2ª traição e isto ele não podia suportar! Precisava tomar uma atitude. Foi quando ela partiu. Foi embora.

Eles eram muito diferentes, quase opostos. O mundo rodou, abriu-se o chão sob os pés daquele homem, um tanto rude e sarcástico, forte e decidido, crítico e possessivo, que tinha dentro de si, um coração sensível. Ele já não sabia mais como ser inteiro, como juntar suas partes, como demonstrar a ela, que era terno e ainda era o seu homem. Não se acostumara a demonstrar amor !... a não ser, no leito. E, ultimamente, era sempre aquele, o que cedia, que ela preferia para deitar-se com ela, como se quisesse deixar fora do quarto a armadura junto ao rude herói . E ele, lá se entregava, como um menino... e a amava, como um homem pode amar quando vê além de si mesmo. Amava verdadeiramente e tudo valia a pena!

Agora, ele estava com o coração partido. Ela se foi.

Em frente ao copo vazio, na mesa do bar, ele sabia que naquele momento teria que tomar uma decisão. Ele nunca mais demonstraria seu amor novamente a outra mulher, nem a ela !... ou, quem sabe, por ela, ele ainda tentaria unir os dois homens que havia dentro de si – dois homens tão diferentes, ainda unidos pelo coração.

Crônica/pequeno conto - de Vera Alvarenga



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