sexta-feira, 29 de abril de 2011

Testemunha de um encontro íntimo...

Quando me sinto mergulhada assim
tão profundamente,nesta imensa preguiça,
que finalmente me vence e que
de tão grande deve ter
algum especial significado,
mas que passa ao longe
de minha evasiva compreensão,
penso que deve ser o fruto desta união
tão íntima, de mim com meu cansaço,
o lamento de um caráter apaixonado,
cujo coração fiel perdeu o rumo -
preciso buscar encontrá-lo. Isto dói!
Por isto, hoje, quero ficar quieta aqui
no silêncio de mudas palavras,
na ausência dos meus desejos,
que machucaram, doeram...
Então,que vida surpreendente esta,
quase nunca a compreendo!
Pois quando deste modo me encolho,
e só eu sei que tristeza me consume,
parece que me transformo em alguém "ideal" !?
O que um homem vê nesta mulher
além de um momento de rendição?
Perceberá na quietude, a sua tristeza?
Ou verá apenas mistério e encantamento?
Não notará que nos seus olhos
apagou-se o brilho, a alegria da festa?
Quando nada mais se quer, é nisto que
reside a atração? Que bobagem é esta!
Que entenda como quiser,
hoje sou eu que não quero pensar!
Me sinto tão dentro de mim,
que nada mais me interessa,
nem ingênuos sonhos me confortam.
E se for egoísmo, sinto muito
mas fico hoje assim, são momentos
nem sempre fáceis de encontros comigo.
Ausente o som que me despertaria,
é  prudente dar-me uma trégua,
abrir um livro, única testemunha
de meu encontro íntimo,
e pelas palavras de outra história,
contada por outra mulher,
emocionar-me, surpreender-me,
reconhecer-me, e me deixar encantar...
Poema: Vera Alvarenga
Foto: retirada do Google images.








15 comentários:

  1. Nosssa, é intenso demais, profundo demais pra que eu complete com qualquer palavra minha. Não, não posso dizer nada. Compadeço e me retiro, com os olhos cheios de lágrimas.

    bjs,

    Valéria

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  2. Querida amiga, não chore por mim...nós,seres humanos, temos em comum, também nossas fragilidades,não é? Choremos pela sensibilidade de nós todos(antes eu usava a arte para lidar com a minha!)! Nos apoiemos em nossa humanidade!
    Eu me emocionei também ao descobrir que uma escritora há 60 anos, escreveu um trechinho da minha história..e com as palavras que eu mesma usaria( quase..ela é mais famosa que eu..rs....)
    Sabe o que me basta? que não me aponte o dedo para que eu não me sinta mais inapropriada, por ser assim,ver a vida deste modo.Há coisas que podemos mudar, outras não. Peles muito sensíveis,1 perna mais curta que a outra,sem falar em coisas piores,"defeitos" de fabricação ou adquiridos, quem não os terá, mesmo escondidos?
    Então,esta nossa tão gostosa amizade,o que me traz? Esta sua compreensão, é o que me basta.Podermos sentir o abraço, até o alertar carinhoso, e depois podermos rir de nossas tolices,quando nisto se transforma o drama superado,e mesmo durante o intervalo da cena,sorrirmos juntas, isto fortalece.
    Muitas vezes, é a compreensão oferecida num gesto de amizade que salva alguém de desistir por medo de sua própria sensibilidade, de desistir do que é. E a gente sabe que só podemos ser o melhor, dentro de nossa própria pele.
    Uma vez um amigo querido disse ao filho que ele só viajaria se tirasse 10 (no provão do Ingles,que fora mal o ano todo).E perguntou-me:
    - Não estou certo,Verinha? Na frente do filho,apenas pude lhe dar um outro exemplo,que mostrava minha opinião (- precisamos mostrar que confiamos na capacidade do outro sair-se bem, e talvez melhor do que tem conseguido,precisamos sim exigir comprometimento de vez em quando, mas, não é justo esperar demais, se quisermos a perfeição, já estaremos condenando o outro ao castigo).
    Eu recebi seu abraço, seu email que não me quer perfeita e creia, pode sorrir comigo - ouvi a música, tomei aquele copo de cerveja junto com você como me convidou - gestos de amizade não tem preço! Nos apoiam para que possamos andar alguns passos com nossa perna e 1/2.. rs.....até alcançarmos a "prótese" e sairmos andando pela aventura da vida novamente, nos achando o máximo mesmo com nossa capenguice!
    A compreensão de que por vezes, apenas precisamos desabafar, escrever sobre nossa quase impotência diante do que sentimos ou do que vemos outros sentirem diante de suas inadequações, nos permite aceitarmos nossa parte e mesmo assim, escolher o mesmo caminho se for este nosso único modo de andar,naquele momento.A compreensão liberta, não nos aprisiona.
    Beijos no teu coração, minha linda amiga Valéria, abelhinha!Recebi teu mel....

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  3. Amiga Vera,
    você é a poesia em pessoa, como disse uma amiga certa vez: o sentimento sobre duas pernas.
    Não tenho nem palavras pra expressar o que achei do texto. Demais!
    Só posso parabenizar por tamanha inspiração.

    Beijos

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  4. Vera mulher:
    Credo, que poema mais porreta, xente.
    Também fico sem palavras para comentar, até porque não tenho o seu maravilhoso dom.
    Fiquei pensando que seria muito bom eu ter um momento assim, só meu, bem preguiçoso... mas ando correndo tanto atrás de um imóvel para motar que não tenho esse tempo, por enquanto. Quando o tiver, pensarei em você...
    beijão

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  5. Olá Leh!
    Que bom ver você por aqui! Obrigada. E que tudo fique sempre bem pra você e sua família, por aí!
    Beijos

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  6. Um poema tb maduro e igualmente doce e pleno de ternura! Em cada linha, sentia que era eu que ali estava, dando tréguas ao tempo, encolhendo a alma e o coração. Um momento extasiante Vera e agradeço-te esta paz que me deste.
    Beijos
    Graça

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  7. É porque assim eu gostava de conversar. É tão bom quando podemos falar do que pensamos ou sentimos, ou daquilo que nos emocionou com quem a gente tem certa intimidade, confiança, amizade, não é?
    Pois é bem assim, Sidney, que falo comigo e com quem mais, aqui no blog ou dihitt, me entender.E não peço atenção permanente, apenas um instante de reconhecimento, percebe? não reconhecimento de mim, mas do que ali está escrito, algo que alguém reconhece, que já sentiu ou que o faz pensar,lembrar, desejar...
    Que bom que você participou desta nossa prosa! Que bom que se deixou tocar. Você também escreve e sabe que o que escrevemos toca as pessoas de modos diferentes. O legal é este instante de conexão, não é mesmo?
    Abraços também.

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  8. Olá Atena, que bom que pensará em mim, quando tiver um momento gostoso de relaxamento.
    Mas melhor ainda é você estar correndo um pouco para realizar seus planos! Isto também é bom e evita momentos em que a preguiça nos assusta, porque parece que veio para ficar...rs....
    Beijão também pra você.

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  9. Boa noite Vera,
    vim agradecer a simpática visita e conhecer o seu blog. Quero felicitá-la pelo excelente poema que acabei de ler.

    Desejo para o seu livro, muito sucesso, quanto ao meu, estou felicíssima, não tenho de que me queixar.

    Beijinho,
    Ana Martins

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  10. Olá Graça!
    Como é incrível esta internet, forma de nos comunicarmos tão "distantemente", um oceano entre nós e, mesmo assim,podermos levar algo,uma a outra. Agora pouco, em seu blog, com aquela linda história que seu pai lhe contou e você a nós, na plantação de algodão, me emocionei.
    Olha só, que meu abraço chegue até você, como se estivéssemos no mesmo espaço...

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  11. Boa noite Ana!
    Obrigada. Seus poemas são muito inspirados e sempre que eu puder estarei a lê-los. O seu livro, "Ave sem Asas" com certeza será um sucesso.
    Beijinho a você também, e até qualquer dia em mais uma viagem minha a Portugal...rs.....

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  12. Vera, isso é tao intenso e profundo.
    Interessante que toca os sentidos como que muitas vezes, muitas pessoas desejam falar o mesmo.
    Parece que nem sempre somos entendidos, então nos resignamos. Dar um tempo aos sonhos.... mas nunca deixar de acreditar neles.

    Beijos

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  13. Verdade Sissym, nunca esquecer os sonhos é muito importante, pois eles podem nos elevar a níveis mais altos, mesmo que seja quando realizamos um pequenino sonho.
    Beijos

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  14. Vera!
    Vim só para dar os parabéns!
    Comentar poderia quebrar o encanto de tuas palavras!
    Beijos!

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  15. Obrigada, Flora!
    Beijos também e uma boa semana!

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